A deusa ruiva encarava Loki.
  - Muito bem – disse ele – Chega de joguinhos. Eu trouxe os Winchester até aqui para que eles sirvam como moeda de troca.
  - Como assim? – perguntou Dean.
  - Veja, ser inferior – disse Loki – Lúcifer está prestes a iniciar o apocalipse, e, sinceramente, eu não acredito nem um pouquinho que vocês possam detê-lo. Então, aqui estou eu, com os preciosos receptáculos de Miguel e Lúcifer na minha mão. E se o apocalipse de vocês acontecer, temo que até eu possa ser destruído. E eu não posso ser destruído por algo que não seja Ragnarok. Então, fazemos assim. Você e seu irmão podem se tentar fugir e ai eu invoco Lúcifer e entrego vocês para ele, ou vocês podem se comportar direitinho, e nesse caso, eu invoco Lúcifer e entrego os dois para ele.
  - Parece que não temos muita escolha, não é? – disse Dean.
  - Não, vocês não tem – disse Loki – Então, se quiser me poupar trabalho e se comportar direitinho...
  Loki parou de falar. Um movimento rápido as suas costas. Uma lamina, um único e veloz golpe. A espada negra que Urd segurava atravessou Loki por trás, saindo por seu peito.
  Silencio.
  Hel, que havia sido atirada contra a parede pela deusa ruiva, soltou uma risada.
  - Você realmente achou que isso adiantaria de alguma coisa? – disse Loki.
  - Dean, corra! – disse Urd.
  Ela puxou a espada e tentou golpear o deus novamente, mas ele a parou com telecinese.
  Dean chegou até a porta do quarto mas parou.
  - Pode correr – disse Loki – Você não vai conseguir sair da minha mansão.
  O Winchester queria correr e ajudar o irmão, mas não podia deixar Urd para trás. Por mais que ele quisesse, ela havia ido até lá para salvá-lo. Ele não poderia abandoná-la.
  Não, ele jurou que jamais abandonaria alguém de novo. Deis que ele deixou Bella para trás, ele prometeu a si mesmo nunca mais deixar alguém para trás. E ele não estava disposto a quebrar essa promessa.
  - Ei, feioso – disse ele, acenando para Loki – Aposto que não consegue me derrotar.
  - Humano insolente – disse ele, esquecendo da deusa e andando até Dean.
  O caçador começou a correr pelo imenso corredor. Precisava ganhar tempo até decidir o que fazer.
  O deus furioso andava rapidamente atrás dele. Apesar de Dean correr e o deus só estar andando, Loki parecia muito mais rápido que o Winchester.
  - Meu pai nunca soube se controlar direito – disse Hel, se soltando da parede.
  Urd se libertou de telecinese de Loki.
  - Agora somos eu e você – disse a deusa ruiva, apontando a espada para Hel.
  - Como você espera me matar? – perguntou Hel.
  - Eu não preciso te matar – disse Urd, sorrindo, confiante.

  Dean havia chegado a imensa sala principal da casa. Loki descia as escadas, suas mãos ardiam em fogo.
  Ele levantou uma das mãos e chamas voaram até o Winchester, que desviou pulando para o lado.
  - Eu estou com a vantagem nesse jogo – disse ele.
  - E posso saber qual é? – perguntou Loki.
  - Você não pode me matar – disse ele – Você precisa de mim.
  - Errado – disse Loki – Eu não preciso de você – ele sorriu, debochado.
  - O que quer dizer com isso? – perguntou o caçador, recuando um passo quando deus se aproximou.
  - Os anjos vão arranjar outro... – ele começou a dizer, mas então a sala inteira tremeu, derrubando o caçador. O deus apenas se enfureceu e esperou o tremor passar.
  - Você não vai me deixar falar mesmo, não é Skuld? – ele gritou.
  Um enorme lustre que estava no teto caiu a poucos metros de onde Loki estava.
  - Malditas deusas – disse ele – E pensar que tem poder mesmo a uma distancia dessas. Bom, parece que não vou poder te falar nada – disse ele – Só saiba que você não é tão necessário assim.
  Ele lançou mais chamas em direção ao Winchester.
  Dean desviou momentos antes das chamas o atingirem.
  - Assim você não vai muito longe – disse ele para o deus – É só isso que sabe fazer?
  - Adeus, Winchester – disse Loki, sem ouvir o comentário de Dean.
  O caçador sentiu algo em sua perna.
  Ele olhou para baixo, e congelou de pavor.
  Uma enorme cobra de oito metros estava se enroscando em sua perna.

