-Senhor, eu não acho que ela esteja segura. –Um dos guardas dizia ao Coringa, enquanto retiravam as armas do carro. –

—Nós dois sabemos que isso não é verdade. –Coringa se aproximou do campanga que logo se esquivou, pegando o rosto do homem entre suas mãos com um sorriso de orelha a orelha. – Harley, ela nunca está em perigo, ela é o perigo.

—Me desculpe senhor, eu apenas presumi que algo poderia dar errado, afinal, não podemos confiar em Ivy, o senhor sabe que não, muito menos em Selina Kyle. –

—O que disse? –Coringa perguntou se virando novamente para o homem que novamente se assustou. – Você está me questionando? –O palhaço riu. – Harley confia nelas, Ivy pouco me importa, mas Selina, apesar de que ela e Harley tenham alguns problemas, são amigas, e ela é minha amiga também. –

—Tudo bem Chefe, você manda J. –O homem simplesmente engoliu seco e abaixou a cabeça e continuou a descarregar o carro. –

—Vamos, ande logo com isso! Temos muito trabalho! –O Coringa ordenou já entrando no carro de fuga e dando a partida. –

***

—Harley, me deixou curiosa, depois que fugiu não nos disse nada, nem sinal de vida. Todos os polícias e autoridades importantes de Gotham City estão a sua procura. –Ivy dizia enquanto arrumava seu enorme cabelo ruivo no espelho. –

—Sinto muito Red, achei melhor não dizer nada, me disseram que está rolando algum tipo de campanha política pela cidade, e todos os candidatos estão querendo minha cabeça em uma bandeja, do meu Pudinzinho também.

—Mas, até onde sabemos o Morcego já sabe quem te tirou de Arkham. Não vai demorar muito Harley. –Selina disse encarando a palhacinha com um semblante sereno. –

—Eu sei que vocês dois tem...você sabe “um clima” mas admita Selina, você odiaria me ver de volta em uma gaiola. –Harley provocou inocentemente, virando seu olhar divertidamente para Selina. –

—Não sei de quem está falando Harls. E sim, eu prefiro você fora daquele circo que chamam de manicômio. –Selina sorriu divertida e provocativa acompanhando Harley, dando de ombros e se sentando no sofá de veludo. –

—Oh Selina, não banque a inocente! Nós sabemos que você não gosta de companhia, que trabalha sozinha, e essa merda toda, mas cá entre nós, você adora brincar com o Morceguinho de Gotham. –Ivy provocou, fazendo Harley dar uma risadinha histérica. –

—Não é bem assim que funciona, digamos que Batsy e eu temos nossas diferenças. Mas acreditem, ele pode ser bastante manipulado se você souber exatamente como fazer. Eu gosto de manipulá-lo de vez em quando.

—É, nós sabemos. –Harley sussurrou alto o suficiente para que Selina ouvisse. –

—Vamos ficar aqui falando sobre os “pretendentes” –Harley fez questão de colocar aspas. – Ou vamos nos divertir?

—É claro que vamos! –Selina respondeu. –Mas primeiro, acho melhor vocês duas trocarem de roupa.

—Awn, espero que tenha um bom motivo Gatinha! –Harley reclamou. –Eu gosto dessa roupa!

—Apenas me diga que você tem um vestido bonito. Na verdade, vocês duas.

Selina sorriu travessa, fazendo Harley e Ivy ficarem intrigadas.

***

—Alfred, tem alguma pista? –Bruce entrou na Caverna sem perder tempo de questionar Alfred. –

—Ainda não senhor, nenhum movimento de Harley ou Coringa até agora. –Alfred respondeu se virando para Bruce que coçava a nuca com um semblante preocupado. –

—Não há muito o que possamos fazer por enquanto senhor, apenas esperar.

—Eu sei disso Alfred, mas é exatamente isso que me preocupa, nenhum movimento, de nenhum deles. Não apenas do Coringa ou Harley, mas de todos eles! É como se Gotham pela primeira vez na vida, estivesse pacífica. Isso Não é bom.

—Acho que até os vilões tiram dias de folga Mestre Wayne. –Alfred disse, fazendo Bruce dar uma risada. –

—Não Alfred, mas algo está me incomodando, algo além do silêncio. Harvey Dent não para de ligar, ele insiste para que eu seja seu convidado de honra de sua campanha, eu simplesmente não tenho tempo para isso. –Bruce disse com um tom de voz cansado, soltando um longo suspiro. –

—Na verdade Senhor, se me permite presumir, tempo é exatamente o que o senhor tem de sobra no momento. –Alfred ressaltou. –

—Tudo bem Alfred, eu sei que você se preocupa, que acha que eu preciso de uma folga, mas não acho que uma festa pateticamente política onde o anfitrião é Harvey Dent, seja um sinônimo de folga, ou descanso.

