Fix You escrita por SammyBerryman


Capítulo 43
Without you


Notas iniciais do capítulo

[Sem você]

Eai seus lindões! Gente eu sei que demorei uma semana para postar, mas é que eu estou enrolando por que eu tenho que terminar Fix You e iniciar 42 em uma data específica, explicarei mais sobre isso em breve... Por hora só aproveitem o capítulo:



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Povs Sam:

O caixão desce lentamente. Eu só queria que isso acabasse logo. Não mereço aguentar nem mais um pouco essa dor. Como se supera a perda? A morte? Eu não tenho idade para lidar com essas coisas. Minha mãe aperta meus ombros, ela parece abatida. Olho para ela com pena, depois retorno meu olhar para o caixão... Será que um pedaço de mim está nele?

 

 

 

O enterro da minha avó se repassa em minha mente. Não gosto de me lembrar disso.

Lana retorna um pouco mais radiante. Mas a face entristecida continua a mesma.

— Como ele está? - eu pergunto estendendo uma mão para ela.

— Bem... Os médicos disseram que ele vai sobreviver, só está dormindo após a cirurgia. Ele é forte. - ela relata o estado do Austin.

Eu seguro a sua mão com força e ela devolve o aperto com mais intensidade.

— Ele passou por muita coisa para terminar assim. - arrisco comentar após alguns segundos.

— É... - Lana se inclina como se tivesse o mundo inteiro nas suas costas, eu estou do mesmo jeito.

Austin vai sobreviver. Uma parte de mim se alegrou. Saber que ele ainda vai estar presente, mesmo depois do que fez, alivia uma parte da dor que estou sentindo. Joshua não morreu, mas bem que poderia ter morrido. Lana apenas deu um tiro certeiro em sua barriga, os outros tiros foi pelos ares, ela não tinha intenção de mata-lo. A bala que o atingiu, atravessou a barriga e se chocou com a sua coluna vertebral, ele nunca mais vai andar na vida. Sinto-me feliz por isso, mas fico com nojo de mim mesma por pensar assim. Lorrayne foi detida pela polícia, agora ficará presa até o julgamento, sem previsão para acontecer.

Os médicos não se pronunciaram sobre o Freddie ainda. Ele apenas foi levado para a cirurgia inconsciente... Quem sabe mais do que isso. A mãe dele não sabe do que aconteceu, mas será só uma questão de tempo até ela descobrir.

Eu sinto que morri. Já estou aceitando o fato que perdi o Freddie. Quando sua mão largou a minha, eu deixei a outra sobre seu coração. Eu não sentia as batidas, mas Lana me puxou de cima dele chorando. Foi um grande momento de desespero.

Lana e eu temos um segredo para ser guardado. Ela não vai contar a mãe dela, assim como eu não contarei a ninguém. Vamos se apoiar uma na outra. Porém precisamos trocar os vestidos do casamento, e eu apenas confio em uma única pessoa para buscar o que precisamos.

— Tem certeza disso, Sam? - Lana fica com o pé atrás.

— Não podemos deixar o hospital. Ele é nossa única opção. - já coloco o celular no ouvido.

— Tudo bem...

Aguardo meu irmão atender o celular.

Você não retornou ao apartamento com o Freddie, vocês estão bem?— Embryl se preocupa.

— Não estamos. Freddie e Austin foram baleados pelo pai do Freddie. Lana e eu estamos no Northwest. Não podemos sair daqui, precisamos que você nos traga algumas roupas e, por favor, não conte nada a mãe dele. - me atropelo nas palavras.

A linha fica muda por algum tempo, Embryl parece estar repassando as minhas palavras.

Meu Deus! Você se feriu? Ele está vivo? E Lana?! Austin vai sobreviver? E como assim não contar a mãe dele, você enlouqueceu Samantha?!— ele grita comigo, mas sei que no fundo está assustado com tudo isso.

— Eu explico tudo assim que você chegar aqui, apenas traga roupas para mim e para a Lana. - sinto minha cabeça latejar com a pressão dos acontecimentos.

Quando eu chegar ai, iremos conversar sério. - ele desliga sem me dar a chance de responder.

— Ele está vindo? - Lana pergunta.

Faço que sim a cabeça.

— Resta nós esperarmos.

