Ninguém e todo mundo escrita por clarissa
Notas iniciais do capítulo
Irreparável, incomparável.
Agora que já passou, eu rio só de lembrar. É engraçado, porque finalmente percebo como ele estava desesperado, e como minha agonia por aquilo não era pouca. Assim que terminei de beber a água que ele havia me oferecido e pousei o copo vazio sobre a mesa, os lábios dele estavam sobre os meus. Não pouparei as especificidades: a língua dele estava em mim. Na boca, no queixo, no pescoço. As mãos, por onde as roupas permitiam (e até um pouco além, afinal, ele é experiente).
Foi intenso, se eu quiser descrever o momento de uma forma eufêmica. Eu suava, quase tremia. Sentia-me à mercê, e eu nunca amei tanto não ter o controle sobre determinada situação. Éramos urgentes e inerentes um ao outro. Eu estava lá, tentando controlar os sons que queriam sair roucos pela minha boca. Quase involuntário, impulsivo. Ele, eu sei, tentava lembrar-se de que tínhamos aula em alguns minutos, e que estávamos na cozinha, enquanto seus parentes aguardavam na sala.
Não sabíamos ao certo qual era o limite, uma vez que, subitamente, havíamos ultrapassado todos os que conhecíamos até então, deixando o pudor de lado e nos concentrando só em nossas necessidades. Não sabíamos mais o que eram regras e o significado de “consequências” era penas uma memória distante demais para ser pensada.
Foi momentâneo, foi quase ilegal, mas era necessário. A tensão que havia era demais. O desejo, tangível. Podíamos explodir de vontade a qualquer instante. Felizmente a bomba detonou entre quatro paredes.
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O fim, quase literal.