—Mas senhor, desde que Harley Quinn fugiu do Arkham Asylum, as coisas em Gotham têm estado um verdadeiro caos, desde que descobriram que o Coringa está por trás da sua fuga, a primeira autoridade na cidade que os vir vagando pelas ruas irá fazer questão de trazer ambas as cabeças em uma bandeja de ouro Senhor, tudo o que estou dizendo é que essa autoridade, não precisa ser o Batman.

—Alfred, ambos sabemos disso, não precisa ser o Morcego, estão caçando aqueles dois como se caçava ás bruxas, mas entenda Alfred, eu quero que seja o Batman, eu quero que o Batman seja aquele que levará aqueles palhaços à um destino pior que a morte. –Bruce disse com raiva transbordando de suas palavras, tanto que Alfred se afastou discretamente. –

—Senhor, apenas siga meu conselho, apenas por esta noite, vá à festa do Sr. Dent. Queira o senhor ou não, você é uma das autoridades mais influentes em Gotham.

  Bruce bufou, se levantando da cadeira, e ficando de frente à Alfred.

—Tudo bem, mas pelo menos me diga o que usar. –Alfred revelou um pequeno sorriso de canto , logo seguindo Bruce até a mansão. –

***

—Alfred! –Bruce chamou, se lembrando de um pequeno detalhe que em sua mente o impedia de ir ao evento. –

—Mestre Wayne? –Alfred logo respondeu se aproximando da porta da suíte particular de Bruce. –

—Acabo de me lembrar que não tenho acompanhante, e segundo Harvey, seria...como posso dizer, não tão educado aparecer sozinho. –Bruce dizia saindo da ducha com uma toalha amarrada em sua cintura, logo encontrando Alfred parado à porta. –

—Não acho que isso será um problema Senhor.

Bruce arqueou a sobrancelha em questionamento, parecendo mais confuso do que gostaria.

—Como assim Alfred, quer que eu apareça sozinho, e seja obrigado a agüentar Harvey dizer o quanto sou solitário? –Bruce ironizou. –

—Não senhor, mas diga-se de passagem que esta questão veio à minha mente muito antes de chegar à sua Senhor.

—Alfred...O que você tem em mente? –Bruce questionou com um pouco de medo. –

—Apenas tomei a liberdade de convidar uma pessoa cuja a companhia o senhor aprecia. –Alfred falava com um sorrisinho travesso, o que fez Bruce questionar quem realmente poderia ser. –

—Alfred... –Bruce começou a frase com cautela, sentindo uma pontada de ansiedade no estômago. –

—Bem, antes que o senhor confirmasse a mim se iria ou não, eu tomei a liberdade de ligar para a Senhorita Kyle há uma hora atrás.

  Bruce engoliu seco, fez o que pôde para respirar fundo e não se estressar com Alfred.

Selina Kyle

Aquele nome era nada mais nada menos do que um enigma para Bruce, assim como a mulher que o carregava, não que Selina não fosse perfeita para a situação, mas de certa forma, todas as vezes em que estava perto dela sentia como se não soubesse mais nada sobre o sexo oposto, sobre a vida, sobre si mesmo.  Ela o deixava confuso, e por mais que odiasse admitir, na maioria das vezes excitado também.

  Mas isso não era exatamente sua culpa, desde a primeira vez em que colocara os olhos em Selina se sentiu atraído por ela, o que ele podia dizer? Ele gostava de mulheres com roupas de couro e batom extremamente vermelho, podia-se dizer que era um fetiche.

—Por que ela Alfred?! –Bruce soou um pouco mais irritado do que gostaria. –

—Bem, senhor, algo me diz que você e a senhorita Kyle têm alguns assuntos inacabados.

—Isso não quer dizer que eu tenha que resolvê-los esta noite Alfred!

—Mas algo me diz que ela pensa ao contrário Senhor.

***

—Onde vamos? Temos a cidade inteira para nos divertir e Selina tem que escolher o lugar? –Harley reclamava enquanto Selina dirigia. –

—Eu ainda não entendo o motivo das roupas chiques, as jóias e tudo isso. –Ivy questionou do banco de trás, observando Selina lançar-lhe um sorriso pelo retrovisor. –

—Não quero estragar a surpresa, mas tudo o que poso dizer, é que tenho um encontro.

***

—Senhor! Estamos prontos. –Um dos capangas gritou jogando uma das metralhadoras para o Coringa. –

—O que estamos fazendo aqui senhor?

—Estamos a procura de alguém muito especial. –O Palhaço respondeu dando sua risada icônica. –

—Quem é Senhor?

—Harvey Dent.

