Fix You escrita por SammyBerryman


Capítulo 19
The past is in the past


Notas iniciais do capítulo

[O passado está no passado]

Hey humanos, feliz Halloween! Começando os recadinhos, o personagem escolhido, ou melhor, a personagem escolhida foi Marissa Benson (ouvi palmas?) belezinha hehehe eu retratei alguns pontos da vida dela nesse capítulo, coisas dos passado e um acontecimento atual, esse capítulo tem muito drama, mas é questão que o passado dela não foi tão feliz, vamos dizer que ela está "menos ruim" no momento de agora... Ah no final do capítulo tenho uma mini surpresa para vcs, não é doce e nem travessura, mas acho que vão gostar da novidade mesmo assim. Aproveitem o capítulo



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Domingo

09h15m a.m.

04 de abril de 1999

Povs Marissa Benson

— Querida? Você pegou a cesta? – Joshua me pergunta, ele anda pela cozinha com Lana nos braços a procura da cesta.

— Sim, já coloquei no carro, podemos ir? – seguro a mão do Freddie, ele está tentando correr para o lado de fora.

— Acho que sim.

Trancamos a casa e vamos para o carro, coloco Freddie na cadeirinha enquanto Josh faz o mesmo com a Lana.

— Quando eu crescer, vou poder ir no banco da frente? – Freddie se debate na cadeirinha, esse garoto é difícil.

— Vai sim, agora deixa sua mãe te ajeitar. – Josh tenta sorrir para o Freddie, depois com muita eficiência ele arruma Lana na cadeirinha e fecha a porta.

Afivelo o último mini cinto da cadeirinha do Freddie e beijo seu rosto angelical, fecho a porta, ando para me sentar no banco do passageiro.

— Tudo certo? – olho para os meus bebês no banco de trás.

— Simmmm – Lana e Freddie berram juntos, às vezes me pergunto se realmente possuem dois anos de diferença, eles parecem gêmeos.

— Vamos para o parque – Joshua pega minha mão e a beija com carinho. Ele dá ré com o carro e se retira do nosso quintal.

Está um lindo dia, ensolarado e quente até de mais para essa época do ano. Observo meu marido assobiar animadamente, ele está em um dos seus dias bons, sossegado e calmo, esses dias são raros, então tenho que aproveita-los com muita avidez. Lembro-me de uma história que fiquei sabendo a respeito da família de Embryl.

— Sabe aquele garoto, o Embryl?

Josh franze a testa e me olha de relance.

— O garoto que entrega o leite?

Empurro seu braço de leve;

— Para, você sabe que ele tem nome.

Ele ri e dirige com calma.

— Sim, sei o Embryl, o que tem ele?

— Os pais deles se separam há alguns anos atrás. – conto a ele.

— Oh, verdade? Que triste deve ter sido para o garoto. – Joshua se comove.

— Sim, realmente triste. Nesse meio tempo, o pai dele, teve um filho com outra mulher. – abaixo o tom da voz.

— Esse foi rápido.

— Parece que foi uma menina, mas o povo insiste em distorcer a história, falando que foram meninos gêmeos. Embryl estava me contando. A mulher disse que não queria que o senhor Luthor ficasse com o bebê. Pobre Embryl, veio desabafar comigo porque os pais estavam discutindo sobre isso hoje. Chega a ser masoquismo, já faz tanto tempo pelo o que ele me contou, a menina já deve ter a idade do Freddie e a mulher dele insiste em revirar o passado do homem.

— Realmente desnecessário. – Josh concorda comigo, mas noto que quer dizer alguma coisa.

— O que?

— A mulher dele deve se sentir ameaçada, ou coisa assim. Em parte talvez ela esteja com a razão, se lembra da festa de Halloween de 1993?

Forço a memória tentando me lembrar.

— Acho que sim.

— Pois bem, o Luthor chamou uns amigos da faculdade e invadiram a festa, e depois ele ficou perto daquela loira vestida de abelha o tempo todo, ele já era casado na época... Tínhamos quantos anos? Dezoito né?

— Nós tínhamos dezoito, Luthor tinha por volta de vinte e cinco eu acho. – murmuro relembrando da festa.

— Lembro-me dele rondando a loira o tempo todo, eu juro que não entendi aquilo, vai ver foi ela que ele engravidou quando se separou da mulher dele. – Joshua deduz juntando as peças da história.

— Qual era o nome dela?