 

 

 

 

Embryl surge no corredor com duas mochilas e sacos de papel, o que parecem ser de alguma lanchonete. Levanto-me para pegar a mochila, mas ele solta as duas no chão, junto com os sacos e me envolve em um abraço.

— Eu quero saber o que aconteceu. - ele segura meus ombros.

— Vamos te contar. - respiro fundo e olho para a Lana.

 

 

 

Eu explico tudo a Embryl com a ajuda de Lana. Contamos os detalhes, os fatos que levaram a isso e o que aconteceu com cada um. Ele fez breves perguntas e ficou pensativo durante toda a história, quando por fim terminamos, ele nos deixou ir trocar de roupa e ficou sentado nos bancos do corredor a nossa espera.

Quando retornamos, comemos o que ele nos trouxe para nos dar alguma força.

Deve ser duas da manhã eu acho... Talvez mais. Mesmo depois de tudo eu não estou com sono, diferente de Lana que já cochilou umas três vezes. Embryl deixou os braços em volta de nós como se estivesse nos protegendo, mas eu sei que ele está inquieto. Sei que deseja contar imediatamente a nossas famílias sobre o ocorrido, mas ele sabe que não é o momento certo ainda.

— Não deviam dormir assim, deviam ir para o carro e descansarem lá. - Embryl sussurrou para mim.

Neguei de imediato.

— Não saio desse hospital a menos que seja com o Freddie.

— Como quiser. - ele decide não discutir.

Um médico caminha em nossa direção. Reconheço como o doutor que estava responsável pelo Freddie. Preparo-me para as más notícias.

— Lana Margarete Gilbert Benson? - o doutor de cabelos brancos chama nos olhando.

Lana rapidamente se mexe ao escutar seu nome, nem parece que cochilava. Ela se coloca de pé em um pulo e vai até o doutor.

— Meu irmão vai sobreviver?

— Venha comigo. - o doutor Reynolds diz somente isso, ele coloca a mão nas costas de Lana para dar apoio enquanto a conduz para as enormes portas duplas no fim do corredor.

Aperto a mão do Embryl com tanta força, que ele choraminga baixinho quando perde a circulação na palma. Eu o solto tremendo. O casaco não empata o frio que estou sentindo, por que esse frio está vindo de dentro de mim. Meus dentes se batem. Minha alma congela.

Começo uma oração silenciosa. Repito-a tantas vezes que se torna um mantra.

Os minutos se passam. Pergunto-me se o Freddie sobreviveu, e se sobreviveu me pergunto se acordou e Lana já está falando com ele. Imagino que seja essa a demora.

As portas duplas se abrem. Levanto-me já sabendo do pior. Lana retorna aos prantos. A mão na boca para abafar os gritos. Sinto meu corpo tombar para frente, mas me forço a caminhar até ela e envolve-la com os braços.

— Não! Não!- ela chora enquanto me abraça- Não Deus! Não é real! Ele não morreu! Não! - Lana praticamente cai dos braços, e nós duas afundamos no chão.

— Não... - deixo as lágrimas caírem pela minha face- Ele morreu? - me custo a acreditar.

Ela chora mais ainda olhando para cima, como se a resposta fosse cair do teto.

— O doutor... - ela começa a ficar com falta de ar- Disse que os médicos perderam o Freddie diversas vezes durante a cirurgia, na última vez pensaram que ele não retornaria... - o choro dificulta sua voz sair- Eles não entenderam por que ele voltava... Ele está em coma agora e já foram bem claros, somente os aparelhos o mantém vivo. O Freddie não vai acordar... Não vai... - Lana volta a chorar.

Eu choro junto com ela. Embryl vem em nosso socorro, mas não a nada que ele possa fazer. Lana e eu nos abraçamos, sustentando a dor uma da outra. Ela vai perder o irmão e eu o amor da minha vida. O mundo pisou em nós da forma que pôde, pode ter quebrado nosso coração, mas nunca quebrará... Não... Realmente dessa vez quebrou até nossa alma.

Continuamos chorando, até não ter mais nada para chorar. O corpo se recusa a produzir mais água. Lana se arrasta até a parede onde apoia a cabeça e fita o nada.

— Podemos pelo menos vê-lo? - eu estou sem nenhum tipo de emoção na voz.

Lana me olha como se estivesse morta.

— Podemos. - ela olha para o Embryl e sem precisar dar uma palavra, ele sabe o que tem que fazer.

— Vou buscar a mãe dele. - Embryl se levanta do chão.

