Uma nova História escrita por Adhara Mckinnon Black


Capítulo 2
Katherine Moore


Notas iniciais do capítulo

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Aquela noite, a dona do orfanato, senhora Clarisse Moore, acordou com o som da campainha e nervosa com quem poderia ser àquela hora, desceu as escadas junto ao seu marido, apenas para encontrar um bebê em um cesto na porta de sua casa. Sem nenhuma carta, nem bilhete, nem o nome da pequena criaturinha, somente uma criança indefesa e um pingente.

Como era um orfanato, obviamente eles a acolheram, mesmo o senhor Moore não ter gostado nada daquela historia. Ele odiava crianças. Mas mesmos assim, a senhora acolheu aquela garotinha e a batizou como Katherine Moore, um nome que significava pureza e castidade, igual a ela. Sempre quisera ter filhos, só que não podia. Então resolvera montar um orfanato para acolher crianças que não tinha pais. Era ironia, ela que sempre quis ter filhos e não podendo, cuidando de crianças com todo o amor, que mulheres que receberam a benção de ter filhos, para logo depois os abandonarem. O marido concordou em dar o nome aquela criança, mas era só isso. Só o nome. O bebe continuaria sendo órfão, para qualquer um adotar, a senhora não a trataria como filha, simplesmente pelo fato de não ser sua. Era seu acordo. E assim foi feito. A primeira a inaugurar aquele lugar.

O tempo fora passando, mais crianças foram chegando, crianças indo embora, era essa a vida no orfanato Steven. Quatro anos depois de nossa pequena ser largada aquela porta, Katherine sempre brincava sozinha, não porque não tinha crianças da sua idade, pelo menos não só por isso. Todos caçoavam dela porque era estranha. Fazia coisas estranhas e era punida pelas crianças mais velhas. Então sempre ficava só. E se vocês estão pensando que ela era amada, estão errados. A única pessoa que poderia dar carinho a ela era dona Clarisse, mas esta afeição passou assim que ela começou a fazer esquisitices, apesar de que dona Clarisse era a única que demonstrava mais que desprezo ou qualquer sentimento ruim por ela, mesmo que raramente. Nossa protagonista sofreu e muito, principalmente aos cinco anos, quando dona do orfanato, após entregar seu colar em forma de estrela e explicar como ela fora parar naquele lugar, faleceu dois dias depois, após a pequenina sair dos aposentos da mesma. Muitos acreditavam que ela tinha matado a boa senhora, ninguém sabia da verdade, só ela e o senhor Moore. Acabou que mesmo sendo a menor daquele local, ela que fazia as atividades domésticas, e era severamente punida se descumprisse as ordens.

Katherine ou apenas Kathy, era uma garotinha muito bonita. Tinha uma beleza extraordinária para uma criança de cinco anos. Pele branquinha, cabelos pretos longos e lisos, mas com as pontas cacheadas, boca bem desenhada, parecia uma pequena modelo. Mas o que encantava eram seus olhos. Azuis acinzentados, que quando tinha sentimentos intensos como a raiva, tristeza ou alegria, ficavam mais fortes, prevalecendo mais o cinza do que a cor azulado. Era um encanto. Tinha um rostinho de anjo que poderia enganar quem não a conhecesse, já que quem a conhece dizia que ela era o próprio demônio mesmo com pouca idade. Adorava aprontar, e por que não aprontar com aqueles que a machucavam e a ofendiam a vida toda? Eles são mais velhos, então que aguentassem as consequências.

O dia 27 de abril ficou sendo seu aniversario, já que fora encontrada nesta data. Mas ela nunca comemorava. Não tinha amigos, e do pessoal do orfanato, ninguém se importava o bastante. Até o dia que ela chegou. Melody Becker.

Melody, ou somente Mel, era uma garotinha doce, cabelos e olhos castanho-claro, cinco anos, a caçula da família, tinha acabado de perder a mãe, o pai nunca conhecera. Possuía dois irmãos mais velhos, mas nenhum de maior a ponto de se sustentarem sozinhos. Como não tinham nenhum familiar para ficar com a guarda dos irmãos Becker, o resultado, foi todos morarem no orfanato Steven. Logo de cara, Mel e Kathy ficaram amigas. Melhores amigas na verdade. Eram inseparáveis. Uma estava lá para a outra, e mesmo com o aviso dos órfãos mais velhos sobre a esquisitice da veterana, Mel não se afastou de Katherine.

Essa amizade era algo puro que só ambas possuíam. Pareciam que eram irmãs gêmeas, uma sabia o que a outra pensava, aprontavam juntas, não se via uma sem a outra. Estavam sempre unidas, na alegria, nas tristezas, principalmente quando os irmãos de Melody foram embora, as duas estavam lá. Era realmente bonito de se olhar. Era mágico.

Pena que isso não durou.

Todos do orfanato possuíam medo do senhor Moore. Era um senhor muito estranho e que dava calafrios nas crianças. Ninguém ousava desrespeitar suas ordens, pois eram severamente punidos. A única que não tinha juízo era nossa querida menina dos olhos azuis-acinzentados-misteriosos. Mas não fazia isso para desafia-lo. Não, não. Era porque a pequena sabia segredos terríveis do homem, mas nunca tivera coragem para contar a ninguém, nem mesmo a sua melhor amiga. Então sempre ficava na mesma situação, o que não quer dizer que nossa morena não era punida. Oh deus! Logico que não. Kathy era a que mais sofria castigos, apesar de isso nunca para-la. Talvez seja a forma do dono do orfanato esconder seu segredo ao punir a pequena, mas como vamos saber?