— Ângela? Diane? Pamella? – ele solta nomes aleatórios.

Balanço a mão deixando o nome dela de lado.

— Seja lá quem for, custou um problema para os Luthors.

— Eu fico do lado da mulher dele, se separou por uns meses e quando volta, diz que engravidou alguém. Ela tem mais dois filhos né?

— Debra e Seth. São pequenos ainda, Embryl já cresceu com a responsabilidade de ser o mais velho, ele é um bom garoto...

Sorrio sabendo o quanto conheço meu marido.

— Ele é um bom garoto, mas?

Ele suspira e tem um sorriso presunçoso no rosto.

— Você já percebeu que ele...

— Oh, sim, Embryl gosta de meninos, não vejo problema, foi a escolha dele. – checo no retrovisor as crianças - Porém o pai o trata severamente, quantas vezes ele já dormiu lá em casa por causa disso?

— Achei que eram problemas familiares.

— E é. Só que é esse tipo de problema familiar. – continuo olhando pelo retrovisor - Gosto do Embryl, ele é um excelente irmão, um excelente filho, ótimo aluno, tomara que o Freddie seja como ele. – sorrio para o meu pequeno que acena para mim, aceno de volta e mando um beijo.

— Gosta tanto dele, então leva para morar com a gente – Josh se altera, me ajeito no banco e fico calada, é melhor não provoca-lo, eu sei onde vai parar, meu hematoma das costas ainda não foi totalmente curado.

Joshua dirige o carro pela cidade até o Gasworks Park. Antigamente nos anos 50 era uma usina de carvão, em meados dos anos 70 se tornou um parque aberto para as famílias. Acho um lugar agradável para descansarmos um pouco nesse domingo.

Chegamos ao parque e Joshua começa a tirar as coisas do carro. Tiro Freddie da cadeirinha, ele vai para perto do pai.

— Papai – ele chama puxando a camisa do Joshua.

— O que foi? –Josh tenta ser educado.

— Posso brincar com o Blit? – Freddie se refere ao bichinho, que está pendurado junto com as chaves do carro.

— Aqui – ele tira a chave do bolso – Só não a perca.

Freddie pega a chave e o deixo correr pela grama do parque. Ajudo Josh a tirar as coisas do carro e colocar em um bom lugar. Achamos um lugar confortável e cobrimos a grama com uma toalha, coloco a cesta de pinique sobre ela, pego os copos que eu trouxe e observo o Freddie a certa distância de nós, ele está brincando em um balanço, Lana está agitada, quer brincar com o irmãozinho. Levo-a até o Freddie e Joshua se chateia. Deixo os dois brincando, peço ao Freddie que tome conta dela, ele promete ser cuidadoso. Ele é inteligente de mais, para apenas cinco anos.

Volto para perto do Josh. Ele pegou um cacho de uva da cesta e observa os dois brincarem.

— Eles vão ficar bem, só estão brincando – descontraio um pouco, pego sua mão e ele me beija com carinho.

Tento não vomitar durante esse beijo. Aqui fora, em frente às pessoas, ele faz papel de bom pai e marido amoroso. Quando na verdade, é uma pessoa horrível dentro de casa. Eu o amo, mas não sei por quanto tempo vou aguenta-lo. Estou com ele pelas crianças, não tenho condições de cria-los sozinha. E minha mãe já morreu faz um ano e meio. Larguei minha faculdade de pedagogia quando engravidei do Freddie, ele não tinha sido planejado, o que só fez Josh se irritar ainda mais, para piorar tudo, ele ainda queria uma menina para compensar. Eu noto como ele trata Lana e como despreza o Freddie, ele diz que ele destruiu nossos planos e sonhos. É um dos motivos que o faz ser violento comigo. Mas o que posso fazer? Se denuncia-lo a polícia, não terei como cuidar de Freddward e Lana, praticamente iriamos morar na rua, porque ele que paga a nossa casa. Querendo ou não, ele que coloca comida na mesa, mantem em ordem o teto sobre nossas cabeças, nunca deixa faltar nada para nós. Quando conheci Joshua no colegial, ele tinha tudo para ser o marido perfeito. Ele ainda é perfeito para mim, menos quando se estressa e vem discutir sobre o que fizemos com nossa vida. Eu aguento firme, mas vai ser por pouco tempo. Estou para arrumar um emprego na prefeitura, foi uma coisa planejada por alguns amigos próximos, óbvio que não é certo, mas quando eu me estabilizar nele, vou pegar o divórcio e ficar com as crianças. Morar em um apartamento descente e tocar a vida para frente. Não posso continuar nesse jugo desigual. Olho para seu rosto tentando encontrar o homem com quem eu me casei há seis anos. O cabelo preto ainda permanece jogado para cima, os olhos azuis prussianos continuam brilhantes com vida... Eu não imaginava na época, o ódio amargo que eles escondiam. Paro de olhá-lo e fito a crianças brincando, Freddie se balança tentando chegar muito alto, ele segura a mão de Lana para que ambos fiquem na mesma altura.

