Love me like a Cat escrita por Lunathck


Capítulo 11
É o diabo que me tenta


Notas iniciais do capítulo

Olá amores. Por favor não me espanquem por causa do início, e caso não lembrem muito bem do que aconteceu no capítulo anterior, sugiro que dêem uma olhada no final antes de começar esse.

beijo~



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Miguel abriu os olhos devagar, ainda estava escuro. Era um acontecimento incomum acordar tão tranquilo, sem motivo, e no meio da noite. Ele se esticou para olhar o relógio digital na cabeceira, ainda eram 3h27min. O moreno olhou pro teto por alguns segundos e voltou a fechar os olhos.

Foi aí que se lembrou do sonho que acabara de ter, começou a se arrepiar e sentiu esquentar suas faces, rolou na cama e puxou os cabelos. Brownie acordou assustado e pulou pra fora do travesseiro, observando aquela criatura insana rolar nos cobertores. Preferiu dormir no sofá essa noite.

Miguel relembrou a cena no terraço e enfim o beijo, tinha a sensação de realmente ter beijado o loiro naquela noite, tocou os próprios lábios, seu cérebro o enganara tão bem a ponto de mesmo acordado sentir como se fosse real.

A conversa sobre ver e enxergar, ouvir e escutar não fazia tanto sentido quanto fizera no sonho, e Miguel se contorcia na cama ao lembrar, agradecendo por esse sonho ser só dele e ninguém mais ter conhecimento sobre isso. Nem mesmo Dênis. Principalmente Dênis!

Para tentar apagar a cena, Miguel repassou em sua mente diversas vezes o que aconteceu na realidade. Dênis o encontrou no terraço, Miguel pretendia acender o último cigarro da caixa que comprara no período em que sua chefe estava fora, mas ao ver Dênis ele guardou-o novamente no bolso ao lembrar que o loiro não gostava de cigarros.

“Na verdade as pessoas costumam enxergar as coisas, mas não ver. Entende?” Dissera em certo momento.

“Um pouco…” Respondeu o garoto, mas era evidente que ele não havia compreendido. “O que você está fazendo aqui? Veio fumar?” Perguntou ele, mas Miguel tinha certeza que o outro não havia visto o cigarro de palha.

“Não, eu te disse, só fumo em situações estressantes” respondeu erguendo uma sobrancelha. Embora fosse mentira na ocasião, era fato.

“É que não dá pra saber, até relaxando você está com cara de estressado” disse Dênis com um meio sorriso levado, claramente numa brincadeira. Miguel bagunçou os fios loiros do outro e seguiu até a porta, olhou pra trás antes de passar por ela.

“Anda logo, antes que eu te tranque aqui” Dênis logo o seguiu.

“Calma Miguel, você está muito estressado” disse o garoto, gargalhando em seguida. Uma veia saltou na testa do moreno, que não fez nada para aparentar não ter sido afetado pela provocação, embora não admitiria que foi, de fato.

Eles se despediram ali mesmo.

Nada de beijos.

Miguel se levantou da cama, nu, pegou aquele último cigarro no bolso do paletó pendurado no cabideiro, o acendeu e se apoiou na janela observando a rua vazia, um poste piscando com mal contato, uma luz se apagando em um apartamento distante… Mas seus pensamentos insistiam em voltar pro mesmo lugar.

xXx

“Não aconteceu nada” Dênis esclareceu pela décima vez, mas Isabella não aceitava essa possibilidade.

“Não é possível, você está mentindo pra mim. Nem um beijinho? Nem um climinha?” Ela fez beicinho.

“Sim. Eu tenho um sério problema em tomar esse tipo de atitude. Fico nervoso tentando saber qual é o momento certo, então eu não tento nem espero nada, só deixo as coisas acontecerem no seu tempo.” Explicou

“Como um típico passivo” ela revirou os olhos, deu um sorriso perverso ao ver as bochechas de Dênis se tingirem de vermelho. “Que fofo, ficou com vergonha.” Ela gargalhou, o garoto levantou da cadeira sem dizer nada e saiu da sala para tomar água e parar de ouvir Isabella falando besteira.

“Oi Fred, já ta no intervalo?” O amigo estava escorado na parede, conversando com outro cara que logo saiu com a deixa de ir devolver um livro na biblioteca.

“Sim, e você?” Ele disse, ocasionalmente passou o braço envolta dos ombros do garoto e saiu andando com ele. Na outra mão, segurava um doce, que deu um pedaço na boca do loiro. Não precisava nem perguntar se ele queria: oras, era um doce!