Ele beija minha testa, mas eu não sinto o beijo. Eu não sinto nada. E sei que nunca vou voltar a sentir outra vez.

— A culpa é minha. - Lana comenta sem se mexer- É toda minha, e se você disser que não é eu juro que você é a próxima a entrar em coma.

— Lana... - acaricio seu joelho.

— Me escuta. - ela tira minha mão da perna dela- Se eu não tivesse insistido em procurar saber a verdade sobre a minha família todos estaríamos bem agora. Freddie e você nunca teriam rompido o noivado. Austin e eu não iríamos ter nos encontrado de novo, mas seria bom, por que ai ele não iria ter sido baleado. Ninguém estaria correndo perigo. Todos nós estaríamos sãos e salvos vivendo nossas vidas felizes, mas eu estraguei tudo. Eu sou a única que merecia morrer depois disso.

Busco algo para dizer que quebre toda essa lógica dela.

— Talvez a melhor coisa que você tenha feito Lana, foi voltar. - ela fica surpresa, mas não esboça tanta emoção- Nada torna uma pessoa tão importante quanto à falta dela... Freddie, Austin e eu descobrimos isso graças a você. Se quiser se culpar então faça isso, mas o único culpado aqui sempre será seu pai. - eu me levanto do chão- Você devia checar como o Austin está, tem sorte de ainda tê-lo.

— É... Vou checar. - ela se levanta como um zumbi e caminha para a porta que estava ao seu lado direito.

Eu permaneço parada encarando as portas duplas. Será perda de tempo ir até lá para vê-lo sabendo que ele nunca mais irá acordar?

 

 

 

 

 

 

Povs Lana:

Eu queria sentir dor por saber que meu irmão vai morrer. Queria sentir raiva, angústia, ou qualquer emoção. Mas eu não sinto nem meu corpo direito.

Puxo uma cadeira para me sentar perto do Austin. Deito meu rosto no seu braço. Ele se mexe para a minha surpresa.

— Austin - levanto a cabeça e nossos olhares se encontram.

Ele ergue um pouco o pescoço.

— Lana... - Austin dá um pequeno sorriso.

— Pelo menos eu ainda tenho você. - seguro seu rosto- Ainda me resta você.

Ele procura tentar entender.

— Como assim? O Freddie... Ele está vivo?

Eu apenas balanço a cabeça.

— Ele...

— Eu sei que ele é seu irmão, mas não quero nem imaginar como a Sam deve estar. - ele fecha os olhos como se sentisse a dor dela- Pobre garota.

Eu solto seu rosto, mas mantenho uma mão para acariciar sua bochecha.

— A Sam é forte... Mas ela não vai aguentar.

— Eu disse a mesma coisa ao seu irmão. - é como um soco na minha cara.

— Você sabia? - me alarmo totalmente.

— Sim... E eu sinto muito por não ter contado. Fique livre para me odiar.

Cogito a ideia por um instante, mas logo a descarto, fito seu rosto meio contorcido de dor.

— Eu te amo demais para procurar um motivo para te odiar. - beijo ele com carinho.

— Lamento pelo o Freddie, pode me contar do estado dele, só para eu me manter acordado? Tenho medo de dormir e não acordar mais.

Engulo a bile na garganta e conto sobre o estado do meu irmão.

 

 

 

 

 

 

 

Povs Sam:

Estou parada em frente a porta do Freddie. Não tive coragem de entrar. Sinto que vou desmaiar assim que o vê imóvel na cama. Com a minha mãe foi mais fácil, mas com o Freddie é diferente.

— Ele lutou muito. - o doutor aparece de surpresa- Desculpe, não quis assusta-la.

— Não assustou doutor Reynolds. - me viro de costas para a porta.

— Pode me chamar apenas de Stefan.

— Ok...

— Eu sinto muito, parece que você o ama muito. - ele olha para mim com sinceridade, percebo que aparenta ter mais de 60 anos.

— Por que acha isso? - tento não ser grossa.

— Porque eu vejo o desespero nos seus olhos, o medo, a dor, o amor... Tenho anos nessa profissão, sei os sentimentos das pessoas quando tem que lidar com a perda.

— Realmente ele não vai acordar?

É como se pela primeira vez, ele não soubesse responder a verdade à família de algum paciente.