— Cuidado Freddward! – Josh reclama – Vai derruba-la.

— Não vou não – Freddie afirma enquanto vai cada vez mais alto.

— Se você derruba-la eu vou te bater garoto. – o nervosismo em Josh é aparente, ele se deita e continua a observar os dois.

— Dê um tempo a ele. – eu peço e seus olhos azuis encaram meu rosto friamente.

Ergo a cabeça e volto a olhar os meus filhos. Minhas mãos começam a soar e sinto algo apertar o meu coração. Quando vou mandar Freddie trazer Lana de volta, o inevitável acontece. A mãozinha de Lana escapa da do Freddie, ela não consegue se manter sentada e cai do balanço, seu rosto bate contra a grama, me levanto com a mão no peito, provavelmente a grama amorteceu a queda, ela levanta o rosto rindo, um alívio desce sobre mim, mas então o balanço volta do ar e bate contra ela. Levo as mãos à boca e começo a correr, já estou em lágrimas enquanto vou até ela. Freddie desceu do balanço e está ajoelhado tentando acordar a irmã.

— Lana! Acorda! – Freddie balança a irmã – Mãe? Porque ela não acorda? – ele começa a chorar.

— Oh meu Deus, Freddie solte ela! – eu peço enquanto a minha visão se embaça com as lágrimas, me ajoelho ao seu lado e pego Lana nos braços.

Freddward se levanta e corre para o pai.

— Eu disse que você iria derruba-la! – Josh empurra meu filho no chão com força e Freddie se assusta, Joshua olha em volta e vê as pessoas observando a cena, algumas estão vindo ajudar – Depois você me paga. – ele sibila e Freddie sai correndo para algum lugar do parque, tenho que chama-lo de volta.

— Freddie, as chaves do carro! – mas ele não me dá atenção, só desce pela grama.

— Merda! – Josh estala observando o Freddie ir embora, ele vem para perto de mim e pega o celular para ligar para uma ambulância.

Volto à atenção para minha filha desacordada.

— Lana... – eu choro enquanto a seguro nos braços, seu rostinho está calmo – Você vai ficar bem filha, vai ficar bem.

— Aconteceu um acidente, nossa filha estava brincando no balanço e caiu no chão, o balanço voltou e acertou sua cabeça, ela desmaiou – Joshua diz tudo de uma vez, ele está se desesperando, sendo uma merda de marido ou não, Lana é sua filha e seu amor por ela é imenso – Sim cortou um pouco a cabeça dela, por favor, manda uma ambulância para cá agora! – ele passa a mãos nos cabelos, desliga o telefone.

Em um instante estamos cercados de pessoas nos ajudando, nos dando apoio enquanto a ambulância não chega. Não Deus, não a leve ainda, por favor, ainda não, deixe-me escuta-la rir por uma última vez. Repito diversas vezes.

Por fim a ambulância chega. Corremos para ela. Eu entrego Lana para Joshua relutantemente, mas sei que se o mandar procurar o Freddie, pode custar muito caro para o meu filho. Ele pode bater nele e já temos problemas de mais aqui.

Joshua entra na ambulância com Lana nos braços e eu fico parada observando eles se afastarem. Viro-me e olho em volta a procura do meu filho.

Ando pela grama alta a procura do Freddie, algumas pessoas me ajudam a procura-lo, o encontramos perto da antiga usina, ele está deitado no chão chorando. O pego nos braços.

— Lana morreu? – ele pergunta soluçando – Foi culpa minha?

— Não e não. – eu respondo praticamente sem voz – Foi um acidente, essas coisas acontecem querido – dou carinho nos seus cabelos – Preciso das chaves do carro do papai, vamos encontrar sua irmãzinha no hospital, ok?

