No light, no light escrita por I like Chopin


Capítulo 6
Sobre Ameaças e Apelidos


Notas iniciais do capítulo

OIE!
Então, eu não sumi, só fiquei fora o fim de semana. :v
Sorry se preocupei alguém, amo vcs. ♥
Agradecimentos ao Edu, Lhy e Regina, com quem sei que sempre posso contar. :)
E maryybe, que começou a fic por livre e espontânea pressão. :v
Como prometido, vou mandar os links dos personagens mais importantes dessa primeira parte (deixando claro que tem atores - alguns são até mais velhos hoje em dia - que não acho que deveriam interpretar os personagens, mas especificamente nas fotos que encontrei ficaram muito parecidos com o que eu imagino. Então, os nomes dos atores só estão aí a título de direitos autorais mesmo kkkkk):
Janine (Christina Hendricks):: www.outrapagina.com/blog/wp-content/uploads/2013/06/christina-hendricks-768.jpg
Ibrahim Mazur (Engin Akyürek)::
http://iv1.lisimg.com/image/9046923/740full-engin-akyurek.jpg
Roxanne (Lisa Bonet):: http://www.vogue.com/wp-content/uploads/2014/09_1/25/holding-lisa-bonet-tbt.jpg
Pavel - vocês serão apresentados a ele neste mesmo capítulo -(Penn Badgley):: https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/564x/34/a7/3d/34a73d0a245d32a390c61b56a41a9663.jpg
Hugo (Alex Pettyfer):: http://2.bp.blogspot.com/-acsfUvCily4/UmV3vNnoklI/AAAAAAAAFts/fAYPWS--Fp4/s640/LOUCOS+POR+UM+ESTILO+BY+VITOR+LESSA+(27).jpg
Gabriella (Blake Lively):: http://az616578.vo.msecnd.net/files/2016/03/12/635933476972091420917241652_bl.jpg
Alicia (Elisabeth Harnois):: https://encrypted-tbn1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQGq8jwN7zUMg7TsUqxtvAXZPvNEjavnSccwlQWn4VFzpB_OS0W

Bem, este é meu capítulo favorito e espero que também gostem. ♥
#MuitaTreta (no meu primeiro arquivo, o nome era até ''o capítulo das brigas'' kkkkk).



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O soco da guardiã pegou o homem de surpresa. Sangue jorrou do nariz dele, que cambaleou para trás. Com as mãos sobre o rosto, ele disparou uma série de xingamentos.

O pânico que Janine sentira agora parecia muito distante e ódio queimava no seu sangue. Lançou outro soco no estômago do Moroi e a dor o fez se curvar para frente. Empurrou o homem com força para o chão e pôs-se a chutar-lhe o corpo todo.

Nunca mais ouse tocar uma dampira!

Ibrahim não fez qualquer movimento para pará-la; Janine sabia dar uma surra muito melhor que ele.

Quando suas pernas já começavam a doer, ela se agachou na frente dele e o puxou pelos cabelos. Seu rosto estava coberto de sangue e era óbvio que estava bem perto de desmaiar.

—Você pode até pensar que é forte, mas não aguenta nem brigar com uma garota. Vocês Moroi são todos iguais.

Empurrou a cabeça dele de volta ao chão e não se conteve em dar-lhe mais um chute no estômago.

Com um gemido de dor, quase um ganido, ele gritou em desespero:

Pare!

—Não implore por piedade. Não ainda.

Aquele tinha sido Ibrahim, que ainda tinha a voz reduzida a um sussurro perigoso. Dando um passo a frente, segurou o braço de Janine com firmeza. Ela não se virou, mas também não fez qualquer movimento para se desvencilhar dele.

—Todos para fora! Agora!

Os Moroi e as dampiras que assistiam paralisados à cena foram trazidos de volta à realidade quando um guardião silenciosamente os mandava sair. Nenhum deles teve dificuldade em obedecer à ordem de Ibrahim Mazur.

Janine precipitou-se para a poltrona vermelha onde a menina dampira continuava deitada, alheia a tudo à sua volta.

