How Your Parents Fell In Love escrita por Izabela Trajano


Capítulo 2
How James Messed Up The First Meeting


Notas iniciais do capítulo

E aí, gente?
Fiquei muito feliz com todas as visualizações e acompanhamentos!
Muito obrigada, meninas que comentaram, fiquei muuuuuito feliz com os reviews!
Obrigado especial à Lia Cielo, por ter favoritado da fic ♥
Ficou grandinho o capítulo, pq não consegui dividir asdjpakdak
então, boa leitura, espero que gostem uehueheue



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      De fato, James bagunçou tudo com Lily. Como? Ele simplesmente declamou seu amor eterno por ela, 23 horas depois de conhecê-la e três horas após seu primeiro encontro. Por que ele fez isso? Bem, na realidade, várias coisas confusas aconteceram naquele dia, incluindo uma aposta fadada ao fracasso e uma pesquisa de campo bastante profunda e de índole duvidosa. E foi o conjunto desses acontecimentos que resultou no primeiro equívoco de James. Mas, antes de contar essa história, um prefácio.

       Nós permanecemos no bar por algum tempo depois de Lily ir embora com sua amiga. Eu, Tonks e Remus especulávamos acerca das diversas formas sobre como James poderia estragar o encontro, e ele rebatia, fazendo algumas observações ocasionais sobre nossos argumentos.

—Sirius, você é o babaca da turma- Apontou James- Eu sou o romântico incorrigível. Qualquer mulher que se relacionar comigo será uma sortuda.

Eu sou o romântico incorrigível. –Remus corrigiu- Por acaso algum de vocês está noivo?

—E não seja tão egocêntrico, James- Tonks falou – Se fosse tão bom assim não estaria solteiro.

     Remus e Tonks bateram as mãos em um “high five”  fora do contexto, e eu e James reviramos os olhos.

—Não é justo- Me pronunciei- Não possuo interesses em um relacionamento duradouro. Mas se eu quisesse me sairia melhor que qualquer um aqui.

—Duvido seriamente disso- Disse uma Tonks bastante séria, estreitando os olhos e me olhando debochadamente. A mesa foi tomada pelo silêncio, e todos se voltaram para mim.

       Crianças, existe uma coisa muito relevante que vocês deveriam saber antes de eu continuar essa narração: Nunca recuso um desafio. É uma questão de princípios. Tonks vivia me provocando por causa disso, e eu jamais recuei. Então, quando sua tia fez essa afirmação, ela cruzou uma linha importante, e levei totalmente para lado pessoal. A partir do momento que Tonks proferiu essa simples sentença, uma silenciosa batalha mental entre nós foi travada, até eu levantar da cadeira em um salto.

—Desafio aceito.

—Oh, não- Remus protestou- Vocês tem que parar com isso. Da última vez foram parar no hospital, e não vou suportar mais uma semana com Sirius se queixando de dores musculares no pênis.

        Essa é uma história muito engraçada. Lembrem-me de contar depois.

 -Eu, Sirius Órion Black- Comecei, ignorando os apelos racionais de Remus, como sempre fiz – Vou ser um completo romântico e fazer uma garota se apaixonar por mim nas próximas vinte e quatro horas. E depois eu vou dormir com ela. E depois nunca mais vou vê-la.

            Crianças, eu não me orgulho disso. Mas foi bem divertido.

—Sirius, você é nojento- Declarou Tonks- E um completo babaca. Recuso-me a compactuar com isso.

—Tarde demais. Prepare-se para perder, prima- Eu respondi, procurando no bar a sortuda que protagonizaria meu romance e desconsiderando seu comentário.

         Enquanto Tonks e eu selávamos nossa aposta, Remus e James discutiam o porquê de ele estar solteiro. James nunca tinha parado para pensar sobre isso, mas na realidade possuía uma longa trajetória de relacionamentos fracassados, e aquilo começou a incomodá-lo.

—Você apenas não leva jeito, cara- Atestou Remus em tom condescende, balançando a cabeça.

—É claro que levo. Já tive várias namoradas. – Retrucou James, ofendido com a observação do amigo.

—E não manteve nenhuma delas. – Remus completou sabiamente.

—É, mas a culpa foi delas. Fui um namorado perfeito.

        Ficaram em silencio, analisando a veracidade da informação. Seu tio refletia sobre o quanto James não era nada perfeito, James tentava lembrar sobre seu último término e ponderava sobre que roupas no dia seguinte. Um terno seria muito formal e presunçoso da parte dele? Jeans seriam muito casuais? Ele poderia usar jeans e aquele seu blaser preto, destacava bastante a cor de seus olhos amendoados...