— Sam... - ele usa um tom de compaixão- Posso te chamar assim? - eu dou de ombros- A bala que atingiu o Fredward, foi no fígado, se no mínimo que você estudou na sua época escolar chegou a biologia, deve saber que o fígado se regenera...

— Então ele tem chances. - a esperança me abraça.

— Um fígado bom sim. No caso do Freddie, o fígado estava um pouco debilitado, meu palpite foi o consumo exagerado de bebida alcoólica, ele possuía o hábito de beber muito?

Tento recordar minhas conversas com o Freddie. Ele me explicou que bebia muito desde que o deixei, e que não comia direito, isso explicava a perda de peso.

— Foi algo recente a bebida, ele não era assim há uns meses atrás.

— Mesmo assim, parece que encontramos o problema no fígado e a bala só colaborou com o estrago. Enquanto fazíamos a cirurgia o perdemos logo de início, em instantes ele voltou, isso se repetiu por mais quatro vezes. Quando terminamos a cirurgia, o coração dele já não batia como o de uma pessoa normal. O coração de um jovem saudável costuma bater no mínimo 60 e no máximo 90 vezes por minuto, e o do Freddie estava bem abaixo disso. Os aparelhos são o que o mantem vivo, será apenas uma questão de tempo para o todo o sistema dele desistir e ele ceder... Me pergunto o que está realmente fazendo ele permanecer nesse estado. Nunca vi nada parecido em décadas nessa profissão. O subconsciente está ligado a alguma coisa, quando esse pensamento ficar pesado demais, menos nítido e perder o contraste aos poucos, ele vai querer parar de visualiza-lo, ou seja o corpo inteiro vai parar de responder por que o coração vai deixar de bater. - Stefan cruza os braços intrigado- Tenho quase certeza que é o mesmo pensamento que o fazia voltar durante a cirurgia.

— Ele está sentindo dor? - a pergunta que eu temo fazer.

Ele suspira checando a hora no seu relógio.

— Não dá para saber, mas mesmo o coração não estando forte, ele está fazendo um baita esforço para se manter vivo. Deus sabe que o Freddie não quer desistir da vida ainda... Se ele sente metade do que você demonstra sentir por ele, então provavelmente é o que o está mantendo longe da famosa luz. - ele continua com a voz séria- Não quer entrar e falar com ele?

— Não. Eu não quero ficar sem resposta.

Stefan apenas dá um aceno com a mão mostrando que entendeu e se retira para as imediações do corredor, parece cansado e com certeza deve estar. Em breve vai passar das três da madrugada.

Fico perambulando pelos corredores, sem qualquer destino. Só procurando algo que não sei o que é. Com o dinheiro que achei na minha mochila eu comprei algumas latas de refrigerantes. Estou tomando a terceira lata sentada na frente da porta do Freddie, quando a senhora Benson surge com Rosalie, Embryl e o doutor Reynolds.

Retiro-me da frente da porta sem me levantar, apenas sento mais ao lado concedendo passagem. A senhora Benson me ignora e entra com Rosalie na sala, Stefan também entra com elas. Eu não me arrisco a olhar lá dentro.

Embryl me fita no chão sem saber o que fazer, parece mais perdido que eu.

— Alguém tem que chamar a Lana, ela está no 211 com o Austin. - aponto para as portas duplas.

Ele somente faz o que eu falei, sendo assim retorna após alguns segundos com a Lana, ou o que sobrou dela, por que seu estado atual é deplorável. Ela entra na sala e mais uma vez não olho o interior.

Durmo contra meus joelhos. Alguém me carrega para algum lugar.

 

 

 

 

 

Povs Freddie:

Ele atira. Levam apenas alguns segundos para eu sentir a dor começar. É agonizante. Sinto-me sendo comido de dentro para fora. Minha mente se embaralha. Pensamentos se chocam uns com os outros e eu não tenho nada para focar, nem algo que me faça escapar da sensação horrível de perfuração. Olho em volta em busca de algo e encontro a Sam. Ela está com a boca aberta, mas não emite nenhum som. Eu também não posso emitir. Não quero deixa-la preocupada. Não quero que ela se sinta mal, então não vou gritar. Quero dizer a ela que está tudo bem, que ela vai sobreviver. Mas não consigo, apenas permaneço a olhando enquanto caio de joelhos.