—Você pode me ouvir? – ela perguntou, segurando sua mão gelada.

A única resposta dela foi um leve repuxar de lábios, ensaiando um sorriso dopado.  Tinha endorfinas demais no sangue para perceber qualquer coisa ou pensar com clareza.

O guardião passou por ela e arrancou o restante dos casais dos quartos. Agora Janine já sabia o que havia atrás de toda aquela fileira de portas.

Quando todos já haviam saído, Ibrahim deu nova ordem:

—Pavel, pegue a garota. – sua voz agora, apesar de firme, estava um milhão de vezes mais calma.

Com um movimento de cabeça, o guardião cumpriu a ordem. Ajoelhando-se ao lado da guardiã Hathaway, pegou a menina no colo com cuidado: ela era mole e frágil como uma boneca de pano.

—Não se preocupe, ela vai ficar bem. – ele era sério como um guardião deveria ser, mas sua voz era branda e tinha um sotaque diferente. Ele transbordava compaixão e simpatia e até se permitiu dar à Janine um pequeno sorriso.

Levantou-se com a dampira no colo e antes de descer as escadas, Ibrahim virou-se para fazer-lhe mais um pedido. Janine estava absorta demais em sua própria experiência daquela noite para se preocupar em ouvir o que eles diziam.

Ergueu-se do chão e continuou virada para a poltrona vazia. Se não fosse vermelha, com certeza seria possível ver marcas de sangue. O contorno do corpo da garota continuava marcado no tecido, como uma lembrança sutil na memória da guardiã. A lembrança da sensação de estar sempre entorpecida, das nuvens de nicotina, dos beijos com gosto de sangue.

—Janine. – toda a pose de mafioso era passado e preocupação genuína emanava da voz de Ibrahim. 

Contornou o corpo do Moroi desacordado sem lhe dar a mínima importância, parando logo atrás da ruiva. Estendeu a mão direita, como se quisesse tocá-la, mas se conteve.

—Janine. – sussurrou, ainda com medo de tentar confortá-la.

Aquela mulher era o maior mistério com o qual tinha se deparado em muito tempo. De um lado, a guardiã seríssima e concentrada, até mesmo chata e sem espírito esportivo. Do outro, a pessoa melancólica, compreensiva e sincera que ela se tornava sem querer.

Ibrahim ainda não tinha conseguido identificar qual das duas Janine Hathaway realmente era. Ou se ainda havia uma terceira versão desconhecida que fosse a verdadeira.

Dando um passo para o lado, arrumou atrás de sua orelha a cortina de cabelos ruivos que escondia seu rosto. Ela apertava os lábios e parecia lutar para segurar as lágrimas.

Com delicadeza, fez seus dedos correrem sobre a bochecha dela. Foi uma surpresa para ambos quando ela não o afastou, virando o rosto para ele. A guardiã piscou algumas vezes e seus olhos azuis brilharam sob a luz neon.

Ibrahim sentiu-se livre para puxá-la de encontro ao seu corpo, envolvendo-a em um abraço.

—Você está tremendo. – ele observou calmamente, em voz baixa.

—Não estou tremendo. – murmurou com a testa apoiada no peito dele, deixando-se afundar mais nos seus braços.

Ibrahim tentou não rir da teimosia da ruiva, dedicando-se a acariciar o topo de sua cabeça.

—O que quer que eu faça com ele?

—Quero que me deixe matá-lo e depois encubra o crime.

Ibrahim riu.

—Sabe, sou tão louco por você que, se estivesse falando sério, eu realmente deixaria que fizesse isso.

Para seu total espanto, ela não retrucou ao comentário, limitando-se a dar uma risada adorável.

—Poderíamos ser refugiados no Nepal. – murmurou, ainda com a boca de encontro ao corpo dele, fazendo cócegas. Ibrahim nunca admitiria, mas gostou quando ela fez isso.

—Por que o Nepal? – perguntou curioso.

—Não sei. Acho que é um bom lugar para fugir.