—Sabe o que deveríamos fazer?- Indagou Remus de repente, os olhos brilhando de excitação. – Uma lista!

James soltou um arquejou, exultante.

—Nós totalmente deveríamos fazer uma lista!- Concordou animado.

           Remus tirou uma caneta da sua pasta masculina (na realidade era uma bolsa preta que ele afirmava ser masculina, mas nós particularmente divergíamos desta opinião) e iniciaram o processo de anotar nomes em um guardanapo branco que acharam na mesa.

—Coloca aí: Alice, Emmeline, Mary, Dorcas, Amélia Bones...

—Espera, você namorou com a Dorcas?

—Foram só algumas semanas. A mulher é completamente pirada. –Declarou James, franzindo o cenho. Por que namorou com Dorcas mesmo...?

—Ela foi minha ex! Como eu nunca soube disso?

         James permaneceu em silêncio, se dando conta de seu equívoco. Ele pode ou não ter tirado Dorcas do amigo, mas jamais era para Remus ter descoberto.

—Bem... – Começou com uma voz humildezinha, nada típica dele.

—Esquece. –Seu tio revirou os olhos. Pensando bem, nós possuímos essa mania de constantemente revirar os olhos na presença de seu pai, Harry. Curioso. -Passado é passado. Acredito que já tenhamos nomes suficientes, não?

—É verdade. Preciso passar no apartamento para recuperar o número delas. Até amanhã, pessoal!- Disse James, saindo apressadamente do bar.

                                              [A APOSTA]

    Tonks atualizou o noivo sobre a aposta que fizemos. Não admitiria nunca, mas estava bastante curiosa sobre o rumo que ela tomaria. Não é como se eu fosse muito habilidoso nesse setor. É claro que possuo muitas capacidades quando mulheres estão envolvidas, mas como minha experiência na área do romance era praticamente nula, sua tia realmente se animou com a perspectiva de me ver quebrando a cara.  Amigos.

—Essa é uma ideia péssima. – Sentenciou Remus. – Você é um ser humano horrível, Sirius. E como foi que concordou com isso, Tonks?

—Bem, Sirius que pensou em tudo, não fiz nada- Defendeu-se Tonks, emburrada. –De qualquer forma, não é como se ele fosse conseguir. Sua capacidade emocional equipara-se com a de uma ameba, por favor.

—Fico só pensando na pobre garota que protagonizará este circo...

 -Na sortuda que terá a oportunidade de me ver sendo romântico, você quis dizer- Corrigi, tomando um gole da minha cerveja, totalmente despreocupado.

—Vamos ver- Esquadrinhei o bar, procurando a mulher mais fácil.

    Vou dizer uma coisa advinda da minha profunda sabedoria adquirida com todos esses anos de experiência, crianças. Quando vocês quiserem se dar bem com alguma garota em um estabelecimento, basta procurar a mais vulnerável. Como fazer isso? Bem, é só localizar os sinais: Bebendo sozinha, olhos inchados, perscrutando o lugar de forma esperançosa.

     “Sirius!” Reclamou Hermione em tom de censura “Isso não é coisa que se ensine, pelo amor de Deus!”

“Sinto muito, Hermione, mas essa narração é necessária.”

    De qualquer forma, encontrei a mulher dos meus sonhos. Estava sentada sozinha no balcão, tomando tristemente uma cerveja. Era muito bonita, mas o modo como se portava, como se não fosse digna de existir, mostrava uma autoestima quase nula. As minhas favoritas. Não faça essa careta de nojo, Hermione. Todos fomos babacas um dia. Aproximei-me e sentei ao lado dela. Depois de uma rápida análise da situação, optei por usar a cantada do noivo abandonado.

                            [A CANTADA DO NOIVO ABANDONADO]

  Sentei no banquinho próximo à mulher e funguei, esfregando os olhos como se estivesse chorando anteriormente.

—Moço, quero a bebida mais forte que possuir- Pedi, a voz entoando da maneira mais depressiva que consegui.

—É pra já- Respondeu o barman.

   Quando ele voltou com um copinho transbordando de um líquido transparente, voltei-me para a garota, retirando uma aliança dourada do bolso e girando-a entre meus dedos. Antes de continuar, só queria dizer que minhas habilidades artísticas são incríveis. Sou um excelente ator, como vocês sabem. Aquela missão estava fadada ao sucesso. E de praxe eu ainda poderia testar minha cantada nova.

