Uma vida feliz para Arlequina? escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 9
Capítulo 9 – Gotham será nossa




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Capítulo 9 – Gotham será nossa

O Coringa estava em seu escritório trabalhando em mais um de seus planos. Vestia suas calças coloridas, junto às meias do Batman e seu sobretudo roxo.

— Essas meias me inspiram – ele sorriu – Dessa vez não vamos apenas lutar com o Batsy, vamos conquistar Gotham! – Ele emitiu uma boa gargalhada.

— O Batsy vai quebrar o sonar de tantas bombas que vão explodir juntas! – Harley disse, também rindo bastante.

— Isso, vamos dar uma festa pra o morcego com muitos fogos de artifício – O Coringa falou quando Harley sentou em seu colo com duas garrafas de bebida, lhe entregando uma.

Os dois brindaram com as garrafas e entornaram o conteúdo.

— Ao Batsy! – Harley exclamou.

— Ao Batsy! – Ele respondeu.

Brindaram outra vez e pouco tempo depois estavam rindo como loucos e só não embebedaram porque estavam rindo tanto que praticamente esqueceram as garrafas em cima da mesa.

******

— Não temos chips como os azarados do Esquadrão Suicida. Será fácil nos desviarmos dos olhos dessa mulher quando estivermos lá fora. Helicópteros e pontos estratégicos pra nos explodir se tentarmos mudar o plano não podem nos pegar. Encontramos todos, matamos cada um dos homens dela, depois matamos a Arlequina, depois o Coringa, e podemos tomar Gotham sem tanta gente atrapalhando – O Espantalho sugeriu.

— Por que os loucos nunca estão em casa?

— Se não quer matar os dois por causa de uma rixa com o príncipe palhaço eu mesmo faço isso. É totalmente negligente com a vida de sua princesa, muitas vezes quase a matou por si mesmo, mas é possessivo, é a propriedade dele. Se alguém mexer com ela, ele não vai gostar. Talvez eu a deixe viva... Como moeda de troca para Amanda Waller.

— O que é que se tem debaixo do tapete de um hospício?

O Espantalho suspirou, ignorou Charada, e continuou trabalhando em mais uma fórmula de gás. ‘Depois mato você também’, pensou.

******

— Preocupado com alguma coisa? – Gordon perguntou enquanto olhavam Gotham do alto.

— Está tudo quieto demais há mais de uma semana.

— Estou a postos quando precisar de mim.

— Fique longe disso. Não quero que faça mais do que me avisar se for preciso. E só isso já é um perigo – Bruce respondeu.

A noite estava linda. As luzes dos prédios e dos carros enfeitavam a cidade. E aquela lua cheia... Os dois homens a observaram sentido seus corações se apertarem. Era como se ela estivesse ali olhando para eles e sorrindo. Àquela hora ela estaria dizendo para relaxarem, aproveitarem a calmaria, e ver o quanto a noite estava bonita.

— Espero que ela esteja em paz.

Gordon pensou em dizer alguma coisa, mas não conseguiu pensar em nada. Simplesmente doía demais falar daquilo. O Coringa conseguira transformá-lo na própria piada mortal.

— Sei que não gosta do assunto, mas continuo achando que há motivos o bastante para não manter esse palhaço vivo. Por nós e por todos.

— Já conversamos sobre isso. Se ele for por minhas mãos, teremos que ir os dois. E quem o fizesse, precisaria de muita assistência e vigilância. Talvez só uma mente tão insana quanto a dele possa matá-lo sem enlouquecer ou talvez tenha mais chances ainda de se transformar numa espécie de sucessor. A menos que tenha um motivo muito forte pra o contrário. Mas lhe asseguro que não somos imortais, nem eu, nem ele. Um dia isso vai acabar cedo ou tarde.

******

— Harley, eu liguei pra Selina.

— Ligou?!! – Harley perguntou levantando-se da cadeira em que estava sentada na casa de Pam – O que ela disse?! Onde estão meus bebês?!

— Essa é a parte ruim.

— O que aconteceu com meus filhos, Pam? – Perguntou apreensiva.

— Harley, calma... Não aconteceu nada. Ao menos não sei de nada. Não sei onde Selina estava, mas a ligação estava péssima, liguei cinco vezes pra conseguir trocar algumas pouquíssimas palavras com ela, depois tentei de novo, mas não deu em nada. Não sei se ela chegou a conseguir ouvir ou entender o que falei, mas vou continuar tentando.

— Obrigada, Pam! – Harley a abraçou – O que seria de mim sem você?