—Gostaria de ficar sozinha comigo para sempre no Himalaia? – a pergunta podia ser completamente estranha, mas com o tom de voz certo e seu sotaque natural, soava como um convite carregado de duplo sentido.

Com uma careta, ela virou a cabeça para cima, encontrando seus olhos negros alegres.

—Eu ficaria completamente maluca.

Dando-lhe um sorrisinho pretencioso, retrucou:

—É um dos meus muitos poderes sobre as mulheres.

Ela suspirou sem paciência e se afastou bruscamente.

—Prefiro quando mantém a boca fechada, Mazur. – voltando à postura de guardiã, perguntou com a voz séria – O que mandou aquele guardião fazer com a dampira?

—Pavel vai levar a garota para o meu apartamento. Com alguma sorte, conseguiremos descobrir quem ela é.

—E depois disso?

—Depois disso o que? – ele retrucou.

—Vai soltar a menina no mundo de novo e esperar que ela se vire sozinha? Ótima ideia. – comentou sarcástica.

—Diminua a agressividade, Janine. – ele repreendeu, sem entender a postura dela.

Ela cruzou os braços e se apoiou na parede, respirando fundo.

—Se ela não tiver para onde ir ou em quem confiar, vai acabar fugindo e voltando para outra boate qualquer. É isso que você quer que aconteça?

Ibrahim passou as mãos pelo cabelo, visivelmente incomodado.

—Eu não sei, Janine! Não tenho um plano; nunca tive que salvar uma dampira da prostituição e do vício em endorfinas.  

Nesse instante, o Moroi ensaiou alguns movimentos frágeis, recuperando a consciência. Isso atraiu a atenção dos dois, que se esqueceram por hora da briga que armavam.

—Já decidiu o que quer fazer com ele? – ele lhe perguntou.

Com desprezo, a ruiva olhou o homem no chão que choramingava de dor como uma criança.

—Eu não tenho o mínimo interesse nesse verme. Faça o que bem entender, Mazur.

Quase ao mesmo tempo, o guardião de Ibrahim voltou à sala. Pela maneira respeitosa e simples com que se dirigia ao patrão, era evidente que por mais que houvesse uma leve hierarquia entre os dois, a admiração e o companheirismo eram mais fortes.

—As pessoas já estão notando que há alguma coisa errada, senhor Mazur. Vi um guardião da boate sair para comunicar a situação à Keaton. Não tenho certeza se sabem que o senhor está aqui.

—Pavel, estou dando ordem para tirar todos daqui. Deixe bem claro que a festa acabou. Não se preocupe, eu cuido de Keaton. Ele obviamente se esqueceu de quem manda nesse lugar.  

O guardião concordou com a cabeça e desceu as escadas novamente. Nem bem o homem se retirou, Janine virou-se para Ibrahim com raiva incendiando-lhe os olhos.

—O que quis dizer com ‘‘quem manda nesse lugar’’?

Ele respirou fundo, mas manteve a expressão neutra. No entanto, até mesmo seu tom de voz soava como um pedido de desculpas.

—Eu sou dono de muitos prédios no Cairo, Janine. Essa boate é apenas mais um deles.

Ela deu uma risada amarga, recusando-se a acreditar.

—Quer dizer que além de tudo, você ainda é dono de uma boate que promove a prostituição de sangue? Você não é melhor que um cafetão! – sem pensar no que fazia, a guardiã avançou contra ele completamente furiosa. 

—Pare com isso! – ele segurou seus punhos com força, tirando qualquer pretensão que ela tinha de machucá-lo – Chega, Janine!

—Como pôde? Você não tem a mínima ideia do que está fazendo! Nós não somos objetos!

O desespero dela irradiava por toda sala enquanto seu corpo inteiro tremia novamente. Por mais que Ibrahim se sentisse completamente ultrajado, aquela cena serviu para surgisse compaixão para abrandar sua raiva.

Tal reação tão explosiva vinda de uma pessoa com um autocontrole geralmente imenso era no mínimo curiosa. Ela não se desesperava na presença de Strigoi, mas esteve a noite toda por um fio.