  - Vocês estão recorrendo a esse plano como ultima escolha, não é? – disse Urd.
  - Como assim? – perguntou Hel.
  - Loki pode ser várias coisas, mas ele não é burro – disse a ruiva – Ele é um ótimo estrategista. Vocês só estão com esse plano por que o plano principal deve ter falhado. Afinal, se ele libertou todos os filhos, inicar o Ragnarok seria fácil, não?
  - Você nunca foi fácil de enganar – disse Hel – Sim, nosso plano inicial era iniciar o Ragnarok. Mas todos os deuses estão preocupados com o apocalipse cristão, e tentar iniciar o Ragnarok agora seria idiotice. Teriamos deuses de todas as religiões contra nós.
  - E então, vocês partiram para o plano B – disse Urd – Que a propósito, não é exatamente como vocês falaram, não é?
  - Você não deixa passar nada, não é? – disse ela – Sim, o nosso plano é quase o que contamos. Nós entregamos os Winchesters... E em troca nos aliamos a Lúcifer. Seria ele e todo seu exército de demônios somado a Loki, meus irmãos, e todo nosso exército, incluindo as almas que eu comando.
  - E já pensaram que Lúcifer simplesmente mataria vocês? – disse Urd – Ele é do tipo que age sozinho.
  - Sim, isso pode ser verdade – disse Hel – Mas ele não controla as almas dos mortos. Ele controla apenas os demônios. Eu posso controlar as almas antes que elas se corrompam e se tornem parte do exército dele. E isso seria uma grande ajuda para ele.
  - Então, vocês planejam... – disse Urd.
  - Sim – falou Hel, sorrindo – Se nos unirmos a Lúcifer e iniciarmos o apocalipse e o Ragnarok ao mesmo tempo, Lúcifer será devastado junto de todos naquela batalha. E o mundo renascerá sobre o comando dos deuses nórdicos sobreviventes.
  - Vocês são doentes – disse Urd.
  - Não, minha querida – falou Hel – Nós estamos apenas fazendo o que dizem as profecias.
  - Até onde eu sei, nenhuma profecia fala para vocês se unirem a Lúcifer – retrucou a deusa do passado.
  - São tempos modernos – disse a loira – Temos que nos modernizar. Além disso, após nos aliarmos a Lúcifer, nós iríamos atrás dos deuses que guardam o inferno nas outras religiões e mitologias, como Hades e Plutão.
  - Vocês reuniriam todas as forças do inferno – disse Urd.
  - Assim ganharíamos a guerra facilmente – disse Hel – Alias, isso não foi cem por cento idéia nossa.
  - Como assim? – perguntou a deusa.
  - Essa troca foi proposta por Lúcifer – disse Hel.
  Urd parou por um momento, e então riu.
  - Vocês não percebem o verdadeiro objetivo dele? – disse ela.
  - Como assim? – perguntou Hel.
  - Lúcifer quer reunir todos os deuses que controlam o inferno – ela disse – E então vai eliminar todos vocês. A desordem no mundo dos mortos seria tão grande que as almas passariam a virar demônios mais rapidamente. O exército dele para o apocalipse estaria aumentando inacreditavelmente a cada dia.


  A deusa loira corria pela imensa escada que levava ao porão.
  Ela se concentrava em Urd, usando seus poderes para saber o que se passava ente ela e Hel. Ela ouviu todo o plano de Loki.
  Quando finalmente chegou a base da escada, se deparou com uma enorme porta preta.
  Um símbolo estranho estava gravado com sangue na porta. Ela já havia visto aquele símbolo em algum lugar, mas não era um símbolo nórdico, então ela não se lembrava o significado.
  Ela pensou por um instante antes de abrir a porta, mas lembrou que sua irmã estava do outro lado.
  Ela girou a pesada maçaneta dourada e a porta se abriu com facilidade.
  Porem, quando ela viu o que havia do outro lado, um calafrio percorreu o seu corpo.
  - O que diabos eles estão planejando? – ela disse, enquanto olhava aterrorizada para o que havia do outro lado da porta.