>>>>>> 

Eu afundo na escuridão soltando a mão da Sam. Meu corpo não me obedece. Não tem nada. Não tem nenhum tipo de luz. Uma parte de mim me fala que ainda estou vivo, mas a outra quer morrer. Tenho que me manter vivo pela Sam... Tenho que me manter vivo pela Sam... Pela... Eu afundo ainda mais na escuridão e já não recordo por que eu tenho que continuar vivo.

 

 

 

Agora não sinto nada absolutamente nada. Meu corpo flutua sobre algo macio. Não tem dor, mas o fato de não ter dor é o que me preocupa, por que o fato de eu não sentir dor quer dizer que eu não sinto mais nada. É como está a deriva. Tem um cheiro forte. Deve ser a famosa morfina. Sim. É morfina. Parece que não vou sentir nada por um tempo. Mas quanto irá durar esse tempo? Dias? Semanas? Anos? Quanto tempo se passou desde... Esse é o problema, não lembro o que aconteceu. Tinha uma arma. Ah sim... Eu escolhi morrer pela Sam, parece loucura agora. Por que eu escolhi morrer por ela? Sofrer tudo isso? Eu a amo tanto assim? É. Eu a amo muito. Eu a amo tanto que minha vida não vale mais nada. Então eu posso morrer, por que ela já está a salvo... Está a salvo. Deixo meu corpo ir enfraquecendo aos poucos, eu não preciso mais lutar por isso.

De repente algo me reanima. Algo diz que tenho que ficar vivo. Eu morri pela Sam, agora tenho que viver por ela. A garota de olhos azuis. A diaba loira. Agora ela parece um anjo, porém meu corpo não quer mais fazer esforço, é melhor morrer. Mais uma vez deixo a mente livre, tento novamente partir, chamo por Deus, mas eu sou impulsionado mais uma vez para a vida da qual quero tanto fugir. Isso se repete tantas vezes. Por fim a minha mente vai clareando. Lembro-me de tudo o que aconteceu. O casamento. O carro. A clareira. O tiro. Agora sei por que estou desse jeito. Agora eu sei que o pior já passou, eu apenas tenho que me manter vivo. Acordar e olhar para a Sam.

Sinto a morfina se dispersar aos poucos. Espero a dor começar, mas ela não vem. Mais uma vez é como se eu não estivesse existindo. É como se eu fosso feito de vento, de puro ar. Tento sentir meus dedos, minhas mãos, meus pés. Mas não sinto nada. É só isso que existe, o nada e meu amor pela garota loira que vai sofrer amargamente se eu não consegui acordar.

Parece que se passara uma eternidade. Não tenho noção do tempo.

Eu persisto. Anda Freddie! Foca no seu coração! Eu tento encontrá-lo. Procuro por ele. Parece que tem algo faltando. É como está em um carro, você ligou a chave, mas não encontra o acelerador, o carro não vai para lugar nenhum e meu coração também não. Fico procurando uma maneira de acordar, mas não tem. A única coisa que está me fazendo lutar para permanecer "vivo" se é que realmente estou, é a Sam na minha cabeça, mas o pensamento na Sam está ficando opaco. Eu já não consigo visualizar com clareza, requer esforço e eu não tenho mais forças. Deus sabe que eu tentei ver o lado positivo... Você sabe que eu tentei, mas estou tão fraco. Quero desistir. Já não posso mais lutar... Tenho que me despedir da minha família, mas se eu pensar em mais alguém vou realmente fazer mais esforço, então que eles me perdoem, nunca irão saber de qualquer forma, mas eu fico feliz em saber que meu último pensamento vai ser ela... Vai ser a Sam.

Eu deixo a escuridão me abraçar. Faço meu corpo desistir de seja lá o que ele vem tentando fazer que não deu certo de qualquer maneira. Eu só preciso seguir as luzes... Ir para casa.

Luzes? Casa? Escuto a voz da Sam. Ela canta para mim. Ela nunca cantou essa música para mim. Eu cantei para ela. Como essa memória pode vir empatar minha morte se sequer existiu? Para de me confundir coração e deixe-me morrer em paz! Porém a voz está mais real, mais perto de mim. Isso está acontecendo aqui e agora. Sam está cantando para mim. Eu tenho que ficar vivo. Tenho que viver por ela! Sam! Sam!

— SAM!- eu grito enquanto meu corpo se senta na sentindo um choque, minha respiração explode, me sinto sufocado, mas acima de tudo me sinto vivo.