Aquela preocupação com a prostituta de sangue, aquela desconfiança com todos os homens Moroi e principalmente aquele ódio ao pensar que Ibrahim estava de acordo com a situação da boate; todas essas pistas convergiam para um mistério maior sobre Janine Hathaway.

—Janine, olhe para mim. – ele pediu, com uma leve autoridade.

Ela não mexeu um músculo, o que obrigou Ibrahim a virar seu queixo com delicadeza para cima. Seus olhos estavam cheios de lágrimas, mas a guardiã não deixou que uma sequer tivesse a ousadia de cair.

—A escritura desse prédio está no meu nome, mas não sou eu quem o gerencia. Sou dono de uma série de lugares na cidade e ganho com os aluguéis. Apareço às vezes para ver como andam as coisas e, acredite, não tinha a mínima ideia do que estava acontecendo por aqui.

Ela não esboçou qualquer reação enquanto absorvia suas palavras.

—Eu acredito em você. – respondeu por fim, com a voz calma e baixa.

Ibrahim soltou a respiração que andava prendendo enquanto esperava que ela falasse, visivelmente aliviado. Os cantos de sua boca voltaram-se para cima no esboço de um sorriso presunçoso.

—Viu só, tigresa? Não sou tão mau como você pensa.

Sem deixar que ela respondesse ao comentário, soltou seu corpo e pôs de pé sem esforço algum o Moroi machucado que tentava debilmente se manter sentado.

—Qual é o seu nome? – perguntou enquanto o segurava pelos braços com força para que não caísse.

—Iuri Vasilinsky.   – respondeu em um fio de voz.

—Bem, senhor Vasilinsky, tenho uma boa e uma má notícia. A boa é que hoje você vai poder chegar inteiro em casa, e não em forma de picado de carne, como minha garota queria. Agradeça à minha compaixão insana por pessoas desprezíveis. Já a má notícia é que você não só conseguiu enfurecer a minha garota ao último nível como também entrou para o topo da minha lista negra. Então, sugiro que um episódio como o de hoje não volte a acontecer e que você siga o conselho da guardiã de nunca mais tocar uma dampira na vida. Fui claro?

Qualquer que tenha sido o orgulho que o homem já tivera na vida, estava esgotado. Abaixando a cabeça na maior resignação possível, murmurou um humilhante ‘‘Sim, senhor’’.

—Agora, – continuou Ibrahim, que estava longe de ter acabado – conheço bem o seu tipo. Você só está se fazendo de bonzinho porque ainda está com a lembrança da surra que levou viva na memória. Acredite quando eu disser que se alguma vez ousar olhar para uma dampira de novo, eu vou ficar sabendo. E se isso acontecer, eu vou te encontrar e aí sim vai voltar para casa em pedacinhos. Jamais duvide da palavra de Ibrahim Mazur.

Iuri Vasilinsky já estava branco como uma folha de papel e Janine não se ficaria surpresa se ele desmaiasse de novo naquele minuto. A guardiã ainda teria muitas ocasiões para observar a reação que o nome de Ibrahim causava nas pessoas.

Dando-lhe um sorriso ameaçador que mostrava as presas, ele indicou a porta com a cabeça, avisando ao homem que ele estava livre para ir. Este não precisou de outro incentivo e, reunindo cada força que restava em seu corpo, atravessou rapidamente a sala, sem ter coragem de olhar para Janine.

—Ah, Iuri, melhor inventar uma boa história para todos esses machucados. A Bárbara sempre foi uma mulher muito inteligente, não vai acreditar que você escorregou no banheiro. E, se fosse você, nunca deixaria que meu filho me visse nesse estado. Seu garoto pode começar a pensar coisas ruins sobre o pai, não é mesmo?

O breve olhar que o Moroi deu para trás misturava susto e ódio em uma coisa só. Mas acabou pensando melhor e desceu as escadas aos tropeços.

Janine cruzou os braços à frente do corpo, ainda tentando processar tudo que havia acontecido.

—Bem, isso foi interessante. – comentou com o olhar fixo em Ibrahim.

Ele se abriu logo no costumeiro sorriso presunçoso.