“O meu ainda não começou, tenho que voltar pra sala!” Ele terminou de mastigar e tirou o braço de Fred de seu entorno e se despediu rapidamente, quando se virou, viu Miguel parado um pouco a frente. Este revirou os olhos e saiu de seu caminho sem ao menos o cumprimentar, o que deixou o loiro um pouco confuso. Bebeu água e voltou para sua aula.

“E aí vocês dois. Tamo marcando de ir num barzinho depois da aula, bora?” Um garoto sussurrou para Dênis e Isabella, estavam no meio de uma aula. Mais que imediatamente o loiro concordou e perguntou onde seria, já a amiga não respondeu. Ela não era muito de barzinho, nem de sair em dias da semana.

“Oh, é pertinho da minha casa!” Exclamou ele, a professora parou de falar por um segundo, mas não chamou atenção.

“Pois é, qual a faculdade que se preze que não tem um bar na frente? Inaceitável” O outro garoto disse, se virou para frente outra vez.

“Você vai, Bella?” Perguntou ele.

“Ah Den, acho que não…” Ela falou baixo

“Você pode dormir lá em casa se quiser, é a um quarteirão de distância” ele disse, fazendo biquinho.

“Esse não é o problema. Mas já vejo que eu não tenho escolha…” ela revirou os olhos, bagunçou o cabelo do amigo e deu-lhe um tapa na cabeça, começando uma briguinha besta.

xXx

A maioria do pessoal estava bêbado, cantando uma música sem ritmo nenhum ao som de um dos garotos que tocava violão. Bella se despediu, mesmo ela havia se divertido na ocasião, insistiu para Dênis voltar com ela no carro, mas sua casa era perto dali e ele queria ficar mais um pouco.

Acabaram se despedindo. 2h26min da manhã. Três músicas depois os colegas concordaram que era hora de ir embora.

O loiro foi sozinho pra casa, meio cambaleando mas se apoiando nos muros. Ele era muito fraco pra bebida. Conseguiu chegar na porta de casa, procurou as chaves nos bolsos e… Só havia ali sua carteira.

Maravilha.

Onde estava a chave? Todos os dias ele a colocava na bolsa da frente de sua mochila… Que não estava ali, e sim no carro de Isabella. Ótimo.

Suspirando, o garoto bateu na porta com força. O interfone estava estragado, se não poderia acordar os pais, mas batendo na porta era um pouco difícil que eles ouvissem, o quarto do casal era o último, além de ter ligado pro pai mais cedo e dito que não precisava esperá-lo.

Dênis se sentou na calçada e apoiou a cabeça nas mãos, fitando o asfalto que girava, ele não soube por quanto tempo ficou ali, se entretendo com isso, mas não passaram-se nem cinco minutos quando o farol de um carro iluminou-o, fazendo com que apertasse os olhos enquanto tentava enxergar.

“Eu não acredito que é você mesmo. Ta pra fora de casa?” Perguntou o motorista, passando bem devagar. Ele acabara de sair da garagem do condomínio.

“Que esperto” Dênis riu sem motivo “vai pra alguma festa? Me leva com você?” Ele já estava de pé, escorado na porta com o rosto bem próximo ao de Miguel.

“Nossa. Cê bebeu pra caralho né. Entra logo que eu to com pressa”

Dênis correu até o lado do passageiro e entrou sem cerimônias. Miguel arrancou o carro, fazendo Dênis se lembrar de colocar o cinto “Pra qual festa nós vamos?”

“Quem me dera se fosse festa. To indo buscar meu primo, a esposa dele está prestes a ter um bebê” explicou.

“Por que eles não vão de ambulância?” Perguntou o garoto, se debruçando em Miguel, este o empurrou para o seu banco pra poder passar a marcha “que rude. Gostei”

O moreno revirou os olhos e respirou fundo “você acha que TEM ambulância? Em que país pensa que a gente vive?”

Miguel dirigia como se uma vida dependesse disso, por isso não demorou muito a chegar no apartamento onde já esperavam na portaria o primo e a esposa com a enorme barriga.

“Desculpa primo, eu não sabia pra quem ligar e…” Dizia o homem em ritmo frenético, a mulher parecia sentir dor e gritava algumas vezes. Miguel havia descido do carro para ajudar a colocar a grávida no banco de trás..

“Não se importe com isso, Jonathan.” Respondeu.

No trajeto até o hospital Dênis não falou nada, apenas deu algumas olhadas para trás que julgou discretas, apesar de que havia sido o contrário.

