“-Senhores passageiros, informamos que daremos início à aterragem no aeroporto de Alola, por favor, mantenham os cintos apertados.”

— Boa! Não era sem tempo! Está na hora do meu plano começar! Acredite em mim, Blanche, daqui a uma semana, você e Candela serão um casal! Mas, por agora, tente controlar esse mau feitio, sério, às vezes até eu me canso desse orgulho. – Spark comentou.

A azul ia responder-lhe à letra, mas logo se colocou em seu lugar, pois o loiro fora acordar a vermelha, golpe de mestre, Instinct… Se safou de uma boa bronca...

As férias em Alola... Uma semana passara e não conseguira fazer as pases com Candela... Isso a irritava, pois não foi por falta de oportunidade! Se não fosse tão orgulhosa... Estava com uma raiva... Spark ainda não a tinha largado com o seu plano infalível de "Como conquistar a Candela em uma semana" e não parava de a chatear por elas ainda não se terem entendido, pois segundo ele, isso atrapalhava-lhe os planos... lanche não sabia bem com o que estava a lidar... O amor fazia aquilo? Deixava as pessoas tão desesperadas que confiavam nos planos das pessoas mais idiotas? Em condições normais, ela sabia que nunca confiaria um assunto tão íntimo a Spark... Mas visto o desespero... Não tinha hipótese se não deixar andar...

Não passou muito tempo após a saída do avião, os três já tinham recebido as malas, apanhado o ónibus e se pondo a caminho do resort. O hotel que o professor reservara para eles era bem luxuoso, quartos privados, piscinas nas varandas, restaurantes temáticos, animação, praia… Tudo o que eles precisavam para uma boa semana de férias! A receção do hotel não ficou nada atrás! Os três foram acompanhados de um simpático hospedeiro até ao quarto dos três, apartamento 416, quarto andar. Ao entrarem no quarto, se depararam com umas escadas que se dirigiam a uma sala enorme, com um sofá gigante, vermelho, com um plasma em frente e duas portas, uma de cada lado, provavelmente para os quartos, e em frente, a varanda, com um bom jakuzi, a janela ocupava a parede toda, deixando a luz lunar iluminar a sala e o amplo espaço que esta tinha, deixando um ar meio romântico no local.

— Oh, corrimões polidos. – Foi a primeira coisa em que o loiro fixou a atenção ao entrar ali.

Ignorando o fascínio súbito de Spark por coisas brilhantes, as duas desceram para a sala vasta, sem se falarem, mas também sem se ignorarem uma à outra, apenas em missão de reconhecimento. Há quanto tempo não se falavam, mesmo? Algum… E nenhuma delas parecia muito confortável com isso… Entre as duas apenas se ouviam os passos que davam, descompassados… Até que…

— Vista bonita sobre a ilha. – Candela comentou ao olhar pela janela.

Blanche estranhou a voz da colega, não esperava que esta falasse... Ela não parecia estar a falar com ela, mas não parecia estar a comentar alto também…

Decidiu tentar responder..

— Alola é um lugar magnífico, não poderia ser ao contrário.

Candela não respondeu, apenas arfou pelo nariz e olhou para a outra, não aborrecida, mas como quem quer conversar. Blanche entendeu isso, foi ter com ela e mirou a paisagem.

— Parece que há muitos ginásios Mystic por aqui. – A vermelha comentou.

— É. Pena que estejamos de férias, se não iria conferir todos.

Candela riu de rasteiro, sem desviar da janela.

— Acho que há demasiado azul na paisagem, precisa de uma cor vermelha aqui.

E o silêncio voltou ao clima. Seria aquilo uma reconciliação? Blanche e Candela discutiam, muitas vezes, e normalmente nunca havia um pedido de desculpas formal, o que levava a azul a pensar se elas alguma vez realmente fizeram as pazes de alguma coisa…

Aquele silêncio… Não era irritante, mas era desconfortável… A Mystic perguntou a si própria se faria sentido guardar o orgulho para si… Candela valia assim tanto? Um pedido formal de desculpas… Seria assim tão difícil de fazer? Talvez as coisas melhorassem entre as duas… Aquela fora a primeira conversa de há quanto tempo? A azul já não lembrava mais… Fazia sentido continuar assim? Blanche achava que não… Há tempos que lhe devia um pedido de desculpas, não é?

Qual fora a razão da briga mesmo? É verdade… Já nem ela lembrava bem isso…

Blanche não queria adiar mais. Estava na hora… Estava na altura de acabar com aquela briga de vez… Ao modo das duas…

— Ei, Candela…

— Não precisa dizer nada. – A vermelha olhou para ela – Sabemos muito bem que nem eu nem você queremos continuar assim…

Blanche assentiu o que ela dissera. Entre as duas, aquilo era quase como fazer as pazes sem ninguém perder o orgulho. Spark resmungava sempre que elas se entendiam na base do silêncio, sem qualquer tipo de demonstração de consentimento! Mas elas se entendiam assim… Era melhor que nada, era melhor que ficar zangadas para a eternidade.

Spark finalmente aparecera entre as duas, ficando a olhar para a paisagem também.

— Parece que vocês se entenderam, não é mesmo? – O loiro afirmou baixinho, sem querer qualquer resposta, num sussurro quase íntimo dos três – Não é bem melhor quando estamos os três unidos?

Mais silêncio, mas desta vez, em vez de os separar, unia-os.

— Não sei quanto a vocês, mas… Acho que esta ilha precisa de uns tons amarelos.

— Vá sonhando, o vermelho combina muito melhor com este lugar aqui. – Candela sorriu.

— Os senhores estão esquecidos do que significa “férias”?

— Blanche, por favor, pode tirar o treinador do ginásio, mas não o pode tirar da vontade de vencer. – Spark riu.

— Ela só não quer perder terreno azul para nós. – Candela comentou.

Blanche revirou os olhos.

— Sei que estamos de férias, mas… Acho que o professor não se vai importar que tiremos um dia para visitar a ilha, não é? – Spark se encostou nas laterais da janela.

Mais silêncio. Estes três eram assim. Tinham estes momentos mágicos que não precisavam de falar, tinham-se uns aos outros e isso chegava para se entenderem.

— Pessoal, não quero aumentar as expectativas, mas… Acho que estas vão ser as melhores férias de sempre…

As palavras de Spark foram recolhidas pelas duas, ambas concordavam plenamente com ele, apesar de nem saberem porquê, mas sabiam que, mal chegaram naquele lugar, se tinham reconciliado, e isso, meus amigos, era com certeza um bom sinal…