— Seria uma louca varrida da face da Terra... Desculpe o trocadilho, não foi intencional – ela riu abraçando a amiga de volta – Porque certamente aquele palhaço já teria te matado ou você poderia ter morrido pelas ruas de Gotham ou em Arkham.

— Nossa, Pam.

— Nossa nada – ela disse quando se afastaram – Quantas vezes vou ter que dizer pra você ser minimamente realista, Harley? Mas pra que dizer, se ele é a sua loucura...? Como pretende criar dois bebês com aquele maluco? Hoje ele está feliz com a ideia, amanhã não está mais, depois pouco se importa. Vive te maltratando, te ameaçando, te fazendo chorar, quando não te bate. Você tem que parar de se iludir com aqueles momentos ilusórios de amor.

Harley apenas olhava a amiga enquanto ouvia mais um sermão. Não podia discordar de Pam, mas simplesmente amava demais seu Pudinzinho para deixá-lo apesar dos riscos diários a sua vida e a sua felicidade.

— E se não fosse você aquelas hienas estariam mortas.

******

Estavam outra vez no escritório, trabalhando no plano para conquistar Gotham desde o começo da semana.  Harley estava do outro lado da mesa, outra vez anormalmente quieta, com o rosto apoiado na mão e o cotovelo apoiado na mesa. Seus olhos azuis fitavam algum ponto no escritório, pareciam não ver nada do que acontecia a sua frente e ignoravam totalmente a bebida em cima da mesa.

— Você me ama, Pudinzinho? – Disse num tom tão triste que sua voz saiu baixa.

— É claro que amo você. Não é porque eu disse que ia te matar na última vez que brigamos que eu não te amo.

— Você também disse que prefere o Batsy.

— Eu estava bêbado.

— Você também está ficando agora.

— Isso é mais um motivo pra você não ficar me enchendo com perguntas sem importância.

— Sem importância?!

— Harley, quero trabalhar nos detalhes finais. Se não vai ajudar vá logo dormir.

— Mas, Pudinzinho...

— Não me chama assim! – Ele gritou – Minha paciência hoje esgotou!

— Mas... – ela se levantou, dando alguns passos para trás vendo que ele começava a ficar agressivo.

— Sai daqui, Harley... – falou quase rosnando de raiva.

— Tente se acalmar.

Nesse momento ele perdeu o controle, a agarrou pelo braço e pelo cabelo, a arrastando até a porta e a atirando no corredor antes de fechar a porta com força. Harley bateu contra a parede e se deixou deslizar para o chão, ficando estática em choque, apesar de não ser a primeira e provavelmente nem a última vez que aquilo acontecia. Bud e Lou vieram correndo em sua direção quando a viram no chão, Harley abraçou os dois e começou a chorar, tentando não fazer barulho e não ser ouvida, mas sabia que era impossível.

Do outro lado da porta o Coringa ouvia o choro, mas continuava trabalhando em seus planos, nem percebeu quando o choro sumiu. E quando finalmente resolveu abrir a porta, Harley não estava mais lá. Caminhou até o quarto, não a encontrando. O taco de baseball e o revólver haviam sumido, também não havia sinal das hienas. Ele sabia onde ela estava, mas não tinha a mínima cabeça pra ir atrás dela. Atirou a garrafa que carregava contra a parede, fazendo-a se estilhaçar, e o estrago não foi maior porque já estava vazia.

******

— Obrigada, Pam – ela dizia entre as lágrimas enquanto a Hera usava ervas para tratar o machucado em seu braço.

— Isso vai estar melhor de manhã – ela falou enquanto enfaixava o local.

Ao terminar Pâmela sentou-se na cama ao lado da amiga.

— Harley... – ela não sabia o que dizer, já havia dito muito por todos os anos que se conheciam.

Quando Harley a olhou com os olhos mais tristes do mundo, avermelhados e inundados de lágrimas, Hera apenas a abraçou forte e afagou suas costas.

— Você tem que tentar se acalmar.

Ela só chorou mais.

— Mas chore o quanto você precisar.

Por quase meia hora Pâmela continuou abraçando a amiga, a balançando de leve para tentar tranquilizá-la, até que ela conseguisse parar de chorar. Então lhe deu chá e a colocou para dormir, fazendo uma caminha para as duas hienas dormirem ao lado da cama. Quando Harley já dormia Pâmela sentou-se na beirada da cama, olhando-a com tristeza. Seu rosto ainda conservava a expressão de choro e angústia.

— Sinto tanto por você, Harley... Se acharmos essas crianças, infelizmente você terá que escolher entre ele e elas se quiser ter uma vida feliz. Mas agora apenas durma e descanse.


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