Bloodlines escrita por Srta Who


Capítulo 2
Capítulo II


Notas iniciais do capítulo

Oi, como vão vocês? Tenho que falar algumas coisas (que na verdade eu deveria ter dito no primeiro capítulo, mas sou preguiçosa, e essa na verdade era uma das coisas que eu tinha para dizer, anyway...) As postagens serão irregulares porque... bem, porque eu sou preguiçosa, porque tenho outras trocentas fanfics e porque eu estou estudando, então complica um pouco meu lado.
Se eu não responder comentários não quer dizer que eu não li ou não gostei, na verdade eu amo ler os comentários de vocês, eu só sou meio atrapalhada, então eu esqueço que não respondi (Sorry 3)
Por fim. APROVEITEM! se eu escrevo é pra vocês lerem mesmo, é pra vocês se divertirem MESMO! Então espero que gostem.
Beijos darlings (sim, eu chamo meus leitores de 'darlings'). ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/704116/chapter/2

Capitulo II

A Vida é Engraçada.

Durante a revolução industrial, um momento de desenvolvimento tecnológico tão distante no tempo que apenas velhos professores de história sentados em suas poltronas conseguem recordar, houve a criação de um objeto essencial. Sem ele não teriam havido bombardeios, entregas secretas combinadas na calada da noite e os esportes, como a esgrima que se popularizou muito após o estabelecimento da família Reiss como soberana do novo mundo unificado, seriam muito diferentes. De fato, desde que o relógio foi criado o mundo mudou.

Agora, além dos já numerosos tópicos que abarrotam a lista de preocupações de um ser humano normal há uma extra: Não chegue atrasado.

Vai à uma formatura?

Não chegue atrasado.

Uma entrevista de emprego?

Não chegue atrasado.

Casamento?

A não ser que você seja a noiva, não chegue atrasado!

E se há alguém nesse mundo que odeia atrasos esse alguém é Levi.

Atraso para o rapaz nada mais era do que uma demonstração pura e simples de irresponsabilidade, imaturidade e falta de organização. Ironicamente, agora ele era quem estava correndo contra o relógio. Não que fosse “irresponsável”, “imaturo” ou “desorganizado”, não, nenhum desses adjetivos combinava com sua pessoa. Mas, não muito tempo atrás ele reviu seus conceitos, na verdade, certas vezes atrasos são justificáveis, e essa definitivamente era uma dessas raras ocasiões, afinal, o moreno não tinha ido dormir tarde, pelo contrário, se quer dormira, ele não tinha simplesmente tido preguiça de ir até a faculdade, ele raramente tinha preguiça. Sua mãe estava inconsciente num leito de hospital, e isso é motivo mais do que suficiente para se perder a hora.

            Levi cruzou apressadamente corredores e degraus que o separavam de sua, tão conhecida, sala de aula. “Segundo andar 38B, lado esquerdo do corredor, há três portas de distância do banheiro feminino. ” Essas foram exatamente as indicações que lhe deram na recepção em seu primeiro dia e agora elas estavam tão impregnadas em seu subconsciente que seria impossível para o rapaz esquece-las.

Ele se quer precisava pensar no caminho, suas pernas sabiam o que fazer e o faziam automaticamente, e como sempre, quando se deu por si Levi estava de frente com a porta de sua sala de aula. Ele bateu, e pode ouvir a voz do professor dizer “E o atrasado do dia é.... ” Seguido de risadinhas de alguns alunos. O rapaz entrou na sala e deu de cara com um senhor careca de rosto enrugado e com um lustroso bigode branco. Pixis, professor de geometria e reitor do curso de arquitetura.

—Você nunca cansa disso? – Levi reclamou carrancudo fechando a porta atrás de si. Não era a primeira vez que o velho fazia isso, na verdade, o professor criou um concurso chamado “os retardatários”. Ele fazia uma lista dos atrasados, e os “top três” ganhavam o “privilegio” de apresentar um trabalho extremamente complexo valendo uma nota insignificante, era isso ou perder 20% da nota final.

—Talvez se vocês chegassem na hora... agora vai sentar. – O moreno revirou os olhos e foi até seu tão conhecido lugar. Ele foi seguido por olhares curiosos, alguns davam pequenas risadinhas. “O que está acontecendo com esse bando de idiotas hoje? “ O rapaz passou por Farlan e Isabel, seus melhores, e possivelmente únicos amigos.

“Estranho”. Isabel não sorriu, ela sempre dava um enorme sorriso quando o via entrar na classe. E Farlan, que sempre estava atento ao professor encarava Levi com uma expressão meio sorrindo meio envergonhado. Quando finalmente parou de andar e olhou para baixo, ele entendeu.