 - Está aqui – ele tira a chave do bolso, o coloco no chão e pego a chave de sua mão.

Corro com ele para onde deixamos nossas coisas do pinique, colocamos tudo dentro do carro sem se importar com a sujeira depois. Olho para o Freddie que abre a porta de trás para entrar.

— Não temos tempo – eu fecho a porta e o pego no braço, abro a porta do passageiro, o coloco no banco e afivelo seu cinto. Fecho a porta e corro para a do motorista. Entro no carro e o ligo, partimos para o hospital, vejo o medo do Freddie em seus olhos castanhos, quero dizer a ele que tudo vai ficar bem, mas já não tenho mais forças para isso.

Ligo para o celular do Joshua e peço o endereço do hospital. Acelero o carro pelas ruas, sem me importar com as multas depois, minha filha é minha maior prioridade no momento.

Estaciono o carro de qualquer jeito, tiro o Freddie do banco da frente, pego sua mão e corremos pelo hospital. Dou o nome Benson para a funcionária e ela me indica a ala 49. Meu coração dispara, meus pés se movem com eficiência, seguro o as lágrimas, preciso enxergar aonde piso. Não Deus, não a leve ainda, por favor, ainda não, deixe-me escuta-la rir por uma última vez. Repito mais uma vez como um mantra.

Percorro a ala 49. Encontro Joshua sentado com as mãos na cabeça. Vou a ele esperando o pior. Ele levanta a cabeça e corre em minha direção.

— Ela... – ele procura as palavras.

— Não... – eu solto a mão do Freddie.

Joshua segura meus braços.

— Ei, olha para mim, ela vai acordar, vai ter que levar alguns pontos, mas vai ficar bem, está tudo bem amor, calma. – ele me abraça e eu começo a chorar um pouco aliviada.

— Eu pensei que iria perdê-la, oh meu Deus, ela vai ficar bem. – eu o abraço rapidamente e me abaixo para abraçar o Freddie – Escutou Freddie? Lana vai ficar bem.

Ele balança a cabeça e olha para o pai.

— Me desculpa papai – ele pede baixinho e a cena é de partir o coração.

— Não importa – Joshua fala com desprezo e se ajoelha, dá um abraço rápido em Freddie e um sorriso amargo.

A sensação de pânico vem sobre mim, que monstro eu tenho dentro de casa?

Estamos sentados esperando notícias, Freddie não soltou a minha mão e Joshua andou para lá e para cá o tempo todo. Finalmente um médico aparece para nos informar da situação.

— Senhora Benson? – o médico mantém as mãos dentro do jaleco.

— Lana está bem? – pergunto e Freddie observa tudo tentando entender.

— Sim, não se preocupe. Pelo o que seu marido me contou, a grama amorteceu boa parte da queda, o problema foi a pancada na cabeça proferida pelo brinquedo. Tivemos que dar alguns pontos, ela é uma criança saudável, vai ficar bem, está sedada agora, mas vai acordar em breve, o que recomendo é paciência. – ele nos acalma e eu suspiro aliviada.

— Obrigada Deus – eu agradeço – Obrigado doutor.

— Apenas fazendo meu trabalho, é para isso que os médicos servem – ele toca meu braço – Já podem ir vê-la. – o doutor aponta para a porta.

Quando entramos no quarto, eu observo a minha doce Lana descansando tranquilamente na cama. Vou para perto dela e planto um beijo suave sobre sua testa, Joshua pega sua mãozinha e a observa.

Um sentimento vem sobre mim. Na verdade eu acho que é uma vontade. A vontade de ajudar as pessoas. Salvar vidas. Estar presente nisso tudo, dar o meu melhor. Eu larguei pedagogia para ter o Freddie. Agora sei que se eu tivesse continuado cursando essa faculdade, não teria muito futuro nisso. Mas ser médica... Poder andar na linha tênue entre a vida e a morte, parece chamar por mim. Depois desse acidente com Lana, eu quero estar preparada para qualquer outro acontecimento, não que vá acontecer, mas eu preciso de um propósito, uma vocação. Eu acabei de encontrar uma. Vou me formar em medicina, eu vou fazer isso por mim e para da um futuro melhor aos meus filhos. Eles merecem isso, e farei de tudo para lutar por eles.

