Um Novo Aluno escrita por Cat Lumpy


Capítulo 10
Cap. 10 O Armário de Vassouras


Notas iniciais do capítulo

Hiiii, capítulo novinho em folha, quer dizer, arquivo rsrsrsrs



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— A Lady e eu demos um tempo! — Jake guinchou e se atirou sobre Finn.

O loiro o abraçou atordoado, entrara em casa a menos de um minuto, seu irmão o recebeu e do nada soltou aquilo. O cachorro, para espanto de Finn, chorava com vontade, molhando sua blusa.

— J-Jake, como assim deram um tempo? Vocês são noivos! — o humano encarou o irmão, intrigado.

— F-faz dois dias que ela d-devolveu a a-aliança! — o cachorro ganiu algumas vezes.

— Dois dias! Por que não me disse isso antes?!

Jake respondeu com um uivo e largou o loiro. Correu da sala e ao longe, Finn ouviu o barulho de uma porta batendo. Não seguiu o irmão, pois sabia que ele tinha se trancado no quarto.

Ficou parado na sala, digerindo o que acabara de acontecer, seu irmão não costumava agir daquele jeito. Então, de súbito, ele lembrou-se da mensagem misteriosa em sua mesa e a compreensão o atingiu em cheio. Largou a mochila no chão e foi apressado até o banheiro, onde tirou os tênis, pegou o par esquerdo e jogou debaixo da torneira aberta.

Aquele líquido que encharcara seu tênis... Finn já tinha ouvido falar daquilo. Por isso Marshall o tinha beijado? Por ter sentido o cheiro da Água Externilizadora?

Ele repassou os últimos acontecidos do dia: o vampiro, Jujuba, Phoebe e Jake. Todos tinham agido estranho e dito ou feito coisas que tinham vontade de fazer, expulsando para o exterior seus desejos imediatos.

Jujuba deve ter saído da cantina e feito algo, Phoebe (Finn não entende o porquê) sentou ao lado da princesa doce e Jake tinha lhe contado a crise em seu relacionamento com Lady. Seu irmão devia estar péssimo e Finn ficou imaginando o que o cachorro teria feito se não tivesse cheirado a Água. Ainda continuaria escondendo aquilo do loiro, mesmo que tivesse uma vontade tremenda de contá-lo? Provavelmente.

E... E Marshall? Quer dizer que aquele beijo não fora algo vazio, nem as cantadas? Finn engoliu em seco, sem saber o que sentia em relação a isso. Seu peito ficou mais embaraçado, estava cheio de nós que ele não conseguia desfazer sozinho. Seu rosto estava quente, em brasas, como olharia para Marshall no dia seguinte?

Ele fechou a porta do banheiro, aproveitando que já estava ali, resolveu tomar logo banho para esfriar a cabeça e esquecer o vampiro. Saiu algum tempo depois, limpo, mas ainda pensando no moreno, o que significava lembrar-se do beijo.

Foi ao seu quarto, hesitando um pouco no corredor ao notar o silêncio no quarto ao lado do seu, Jake talvez tivesse pegado no sono. Vestiu seu pijama e tentou ocupar sua mente com uma dúvida que lhe ocorrera: por que não tinha sofrido efeito da Água? Ou será que sofrera?

O loiro reviu novamente seu dia e percebeu, aliviado, que não desejara nada durante o tempo em que a poção estivera em seu tênis, a não ser, é claro, que aquele beijo não tivesse acontecido, o que era impossível de se realizar, pois Finn não tinha como voltar no tempo.

Dormiu assim que deitou-se e sonhou com um certo vampiro atrevido e misterioso.

***

— Ei, Finn, dê uma olhada nisso! — Marceline disse animada, sentando-se ao lado do garoto.

Era o lanche da manhã e Finn passara as duas primeiras aulas sem nem ao menos olhar para Marshall. O vampiro estava sentado ao seu outro lado e parecia não se importar com as poucas palavras que o loiro o dispensara naquela manhã.