—Minha mulher me abandonou- Informei infeliz, secando uma falsa lágrima.

        A mulher virou-se para mim, o rosto tomado de solidariedade.

—Oh, sinto muito! Como você está?

—Péssimo. Ela fugiu com meu melhor amigo. Foi meu primeiro amor. Maldito James Potter- Acrescentei, aproveitando a oportunidade.

—Nossa, eles parecem ser horríveis.

—Mas eu amo aqueles desgraçados. –Funguei mais uma vez, autêntico ao extremo.

—Oh, querido- Ela respondeu, me abraçando. Meus olhos foram direto para seu decote, que era bem farto, não pude deixar de reparar. –Meu ex me deixou acabada, também. Aquele idiota estava com...

   Mas fomos interrompidos, quando o mesmo copo que o barman me trouxera foi atirado na minha cara. Tonks estava parada na nossa frente, o semblante furioso.

—Como ousa me trair enquanto estou no banheiro, seu desgraçado?- Ela gritou, atraindo a atenção de todo o bar.

    Todas as mulheres ali me olharam. Quando perceberam a situação que acontecia, mostraram-se enojadas, e a que me abraçava rapidamente soltou-se de mim.

—Eu não sabia... –Desculpou-se ela, primeiro constrangida, depois me encarando com raiva.

—Claro que não- Prosseguiu Tonks, rancorosa- Ele faz isso com todas. E depois insiste que nunca mais vai se repetir.

    Tonks piscou pra mim sutilmente, enquanto eu a encarava embasbacado. Então a ficha caiu, e percebi que minha amada prima estava me sabotando. Maldita!

—Eu queria nunca ter te conhecido!- Entoou em alto e bom som, de forma que até quem não estava no bar pode ouvir sua declaração.

      Então ela saiu do estabelecimento rebolando e balançando seus cabelos coloridos, e pela minha visão periférica pude ver Remus segui-la, tentando -sem sucesso- segurar o riso. Depois que saiu aconteceu uma coisa completamente instigante: Todas as mulheres do bar- até quem nunca me conheceu antes- levantaram-se de suas mesas, atiraram alguma bebida em mim e seguiram Tonks, completamente furiosas, murmurando coisas como “são todos iguais”.

       Eu estava totalmente encharcado, bem pior que James. Confesso que de algumas daquelas garotas eu realmente merecera a bebida, mas outras eu nunca nem tinha visto na vida. Acredito que elas só aproveitaram a oportunidade de descontar todas as suas frustrações românticas no cara babaca que foi exposto em público.

     Mas, bem, sua tia fizera algo brilhante, por mais antiético que tenha sido. Eu não poderia voltar naquele bar pelos próximos dias, e nossa aposta valia por 24 horas, somente. Teria que encontrar outro lugar de procedência duvidosa e sair da minha zona de conforto para continuar com aquilo. Contudo, eu amava um desafio, e não era agora que a coisa se intensificara que eu iria desistir.

     Decidi abortar a missão por hora, mas amanhã continuaria minha busca. E me vingaria do jogo sujo de sua tia.

                                    [A PESQUISA DE CAMPO]

      No dia seguinte, James iniciou sua busca. Ligou para Alice, sua primeira namorada. Antes de morar em Londres, James viveu em uma espécie de subúrbio próximo à cidade, em um bairro chamado Grodric’s Hollow. Ficava a 46 minutos de Londres, e a maior parte dos seus vizinhos eram velhos bastante entediantes, então quando a estonteante Alice Griffths mudou-se para a casa ao lado da sua, pareceu que todos os sonhos de James iriam se realizar.

    Eles tornaram-se amigos e logo iniciaram um relacionamento. Namoraram por quase cinco meses, e até sua mãe, simplesmente a mulher mais ciumenta do universo, aprovava o romance dos dois. James recordava-se que a menina era muito bonita e divertida, e realmente não se lembrava do motivo de terem terminado.

        Após três toques longos e agonizantes, finalmente uma voz rouca e masculina atendeu.

—Residência dos Longbottom, quem fala?

        James ficou estático por um instante, sem reconhecer a voz.

—É... James, James Potter. Alice Griffths está?

—Você quer falar com minha esposa?- Ele prendeu a respiração e o homem fez uma pausa- Alice, querida! Um tal de James quer falar com você.