 A vida é engraçada e imprevisível. Ela te dá golpes e mais golpes, e no fim, você se quer pode sentar em sua própria cadeira, porque ela está sendo ocupada por uma garota desastrada.

            Ela estava lá, com seus cabelos escuros caindo sobre os ombros, com sua mão pálida e de aparência macia apoiada no queixo, com seus olhos despreocupadamente fitando o professor, como se sempre tivesse estado lá, como se pertencesse àquela sala de aula, como se ele fosse o intruso, o invasor que por acaso esbarrara em seu caminho. Era a garota da rua.

Ele tinha de admitir, a garota era bonita, o tipo de beleza que não se via constantemente por esses distritos. Os cabelos combinavam perfeitamente com os dele, não eram marrons, loiros, ou ruivos, mas sim negros. Negros como somo só o inferno deveria ser. Ela se moveu parecendo desconfortável. Levi estava prestes a reclamar sua cadeira quando o olhar da morena desgrudou de Pixis, que dava algumas explicações sobre o conteúdo das próximas questões, e recaiu sobre ele. Como uma tigresa que observa a presa seus olhos vasculharam a expressão de aço do moreno. Ser observado daquela forma quase obscena por desconhecidos lhe dava lembranças.

Ele cerrou os punhos. Lembranças nada boas.

—Levi. – Os lábios cheios rosados deixaram escapar de uma forma tão natural que qualquer um poderia dizer que os dois eram conhecidos de longa data. Os olhos sempre cinzentos e inexpressivos foram coloridos com surpresa e curiosidade.

—Como você...? – O moreno encarou-a perplexo. Antes mesmo que pudesse terminar sua frase a garota apontou para o professor que, junto a boa parte da turma, os observava.

—Não vai se sentar? – O senhor que conduzia a aula perguntou. Levi piscou algumas vezes tentando se livrar da neblina quase hipnotizante que tomara conta de seu cérebro momentos antes. E quando a confusão se dissipou de sua mente ele lembrou que estava na sala de aula.

—Já- Já estaria sentado se essa... essa pirralha não estivesse no meu lugar.

—Mil perdões, minha jovem. – Pixis disse com um sorriso amarelo. – Levi, essa é Mikasa, a aluna que comentei com vocês semana passada. Mikasa, esse é Levi, a mais nova promessa da arquitetura moderna. E meia hora atrasado, portanto sentará no lugar que lhe convém. – Ele disse sorrindo, mas mantendo a autoridade na voz, um paradoxo bizarro que geralmente assustava 90% dos alunos.

—Mas... – Ele grunhiu entre os dentes.

—Ora, não seja cruel. – O professor reclamou. –Isabel pediu que ela sentasse aí. – Levi instantaneamente lançou um olhar de reprovação para a garota que virou a cara fingindo que os pequenos abismos cinzas de seu amigo não tentavam devora-la.

—Me desculpe. Não queria causar problemas. – Mikasa disse levantando e pondo suas coisas na cadeira de trás. O professor bufou, mas entendeu. Pixis sabia que no fundo Levi não era má pessoa, que dirá mal-educado, muito pelo contrário, o rapaz era mais polido do que boa parte dos velhos que o professor universitário já conhecera.

—Muito bem, se não há mais problemas podemos continuar a aula.

            O rapaz finalmente sentou. Ele tirou seu livro da mochila e rapidamente encontrou as questões as quais Pixis se referia. Elas pareciam todas simples. Muito simples. Então Levi puxou seu material e começou a responde-las, mergulhando fundo na perfeição simplista e simétrica da geometria. Era comum para ele perder a consciência do que fazia enquanto estudava. Geralmente perdia a si mesmo nas aulas e só voltava a se encontrar quando Isabel o chamava, dizendo que eram os últimos na sala de aula. E dessa vez não foi diferente.

—Levi. – Farlan chamou.

—Ei, tampinha! – Isabel completou.

—Ele está bem? – Mikasa perguntou.

—Está ótimo! Esse anão sempre faz isso.

—Como fazem para...

—É bem fácil. – Respondeu Farlan. –Isabel. É sua vez. – Ele comentou.

—Mas é sempre minha vez! 

—Isabel!

—Tudo bem. – A garota suspirou. – Levi. Tem gente jogando lixo na sala. – Ele instantaneamente levantou a cabeça com uma expressão sinistra.

—Quem são os porcos?! – O moreno grunhiu. Seus amigos caíram na gargalhada. –Malditos! Onde está o resto da classe?

