Querida Lucy,

Já faz tanto tempo desde a última vez que lhe escrevi, que minha saudade chegou a aumentar - coisa que não imaginei ser possível.

Desculpe.

Não pensei que ir em uma missão fosse significar não ter tempo para lhe escrever, ou que, ao chegar em casa e não ver você aqui, tudo piorasse.

Porque acho que existia uma parte de mim que acreditava na possibilidade de, ao Happy e eu chegarmos aqui, encontrarmos você.

De que você estaria parada na porta, de braços cruzados, prestes a ficar brava por termos ido em uma missão sem você.

Mas é claro que isso não aconteceu. Quando cheguei aqui, tudo o que encontrei foi um enorme vazio.

E em algumas noites este vazio é tão insuportável que tenho que me jogar na sua cama, enrolado no seu cobertor preferido tentando desesperadamente me agarrar a um pedaço seu.

Você se foi a tanto tempo, Lucy, que seu cheiro começou a declinar.

Já faz um tempo que o cheiro de morangos se foi do seu cobertor cor de rosa preferido.

Já faz seis meses, não é?

Quase um ano.

Você ao menos tem noção de quanto tempo isto significa? Ou do efeito que sua ausência está causando em mim?

Hey, Lucy, está na hora de você voltar.

Desculpe se esta carta estiver confusa demais, melosa demais.

Mas é que faz tanto tempo desde a última vez que conversei com alguém que não fosse Happy, que quase esqueci como se utiliza as palavras.

Desde aquela última carta, não voltei mais a guilda. Em algumas tardes, quando ouço gritos a janela do nosso apartamento, tenho vontade de correr até a Fairy Tail e nunca mais sair de lá.

Por que sinto falta da guilda tanto quanto sinto de você.

Vontade que passa tão rápido quanto veio assim que me lembro que você não estará lá.

Amigos não podem substituir este tipo de amor, Lucy.

Falando nisso

Hey, Lucy

Você não sente falta da guilda?

Não sente falta de realizar missões com o time mais forte da Fairy Tail?

Porque, ah, eu sinto muito a falta de tudo isso.

Dá forma como você conversava com a Mirajane no bar, se inclinando sobre o balcão, as pernas cruzadas.

De seu olhar gentil com Wendy.

Dá forma como nós dois costumávamos cuidar de Asuka.

Se lembra de quando ela me pediu para beijá-la?

Você começou a gaguejar, com as bochechas coradas, e colocou Happy em sua frente.

Por Deus, Lucy! Nunca vou esquecer do mico que você me fez passar aquele dia...

Por que diabos você não quis me beijar?

Tenho certeza que seu lábios são melhores que os de Happy.

Sabe, você fica fofa daquele jeito. Com as bochechas vermelhas, gaguejando de forma embaraçosa.

Se eu tentasse te beijar outra vez, você ficaria tão vermelha quanto um tomate, de novo?! Hahahahaha.

Está aí uma cena que eu adoraria ver. De novo.

Você fica bem de vermelho, Luce.

Mas, desta vez, você deixaria eu te beijar?

Hey, Lucy, eu tenho todas essas lembranças

E, em algumas noites, elas me impedem de dormir.

Em noites assim, passo a madrugada encostado na janela do seu quarto, por onde eu costumava entrar, encarando a rua escura lá fora.

Nessas noites, o único barulho que escuto é o mover das folhas de seu manuscrito.

E quando o sol aparece e a manhã chega, você ainda não voltou para casa.

Outras vezes, passo não só a noite como a tarde inteira também dormindo.

É difícil lidar com o fato de que você não está aqui, que você ainda não voltou para casa.

Hey, Lucy

Eu tenho motivos para me preocupar?

Quero dizer, daqui a um tempo você realmente vai voltar?

Porque, depois de seis meses no escuro, sem receber uma única notícia sua, está se tornando cada vez mais difícil de acreditar.

Hey, Lucy

Você não vai declinar também, não é?

Não vai desaparecer como o cheiro de morangos do seu cobertor preferido.

Disto eu tenho certeza.

Com amor,

Natsu.