  O clima estava gelado, a noite parecia ainda mais fria com a presença do Rei do Crime, era como se Gotham soubesse o quê estava por vir. O Coringa estava ansioso, com raiva, vários sentimentos e sensações se aglomerando dentro de si naquele momento, nada, absolutamente nada poderia dar errada nesta noite.

***

—Então, vai nos dizer quem é o sortudo? –Harley provocou, tentando tirar uma resposta de Selina. –

—Não, eu já disse que não. Mas digamos que vai ser divertido.

—Hum, adoro diversão . –Harley bateu palminhas e deu uma risadinha. –

—Você disse que queria marcar a sua volta em Gotham, não tenha dúvidas de que isso vai acontecer. –Selina disse piscando para Harley. –

***

—Mestre Wayne, o carro está pronto.

—Diga que já vou descer, tente falar com Selina, veja se ela está pronta.

—Muito bem senhor, irei entrar em contato com a senhorita Kyle.

***

   Selina dirigia tão veloz que nem teve tempo de prestar atenção em seu celular tocando;

—Harley, pegue o celular por favor. –Selina pediu, apontando para o celular apoiado no painel do carro, fazendo Harley se esticar para pegar. –

—Selina Kyle. –Ela atendeu logo ouvindo a voz de Alfred do outro lado da linha. – Diga Alfred.

—Só estou confirmando a sua presença esta noite Senhorita Kyle.

—Não se apresse, ou se preocupe Alfred.  E diga ao Senhor Wayne para relaxar um pouco também . Estou a caminho. –Selina respondeu finalizando a chamada. –

—Espera um pouco. –Ivy logo se manifestou. –Seu encontro é com Bruce Wayne?  

—Algum problema com isso? –Selina questionou, se divertindo com surpresa da ruiva. –

—Não é bem um problema, é só que Bruce Wayne, é um homem muito...ocupado, quando se trata de seus encontros. –Harley comentou, com um sorriso nos lábios. –

—Mas não é nada disso, foi só um convite, e eu disse sim. –Selina deu de ombros. –

—Ah, Ivy, pense bem. É a nossa Selina, nossa gatinha. Ela é a pessoa mais sedutora que eu conheço. –Harley piscou para Selina, que revirou os olhos. –

   Antes que Harley ou Ivy pudessem dizer mais alguma coisa, Selina estacionou.

—Não se preocupe Sel. Vamos ficar separadas, vamos nos divertir. Enquanto você, se diverte com seu novo “acompanhante”. –Ivy disse abrindo a porta do carro. –

—É Selina, relaxe. Vamos nos divertir, andar por aí. –Harley completou. –

—Vamos ficar fora de problema.

—É, claro! Vamos tentar. –Harley disse jogando um beijo no ar para Selina. Que riu. –

***

Assim que Selina desceu do carro, ela logo avistou Bruce, que assim que a viu também, fez o possível para permanecer impassível em relação à ela.

—Bruce Wayne. –Selina se aproximou sem tocá-lo, fazendo uma leve reverência, fazendo Bruce questionar o ar de ironia que exalava de Selina Kyle. –

—Você me surpreende. E a propósito, a próxima vez que você e Alfred estiverem fazendo planos, não mantenham nas sombras.

  Selina sorriu, um sorriso enigmático, o mesmo sorriso que fazia Bruce Wayne se sentir encurralado. Era óbvio que Bruce nunca iria admitir, mas o modo como Selina sorria, o deixava confuso e curioso ao mesmo tempo. Era uma sensação que somente Selina Kyle era capaz de provocar nele.

—Vamos? –Disse Bruce se referindo à entrada da festa. –

Bruce estendeu a mão à mulher a sua frente que estava estonteante, como ele jamais havia visto. Selina parecia ter um sexto sentido de como provocá-lo, tanto como Bruce Wayne quanto como Batman. Assim como ambos os lados da personalidade dela o deixavam intrigado e excitado.

   Bruce a admirava, se sentia atraído por ela, de várias maneiras, mas por alguma razão, ele ainda tinha um pé atrás com Selina, ele confiava nela. Mas ao mesmo tempo sentia que devia desconfiar.

—É claro. –Selina respondeu. –

No momento em que Bruce fez a menção de entrar, ela o segurou sutilmente pela lapela de seu terno, o que o fez virar-se em sua direção.

—Damas primeiro. –Ela disse, lançando-lhe um sorriso provocativo, sutilmente piscando para o mesmo. –

—É lógico. –Bruce revirou os olhos, deixando uma leve risada irônica escapar de seus lábios. –

  Bruce não poderia estar mais intrigado sobre essa noite com Selina, a relação dos dois era perigosa, imprudente, mas ao mesmo tempo, por algum motivo necessária.

  Mas de uma coisa Bruce tinha certeza, sempre manter os dois olhos abertos com Selina Kyle por perto.

Sempre.