“Quem é esse, Miguel?” Perguntou o tal do Jonathan, dava pra ver que ele estava aflito, apertando a mão da esposa, mas não pôde deixar de perguntar.

“É o meu vizinho que encontrei preso fora de casa. Ele vai ficar quietinho.” Miguel olhou feio para Dênis, este se afundou no banco.

Quando chegaram, praticamente saltaram do carro pedindo uma maca, Dênis desceu também e sentiu tontura, não seria de muita utilidade, então Miguel o mandou esperar ali, e sumiu. O loiro segurava a chave do carro, se lembrou de trancá-lo e a enfiou no bolso, ele estava com muita vontade de mijar, só não tinha comentado porque estava se concentrando em ficar quietinho.

Entrou no hospital e se debruçou na bancada da recepção, por dificuldade de ficar em pé.

“Oi linda. Onde é o banheiro?” Ele disse em tom de paquera. A recepcionista apontou para trás dele, não parecia nada lisonjeada. “Obrigado”

Aqueles foram os melhores segundos do dia. Se lembrou de lavar as mãos.

“Eu disse pra você esperar ali!!” Depois de sair do banheiro, Miguel o viu e o puxou pelo braço até onde o carro estava. Dênis arregalou os olhos de susto, se sentia um pouco lento “Cadê as chaves?”

Dênis pensou por um momento “Ah… No meu bolso.”

Já que o outro não fez menção de pegar, o homem impacientemente enfiou as mãos nos bolsos do garoto, primeiro nos da frente, depois nos de trás. Dênis riu.

“Só estamos esperando meu tio chegar e vamos pra casa, ok?”

O garoto concordou, se encostou no carro ao lado do moreno. “Você está de mau humor por que acabou de acordar?” Expôs sua curiosidade.

“Também” respondeu com secura. “Você me irrita”

“Eu sei de uma coisa pra você melhorar” o loiro alegou com propriedade.

“O que é?” Perguntou o outro, com desinteresse.

Dênis ficou na ponta dos pés, segurou o rosto de Miguel e lhe deu um beijo no canto da boca. “Merda. Errei” riu ele, dessa vez acertando o selinho. Logo voltou para sua posição original.

Miguel riu, uma risada anasalada e baixa, olhando o garoto de canto. Não, não havia sido como ele imaginara, já que durante a aula inteira desse dia ele pensou em puxar o garoto pro banheiro e o agarrar lá mesmo. “Idiota… Eles chegaram, entra no carro que eu já volto.”

xXx

Miguel estacionou o carro na garagem do condomínio. O loiro estava adormecido em seu banco da frente. Tentou acordá-lo, deu tapinhas em seu rosto e o balançou, mas nada. Até chegou a pensar em um momento em beijá-lo, porque não era um selinho que mataria sua vontade… Descartou a idéia um segundo depois.

Ah, ele não era tão pesado.

Miguel foi até o outro lado do carro, tirou o cinto do garoto e o puxou, fazendo-o abraçar seu pescoço e deitar em seu ombro, colocando as pernas do menor em volta de sua cintura. “Agora virei babá” resmungou para si mesmo, fechando a porta com um empurrão. Com certa dificuldade chamou o elevador, e pra abrir a porta de casa então?

Prensou Dênis na parede, o segurando com uma mão enquanto procurava a chave nos bolsos. Finalmente conseguiu, destrancou a porta e andou até o sofá, já com dificuldade. Colocou Dênis ali, mas quando foi se levantar percebeu que o garoto estava agarrado a ele, o prendendo praticamente deitado por cima de seu corpo.

“Puta que o pariu… Já pode me soltar.” Tentou, sem resultado. Seus corpos rentes agora pareciam ter uma conotação diferente, testando o autocontrole de Miguel “Porra Dênis!” Puxou o braço dele para desgrudar de seu pescoço, mas quando foi fazer isso com as pernas, o menor voltou a o abraçar “Caralho! É o diabo que me tenta!” Dessa vez saiu de forma brusca, o loiro pareceu amolecer igual uma geléia em cima do sofá. Malditos bêbados.

Miguel tirou os tênis dele e os jogou no chão junto com as meias, depois arrancou sua jaqueta… Depois ficou o olhando…

“Não seja babaca” murmurou para si mesmo e foi se deitar na própria cama, depois de tirar a roupa, escovar os dentes. Etc.

Brownie que estava dormindo em seu travesseiro, sem se dar conta de que tinham visita.


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Notas finais do capítulo

:> se expresse, comente! Vale deixar claro que eu adoro receber comentários. Você já leu até aqui, não faz mal comentar né?

Até o próximo pessoal, espero que tenham gostado