Bloodlines escrita por Srta Who


Capítulo 5
Capítulo V




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Capitulo V –  

Mortal War.

—Aquele seu amigo é sempre emburrado daquele jeito? – Vociferou Mikasa para Isabel.

Elas cruzavam lado a lado o centro da cidade, passando por cafeterias, lojas de roupas, fliperamas e todo o tipo de estabelecimento que se espera encontrar num lugar vibrante como Shiganshina.

—Levi é uma boa pessoa, só não sabe disso ainda. – A morena expressou um pequeno sorriso de divertimento.

—Vocês três parecem tão diferentes um do outro. Como acabaram amigos? – Isabel sorriu para si mesma lembrando em um breve lapso de tudo o que viveu desde cedo ao lado de Levi e Farlan.

—É uma longa história. – Respondeu pontuando sua resposta com um sorriso.

—Entendo. – Mikasa murmurou.

            As garotas seguiram caminhando, Isabel de vez enquanto dava uma pequena pausa nas histórias engraçadas que contava e apontava para Mikasa alguma loja, ou restaurante, indicando-a como uma boa opção ou um lugar que servia comidas espetaculares, e garantia que apesar disso eram lugares baratos de se frequentar.

            Elas caminharam até se afastarem do centro, onde visitaram alguns parques e acabaram entrando num cinema de rua para ver um filme do qual Isabel falou a semana inteira. Quando saíram já era noite.

—Eu disse que o filme era engraçado! – Isabel exclamou.

—Com um nome como “O ladrão de cadeira de rodas” eu ficaria decepcionada se fosse chato. – Ela respondeu entre risadinhas. 

—Quer beber um café? Aquele ali na frente é ótimo. – Isabel apontou para uma loja de fachada retro de tijolos marrons, e um grade vidro que deixava à mostra o interior do lugar, Mikasa concordou.

            Elas entraram na cafeteria e a morena ficou admirada com os bancos estofados vermelhos em contraste com as paredes em cores pasteis. Ela só tinha visto aquele tipo de design em fotos.

—Legal né? – A ruiva falou enquanto elas tomavam o caminho para a fila.

—Muito. – A outra respondeu ainda admirada e tentando observar o máximo de detalhes possível.

—Espera. – Isabel disse mais para si mesma do que para sua nova amiga. – O senhor não deveria estar protegendo a cidade ou experimentando sua capa de super-herói? – Ela questionou cutucando homem que estava logo à frente das duas na fila. Mikasa estranhou, mas não disse nada.

—E você não deveria estar criando uma cidade nova ou algo do gênero? – O loiro a frente delas respondeu se virando. – Quem é sua amiga?

—Levi não falou dela para você? Cruel. De qualquer forma. Mikasa, esse Erwin, loiro de verdade, pai das duas coisinhas mais fofas do mundo e responsável por nossa segurança. – Erwin deu um sorriso para a garota.

—Prazer em conhece-la, Mikasa. – O homem disse estendendo a mão.

—O prazer é todo meu. – A morena respondeu cumprimentando-o de volta. – É policial?

—Delegado do 304° DP, a seu dispor.

—Ah, e ele também é o irmão mais velho e não do mal do emburradinho. – Isabel adicionou.

—Irmão? Vocês não são muito parecidos.

—Isso, fiquem aí conversando que eu pego os cafés. – Isabel anunciou tomando o lugar de Erwin na fila que andava depressa.

—Eu e Levi somos só meio irmãos. – Ele disse se aproximando da garota.

—Parte de pai ou de mãe?

—De mãe.

—Humm.

—Espero que meu irmão não tenha te assustado, ele é um pouco... bem... você o conheceu, sabe do que estou falando.

—Talvez.

—Onde vocês estavam indo?

—A Isabel estava me mostrando a cidade, mas já é noite então acho que iriamos para casa depois do café.

—É uma boa ideia. Já perdi a conta de quantos pais nos ligam todas as noites nos mandando ir atrás de seus filhos. – O rosto de Mikasa perdeu completamente a expressão e seus olhos se inebriaram. –Está tudo bem?

—É que... meus pais morreram.

—Ah... eu... eu não sabia. – Erwin disse um tanto envergonhado.

—Não, está tudo bem. Isso foi há mais de dez anos atrás. – Então a conversa morreu entre os dois recém conhecidos, vez ou outra Erwin citava alguma trivialidade sobre a qual Mikasa concordava ou discordava e rapidamente voltava a se calar e adotava uma expressão pensativa. Isso prosseguiu por tortuosos dois minutos até que Isabel voltou com as bebidas.

—Puro e sem açúcar para o delegado. – Ela disse animadamente entregando o grande copo ao loiro. – Com leite e açúcar para mim, e um normal para Mikasa. Desculpa, eu não sabia de qual tipo você gostava.