 

 

 

Povs Sam:

Eu acordo deitada em uma cama hospitalar. Olho para o lado e vejo o Austin me olhando confuso.

— Como eu vim parar aqui? - me sento rapidamente o que me deixa um pouco tonta.

— A senhora Benson trabalha nesse hospital, o que você já sabe. Então quando o Embryl contou que você planejou morrer no lugar do Freddie e tudo mais, ela mandou a equipe dela te instalar aqui. Ela não podia te deixar dormindo pelos corredores. - Austin responde respirando de maneira meio pesada.

Eu saio da cama e vejo que é uma tremenda falta de modos não perguntar como ele está depois de tudo o que fez por mim.

— Sobre você ter se jogado em cima do Joshua...

— Não me arrependo de ter feito aquilo, eu faria de novo sem pensar duas vezes. - ele tosse e faz uma careta de dor- O pulmão... Mas vou ficar bem.

Vou para perto dele e dou carinho nos seus cabelos.

— Eu sei que vai. Tome conta da Lana. - beijo seu rosto.

— Eu vou. - ele sorri levemente- Lamento pelo Freddie, sei que você o ainda o ama, dá para ver.

— Teve notícias dele?

— Creio eu, que não sou a melhor pessoa para te responder.

— Tenho que ir. - saio de perto dele e corro para fora do quarto.

Eu olho para o corredor a procura de alguém, só tem o Embryl sentado com roupas diferentes das de ontem. Hoje é domingo... Eu acho.

— Quer comer alguma coisa? Eu busco...

O interrompo erguendo a mão.

— Alguma notícia do Freddie?

— Ele continua em coma. Quem sabe acorde como sua mãe...

— Não tenho essa chance aqui. - ando para as portas duplas, passo por ela e vou até a porta do Freddie, dessa vez não hesito em entrar.

A senhora Benson está sentada próxima à parede abraçando a Lana, que chora baixinho. Rosalie está do lado prestando apoio. Elas estão com as mesmas roupas de quando chegaram aqui. Tomo coragem e levo o olhar para a cama onde o Freddie está. Tem um fio de oxigênio no seu rosto, nenhuma máscara extravagante como eu imaginei. Tem apenas o básico em volta de si. Os aparelhos mostram batimentos irregulares. Fico parada olhando e perco a noção do tempo. E a esperança aos poucos também.

 

 

 

 

 

É domingo novamente. Já faz uma semana que o Freddie prossegue em coma. Todos os dias eu perambulo pelo hospital para ver como ele está e retorno para o apartamento dele a noite. Lana não quis ficar em sua casa sozinha e como não tenho a Carly no momento, eu me apoiei nela. Não contei a minha melhor amiga, o que aconteceu, e não falo com ela desde o casamento. Melhor deixa-la fora disso. Carly merece ser feliz e não quero interferir na lua de mel dela. Ela vai entender quando voltar. Vai entender quando o Freddie não estiver nos almoços de domingo, nem no aniversário dela, nem em qualquer outra data.

É dia 18 de dezembro. Eu estou em pé ao lado da cama do Freddie. A mãe dele está na sua famosa cadeira perto da parede, não trocamos mais que quatros palavras desde domingo passado. Nós não temos palavras. Não temos nada.

O doutor Stefan nos informou que Freddie não passaria de hoje. O coração já está batendo de uma forma totalmente irregular, se quiséssemos já poderíamos pedir que desligassem os aparelhos e preparar o velório, porém ninguém teve forças para dizer ou pensar em fazer isso.

Doutor Stefan está verificando o batimento cardíaco do Freddie, quando de repente a máquina apita, dizendo que o coração dele parou. Que é o fim. A última vez que os médicos o perderam foi durante a cirurgia. Agora o coração dele não quer voltar como ocorrera antes.

— Freddie? - a senhora Benson já se abala- Freddie!

Stefan aperta um botão e uma equipe de médicos invade o quarto.

— Senhorita eu vou ter que pedir que saia. - um médico me avisa, mas eu fico em choque olhando eles tentarem reanimar o Freddie- Senhorita, por favor.

Com um movimento imperceptível do Stefan dois médicos vêm até mim e tentam me tirar da sala.

— FREDDIE!- eu berro sabendo que ele morreu, sabe do que ele não pode me ouvir- FREDWARD!

— É tarde demais. - doutor Reynolds responde algo que a senhora Benson perguntou.