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Quarta-feira

07h13m p.m

19 de maio de 1999

Estou cortando os legumes para o jantar, faço com bastante calma, tenho que observar Freddward e Lana brincando na sala, estão correndo em círculos há alguns minutos, estou cansada só de olhar. Despejo os legumes na panela. A porta da sala se abre com força, ergo o olhar assustada. Joshua chegou em casa, seu olhar vai direito para o Freddie que persegue Lana. Ele vai para cima do filho, noto sua mão indo para o cinto na calça. Corro para apartar isso, me coloco em sua frente e pego Freddie nos braços.

— Ele também é seu filho! – reclamo com ele protegendo o Freddie que tapa as orelhas assustado. Lana começa a chorar com meu grito.

— Não dou à mínima, o quero longe da Lana, esse pedaço de merda! – ele rosna emanando ódio.

— Não fale assim com ele! Para de culpa-lo! Ele é uma criança! – começo a me afastar dele – Você tem que se contentar que foi um acidente! – relembro a queda de Lana do balanço.

— Eu não tenho que me contentar com nada! Eu não vou mais ficar aqui! – Joshua se abaixa e pega Lana nos braços, ela está chorando.

— Solte a minha filha! – eu imploro e Freddie esconde o rosto no meu ombro.

— Eu estou indo embora e ela vai comigo... – Josh anda para o quarto.

Eu começo a chorar. Ele vai leva-la embora? O que eu fiz para merecer tal coisa? Freddie chora comigo, eu vou caindo de joelhos no chão e uma raiva começa a se apossar de mim. Ele não pode fazer isso! Minha filha não vai sair de perto de mim. Levanto determinada, coloco Freddie sentado no sofá e o mando esperar aqui. Vou para o quarto. Lana está deitada na cama e Josh pega a mala de cima do guarda-roupa.

— Você não vai leva-la! – eu falo firme com ele, Josh ri da minha tentativa falha de fazê-lo desistir.

— Sim eu vou. – ele joga a mala na cama, vai para a cômoda e começa a tirar suas roupas.

— Não! A justiça jamais iria permitir isso! – fecho as mãos em punhos.

— A justiça? – ele ri sombriamente- Deixa eu te contar uma história. Vamos supor que você trabalha na prefeitura, em um emprego arranjado, você sabe que o que está fazendo é errado, por algum motivo o marido não aguenta mais essa lavagem de dinheiro, então alguém denuncia... Você vai presa e não tem com quem seus filhos ficarem, a não ser, claro, o bom e amoroso marido, que vai cuidar das crianças como o pai maravilhoso que é. – ele diz lentamente e sufoco o choro – Não precisa chorar – ele continua colocando as roupas na mala – Me poupe dessas lágrimas, você já sabe como vai funcionar.

— Não faça isso. – eu imploro chorando.

— Ou... Você me deixa ir embora com a minha filha e pode viver com o seu filho sem mais preocupações. – ele finaliza seu plano horrível.

— Por favor... – tento mais uma vez.

— Pense no Freddward, você iria querer ele comigo? – ele pergunta me ameaçando – Acho que não. Se despeça da nossa filha enquanto eu arrumo minhas coisas. – Josh prossegue arrumando a mala. Movo-me para a cama e pego Lana nos meus braços.

— Para onde você vai? –pergunto acariciando os cachos macios dela.

— Tallahassee, Flórida, vou morar com a minha mãe.

As lágrimas descem pelo meu rosto, eu vou perder a minha filha, isso não pode estar acontecendo.

— Quando vou poder visita-la?

— Você não entendeu ainda? – ele pergunta ironicamente – Acabou. Vai ser a última vez que vocês vão se ver, não iremos manter contato. Vai ser uma parte deletada da sua vida, eu cansei desse casamento. – Joshua pega a mala e vai para sala, o sigo ainda pedindo a Deus que ele mude de ideia.

— O que vai dizer quando ela crescer? E se ela se lembrar?

Josh coloca a mala no sofá, vai para a cozinha, procura uma sacola.

— Eu invento alguma coisa. - ele pega algumas sacolas e retorna para o quarto.

Vou com Lana para o sofá e sento ao lado do Freddie, ele permanece quietinho chorando, pelo visto compreende o que está acontecendo.

— Eu preciso que você diga adeus para sua irmãzinha Freddie. – eu choro enquanto a abraço com força.

— Diga para o papai não ir – Freddie se junta ao abraço.

— Não dá... Eu sinto muito.