—Tudo bem. – A morena disse sorrindo de uma forma ou de outra Isabel acertara. Mikasa nunca foi fã dos cafés extravagantes que as pessoas da união adoram tanto.

—Então, aonde você estava indo, Erwin?

—Eu ia visitar minha mãe.

—Que ótimo! O Farlan mencionou que ia jogar videogame com o tampinha, vamos?! – A ruiva sugeriu eufórica.

—Então acho que já vou indo. – Mikasa comentou.

—O que?! Que conversa é essa?! Você vai conosco, não vai Erwin?

—Não vejo problema.

—Está vendo, Mika? Vamos, por favor! – Mikasa não pode evitar um sorrisinho, fazia muito tempo desde que alguém a chamou de Mika pela última vez.

—Tudo bem. – Ela concordou por fim.

[...]

“Ding-Dong”

            A campainha soou do lado de fora propagando suas ondas sonoras de frequência una por todo o apartamento de paredes impecavelmente brancas. Kuchel, que dormia no quarto acordou e ficou desnorteada pelo barulho e pela intensa dor de cabeça que ainda lhe assolava.

            Ela olhou ao redor e para o próprio corpo, não lembrava de ter apagado a luz ou se coberto. A viúva sorriu para si mesma enquanto a imagem de Levi lhe vinha à cabeça. Ele era realmente um rapaz maravilhoso, ainda que se esforçasse ao máximo para não o demonstrar.

            Kuchel jogou para o lado as cobertas e pós os pês no chão, mas ao se levantar sentiu tudo girar, teve de se apoiar em sua mesa de cabeceira para evitar uma queda. Ela permaneceu ajoelhada no chão e respirando fundo tentando conter a latente vontade de vomitar. Após alguns momentos agonizantes tudo voltou ao normal e a mulher conseguiu, ainda que a passos lentos se dirigir até a sala, onde viu Levi que conversava com alguém a porta.

—Filho...? O que está acontecendo? – Ela perguntou tentando soar o mais casual possível.

—Você devia estar dormindo.

—Eu não sou inválida.  Quem está aí? – Kuchel se dirigiu a porta e ficou ao lado de Levi, de onde pode ver seu filho mais velho ao lado de Isabel e uma garota morena. – Levi, quem é essa?

—Mikasa, é uma aluna nova.

—Você não me falou de nenhuma aluna nova.

—Não era importante.

 -Bom, agora é. – O moreno deu os ombros. – Ora, não fiquem aí fora! Entrem. – Isabel parecia ser um membro da família a julgar pela naturalidade com que entrou e se jogou no sofá ao lado de Farlan que automaticamente sorriu e a cumprimentou. Mikasa pediu licença a seguiu sob o olhar de Levi. Ela ficou de pé ao lado sofá. Por último Erwin entrou e fechou a porta.

—Como vai mãe? – Ele disse abraçando-a.

—Bem. – Kuchel respondeu sorrindo. Erwin sorriu de volta, fingindo acreditar na mentira que sua mãe insistia em representar. Os três familiares sentaram. Levi no sofá ao lado de Isabel que animadamente contava ao atento Farlan sobre o filme ao qual assistira, o irmão mais velho e a mãe em duas poltronas que ficavam próximas ao sofá.

—Vai ficar em pé? – Levi, sempre indiferente, perguntou à morena.

—Não se preocupe. – Kuchel disse sorrindo. – Apesar da cara emburrada, meu filho não morde. – O rapaz revirou os olhos com o comentário da mãe. A garota sentou ao lado dele.

—O que você está fazendo aqui? – Ele murmurou o mais baixo possível para que as quatro outras pessoas que conversavam não o ouvissem.

—Seu irmão e Isabel que insistiram.

—Tsc. Francamente...

—Era só a droga de uma cadeira, não precisa ser grosso. – Ele pensou em retrucar, mas pela primeira vez em muito tempo se viu sem argumentos para tanto.

—Não estava no melhor dos dias.

—Jura?

—Acredite no que quiser. – Ele olhou para o lado. – Oh, Farlan, não vai jogar mais?

—É claro que não! Não viu que ele está conversando comigo? – Isabel respondeu sem dar a chance do amigo se pronunciar.

—Você por acaso é namorada dele? Deixe ele responder, cabeça de fogo. – Farlan encolheu os ombros.

—A-Acho que já foi o bastante por enquanto, Levi.

—Joga com a Mikasa. – Isabel sugeriu.

—Eu não humilho pirralhas.

—E eu não perco para nanicos. – Mikasa disse cansada da arrogância de Levi.

—O que você disse?

—Foi o que você ouviu. – Isabel riu. Erwin e Kuchel se levantaram para continuar a conversa na cozinha, eles sabiam que Levi levava à sério suas partidas de videogame.