—Quando eu quero, consigo ser quase tão ameaçador quanto você, tigresa.

A guardiã usou de toda sua força de vontade para não brigar por causa do apelido, que ele já usava pela segunda vez nos últimos dez minutos.

—Eu estava falando de você saber sobre a vida do cara como se fossem amigos de infância.

—Ah, isso? – seu tom fazia parecer como se não fosse nada demais – Ele trabalha em uma companhia de petróleo russa da qual comprei algumas ações há uns três anos. E acho sempre bom saber com que tipo de gente estou fazendo negócio.

—Então simplesmente decorou todos os dados sobre a vida pessoal dos funcionários? – ela perguntou arregalando os olhos.

—Quase todos. Iuri Vasilinsky é um idiota um tanto importante na empresa onde trabalha. – respondeu orgulhoso da própria paciência e capacidade de memorizar dados aleatórios e inúteis

‘‘Bem’’, pensou Janine, ‘‘talvez não tão inúteis. Pelo menos ele tem material para ameaçar as pessoas quando bem entender. ’’

Ibrahim esfregou as mãos e se encaminhou para a porta.

—Ainda tenho mais uma pessoa para ameaçar. Vem comigo para ser testemunha.

Ela balançou a cabeça negativamente, rejeitando a proposta.

—Tenho duas protegidas lá em baixo e preciso tirá-las daqui o mais rápido possível.

—Não foi um pedido. – contestou com firmeza na voz – Quero que veja com seus próprios olhos que não sou o mostro que você me acusou de ser.

Um pouco envergonhada, a ruiva logo retrucou:

—Você não tem que provar nada para mim, Mazur.

—Tem razão, eu não tenho. Acontece que eu quero.

Ibrahim não tinha ideia do que ela procurava quando os olhos azuis vasculharam os seus por intermináveis segundos. Com um suspiro, Janine começou a descer as escadas na frente.

—Seja rápido com isso.

Ele a seguiu de perto e pode ver a expressão assustada que ela fez quando viu que todo aglomerado de jovens bêbados tinha simplesmente sumido. Apenas alguns guardiões passavam de um lado para o outro, visivelmente perdidos com toda aquela situação.

—Não se preocupe com Alicia e Gabriella, elas estão seguras. Pavel está com as duas. 

Mais assustada ainda, Janine virou-se para olhar para ele com incredulidade.

—Você andou me seguindo também?

—Pensei que fosse óbvio. – ele respondeu revirando os olhos.

A guardiã não teve tempo de discutir porque ele apressou o passo pela pista de dança, abrindo uma porta para um corredor. No final dele, havia mais uma sala, com dois guardiões altos e musculosos guardando a entrada.

—Boa noite, senhores. Estou aqui para falar com James Keaton.

Janine simplesmente não entendia como ele podia estar agindo com tanta polidez. Os guardiões não se deram ao trabalho de olhar para Ibrahim, continuando a encarar o nada com o rosto totalmente impassível. Um deles se adiantou em responder com a voz inflexível:

—O senhor Keaton se encontra ocupado no momento, não está recebendo visitas.

—Então é meu dia de sorte, porque não sou uma visita. Sou a garota que vai quebrar a cara dele!

Ibrahim a segurou pela cintura, impedindo que ela socasse o rosto do guardião mais próximo e conseguindo até mesmo dar um sorriso.

—Tenho certeza que ele vai mudar de ideia quando avisarem que Ibrahim Mazur está aqui para vê-lo.

Os dois homens finalmente pareceram sem saber o que fazer e entreolharam-se tentando achar uma resposta.

—Bem, já que ninguém vai tomar uma atitude por aqui, acho que vamos entrar sem sermos anunciados mesmo.

Segurando firmemente a mão de Janine, avançou para a porta. Atônitos, os guardiões não tiveram outra escolha senão deixá-los passar.

A sala na qual entraram era um grande escritório mobiliado em tons de preto e branco, bastante chique e impessoal. Todos os móveis eram novos e um carpete felpudo bege cobria todo o assoalho. Não havia janelas, mas o potente ar condicionado fazia qualquer um esquecer que havia um deserto do lado de fora.

