Solangelo Moments escrita por Junebug


Capítulo 36
Dark Comedy


Notas iniciais do capítulo

Universo Alternativo. Will e Nico estão viajando de carro e, de repente, parecem presos num filme de terror clichê...



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Nico e Will estavam viajando para o sul. Como Nico não gostava muito de voar, tinham decidido pegar a estrada, o que significava só mais tempo para se arrepender antecipadamente por terem aceitado o convite para a festa idiota de ano novo de seus amigos Jason e Piper, na Califórnia.

Mas seus problemas ficaram mais sérios quando um coelho surgiu de repente no meio da pista e Will, que estava no volante, jogou o carro para o acostamento, fazendo-os bater numa pedra. Depois disso, o motor não quis mais funcionar. Nico chegou a dar uma olhada, mas só conseguiu ter certeza de que não entendia nada sobre carros.

Começava a anoitecer, e parecia que ia chover. A floresta que cercava a estrada só deixava tudo mais sombrio. Eles estavam ali no meio do nada, sem sinal de celular.

— O único jeito é irmos andando em frente. Faz tempo que vimos o último posto de gasolina. Não devemos estar muito longe de um.

Resmungando entre dentes, Nico o acompanhou.

Assim eles caminharam por quase uma hora até chegar a um lugar com um hotel de beira de estrada, um posto de gasolina e uma oficina mecânica, fechada, mas dizia abrir às oito da manhã.

Começou a chover. Eles correram para a recepção do hotel, que estava vazia, mas era preenchida por barulhos de televisão e de um homem falando alto:

— Vamos, arrebente ele! Deixe de ser molenga! Isso! Esmague logo o crânio!

Nico e Will franziram a testa.

— Não tem jeito. Não dá para voltarmos para o carro com essa chuva... – sussurrou Will.

Então, com um suspiro cansado, Nico apertou o sino de mesa algumas vezes.

Um homem baixinho e barbudo atravessou a cortina de miçangas atrás do balcão num gesto rápido, carregando um bastão de beisebol de um jeito ameaçador.

— O quê que é? – ele perguntou num tom bruto e apressado.

— N-Nós... só queremos passar a noite aqui – Nico disse.

— Quarto duplo? – O homem já se abaixava para pegar a chave. Uma plaquinha em seu peito dizia: Gleeson Hedge. Gerente/ Zelador

— Quarto de casal.

O homem levantou os olhos para eles com uma sobrancelha erguida.

— Sei... Então que tal a suíte de lua de mel? É só cinco dólares a mais e tem algumas coisinhas que os outros não têm.

— Eh, um quarto normal está ótimo, obrigado.

— Vamos, deixem de ser sovinas. É só cinco dólares a mais!

— Ah, tá. Certo, certo. Pode ser – disse Will.

— Aqui está. – O homem colocou a chave no balcão. – Tem que pagar adiantado. E eu só aceito dinheiro.

— Tudo bem...

Assim que pegou o dinheiro que Will lhe passou, o homem contou, colocou no bolso e disse:

— Certo. Divirtam-se. Tchau.

E voltou a atravessar a cortina de miçangas com seu bastão, sumindo de vista.

— Acho que somos os únicos hóspedes... – comentou Will enquanto subiam a escada.

— Deve ser porque esse lugar está caindo aos pedaços... – foi tudo que Nico disse.

— Quais serão as coisinhas a mais que os outros quartos não têm? – Will se perguntou em voz alta ao chegarem à tal suíte.

— Você quer dizer além desse lindo lençol vermelho de cetim barato? – Nico perguntou, se jogando na cama com as mãos atrás da cabeça.

— Nico, você devia ter mais cuidado. Isso provavelmente nunca foi lavado direito.

— Arr, não comece com seu papo higienicamente correto. Estou cansado.

Will também estava cansado. Ele se sentou na beirada da cama. À sua frente, havia um pequeno televisor analógico com um aparelho de DVD em cima.

— Aqui tem vários DVD’s, mas nenhum com identificação... Será que são filmes pornô? – disse Will, rindo.

Nico pareceu se engasgar com uma risada e, vendo Will ligar a televisão, falou:

— É sério que você vai começar a se interessar por filmes pornô?

— Eu só estou curioso. Quero saber o que tem nesses DVD’s...

Quando ele estava prestes a pôr o DVD no aparelho, Nico ergueu o tronco num gesto brusco e disse em tom urgente:

— Will, espere!

Will se assustou.

— O que foi?

— E se for um daqueles filmes?

— Que filmes?

— Você sabe! O casal com o carro quebrado que é obrigado a passar a noite num hotel de beira de estrada e no quarto encontra filmagens de outras pessoas sendo assassinadas dentro do mesmo quarto onde estão hospedados, e quer dizer que o casal com o carro quebrado está sendo filmado e vai ser assassinado também...

Will olhou de Nico para o DVD sem identificação que segurava, então os dois se voltaram para alguns lugares onde poderia haver câmeras escondidas, tipo as gradezinhas de passagem de ar, até que Will forçou uma risada.

— Você anda assistindo muitos filmes de terror...

Sacudindo a cabeça, ele pôs o DVD. Antes que o aparelho o lesse, no entanto, houve um relâmpago, seguido do estrondo de um trovão, e a luz do quarto acabou. Instintivamente eles agarraram a mão um do outro e ficaram assim, assustados, na penumbra por uns segundos.

A energia voltou. Eles, ainda de mãos dadas, começavam a respirar aliviados quando um som alto tornou a sobressaltá-los. Viraram-se para a televisão que exibia nada menos que a abertura da primeira temporada de Pokémon no volume máximo.

Will rapidamente se adiantou para abaixar o volume. Eles assistiram estupefatos aos desenhos coloridos com a música sobre pegar Pokémons por alguns segundos antes de voltarem a se encarar e caírem na gargalhada.


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