Um Novo Aluno escrita por Cat Lumpy


Capítulo 9
Cap. 09 Simplesmente Acontece!


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo o/
Agora as coisas vão pra frente
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No lanche após o roubo, Finn mastigava a comida sem sentir realmente seu gosto. Os olhos azuis não tinham coragem de fitar alguma outra coisa que não fosse a mesa. Sabia que se os erguesse eles acabariam se colidindo com as pupilas negras de Marshall.

— Fez muito bem ao falar das orelhas Jujuba. — a voz rouca do vampiro elogiou, ele agia como se nada tivesse acontecido, como se beijo algum tivesse rolado.

— Psiu! Não fale tão alto! — a Princesa doce alertou, nervosa.

— Ah, mesmo que escutem não vão entender nada.

O moreno retorquiu com descaso, dando um olhar furtivo para a mesa ao lado, onde Chiclete e Lumpy lanchavam com alguns alunos do primeiro ano.

— Cadê Marceline? — a voz macia de Jujuba perguntou depois de algum tempo em que os três ficaram em silêncio.

— Não sei. — Marshall respondeu e depois deu uma mordida em seu sanduíche e resmungou — Por que eu ainda insisto em comer isso?

— Finn, está tudo bem?

O garoto levantou a cabeça e mirou Jujuba. Ela parecia claramente preocupada com o loiro. Finn (ele se detestou por isso) terminou por corar, lançando um olhar de esguelha ao vampiro distraído com a comida e tornando a baixar a vista.

— C-claro que está! — ele assegurou, dando uma risadinha nervosa e mais uma mordida em seu lanche.

Sabia que não tinha a convencido e encheu bem a boca para retardar a resposta que teria de dar para a próxima pergunta. Mal ele terminara de praticamente enfiar todo o sanduíche para dentro, a Princesa questionou:

— Está se sentindo mal por ter feito aquilo? — ela perguntou se referindo ao roubo, mas Finn não entendeu isso, de tão perturbado que estava.

— Aquilo o quê?! Eu não fiz nada! — ele agitou-se prendendo os olhos em Jujuba, o rosto quente pela lembrança do beijo.

A Princesa estava genuinamente surpresa por sua resposta brusca e a interpretou como um efusivo “sim” para a pergunta que fizera, assim começou:

— Finn, eu sabia que não devia ter aceitado ajudar Marshall. Quebrar regras nunca é bom, eu...

Jujuba parou de falar abruptamente e sua expressão mudou, ficou sonhadora por alguns instantes e Finn pensou ter visto um brilho estranho perpassar os olhos azuis dela.

Alguns segundos e ela pareceu voltar ao ar, então, levantou-se de uma vez, largando o sanduíche sobre a mesa, e atravessou rapidamente a distância para a saída da cantina.

O loiro estava estático, não compreendeu o que houve, ficou quase um minuto fitando o local por onde Jujuba tinha sumido, depois, engoliu em seco e sentiu seu rosto ficar escarlate. Estava sentado sozinho com Marshall.

— Uau, mulheres são realmente um mistério. — o vampiro comentou e sua voz pareceu puxar o olhar de Finn. Azul e negro se encontraram.

Encararam-se.

— O-o quê...?

— Nem me pergunte. — o moreno deu de ombros, um sorriso no rosto bonito atraindo a atenção de Finn para os lábios que haviam tocado os seus.

“Controle-se!” a consciência do humano gritou militarmente, “Está parecendo um garotinho de doze anos que acaba de perder o BV!”. Finn respirou fundo, e concordou consigo mesmo, estava nervoso por nada. Aquele beijo não significara nada, nem foi o seu primeiro, sua prima...

O loiro espantou a lembrança notavelmente desagradável de seu primeiro beijo. De toda forma, devia ter sido só uma brincadeira de Marshall, afinal, eram dois garotos. De fato era impossível que aquilo tivesse um significado por trás. O pensamento, por algum motivo, provocou uma fisgada dolorosa em seu peito. Tristeza?

— Ei, — Marshall o chamou para fora de seus pensamentos — você gostou?

E Finn não teve dúvida alguma de que o vampiro não se referia ao roubo. Sua boca ficou instantaneamente seca. A pergunta que Marshall fizera era exatamente a que o loiro esforçava-se ao máximo para bloquear. Gostara daquilo? Achou bom que outro garoto o beijasse? Não sabia a resposta. Mas resolveu mentir, acreditando que tudo não passara de uma brincadeira do vampiro e se irritando por ter pensado o contrário.

— Não. — disse com tom ríspido, sem se preocupar em esconder seu aborrecimento.

— Achei que diria isso. — Marshall falou com uma expressão indecifrável no rosto — Vou fazer melhor na próxima vez.

— Não vai ter próxima vez! — o loiro esclareceu energeticamente.

— Claro que vai, — o vampiro tornou, tranquilo — não pense que vou te deixar escapar, você é a coisa mais deliciosa que já conheci.

Ok, Finn não soube como reagir a tal declaração. Ficou mudo, digerindo as palavras do vampiro, se perguntando se tinha as compreendido de verdade e, ao mesmo tempo, procurando um vestígio de zoação. Marshall não podia estar falando sério.