       Esperou um instante e logo a voz masculina foi substituída por uma mais melodiosa e aguda.

—James? – Chamou a voz, parecendo espantada.

—Sim, sou eu... Escute, será que poderíamos tomar um café qualquer dia desses...?

—Ah –Interrompeu ela- Não moro mais na Inglaterra, sabe...

—Ah- repetiu James, momentaneamente confuso. –Eu realmente queria conversar com você...

—Sobre o que? Faz anos... Estou muito surpresa com sua ligação, sabe. Por onde andou?

—Estive por aí. Me mudei para a Escócia depois da escola para estudar arquitetura em Hogwarts, e agora trabalho aqui em Londres. E você, agora está casada?

—Sim, com Frank Longbottom, lembra-se dele?

       James lembrava. Na verdade, possuía uma certa rixa com o tal, mas depois explico o porquê. Ok, não vou explicar nada. Envolve dois times de futebol e um perdedor hostil, suponho que possam concluir o resto.

—Longbottom, Alice?- Murmurou James, a voz cheia de mágoas.

—Ah, James, nem vem. Terminamos por sua causa, lembra? E Frank é incrível, se você superasse essa inimizade desnecessária...

          Mas James aprumou-se na cadeira ao ouvi-la mencionar sobre o término dos dois e não ouviu nada do que a mulher falou depois. Não recordava nem um pouco do motivo de terem terminado e foi tomado pela curiosidade.

—Não lembro, na verdade. Por que terminamos? – Indagou na lata, interrompendo Alice.

—Eu disse que te amava e você respondeu “sinto muito”. Como pode não lembrar isso? Que insensível, e eu aqui pensando que você tinha mudado...

     E a mulher desligou o telefone, deixando James completamente estupefato. De maneira simplificada, durante uma epifania após a conversa com Alice, ele percebeu que o motivo de sempre se dar mal com mulheres era sua insensibilidade. Aos poucos as memórias daquele dia voltaram a sua mente, e ele deparou-se com o porquê de todos os seus relacionamentos darem errado.

        Ele simplesmente não conseguia atender às necessidades emocionais de suas namoradas, de forma que elas sempre se decepcionavam no final. James, por alguma razão inexplicável, não conseguia dizer “eu te amo” para nenhuma mulher além da Sra. Potter. E não era coisa pouca, pois teve várias namoradas antes de conhecer Lily, e nenhuma delas ouviu um sincero “eu te amo”.

       Isso preocupou James, pois a partir dessa conclusão ele começou a cogitar se na verdade possuía um coração frio demais para o amor e estava destinado a morrer sozinho e com três gatos chamados Luke, Leia e Han Solo. Era completamente idiota a coisa toda, pois ele não conseguia perceber que não dizia “eu te amo” pelo simples fato de não amá-las verdadeiramente. O que não significava que era incapaz de amar ou qualquer baboseira dessas, apenas indicava que ele ainda não havia encontrado a garota certa.

      E, podem acreditar em mim, depois que ele encontrou nunca mais deixou de dizer essas três palavrinhas com a maior sinceridade possível.

                                 [A APOSTA- DIA SEGUINTE]

     Após uma minuciosa análise nos bares da redondeza, optei por concluir minha aposta no Caldeirão Furado. Nós- Eu, James, Remus e Tonks- íamos lá esporadicamente, quando queríamos um ar novo. Vocês não conhecem esse bar porque ele faliu há treze anos, mas era um estabelecimento bastante famoso na época. Ficava um pouco distante do meu apartamento, mas nada que não valesse o esforço. E era um lugar bem agradável, também. Possuía um lareira acolhedora, sempre acesa no inverno, paredes claras e mesas rodeadas de confortáveis cadeiras acolchoadas. E, o que era melhor, estava sempre movimentado.

       Desta vez, é claro, não contei nada para Tonks. Depois do episódio em que minha prima mostrou a sua parcela de sangue Black, optei por não subestimá-la. Nós, Black, somos muito engenhosos e inteligentes. Inclusive as tias de Tonks, Narcissa e Belatriz, apesar de eu nunca ter gostado muito delas.

        De qualquer forma, cheguei ao Caldeirão Furado por volta das três horas da tarde. Havia muitas mulheres lá, mas eu precisava achar a certa.   Então, para meu profundo agrado, localizei a mesma morena de ontem, a amiga de Lily, ocupando uma mesa próxima ao balcão. Caminhei até ela, torcendo para que seu ódio aos homens tivesse acabado. E para que ela não conhecesse a minha fama. Não é querendo me gabar nem nada, mas eu era bastante conhecido em Londres, apesar de ser por vários nomes distintos.