— Olha só! Hoje a aula de Duelo vai ser especial! — a Abadeer entregou um panfleto a Finn e ele matou a curiosidade ao lê-lo.

Seus olhos brilharam e ele sentiu a animação inflar um sorriso em seu rosto. Chicletão, o professor daquela aula, ia promover um pequeno torneio entre os alunos.

— Isso é... Demais! Faz tempo que eu não participo de um torneio! — o humano falou fitando os olhos castanhos intensos da vampira.

Ela estava tão animada quanto ele e seu sorriso com presinhas atravessava seu rosto de ponta a ponta. Finn vacilou por um momento, vendo o irmão de Marceline através dela, os dois eram incrivelmente parecidos.

— Foi mal cortar essa sua alegria Finn, mas acontece que eu pretendo ganhar esse torneio. — a voz rouca de Marshall desviou os olhos azuis do loiro, puxando-os para as pupilas negras do vampiro.

Finn estremeceu um pouco, mas ignorou o solavanco em seu estômago e abriu um sorrisinho enviesado, Marshall o estava desafiando?

— Ah, é?

— É, os prêmios dos torneios do Chicletão são sempre incríveis e dessa vez eu vou tirar o primeiro lugar!

— Você?! — Marceline alteou a voz, e soltou uma risada — Até eu duelo melhor que você! E olha que sou péssima.

Finn continuava encarando Marshall e o moreno também estava de olhos fixos nele. O que Marceline dissera era verdade, o vampiro era terrível com a espada, o humano notara isso assim que o viu empunhar uma.

— Eu irei receber esse prêmio. — Finn disse calmamente, o negócio ficava sério quando se tratava de espadas.

— Se está tão seguro assim, que tal uma aposta? — Marshall propôs erguendo uma sobrancelha — Vou logo avisando, eu não dei tudo de mim naquele dia.

O vampiro parecia se divertir com aquilo, mas Finn não estava para brincadeiras, Jake o ensinou desde pequeno, se é para entrar em uma briga, é melhor dar tudo de si e sair vitorioso.

— E o que vai ser? — o loiro perguntou, decidido.

— Simples, — Marceline falou e Finn a olhou um pouco surpreso, esquecera que a vampira estava ali — quem ganhar pode fazer o que quiser com o outro durante um dia inteiro e se nenhum dos dois tirar o primeiro lugar, eu faço o que quiser com os dois por um dia.

O humano franziu as sobrancelhas, mas Marshall aceitou de prontidão:

— Fechado! — e estendeu uma mão pálida a Finn.

Ele a apertou e só depois percebeu a troca de olhares entre os irmãos. Finn puxou a mão depressa e alternou o olhar entre os dois, olhos travessos e sorrisinhos idênticos, tinha caído em alguma furada. Ele parou fixando a atenção em Marceline, nervoso e temendo a resposta da pergunta que a fez:

— Você... Você sabe?

A vampira deu uma risadinha e tocou uma das mãos de Finn sobre a mesa:

— Acha que eu não perceberia que meu irmão gay está afim de um cara? — ela falou baixinho — E que beijou esse cara?

Finn arregalou os olhos, horrorizado ao se dar conta no que tinha se metido. Virou-se para Marshall e o moreno confirmou suas suspeitas:

— Vou lutar até a morte, quando eu ganhar, vou fazer muito melhor do que da última vez.

Ele ergueu-se da mesa, sentindo-se traído pela vampira, que tinha ajudado Marshall a enfia-lo naquela aposta, mas se deu conta de que já vira as habilidades do vampiro com uma espada e acalmou-se, não tinha como ele ganhar, assim, declarou com toda a certeza:

— Essa aposta já está ganha.

***

— Au! — Jujuba exclamou.

Finn pediu desculpas, já era a terceira vez que pisava no pé da garota. O professor Menta tinha mandado a sala praticar a dança de salão e, mesmo os passos sendo fáceis, o loiro acabava errando. Jujuba tinha tomado conhecimento da aposta na hora do almoço e acabara detonando a certeza do loiro ao conversarem:

“— Finn, não tem como Marshall ganhar, ele é muito ruim, mas você vai precisar se esforçar para ganhar o primeiro lugar. Tem alguns alunos realmente bons que podem te dar trabalho.”