***

As duas últimas aulas eram um borrão para o loiro, ele estava ocupado demais repassando o que tinha acontecido com ele naquelas poucas horas para prestar atenção na professora Betty, uma mulher incrivelmente inteligente que ensinava inglês, espanhol e francês.

Jujuba tinha reaparecido pouco antes do horário de lanche acabar. Ela estava com o rosto muito vermelho e não respondeu ao vampiro quando este perguntou “aonde você foi?”. Já Marceline desaparecera, nem sinal da vampira na sala.

Finn despertou de seu flash back ao sentir algo bater em sua mão sobre a mesa. Ele mirou o papelzinho, pegou-o e olhou ao redor, tentando identificar quem o havia lançado, mas todo mundo ou estava com a cabeça baixa, cochilando, ou prestando atenção na professora.

Curioso, ele desdobrou o papel e leu a mensagem:

“Seu tênis, lave-o assim que chegar em casa.”

O loiro franziu a testa e fitou o par esquerdo de seu all-star, que estava com uma mancha escura. Tinha se esquecido que o sujara no armário...

Então, Finn arregalou os olhos com a compreensão. Ele precisava checar se estava errado, tinha de estar errado.

— Marshall. — chamou baixinho o vampiro na carteira ao lado.

— Que foi? — o moreno resmungou, levantando a cabeça.

O humano tinha certeza de que seu amigo estava no grupinho que cochilava, mas precisava avisa-lo de que, se Jujuba não tivesse jogado aquele papel, alguém além deles sabia que tinham roubado algo do armário do laboratório de Química.

Finn cochichou aquilo que se passava por sua cabeça para Marshall e logo o vampiro adquiriu um tom grave ao dizer:

— Jujuba não foi, ela não faz esse tipo de coisa.

Os dois se olharam por longos minutos. Então, Marshall soltou:

— Não tem com quê se preocupar.

— Mas é claro que tem! Alguém sabe que roubamos algo...! — Finn sussurrou as pressas.

— É, sabe, mas se quisesse nos dedurar já teria feito. — o vampiro o interrompeu, calmo.

O loiro considerou a hipótese. Realmente, se a pessoa pretendesse os entregar, o teria feito na hora do ato ou pouco depois. Seus nervos se aquietaram com essa ideia, porém, no resto da aula, ficou fitando os seus colegas discretamente, tentando adivinhar qual deles teria jogado o papel.

***

— Aquela orelhuda deve ter ido para casa mais cedo. — Marshall disse quando entraram no ônibus e não avistaram Marceline.

— Você não tem o direito de chama-la assim. — a Princesa doce respondeu com um sorrisinho no rosto.

— É, não tenho. — ele disse fingindo ultraje e levando as mãos às orelhas pontudas, uma imitação perfeita da irmã.

Finn e Jujuba riram enquanto se sentavam nos bancos. O loiro hesitou antes de se largar ao lado de Marshall, contudo, seria estranho se os dois não se sentassem juntos.

— Calma, não sou daqueles que gostam de plateia, prefiro a privacidade de um lugar apertado e escuro. — o vampiro sussurrou no ouvido de Finn assim que o loiro ajeitou a mochila no colo.

O rosto do humano esquentou, será que nada escapava do moreno? Mordeu a bochecha, se concentrando em desembaraçar aquela confusão em seu peito. O simples beijo tinha feito um nó gigante.

— Eu posso sentar com você? — uma voz desconhecida soou ao lado de Finn.

A fim de tirar o vampiro da cabeça, o loiro ergueu o olhar a viu uma garota ruiva baixinha. A irmã de Flame, que vinha logo atrás da mesma. Ela falara com Jujuba, seu rosto vermelho explicando o imenso calor que emanava de seu corpo.

— C-claro. — a Princesa doce disse, não parecendo muito à vontade, mas, Finn pensou, “ao menos não irá passar a viagem discutindo com Marceline.”.

Ela sentou-se ao lado de Jujuba e Finn reparou o descontentamento no rosto de Flame, que seguiu para o banco atrás das duas. O loiro sabia que o Príncipe de fogo tinha uma queda por sua amiga, Marshall o contara, e imaginou que Flame pretendia tomar o lugar ao lado de Jujuba.

Flame não se pronunciou, e no resto da viagem, as duas garotas não disseram nada. Finn, que pensou na possibilidade de não conseguir mais conversar normalmente com Marshall depois do ocorrido na aula de Química, se pegou em uma discussão com o vampiro sobre qual o pior vilão de Guerra das Tumbas III. Quando já estavam perto da sua casa, Finn declarou:

— Eu já disse, é o Gamulak, o chefe da fase final não é nada comparado a ele.

Marshall riu balançando a cabeça.

— Ótima piada Mertens.

— Ah é, pois vamos ver quem está certo, por que não marcamos um dia para jogarmos?! — ele disse no calor do momento.

— Fechado! Mas vou logo avisando Finn, é melhor ir se preparando ou então o Guernico irá destruir todas as suas tumbas!

— Ok, que tal neste sábado, quando completarmos nosso castigo?

— Espero que seja um lindo dia, talvez isso o ajude a digerir suas próprias palavras quando engoli-las.

O ônibus parou e Finn praticamente tinha se esquecido do ocorrido no armário quando deu “tchau” para seus amigos. Porém, Marshall o lembrou dizendo o seguinte:

— Mal posso esperar por nosso primeiro encontro.


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Notas finais do capítulo

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