—Marlene?- Chamei, sentando-me na cadeira defronte à dela- Finalmente encontrei você!

Ela me olhou espantada.

—E quem é você?- Perguntou, insolente. Então continuava detestando os seres do sexo masculino, concluí.

—Venho te procurando há dias- Inventei rapidamente, olhando-a com adoração- Desde que te vi no metrô não consigo parar de pensar em você.

—Espero que saiba que isso é bastante assustador- Disse ela formalmente.

—Encaro isso mais como romântico. A maldade está em seus belos olhos castanhos- Retruquei.

—Nem vem. Conheço seu joguinho- Ela revirou os olhos e bufou- Você provavelmente nunca me viu na vida. Está convencido que vai conseguir dormir comigo com essa conversinha fiada, mas não poderia estar mais enganado. Agora dê licença que quero ficar sozinha.

—E como eu poderia saber seu nome?- Indaguei, petulante. Estava bem insatisfeito com ela ter me desmascarado tão rápido, mas não desistiria fácil.

—É uma ótima pergunta, mas não me interesso em desvendá-la. Licença.- Repetiu, impaciente.

—Você não possuí espírito aventureiro, srta...?

—Não. Interessa.

—Sim, srta. Não Interessa, cadê o seu espírito...

—Qual o problema de me deixar sozinha?- Interrompeu Marlene, irritadíssima.- Tantas mulheres aqui, vá importuná-las!

—Não- respondi com simplicidade.- Primeiro, contarei como sei o seu nome.

—Tudo bem- Ela suspirou, mas inclinou-se na minha direção, provando que não era completamente indiferente ao fato de eu conhece-la.

     Expliquei toda a história da aposta e de Lily e James, e ela não mostrou-se incomodada com a história toda e a traição de sua amiga. Pelo contrário, Marlene desdobrou-se de rir após eu detalhar avidamente como Evans despejou o conteúdo de sua bebida em James.

        Crianças, admito que depois de um certo ponto da conversa, eu já não estava interessado em aposta alguma. Estava oferecendo a vitória de bandeja para Tonks, mas não ligava nem um pouco. Aos poucos, Marlene foi se abrindo comigo, e quando terminamos de dialogar quase três horas haviam se passado. Descobri que possuíamos várias coisas em comum, era como se ela fosse minha versão feminina.

       Falamos das coisas mais aleatórias, desde time de futebol favorito (Holyhead Harpies- Marlene, Puddlemere United- eu) até ideologias de vida e crenças religiosas. Detalhei inclusive um pouco da minha abrangente e dinâmica família, o que fez Marlene se apiedar de mim, após explicar sobre ter fugido de casa devido às loucuras da minha mãe. Depois de eu me queixar sobre o jogo sujo de Tonks, ela decidiu tomar meu partido e me ajudar na aposta.

—Normalmente eu ficaria do lado das mulheres, mas farei uma exceção para você. Somente porque torce pelo mesmo time da minha mãe.

—E o que pretende fazer?- Questionei.

—Você verá- Respondeu, enigmática.

                                 [O ENCONTRO- PREFÁCIO]

     Duas horas antes do encontro, James, Remus e Tonks estavam reunidos no Três Vassouras, esperando seus pedidos chegarem. Era uma espécie de tradição nos encontrarmos antes de eventos com importância acima de sete, e James classificou seu encontro como um oito e meio, apesar de eu ter achado aquilo um exagero. Tonks olhava o tempo todo para a porta, aguardando atenciosamente o momento em que poderia jogar na minha cara meu fracasso.

     Infelizmente seu desejo não se realizaria, como descobriria mais tarde, após eu adentrar triunfante no bar com um braço no ombro de Marlene. Confesso que foi bem satisfatório a expressão de meus amigos quando entrei com ela, depois do fiasco que fora o dia anterior. Marle foi fazer seu pedido, depois de nos certificarmos que todos nos notaram, e eu sentei à nossa mesa, encarando meus três amigos boquiabertos com a maior naturalidade.

—Seria um bom momento para nos explicar o que faz com a amiga de Lily.- Comentou James brandamente.

—Não me diga que... – Começou Tonks, mas eu a interrompi. Pisquei para ela e acenei para Marlene, que voltava do balcão com duas bebidas.