—Muito bem. – Levi respondeu. – Vamos ver o que consegue fazer. – Ele indicou com a cabeça o controle que estava repousado sob a mesa de centro ao lado do console. Mikasa ficou apreensiva, na verdade ela nunca tinha jogado videogame algum na vida, só queria que aquele tampinha arrogante calasse a boca. “Não pode ser tão difícil” A morena pensou.

—Que jogo vai ser? – A garota perguntou agarrando o controle.

—Mortal War. – Ele disse pegando o controle remanescente.

—Isso, é injusto e você sabe, Levi. – Farlan disse.

—Por quê? – Mikasa questionou.

—Porque, esse é o jogo favorito do meu maninho, ninguém consegue ganhar dele. – Isabel respondeu.

—Fora que esse é um jogo velho que quase ninguém conhece. Duvido que Mikasa já tenha ouvido falar dele. – Farlan completou.

—Se ela é tão boa quanto acha que é o jogo não será um problema.

            De repente a tela da tv escureceu e uma tela cheia de quadradinhos com fotos de personagens surgiu. Mikasa ainda analisava o rosto de cada um deles enquanto Levi fez rapidamente sua escolha que foi ampliada do lado esquerdo tela. Um homem barbudo de aparência e vestimentas bizarras, o nome dele, segundo o quadradinho que agora estava cinza, era Weimar Jeaguer.

—Vamos lá pirralha, não temos a noite inteira. – Ela acabou optando por uma mulher de longos cabelos negros, uma tal de Mariane Ackerman. Levi deu uma risadinha ao ver o quadradinho ficar cinza e a imagem da mulher se ampliar do lado direito. – Boa escolha. Pronta? – Mikasa concordou com a cabeça.

            O rapaz apertou o botão de “próximo”. Os quadradinhos sumiram e foram substituídos por alguns que mostravam diversos ambientes, Levi escolheu um aleatoriamente. Enquanto o jogo carregava uma história começou a ser contada através de frases que iam aparecendo de acordo com as diferentes imagens que apareciam.

“Há muito tempo atrás, o mundo enlouqueceu de vez.

Tudo parecia perdido.

Até que super-humanos entraram na luta pela liberdade.

Quatro famílias, mudaram tudo.

Os Jeaguer, e sua força descomunal.

Os Ackerman com sua habilidade de guerra.

Os Alert e sua inteligência.

E os Reiss com seu instinto nato de liderança.

Agora, elas lutam entre si, numa guerra mortal. ”

            Assim que a última linha se formou as imagens sumiram, e os dois personagens escolhidos apareceram num campo aberto. A primeira partida foi rápida. Levi a derrotou em menos de um minuto. Ele deu um sorrisinho desdenhoso e zombou dela dizendo “Não foi você que disse que não perderia para mim? ”.

Ela pediu revanche. Da segunda vez ao menos conseguiu desviar de alguns golpes que Levi, ou melhor, Weimar lançava, então a batalha foi um pouco mais longa, mas Mikasa acabou perdendo. Da terceira, quarta, quinta e sexta vez ela conseguiu causar algum dano, mas ainda perdia. A sétima vez teve de ser interrompida porque a pizza que Kuchel pedira sem avisar a ninguém havia chegado.

            Os quatro foram comer na mesa, afinal, Levi jamais deixaria que eles sujassem o sofá ou o chão. Enquanto todos comiam, o moreno vez ou outra olhava para Mikasa e sorria, não um sorriso do tipo que se manda por estar feliz, estava mais para um “Então quer dizer que você não perde para nanicos? “.  O que fazia Mikasa ter vontade de pular em cima dele. Não amigavelmente falando, é claro.

            Assim que terminaram Mikasa praticamente correu para o sofá e pediu mais uma revanche. Sete, oito, nove, dez, onze, doze... trinta vezes, apesar dele ter começado a se esforçar para ganhar a partir da vigésima quinta todas elas acabaram da mesma forma, e quando ela pediu a trigésima primeira revanche já passava das dez.

—Acho melhor levar as garotas para casa. – Erwin comentou. – Já é tarde. Você vem, Farlan?

—Não, eu avisei a meus pais que dormiria aqui.

—Muito bem, Mikasa, Isabel, vamos? – Ambas se levantaram, embora Mikasa ainda estivesse com vontade de tentar mais uma partida sentiu que isso não levaria a nada e caminhou até Erwin ao lado de Isabel.

—Tchau senhora Smith, obrigada pela pizza. – Mikasa disse lembrando apenas do sobrenome com o qual a mulher se apresentara enquanto eles comiam.

—De nada. – Ela respondeu sorrindo.

—Mais sorte da próxima vez, pirralha. – Levi comentou enquanto elas saiam pela porta acompanhadas de seu irmão.

            Mais uma vez Mikasa teve de usar todo seu autocontrole para não o matar. 


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