Um homem de mais ou menos trinta anos, andava de um lado para o outro atrás de uma mesa de madeira, enquanto gritava com alguém no telefone.

—Não, eu não sei como isso foi acontecer! Não foi um dos meus guardiões, disso eu tenho certeza! Mazur? Ele só deve chegar no final de semana para o casamento...

Ibrahim bateu a porta com força atrás dos dois, chamando a atenção do homem de cabelos castanhos.

Seus olhos cor de mel se arregalaram e ele gaguejou ao desligar o telefone.

—Charlie, eu tenho que ir. Ligo pra você depois.

Ele deixou o aparelho em cima da mesa, sem coragem de dizer nada. Engoliu algumas vezes em seco e preferiu encurtar a conversa e ir direto ao ponto, deixando claro que não estava em condições de cumprimentar e oferecer uma cadeira aos dois recém-chegados.

—Você disse que tinha planejado chegar só na sexta-feira, Mazur. – disse pateticamente.

—Parece que estraguei seus planos de esconder seu harém de prostitutas de sangue do meu conhecimento.

—São só negócios, Abe...

Não me chame de Abe. Deixei bem claro que prostituição era algo que não deveria chegar perto do meu prédio. Mas você simplesmente construiu um bordel em cima do bar e planejou ocultar isso de mim.

—O que esperava que eu fizesse? Os Moroi não viriam aqui simplesmente pela música jovem e as bebidas! E aquelas dampiras vinham se oferecer aqui na porta de qualquer forma, você sabe que elas não têm vergonha nenhuma!

Ibrahim sentiu a mão de Janine ficar rígida entre a sua e a segurou com mais força.

—Cuidado com as palavras, Keaton. Você não vai querer que eu deixe a guardiã aqui te dar uma surra.

O homem recuou um passo, desviando o olhar de Ibrahim para Janine. Esta não sabia se fora apenas seu olhar de ódio que o intimidara tanto, mas tinha quase certeza de que a ameaça de Ibrahim surtira mais efeito de qualquer forma.

—Quero essa sala vazia até sexta-feira de manhã. Não tente fugir ou qualquer outra gracinha; você sabe muito bem que te encontraria em menos de vinte minutos.

Dando meia volta, parou com uma mão na maçaneta e olhou para trás novamente.

—Ah, e se fosse você, diria ao seu amigo Charlie para se informar sobre os horários de visita na prisão se quiser ver você de novo.

James Keaton se fez lívido como se tivesse visto um fantasma e precisou se apoiar na cadeira para não perder a força nas pernas.

—O que está insinuando, Mazur?         

Ele sorriu ironicamente.

—Eu realmente não acho que o dono daquele cassino em Vegas tenha se esquecido da sua armação de quadrilha. Ou que seus antigos colegas tenham se esquecido dos milhões que ganharam no jogo e que você tinha prometido dividir.

Ah, não! Mazur, você não pode me ameaçar assim! – gritou em desespero – Eu vou passar o resto da vida na cadeia! Isso se ninguém me matar antes por causa daquele dinheiro!

—Sinto muito, Keaton, mas você irritou a minha garota. Nós nos vemos na sexta.

Ao sair, Ibrahim fez um aceno com a cabeça para os dois guardiões e voltou pelo corredor sem nunca soltar a mão de Janine. Assim que se aproximaram da porta da frente, ela reclamou:

—Eu não sou sua garota, Mazur.

Ele virou para trás e sorriu, entrelaçando seus dedos nos dela.

—Claro que é. E pode ter certeza de que vamos acabar nos tornando o casal mais perigoso desse mundo.


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Notas finais do capítulo

Genteeeee, vai ter mais sobre essa mesma noite. Aguardem.
Vamos ajudar a divulgar a fic! (eu já to obrigando todo mundo q conheço a ler kkkkk). Indique para os amiguinh@s e faça uma autora feliz. ♥
Deixem bastantes comentários que vou respondendo vocês durante a semana.
Xoxo. ♥



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