—Pessoal, essa é Marlene. Marlene, esse é o pessoal. Vocês a verão bastante.

       A morena acenou sentou ao meu lado e cumprimentou meus amigos. Por incrível que pareça, todos se deram muito bem. Até Tonks, por mais que estivesse contrariada, mostrou-se cativada por Marlene. Era o efeito dela, sabem? Marlene simplesmente era incrível, impossível não se afeiçoar a ela.

 -Eu não acredito- Disse James, bufando- Até o Sirius consegue uma namorada e eu não?

       Na hora foi uma pergunta retórica inocente, ou pelo menos era o que pensávamos. Na realidade James estava em um conflito interno bastante intenso, ainda pensando que estava quebrado ou algo do tipo. E esse conflito resultou no desastroso primeiro encontro de seus pais, Harry.

—E aí, Jay, o que deu a tal pesquisa de campo?- Questionou Tonks, enquanto eu era atualizado sobre o assunto por Remus.

—Só liguei para uma- Confessou meu amigo em um fio de voz- Foi suficiente.

—E chegou a alguma conclusão?

—Segundo Alice, eu não tenho coração e vou morrer sozinho com cinco gatos- Informou ele, tentando, sem sucesso, mostrar indiferença.

—Espero que pelo menos um deles se chame Padfood- Comentei serenamente.

—Ah, James, você não pode definir toda a sua vida com base em um relacionamento que não deu certo- Protestou Tonks. Marlene e Remus balançaram a cabeça, concordando.

     James suspirou e deu um longo gole em sua cerveja. Ele fazia riscos na mesa com a chave de seu apartamento, com ar distante. Demorou um tempo para responder, como se tivesse medo de pronunciar as palavras em voz alta. Mais tarde perceberíamos que era exatamente o caso.

—Não é só esse, entende? Eu lembrei de tudo depois que liguei para Alice, todas as minhas namoradas reclamavam da mesma coisa.

—Reclamavam do que?- Indaguei, ainda meio perdido.

—Basicamente, da minha frieza emocional e coisa parecida.

—Você não é frio, Prongs. Todos claramente sabem seu amor inexorável por mim.

     Eu fazia piada dele porque não sabia a importância que tudo aquilo tinha para James. Vejam bem, seus pais foram um casal incrível que ficaram juntos até a morte, literalmente. James cresceu assistindo Fleamont e Euphemia Potter demonstrando o mais puro tipo de amor e companheirismo, e, considerando sua árvore genealógica, simplesmente parecia errado que ele não fosse capaz de sentir-se assim com alguém.

 -Tá tudo bem, pessoal- Disse ele, forçando sorrindo convincente- Agora que percebi o que andei errando as coisas vão mudar.

    E ele falou aquilo com tanta convicção e confiança que ninguém na mesa ousou discordar. E, para seu mérito, as coisas realmente mudaram. Mas não exatamente do jeito que ele imaginou.

                                          [O ENCONTRO]

    James e Lily marcaram de se encontrar oito da noite no estabelecimento da Madame Puddifoot. Chegaram quase ao mesmo tempo e sentaram um de frente ao outro. Ele usava um terno preto e ela um conjunto verde, que destacava seus brilhantes olhos esmeralda. Lily parou um momento para encarar com atenção uma trompa francesa azul colada na parede ao lado deles.

—Eu gostaria de uma trompa francesa azul- Afirmou, fascinada.

—Parece o pênis de um smurf- Respondeu James, se arrependendo de imediato.

       Crianças, um conselho: Não mencionem o termo pênis de smurf em seu primeiro encontro. Mulheres em geral provavelmente reagiriam de uma maneira negativa a este comentário. Contudo, Lily cuspiu a bebida que tomava e teve um acesso de risos que a levou a derramar algumas lágrimas, momento no qual James percebeu que ela estava longe de ser uma garota comum.

          Enfim. O período que eles passaram juntos foi suficiente para James chegar à conclusão de que Lily era a mulher perfeita para ele. Vejam bem, havia exatamente cinco coisas que ele mais amava no mundo todo e que a garota ideal deveria ter. Como vocês podem imaginar, Lily atendia a todos os requisitos.

                1-   Ser fã de Star Wars

.-Então, com o que trabalha?- Perguntou James, dobrando um guardanapo para não manchar o meu terno que pedira emprestado. Ele sabia muito bem como eu era ciumento com meus ternos.