“— Bem, contanto que Marshall não ganhe eu não me importo de perder. —  ele disse sincero, a descoberta de que Marceline conspirava a favor do seu irmão, apesar de óbvia, o desanimara para o torneio.”

“— Ah, na verdade você tem que vencer o torneio! — ela dissera angustiada — Caso perca Marceline provavelmente o ordenara a obedecer ao Marshall por um dia!”.

No centro da sala de dança, os irmãos Abadeer rodopiavam propositalmente mais rápido do que o necessário, fazendo os pares ao redor afastarem-se temerosos de serem atingidos. Finn os observou por um tempo antes de indagar a princesa doce aos sussurros:

— Por que ninguém me disse?

Ele não precisava ser específico, Jujuba entendeu ao quê o humano se referia. Eles deram dois giros até ela o responder no mesmo tom baixo:

— É porque precisávamos ter certeza de que você não ia sair por aí contando aos quatro cantos de Ooo sobre isso, entende? — a princesa lançou um olhar sincero a Finn e disse: — É segredo.

Finn mastigou as últimas palavras de jujuba. Segredo. Marshall Abadeer, o herdeiro da Noitosfera, era gay. Não foi difícil para o loiro imaginar o porquê da preocupação para que essa informação não vazasse por aí. Então, ele voltou à atenção para Jujuba novamente e hesitou muito mais ao perguntar:

— E... Você s-sabe daquela outra coisa? — suas bochechas coraram ao lembrar-se do beijo e ele sacudiu um pouco a cabeça para afastar o pensamento.

— Que outra coisa? — a princesa doce indagou curiosa, para o enorme alívio de Finn.

— N-nada. — ele respondeu depressa.

Viu que Jujuba ia insistir, mas para sua sorte, Menta chamou a atenção da classe, mandando-os descansarem e o loiro a soltou rapidamente dizendo “preciso beber água” e assim fugindo da garota doce.

Ele de fato estava com a garganta seca, embora fosse mais por nervosismo do que pela dança. Sentia os lábios rachados e não demorou até chegar ao bebedouro no canto da sala, tomando um lugar na pequena fila de alunos que esperavam a vez para matar a sede.

— Ei, Mertens. — uma voz que ele não reconheceu de imediato o chamou perto de seu ombro esquerdo.

Finn virou a cabeça e se deparou com uma cabeleira loira e olhos verdes cintilantes envoltos por longos cílios cheios de rímel.

— O que é? — ele foi rude, gostava de Fionna tanto quanto de Chiclete, Lumpy, Cake e Schmid.

— Eu... Bem... — ela baixou os olhos, parecendo aflita, Finn franziu as sobrancelhas, a garota parecia realmente preocupada — Sei que não somos os melhores amigos...

— Não. — ele confirmou, se esforçando para manter sua frieza diante dos olhos lacrimosos que Fionna mirou nele.

—... Mas, eu preciso de sua ajuda! — ela soltou em um sussurro desesperado.

Agora os dois estavam de frente para o bebedouro. Finn encheu um copo descartável e teve poucos segundos para decidir se iria levar a loira a sério ou ignora-la. Ele olhou por cima do ombro e viu os Abadeer e Jujuba em um canto da sala, conversando com Flame e o tal BMO.

Suspirou pesadamente ao deixar seu senso de Cavalheiro falar mais alto, pegou um dos cotovelos de Fionna e a guiou para uma parte mais vazia da sala de dança.

— Diz logo o que é, quem sabe eu te ajudo. — falou com azedume e acabou pensando inconscientemente em Marceline.

Ela titubeou por um momento e olhou para a direita, Finn começou a beber sua água e viu que Fionna olhava para um grupinho onde se encontrava Chiclete, Lumpy e Cake além do Mister Músculos.

— Por favor, o Chiclete... Ele não me deixa em paz! F-fica me forçando a fazer coisas... — ela começou quando Finn amaçou o copo descartável — Preciso que me ajude a afasta-lo! Por-por favor!