De repente algo que ela me disse quando a minha mãe estava em coma retorna a minha cabeça.

— Um gatilho!- eu grito e tento me soltar dos médicos.

— Tire ela daqui!- Stefan reclama, porém consigo a atenção da senhora Benson.

— Sim. Um gatilho! - ela não consegue controlar as lágrimas- Podemos trazê-lo de volta!

— Não. Não podem, ele já está morto! - Stefan acha que sabe mais do que nós.

— Ele não está. - ela se nega a acreditar e dá um passo para trás- Você só terá uma chance Sam... - ela pega o desfibrilador- Agora!

Então eu faço a única coisa que eu sei que o traria de volta. A única coisa na qual eu consigo pensar. Eu canto.

Lights will guide you home...— aumento o tom da voz, os médicos olham pra mim com descaso e não acreditam nisso- And ignite your bones...— eles ainda tentam me puxar para fora da cada- And I will try to fix you.

A senhora Benson usa o desfibrilador no Freddie. E seu corpo se mexe. Ele se senta como se saísse de um lugar sufocado.

— SAM!- sua voz é um grito cheio de pavor e sua respiração fica presa.

— FREDDIE! - consigo empurrar os médicos e corro para ele, jogo minhas mãos no seu rosto e o beijo com toda a intensidade do mundo. Por mais que ele tenha acordado agora, devolve o beijo e suas mãos fracas seguram minhas bochechas, distancio nossas faces, e ele desce a mão por cada centímetro do meu rosto, como se fosse para se certificar que é real, que eu estou aqui.

— Sammy... - ele se emociona e me beija com força na boca- Eu escutei... Eu escutei você. Eu lutei por você, eu juro que tentei manter meu coração batendo, mas eu não aguentava mais- ele balança a cabeça - Eu não suportava mais...

— Não importa... - passo a mão pelo seu rosto da mesma forma que ele está fazendo comigo- Você voltou.

Ele encosta a testa na minha.

— Não. Eu não voltei. Eu nunca fui Sam. Eu nunca te deixei.

— Deus... Obrigado. - agradeço e após muito tempo, muito tempo mesmo, eu já não tenho nada sobre os meus ombros.

— Chame a Lana. - a mãe dele pede tremendo de alegria.

— Irei. - é difícil me afastar do Freddie, mas ela sabe que preciso chamar a irmã dele, então ele apenas me solta devagar e me deixa ir.

— Todos vocês para fora!- Marissa grita com os médicos- Saiam!

Um por um vão deixando a sala. Eu sou a última a sair e corro para as portas duplas. Abro-a e vejo a Lana conversar com o Embryl, ela me avista e imediatamente interpreta errado as minhas lágrimas.

— Ele acordou. - falo para seu alívio imediato.

Lana me dá um abraço e vai ver o irmão. Eu coloco as mãos nos joelhos como se tivesse corrido uma maratona.

— Milagres existem... - Embryl vem me abraçar também.

Eu sorrio sem parar durante o abraço demorado, tenho que retornar para o Freddie, mas primeiro tenho que pedir para o Embryl fazer uma coisa para mim.

— Embryl?

— Sim? - ele me solta para me olhar,

— Preciso de um favor.

— O que você quiser.

— Preciso que pegue umas coisas minhas no apartamento do Freddie e leve para a casa da minha mãe. - eu não explico direito.

— Coisas? Que tipo de coisas? - ele franze a testa confuso.

 

 

 

 

 

24 de dezembro de 2016 01:21p.m

Povs Sam:

— É bom estar em casa... - Freddie anda com dificuldade pela sala dele, ele foi teimoso o bastante para recusar a cadeira de rodas para descanso. Os médicos o mantiveram por dias no hospital até ter certeza que ele estaria bem para retornar para o apartamento. Por sorte ele foi liberado em plena véspera de Natal.

Coloco meu braço em volta da cintura dele.

— Não banque mais o herói, não aprendeu nada com a primeira vez? - relembro do caminhão de tacos.

— Eu sou assim mesmo, salvo as pessoas que eu amo. - ele se senta no sofá fazendo uma careta.

Me pergunto como eu posso ser útil e ajudar o Freddie.

— Quer alguma coisa?

— Um beijo. - ele me coloca sentada em seu colo e eu tomo cuidado para não encostar-se à sua barriga.