Ate agora nossa historia não teve nada demais. Então vou passar para a parte que a vida de nossa protagonista muda drasticamente.

Três anos depois, o orfanato Steven continuava o mesmo pra quem via de fora, mas para quem morava lá tudo tinha mudado. Na verdade, só quem morava naquele bairro sabia que aquele casarão um dia fora um orfanato. Isso mesmo caro leitores, vocês não leram errado. Poucos sabiam que naquela casa enorme, ainda morava uma órfã. A nossa órfã. Todas as outras crianças foram transferidas a outros orfanatos, uns adotados, outros ficaram maiores e simplesmente seguiram suas vidas. Mas não ela. Kathy continuou naquele lugar que atormenta seus sonhos todas as malditas noites. Isso não deveria acontecer a uma criança de apenas oito anos. Quando completara sete anos, Katherine estava muito feliz. Pela primeira vez, o destino permitira que ela fosse feliz. A permitira ter uma irmã, e mesmo que não possuíssem o mesmo sangue, quem ligava? Elas não. Ela estava feliz, não desejava mais nada. Em todos os natais ela via as crianças pedindo brinquedos, roupas, coisas que desejavam, mas ela só queria uma família, ou simplesmente ser feliz. Nunca acreditara em papai Noel, e nunca acreditara que seus desejos um dia fossem se realizar, e quando o destino colocara em sua vida sua irmã de coração, fora extremamente grata e nunca pedira mais nada, nem quando queria aquela boneca de porcelana que vira na vitrine, ela pediu. Sabia que não necessitava de mais nada. Portanto, quando naquele fatídico dia que a vida lhe tirou a pessoa mais importante pra ela, não foi surpresa Katherine ter se fechado. Era triste. O mundo estava vazio agora. Não tinha mais cor, era tudo frio, não possuía fé. A vida era muito injusta e cruel que tirava pessoas boas do mundo e deixava as ruins. Kathy não queria pensar, pois se pensasse, sentiria, e ela não poderia sentir. Não queria sentir. E foi o que ela fizera por anos e anos. Não sentiu.

É até pecado uma criança sofrer desse jeito, mas não é como se já não estivéssemos acostumados com as crueldades que soubemos da história do menino Harry Potter. Na verdade é bem triste, que criança passa por isso? Bem... Continuemos.

Depois daquela noite, tudo mudou. Cada um foi para um canto e deixara nossa pequena. Quem tomava conta do orfanato agora era madame Josefine, uma amante do senhor Moore. Este, ela não sabia onde estava, e que continuasse assim na opinião de Kathy, não faria falta. Naquela casa morava apenas madame Josefine, sua filha mais velha Scarlet, da idade dela e a própria Katherine.

Quem cuidava da casa era obviamente Kathy.

Aos nove anos, reencontrou um rapaz mais velho que morou no orfanato por um tempo e que se preocupava realmente com ela. Gabriel, de 19 anos virou um irmão para Katherine, assim como Brian de 11, irmão de Gabriel. Ensinaram muay thai e ju jitsu e com dez anos, era melhor que eles. Era considerada a caçula da pequena família, que consistia somente os dois e a noiva de Gabriel, Julia, que também amava a pequena.

Nos seus dez anos, muita coisa aconteceu. Um bebê foi deixado à porta do antigo orfanato e madame Josefine a acolheu, mesmo que tenha sido por insistência da nossa pequena morena. Com pena da pobre criança que provavelmente iria sofrer nas mãos daquelas duas, Katherine ajuda a cuidar da pequena Anne, querendo ensinar bons valores a ela quando crescer. Gabriel casou e Julia passou a ser sua irmã também. Quando precisava de ajuda com ´´assuntos de mulher´´, recorria à moça. Aprendera tudo com ela, desde a se vestir, a usar maquiagem, se portar perante a sociedade, claro que este a senhora Josefine jamais iria deixar uma garotinha, principalmente uma que fazia coisas esquisitas, no mesmo teto que seus ilustres convidados sem saber como se portar, e ate segredos que mulheres jamais contam. Enfim, aquela moça foi o mais próximo de uma mãe que Kathy conheceu.

Essa foi à vida que Katherine foi levando ate a chegada de certa carta. Não se podia dizer que ela gostava, mas ate que foram úteis alguns ensinamentos durante aqueles anos. Aprendeu outras línguas, a dançar musica clássica, tocar piano era essencial. O que mais amava fazer era tocar e cantar, apesar de Josefine não saber deste dom. Queria ser cantora, mas não era um sonho realmente. Além do piano, tocar violão, guitarra e violino. Sabia além do inglês, o francês, italiano, espanhol e um pouco de português. Cozinhava todo o tipo de receita, gostava de inventar. Ela aprendera sozinha e tinha muito orgulho disso. Sua mesada, mesmo sendo muito pouco, economizava desde os quatro anos, quando todo mundo do orfanato ganhava uma pequena quantia para comprar o que quisesse, geralmente doces, mas ela nunca gastava, achava desnecessário. E quando passou ser somente ela e Scarlet a mesada aumentou, mesmo continuando a ser pouco pra menina órfã, então sempre guardava. Queria sair daquele lugar, por isso de vez em quando ajudava no bar do seu Geraldo a limpar os pratos, ou limpar o chão, para ganhar uns trocados e juntar com o que tinha. Era a que cuidava de Anne. Sempre ia lutar com os ´´irmãos´´ e conversar com a cunhada sobre moda. Ate gostava da vida que tinha, tirando a escola, onde não tinha amigos, mas este é apenas um detalhe.


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