—Sou repórter no Pasquim.- Respondeu Lily- Sabe, aquele jornal com notícias... Hã... diferentes... Por exemplo, semana passada cobri uma matéria sobre uma fantasia do Darth Vader feita totalmente com materiais orgânicos. Gosto muito de Star Wars, então amei cobrir essa notícia.

                2-   Possuir um animal de estimação

—Tenho uma gata bastante rancorosa, não posso levar outros animais para casa sem deixa-la de mal comigo por três dias. Ela fica me evitando e tudo- Explicou Lily, entre garfadas de seu macarrão.

                 3-  Torcer pelas Holyhead Harpies

—É uma tradição de família. Duas primas milhas e uma tia já foram artilheiras deste time- Informou ela, seus lindos olhos verdes brilhando de orgulho.

                  4-  Odiar azeitonas

—Aqui, aceita essas azeitonas? – Ofereceu Lily, derramando as que sobraram de seu prato no de James- Odeio o gosto que tem.

—Não acredito!- Exclamou James, excitado- Eu amo azeitonas.

        Lily sorriu largamente para ele e piscou.

—Bem, eu tenho um pote cheio delas no meu apartamento...

—Isso é um convite?- Perguntou James, correspondendo o sorriso da mulher a sua frente com igual intensidade.

 -Só se você quiser. – Respondeu sem titubear, inclinando-se na direção dele.

      A questão das azeitonas é uma antiga teoria elaborada com base em Tonks e Remus. Ela amava azeitonas e ele odiava, e os dois são um casal perfeito. Por algum motivo isso levou o nosso grupo a concluir que todo par equilibrado deve ser composto por uma pessoa que ama azeitona e outra que odeia, de forma que se tornou um requisito bastante necessário na busca pela alma gêmea. Nunca acreditei muito nisso, mas James sempre foi um supersticioso, ele não conseguia evitar acreditar nessas bobagens.      

       De qualquer forma, não é muito difícil imaginar o rumo que a coisa tomou. Pagaram a conta (Lily insistiu em dividir) e caminharam até o apartamento dela, que era apenas a algumas quadras dali. Ficaram conversando amenidades, até chegarem a um prédio antigo de pintura vermelha quase lascando. Possuía cerca de sete andares e estava silencioso naquele horário. Costumava ser a sede dos bombeiros do bairro, mas eles mudaram e deixaram o espaço vago.

      Estavam parados na entrada do lugar quando uma van se aproximou deles em uma velocidade altíssima, derrubando uma lixeira e quase os atropelando no processo. O veículo era de um amarelo berrante e na lateral estava escrito “Pasquim” em letras garrafais. A pessoa no passageiro abaixou o vidro e acenou para Lily, impaciente. Era uma mulher vestida completamente de preto e de rosto macilento e alongado.

—Finalmente encontramos você! Venha logo, tem um cara querendo saltar da ponte- Disse ela de maneira autoritária.

         Lily virou-se para James e suspirou, com ar de quem se desculpa.

—Sinto muito, tenho que ir- Falou, parecendo estar sinceramente decepcionada- Mas foi um prazer te conhecer.    

       James, que entendia como a vida de um jornalista era louca e inconstante devido ao trabalho de seu pai, não protestou, mas ficou aborrecido por ter de se separar da mulher tão cedo.

—Quando poderemos nos ver de novo?- Questionou, tentando não mostrar-se tão ansioso como realmente estava.

—Vou ter de viajar para Orlando e só volto semana que vem- Respondeu Lily.

—Tudo bem...- Murmurou, um quê de chateação na voz

        Ficaram se encarando em silencio. Lily parecia esperar alguma coisa dele, e James refletia sobre como se despedir. Deveria beijá-la? Ela não tinha demonstrado muitos sinais de que queria isso, apesar do convite para seu apartamento. Um simples aperto de mãos parecia muito formal, mas um abraço era íntimo demais. Porém, acabaram de ter um encontro, não? Já eram um pouco íntimos, de certa forma...

        James pulou de susto ao som insistente da buzina ao seu lado. Olhou para Lily, desolado, e acenou com a cabeça. Ela saltou o pouco espaço ente eles e lhe abraçou apertado, para sua surpresa. Retribuiu ao abraço com entusiasmo, mas logo Lily soltou-se e saltou para dentro da van. Após um último aceno dela, James observou a van amarela virar a esquina e desaparecer.

                                         [O PÓS- ENCONTRO]

—E então ela entrou na van e foi embora- James concluiu seu relato.