— Me referia à comida ou água. - mordo o lábio ficando nervosa pela forma que ele está dando carinho nas minhas coxas.

— Eu tenho empregados para isso Sam, de você eu só quero amor e outras coisas. - Freddie me beija no pescoço- Céus... - sua boca sobe para meu queixo, em seguida paira sobre meus lábios- Eu só quero você e nem isso posso ter, nada de esforço físico. - ele distancia o rosto do meu enquanto tem tremores, sei que não está com frio.

— Você vai ter que se aguentar um pouquinho.

— É difícil... - ele me deita no sofá e deixa o joelho entre minhas pernas com cuidado.

— Freddie, eu quero muito, mas não vou deixar você sentir dor por não conseguir se controlar.

Ele ri enquanto leva a mão pra debaixo da minha blusa.

— Meio impossível eu não fazer algo com você, dividimos a mesma cama, se lembra?

— Hoje não. - tiro sua mão de dentro da minha blusa.

— O que? Por quê?

Ainda não contei ao Freddie que estou morando com a minha mãe somente para relaxar um pouco. Melanie também está lá e ficar com a minha família é do que eu preciso agora.

— Eu não vou dormir aqui hoje. - e talvez nem tão cedo, adiciono de forma silenciosa.

— Por que não? É véspera de natal. - Freddie mantém o rosto tão próximo do meu que sua respiração se mistura com a minha.

— Porque eu estou morando com a minha mãe.

— Você está me deixando?

— Não. É claro que não. – lhe dou um beijo – Mas temos que respirar um pouco. Andar antes de correr, se lembra? Se queremos voltar a ficar juntos, vamos começar devagar, não precisamos ter pressa... Por hora eu só quero um lugar para chamar de casa de novo.

— Prometa para mim que irá voltar quando eu achar um lugar para você chamar de casa, prometa que iremos ficar juntos de novo. – ele parece tramar alguma coisa.

— Eu te prometo.

— Se lembre... Eu não posso vencer, eu não posso reinar, eu nunca ganharei este jogo sem você Sam... Saiba que estou perdido, eu sou inútil, eu nunca serei o mesmo sem você. Eu nunca sobreviverei sem você. Tudo que eu preciso é você.

— E certamente tudo que eu preciso é você também, é assim que as coisas têm que ser.

— Eu te amo. – ele sussurra me fazendo sentir uma calma que eu não sentia há muito tempo.

— Eu também te amo. – o puxo para mais um beijo.

 

 

 

 

No próximo capítulo “Baby Blue”:

— O rei está em xeque... O que você faz agora? – ele desliza a mão pela mesa.

— Me jogo do prédio embaixo? – uso meu famoso sarcasmo.

— Sam isso é sério. – Freddie arruma a gravata – Por que faz isso comigo?

Cruzo as pernas de maneira sensual e mordo o lábio para pensar.

— Não tenho uma resposta, apenas quero você de volta, longe disso tudo.

Ele suspira chateado com o ponto em que chegamos à nossa relação.

— Vamos nos encontrar amanhã no endereço em que eu vou te enviar... Eu prometo que dessa vez vai ser diferente. – ele promete algo que eu duvido muito.

— Está bem. – me levanto da cadeira e dou as costas para ele, já caminho para a porta da sua enorme sala da empresa.

— Eu ainda não terminei.

Viro-me jogando meus cabelos sobre os ombros.

— Mas eu sim. – pisco para ele e abro a porta para sair.


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Notas finais do capítulo

E foi isso... Os votos deram que nem Joshua e nem o Austin poderiam morrer, achei inacreditável a piedade de alguns kkkk mas por outro lado uns disseram que se o Joshua morresse era pouco para ele, uau hein! Agora ele vai ver o sol nascer quadrado por umas boas décadas...

Ah... Quem estou tentando enganar, vou fazer mais opções sim pq eu sei que vcs querem muito, então escolham, beijos:

OPÇÃO 1: O capítulo se inicia na ceia de natal. Tem o destino de Joshua e Lorrayne. Daremos uma olhada na lua de mel de Carly e Gibby, e finalmente centralizamos nos planos de Freddie com a Sam.

OPÇÃO 2: O capítulo se passa em dezenas de flashbacks, mostrando cenas já vividas na fic no ponto de vista de outros personagens, logo após cenas entre Freddie e Sam, e a decisão da vida de ambos.

SEE YOU SOON! ♥ ♥



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