Finn a encarou, espantado com a revelação, então Chiclete gostava de forçar garotas? Fionna não era flor que se cheirasse, mas ainda assim era uma garota. Ele sentiu uma raiva descomunal por Chiclete borbulhar em seu corpo, Cavalheiro algum poderia deixar uma Dama em uma situação como aquela.

— Diga-me o que devo fazer. — falou inclinando a cabeça, a voz grave.

***

Quando a aula de dança terminou, Finn não foi à cantina, seguiu direto para uma sala fazia no segundo andar do prédio. Ele lembrava pelo tour que tinha feito com os Abadeer, que aquele era um dos lugares “perfeitos para se namorar sem ser visto com selo Marceline de qualidade.”.

Ele não contara aos seus amigos para onde e o que ia fazer. Fionna o fez jurar guardar segredo, estava com medo do que Chiclete pudesse fazer caso o plano fracassasse e descobrisse que outras pessoas sabiam daquilo.

Finn entrou na sala e encostou a porta, passou os olhos pelo lugar cheio de carteiras e um birô. Por um momento pensou ter entrado na sala errada, mas acabou avistando um armário velho e feio no finalzinho da sala e foi até ele.

O plano era o seguinte: o loiro se esconderia naquele velho armário e esperaria que Chiclete chegasse com Fionna, quando ela desse o sinal (não quero mais que encoste em mim!), Finn saltaria para fora e daria uma merecida lição no primo de Jujuba.

Ele se enfiou no armário e se acomodou ao lado de algumas vassouras, encostando as portas do móvel e ficando no escuro, sozinho com seus pensamentos desordenados sobre qual a melhor forma de bater em Chiclete.

Depois de vários minutos, o loiro ouviu algo do lado de fora do armário. Vozes invadiram seus ouvidos:

“Vamos logo!”

“Eu já disse... eu deveria estar no treino das líderes de torcida...”

“Cala a boca e me obedeça. Deveria mesmo é ficar feliz por alguém como eu querer gastar meu tempo com você.”

Finn teve vontade de abandonar seu esconderijo de imediato e dar uns bons murros no metido, mas esperou pacientemente pelo sinal de Fionna. Concentrou-se nos barulhos de passos se aproximando.

“Venha aqui...”

“Não! Eu não quero...!”

Então, uma pancada na porta dupla do armário e um suave “clique” foram acompanhados por um curto silêncio, até que:

“HAHAHAHAHAHA”

A risada aguda e fina de Fionna fez Finn gelar. Ele percebeu o que acabara de acontecer, forçou a porta do armário, mas não adiantava, estava trancado.

“Não acredito que caiu nessa! Só podia ser um plebeuzinho burro mesmo!”

Chiclete zombou do outro lado. Finn sentiu a raiva subir sua cabeça, quente e revigorante. Ele começou a esmurrar a porta do armário com toda força e gritou:

— Me solta e me enfrenta como homem! Seu metidinho! Eu parto você em dois!

Chiclete e Fionna fizeram um coro de gargalhadas.

“Devia ter visto a cara dele! Todo sério esperando para salvar a donzela em perigo! Inocente!”

Mais risos e Finn bateu com mais força. Tinha sido enganado tão facilmente...

“A Lumpy te avisou Mertens, te disse para não andar com aqueles selvagens nojentos. No momento em que virou amigo deles, virou também nosso inimigo!”

Chiclete disse, a voz cheirando a triunfo, satisfação. E Fionna acrescentou em seguida:

“Adeusinho, Finn.”

Para o horror do loiro, o armário deu um solavanco terrível e pareceu despencar em um abismo. Finn gritou apavorado quando começou a flutuar dentro do móvel, por causa da velocidade da queda. Ele fechou os olhos, sem entender o que estava acontecendo, mas esperando pelo pior. Pensou em Marshall, Jujuba e Marceline de uma vez só...


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Notas finais do capítulo

Até o próximo capítulo, bye bye o/



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