      Quando recebermos uma ligação dele pedindo para nos encontrar, eu, Remus e Tonks fomos ao Três Vassouras, onde ele contou toda a história do que acontecera. Mas vamos regredir um pouco no tempo: Após James ter ido embora para seu encontro e Remus e Tonks terem ido agendar alguma coisa relacionada ao casamento, restaram somente eu e Marlene na mesa.

    Agradeci um milhão de vezes por ter me ajudado na aposta até ela mandar eu parar de encher o saco. Depois de várias doses de tequila e um Martini, decidimos dividir um táxi no caminho de volta para casa, mas no meio do trajeto mudamos de ideia e fomos até meu apartamento. Não entrarei em detalhes sobre o que aconteceu, mas garanto que foi bem satisfatório. Especialmente para ela, considerando que sou muito bom no que faço. É só perguntar por aí. 

     Voltando. Sentamos na mesa usual, perto de onde as bebidas ficavam, e ouvimos atentamente o relato de James.

—Como você é obtuso, James!- Acusou Tonks- Ela claramente queria que você a beijasse.

—Mas ela não me deu nenhum sinal!- Protestou ele, irritado e confuso ao extremo.

—Cara, ela deu sinal sim- Ponderei.

—Realmente, Prongs, você vacilou- Concordou Remus.

    James suspirou dramaticamente, finalmente aceitando que estava errado.

—E agora, o que eu faço? Lily só volta na próxima semana.

—Acho que você deveria ir até o apartamento dela e se despedir decentemente- Sugeriu Ninfadora.

—Mas eu digo o que? “Oi, vim buscar o beijo que esqueci”?

—Só vai lá e diz pelo menos que quer voltar a vê-la, retardado!- Tonks retrucou, frenética.

     E foi assim que, meia hora depois, todos nos encontrávamos apertados em um táxi. James decidiu que precisava do nosso total apoio moral e fomos obrigados a ir com ele achar a Lily antes que viajasse. Ele alegou que precisava fazer uma parada rápida antes de seguirmos e pediu para o taxista estacionar na frente do Madame Puddifoot.

     Alguns minutos se passaram e enfim James surgiu correndo, segurando de maneira triunfante um instrumento azul.

—Acelera, vamos!- Pediu afobado, ignorando os olhares inquisidores de Remus.

          Paramos na antiga locação do corpo de bombeiros e James saltou do carro. Por um momento ficou parado aparvalhado em frente ao prédio, sem saber ao certo como prosseguir. Não fazia ideia de qual daqueles apartamentos era o de Lily, e nem qual era o andar onde ela morava. Ficou em um impasse, até uma cabeça ruiva surgir por uma janela do segundo andar.

—James?- Chamou Lily Evans, a voz exalando cansaço. Ela vestia pijamas e encarava James, completamente confusa.

—Er... Lily!- Ele balançou o estranho instrumento na direção dela, que sorriu largamente e pediu para ele subir.

 -Então, o que faz aqui?- Indagou ela, quando James alcançou seu apartamento.

    O homem andava pela sala creme, observando os ornamentos coloridos e os diversos retratos dispostas por todo o lugar. Vários deles mostravam a tal gata que Lily mencionara, enquanto outros mostravam uma mulher loira pouco mais velha que eles e uns um homem ruivo sorridente.

       O lugar possuía uma decoração simples, mas era bastante organizado e cheio de vida. Lily cobriu a parede creme de adornos e seus móveis eram cheios de cores. Cada espaço disponível possuía algum boneco de Star Wars ou um porta retratos. Era a casa de alguém com personalidade, concluiu James, satisfeito.

—Vim buscar aquele pote de azeitonas que prometeu- Respondeu ele, sorrindo.

      A ruiva se aproximou dele lentamente e tocou seu braço. James sentiu seus pelos eriçarem ao toque de Lily, e quando finalmente se beijaram foi como se ele estivesse esperando por aquilo a vida toda. Possuíam uma conectividade incrível, James nunca tinha tido um beijo tão bom.

     Eles se soltaram, e James estava completamente estarrecido. Até hoje não entendemos ao certo o porquê, mas assim que pararam de se beijar ele soltou um sonoro “eu te amo”. E ela afastou-se, chocada. E, bem, foi assim que James estragou seu primeiro encontro com Lily.


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Notas finais do capítulo

Então, gente, qualquer erro avisem, ok? Não revisei nem nada. E comentem, pls ♥



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