Depois de alguns minutos, Josh volta com as sacolas contendo seus sapatos dentro e alguns documentos. Noto a certidão de nascimento de Lana.

Ele vem até mim.

— Faça o garoto esquecer-se da irmã, não o quero nos procurando anos depois ou sei lá, faça terapia com ele ou coisa assim, vai ser mais difícil para ele se esquecer do que ela. – ele me aconselha com o olhar frio – Me de ela aqui.

— E as coisas dela? – eu pergunto a segurando com força contra mim.

— Minha mãe já providenciou tudo, vamos ficar bem, agora passe ela para cá, não me faça pedir duas vezes Marissa! – ele volta a ficar nervoso.

— Espere... – eu peço chorando e cheiro o cabelo dela.

— Só me dá a criança Marissa, e se contar para alguém se lembre do que está em jogo. – ele tira Lana dos meus braços – Adeus para você garoto, tome conta da sua mãe – Joshua alisa o cabelo do Freddie – Não me procure – um último aviso.

Eu não sei o que acontece a seguir, eu simplesmente não consigo me mexer, a cena não parece ser real. Deve ser um pesadelo e eu quero acordar agora. É como se tirassem uma parte de você, e agora você vai ter que aprender a viver sem. Meus próprios erros me levaram a isso, decisões erradas, escolhas erradas, pessoas erradas... Eu queria poder voltar no tempo, fazer da maneira certa. Não ter conhecido Josh, não ter me apaixonado por ele, nem ter sentado ao lado dele nas aulas. Mas algo ainda me sobrou, algo pelo qual eu vou lutar para ter do bom e do melhor, meu filho, Freddward. Não importa o que eu faça, será tudo por ele, tudo para nós. E que assim seja.

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Sexta-feira

08h33m p.m.

24 de dezembro de 1999

      Checo o bolo no forno, não posso deixar queimar, tenho que coloca-lo na geladeira depois, vai ser a sobremesa após a ceia de natal. Estou na casa dos Luthors, muito bonito da parte deles chamarem Freddie e eu para comemorar essa data. Mas eu sei por que Luthor me convidou, eu sempre cuidei do seu filho e também somos amigos de longa data.

— Vai visitar sua filha neste natal? – pergunto ao senhor Luthor enquanto fito o bolo, aproveito que Bárbara está na sala vigiando as crianças.

Ele não parece à vontade com o natal.

— Não mesmo. Minha esposa jamais me deixaria visita-la e eu ainda não conheci a criança, acho melhor esquecer isso... – ele toma um gole de cerveja e encosta-se à bancada – E você? Deve ser difícil sem a Lana...

Ajeito minha postura, não posso parecer afetada.

— Não é um assunto para o natal. – meu olhar sai do forno e se centraliza em seu rosto cansado.

— E o novo apartamento que você está morando, se chama Bushweel né?

— Aham, é ótimo, o Freddie gostou.

Luthor franze os lábios.

— Como ele está?

Levo a mão ao pescoço, é um assunto difícil.

— Ele amava a irmãzinha.

— Eu sei o que é se sentir longe de alguém que ama.

Cruzo meus braços para refletir sobre o assunto.

— Não fizemos a mesma coisa, mas dá quase no mesmo.

O passado nos custa muito caro Marissa— ele aponta com a garrafa para mim – O futuro nunca será o bastante para nos ajudar.

— Eu sei...

— O que fazemos pelos nossos filhos, não é mesmo? – penso em Freddie e ele pensa em Embryl, Seth e Debra.

— Abandonamos tudo por eles, e olha onde nós estamos. – Luthor coloca a mão dentro da caixa térmica e me joga uma cerveja, a pego antes que caia no chão.

— Só nos resta viver para eles.

Ele concorda com a cabeça.

— Eu amo a Bárbara, porque ela é minha esposa, cuida dos nossos filhos, cuida de mim – ele sorri, mas o sorriso não toca seus olhos azuis – Mas e depois disso? – agora ele fala baixo – Nos apaixonamos quando éramos adolescentes, mas depois você sabe, veio a... - ele não consegue pronunciar o nome dela - Um dia a Bárbara vai ter que aceitar que, eu tenho uma filha e ela poderia estar aqui conosco, mas parece que as duas fizeram um tipo de trato, me privaram disso, inacreditável.

Abro a garrafa no balcão e tomo um gole, o líquido borbulha em minha garganta.

— Tiraram nossos filhos, como se supera uma coisa dessas?