—Temos mesmo de responder? – Farlan indagou.

—Se todos foram embora, o que essa pirralha faz aqui?

—Isabel prometeu lhe apresentar o campus.

—Farlan! – A menina reclamou. Levi esfregou os olhos.

—Bem, vão ter de mostra-lo sozinhos. Tenho um compromisso. – Não foram necessárias explicações demoradas, nem mesmo longos momentos de reflexão. Farlan e Isabel conheciam o amigo há tempo o bastante para saber quando ele não estava bem. E o conheciam bem demais para se quer cogitar a razão disso. “Kuchel” ambos pensaram.

—Se cuida, irmãozinho.

—Eles são irmãos? – Mikasa murmurou para Farlan sorriu.

—Quase isso.

...

—Quanto tempo até... você sabe? – Questionou Erwin que há essa altura já secara as lágrimas e ocupava a pequena poltrona branca ao lado da cama de hospital.

—Eu não sei. Podem ser dois dias ou dois anos. É imprevisível.

 A vida é engraçada. O delegado Smith, como o chamam, lida com a morte de desconhecidos todos os dias, ele deveria estar acostumado a ver a vida chegar ao fim. Mas isso é diferente. Quando se trata de sua família, é diferente.

—Como você espera que eu faça isso? Como espera que eu minta para meu irmão? – O loiro murmurou cabisbaixo.

—Sei o quanto ama Levi. E eu o amo da mesma forma. Ambos faríamos de tudo para vê-lo feliz, porque sabemos que ele faria o mesmo por nós. Então deixe-o ser feliz, deixe-o aproveitar a vida um pouco mais. – Fez-se um longo e incomodo silencio entre os dois.

—Ele vai me odiar. – A voz grave cortou a quietude como uma faca afiada.

—Ele vai entender. – Kuchel o corrigiu com um tom suave que fez Erwin pensar no quanto amava a voz da mãe. No quão doce e ponderada ela soava, e no quanto ele sentiria falta daquela voz que lhe dava tanta segurança. –Confie em mim. – O homem bufou.

—Você é minha mãe. Se não confiar em você, em quem vou confiar? – Kuchel sorriu. Entretanto, seu sorriso já não possuía o mesmo brilho de anos atrás. Estava opaco e cansado, mas de alguma forma, ela ainda conseguia parecer um anjo. Um anjo sujo de asas quebradas.

—Er. – A mulher chamou sentindo a voz sumir na garganta.

—Sim?

—Há mais uma coisa que preciso lhe contar. – Seu coração batia apertado. A pressão do ar parecia ter aumentado subitamente.

—O que?

—Você lembra de quando tinha 10 anos?

—Algumas coisas.

—Das férias, quando foi para aquele acampamento?

—Lembro de voltar e descobrir que você estava grávida de Levi. – A porta de correr do leito foi aberta e a voz rouca de Levi foi ouvida.

—Que falta de educação Erwin, falando de mim quando não estou presente. – Ele entrou no quarto de hospital com uma expressão não muito amigável que logo foi substituída por algo que lembrava vagamente um sorriso ao ver sua mãe acordada. –Você disse que ia me ligar se ela acordasse. – O moreno reclamou. O loiro de os ombros.

—A bateria acabou.

—Que pedisse a droga de um carregador! – Ele grunhiu.

—Isso aqui é um hospital, tampinha. Eu não ia sair por aí pedindo um carregador.

—Porra, já disse para não me chamar assim. Tem problemas de audição?

—Quase tão grave quanto seu déficit de GH.

Kuchel observou a cena. Normalmente ela teria dado uma bronca nos dois, mas dessa vez, a mulher riu gostosamente da situação, chamando a atenção dos dois que a encararam. Levi com curiosidade e Erwin com um sorriso de compreensão.

—Lê, Er. Venham aqui. – Os homens se aproximaram. A mulher os puxou pelo pescoço e os abraçou. – Eu tenho tanta sorte de ter vocês como filhos. Eu os amo tanto. – Kuchel deu um beijo em cada um, sentindo lagrimas descerem de seus olhos.

Levi não entendeu porque sua mãe, sempre tão forte, estava chorando daquela forma. Ele a abraçou de volta confuso. Erwin por outro lado a compreendia. Ela estava pronta para morrer, mas não para deixá-los. Ele a abraçou com tristeza, pois também não queria que sua mãe se fosse.

De fato, a vida é engraçada, mas tem um trágico senso de humor.    


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

♥ ♥ ♥ ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Bloodlines" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.