Luthor desce da bancada, passa a mão no cabelo loiro, solta um suspiro pesado, ele é está sofrendo como eu.

— Você ainda pôde ficar com a Lana por um tempo... Não deve ter um momento em que você não pense nisso. E no meu caso eu tento entender, como é sentir tanta falta de alguém que eu nem conheço.

— A gente sofre em níveis diferentes, a pior coisa é saber que nada vai mudar isso.

— Só resta aceitar – Luthor se coloca na minha frente – Um brinde então, feliz natal.

E por mais que nossa situação atual seja uma droga, ainda somos amigos.

— Feliz natal – bato minha garrafa contra a dele, bebemos ao mesmo tempo, mas eu faço uma careta – Nunca entendi porque gosta de Heineken.

— Eu também não, mas é a minha cerveja preferida. – ele abre um sorriso genuíno e eu abro outro para ele.

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Terça-feira

10h52m p.m.

28 de junho de 2016

— Vocês ainda vão me enlouquecer! – eu grito colocando um brinquedo de Thrude na caixa.

— Se você for para um hospital psiquiátrico, podemos ficar com a casa? – Rosalie pergunta com Oneil nos braços.

— Perda de tempo falar com você. – ando para a escada, vou subir ao andar de cima, preciso dormir.

A campainha toca. Só pode ser brincadeira. Eu preciso deitar. Mas agora vou atender seja lá quem for. Arrasto-me para a porta principal, nunca vi necessidade de contratar uma empregada, mas hoje uma viria a calhar. Abro a porta e sorrio ao ver quem é. Embryl Luthor. Lembro quando ele era apenas um garoto, batia na minha porta para entregar o leite e conversar sobre a família. Velhos tempos...

— Boa noite senhora Benson – ele age educado como sempre.

— Oi Embryl – o abraço e beijo sua bochecha – O que deve a honra dessa visita? – deixo o entrar e fecho a porta.

— Eu sei que está meio tarde, mas eu precisava vir aqui.

— Vamos se sentar, quer alguma coisa? – vou com ele para a sala.

— Não, obrigado. Preciso apenas da sua atenção. – ele abre um botão do terno para se sentar no sofá.

— Aconteceu alguma coisa com o Freddie? – começo a ficar preocupada.

Embryl sorri gentilmente com meu aparente desespero.

— O Freddie está bem. Mais do que para ser exato, ele... – Embry procura palavras – Está feliz com a Sam.

Faço uma cara de desgosto ao escutar o nome dela, prometi para o Freddie que a aceitaria como nora, estou dando o meu melhor aqui.

— Mas então, o que lhe trouxe aqui hoje?

— Hum... Eu me lembrei de quando eu era pequeno, meu pai visitou aquela mulher que ele tinha engravidado, lembro-me dele me levar junto... Acho que hoje eu fui a casa dela de novo. Estava diferente, mas eu me lembro de algumas coisas. – ele desabafa comigo.

— Mas o que você foi fazer lá?

— Sam foi visitar a mãe dela, junto com o Freddie.

Pisco não acreditando no que ouvi.

— O que está dizendo?

— Que eu acho que a Sam é minha irmã.

Eu faço um barulho esquisito de surpresa. A Samantha Puckett é irmã dele? Deve ter algum erro, não é possível.

— Não, isso não tem cabimento.

— É a mesma casa, a idade da Sam é exatamente a que a filha do meu pai devia ter... O que eu não entendo, é como ela não reparou no meu sobrenome quando foi apresentada a minha família.

Enxugo a testa sem entender a reviravolta que está se formando.

— Sam tem uma irmã gêmea, Melanie. Mas elas não são suas irmãs.

— Gêmea? – Embryl se maravilha – Eu tenho certeza que elas são minhas irmãs.

Pego o rosto dele entre as mãos.

— Essa maluquice não faz sentido, você está sendo paranoico.

— Não estou! – ele tira rudemente as minhas mãos do seu rosto e se coloca de pé – Eu sei que é verdade – a voz dele começa a falhar – Por que... Ela...

— Ela quem?

— A mãe da Sam.

— O que tem ela?

— Ela sabe a verdade sobre Joshua e Lana. – ele explica e eu tento me segurar no sofá.

Lana... Minha filha que hoje já deve estar uma moça crescida, vivendo seus 19 anos, sem saber da verdade. Eu passei anos em sofrimento por ela, anos pensando em como ela cresceria sem mim, quem iria presentear no dia das mães, para quem contaria os segredos mais profundos. Enxugo uma lágrima solitária que desce pelo canto do meu rosto. Essa história realmente devia ser uma parte deletada da minha vida, Joshua me disse isso, mandou eu não procurar por eles. Eu praticamente enlouqueci com tudo o que aconteceu, era Freddie com apenas seus cinco e seis anos que me trazia de volta quando a dor aumentava, quando a vontade de deixar a vida aparecia. Eu o coloquei em diversas terapias para que ele se esquecesse, com o passar do tempo às memórias foram se diluindo dele, acho que ficaram menos nítidas e estranhas, ele crescia sem compreendê-las, foi o que o fez querer esquecer. Mas agora tudo voltou, porque aquela Puckett não podia se conter e contou a verdade a ele.

— Por que ele não me ligou? – pergunto enxugando outra lágrima.

— Não sei dizer, ele fica tão imerso na Sam, me surpreende ele ainda lembrar o próprio nome. – Embryl começa a demonstrar devoção ao dizer o nome dela.

— Ela sabe que é sua irmã?

Embryl faz que não.

— Eu não contei e pelo visto ela não sabe que meu pai é o pai dela, a mãe disse que estava protegendo ela ou coisa assim, escutei ela conversar no telefone com a amiga Carly. – ele ri com algum pensamento – Agora eu entendi porque quando eu vi a Sam pela primeira vez, eu me apaixonei pelo jeito dela, pelo sorriso, até mesmo pela voz. Temos uma... Sincronia e uma química bem surpreendente, Gale se sentiu incomodado... Bem, é melhor eu voltar para casa e explicar a ele o porquê.  

— Quando vai contar? – me levanto do sofá.

— Não vou... A mãe dela não quer que ela saiba, ela tem um estereotipo formado sobre a minha família. – Embryl vai comigo para a porta.

— Seth e Debra não são como você. – o consolo, os irmãos são pessoas terríveis, Embryl foi o único que deu a volta por cima.

— Eu sei, mas a mãe dela não sabe disso, vou deixar tudo como está por enquanto. – ele abre a porta – E pelo jeito que as coisas estão, ela não vai a lugar nenhum.

Um sentimento de tristeza me envolve.

— O importante é a felicidade do Freddie.

— Então ela já está feita, tenha uma boa noite senhora Benson. – ele me abraça meio sem jeito, mas quem está tentando enganar, fui uma segunda mãe para ele.

— Boa noite Embryl, mande lembranças ao seu pai por mim. – eu me solto dele.

Ele concorda e acena.

— Se vemos em breve. – ele coloca as mãos no bolso e faz seu caminho até o carro.

— Espere! – eu me lembro de uma coisa – Quando vai ver seu pai?

— Eu o vi ontem, só não falei com ele e ele não quis falar comigo. Percebi que ele é melhor ator do que eu. – Embry pisca para mim e entra no carro, não compreendi o seu comentário estranho.

Volto para dentro da minha casa. Estou abalada emocionalmente. Rosalie, o marido e os filhos me esgotam. Agora eu fico sabendo que, meu filho sabe a verdade sobre sua família, Sam é irmã do Embryl e que sua relação com o pai não vai bem. De repente entendo seu comentário... Como o pai dele, conseguiu disfarçar tão bem?

 

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Ano que vem teremos novas fics Seddies vindo por ai:

42

Moving to mars

Up in flames

 

Aguardem...


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Odiaram? Digam nos comentários... Sinto falta de uma leitora por aqui a Harley Quinn, onde será que ela está? Triste mas ok... Oq acharam da mini novidade de novas fics? Será que vai dar certo pra vcs lerem? Hum, vamos ver né.

Sobre outras coisinhas a respeito da família da Sam, ai vai mais uma dica:
Aeroporto.

Por hoje é só, capítulo na quarta ou quinta pq eu tenho que voltar a estudar e fica complicado para mim, se vemos em breve gente...

OPÇÃO 1: Focamos o capítulo na relação de Carly e Gibby, Jenner e Spencer. (Povs Carly, ou povs Gibby?)

OPÇÃO 2: Mais um capítulo totalmente seddie para vocês, adiantando uma semana e indo para o confirmamento que vcs devem estar esperando U.U (Povs Sam ou povs Freddie?)



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