A garota do clube escrita por Miss Lamarr


Capítulo 5
Percy


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal, tudo bem com vocês?
Capítulo novo o/ o/ o/
Eu gostei bastante do final, espero que gostem também.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/703825/chapter/5

Percy suava frio. Nem mesmo ele sabia o motivo de tanto medo, era só um senhor uns vinte e tantos anos mais velho que ele. O fato era que ele assustava-o, ele não fazia o estilo meia-idade que trabalhava em uma oficina de conserto das nove até as cinco, tampouco o estilo vovô. Ele tinha uma feição de mafioso, horrível o suficiente para fazer Percy dobrar seus joelhos. Quando mais perto do senhor ele chegava, mais ansiedade ele tinha, e não do tipo boa.

O homem parecia se divertir com as mesmas garotas que Percy tinha visto da última vez, elas trançavam suas pernas em volta de sua barriga saliente, bajulando-o a todo instante. Elas nem pareciam se incomodar com a fumaça que ele soprava em seus rostos.

— Senhor Thompson? — Chamou. Sua voz saiu mais estridente do que gostaria.

Sua risada se cessou. Ele afastou gentilmente o corpo das garotas, desafiando o olhar de Percy com um ar curioso. Estalou o suspensório preso em uma calça preta e comprida contra si mesmo, e abriu um sorriso medonho de lado.

— Posso ajudar, garoto?

— Bem, sim. — Percy engoliu a seco. — Eu preciso de um emprego e sabe, eu sou bom com muitas coisas, tenho certeza que posso ser útil. Eu não quero incomodá-lo, só que eu realmente preciso, é um caso de urgência e...

— Oh, céus! — Interrompeu-o. — Uma coisa de cada vez. Eu consigo ouvir o desespero em suas palavras. Se acalme!

— Desculpe, senhor. — Abaixou os olhos, envergonhado.

— Você tem alguma profissão, rapaz?

— Eu sou jornalista. — Respondeu. — Ou era, eu não...

— Tudo bem. — Ele cortou sua fala, rolando os olhos para cima. — E eu tenho cara de quem contrata jornalistas? Esse lugar parece fazer notícias?

— Não, mas...

— Foi o que eu pensei. — Thompson deu um passo para trás, se aninhando novamente nas meninas e ignorando o fato de Percy estar parado feito uma planta em sua frente.

Percy suspirou, frustrado. O velho voltou a fumar e ele quis definitivamente socá-lo.

— Annabeth quem me mandou até o senhor. — Falou, chamando a atenção do homem.

Ele tornou a olhar para Percy, que parecia ter acabado de se materializar ali. Tirou o charuto da boca e disse com a voz rouca:

— Volte mais tarde, estou ocupado.

Percy sabia o que a frase significava. Era algo como "desiste, por favor", entretanto ele não poderia se dar esse luxo.

— Qualquer coisa, cara. — Bufou. — Eu não tenho tempo para jogar fora.

O senhor inspirou e expirou, aparentando cansaço. Ele colocou a mão pesada sobre o ombro de Percy.

— Vá até a Annabeth, fale para ela te dar um emprego. — Murmurou. — E não venha me incomodar mais até a próxima década.

Uma pontada de felicidade surgiu no coração de Percy, ele sorriu ligeiramente e afirmou com a cabeça, como forma de agradecimento. Se afastou e saiu para procurar Annabeth.

Em poucos passos viu Annabeth sentada em um banco ao lado do bar do clube. Mais uma vez, ele agradecia por ser um clube pequeno, isso facilitava muito sua vida. Eles trocaram olhares não tão distantes, e ele caminhou até ela.

— E aí, senhor Jackson? — Ela cruzou as pernas. — Conseguiu um trabalho?

— Não. — Riu.

— Uau. — Annabeth riu de volta. — Mais uma vez mostrando-se mestre em fracassar nas coisas.

— Sem graça. — Bateu o cotovelo no seu braço levemente. — Ele falou para você me dar um emprego.

— Claro que sim, ele está muito ocupado com as duas mocinhas ali. — Comentou, em uma expressão sarcástica e odienta.

— Isso me fez pensar que já que é você que vai me escolher um emprego — Sentou-se ao lado da garota. — você poderia escolher algo importante, que me rendesse coisas legais.

— Importante?

— Sim! — Retornou, feliz.

— Tipo, um cargo mais alto?

— Sim!

— Que te rendesse coisas legais.

— Aham.

— Hum. — Deu um último gole na sua bebida.

— E então? — Sorriu para Annabeth.

— Pode começar preparando meu drink, barman. — Gargalhou. — De segunda até sábado, do meio dia até dez da noite, seu lugar é o bar.

— Está falando sério? — Perguntou, chateado. — Poxa, Annie.

— Senhorita. — Corrigiu-o. — Anda, se ajeite. Vou mandar Thalia sair do bar, ela fica sobrecarregada demais.

— Eu não acredito. — Protestou.

— Comece a acreditar então, garotão. — Ela riu, balançando os cabelos. — E sai com essas lágrimas masculinas de perto de mim.

— Ei!

Annabeth levantou-se do banco, fazendo estalos com seu salto alto. Ela virou-se e jogou um beijo, desenhando com a boca um boa sorte.

— Obrigado, eu acho.

~~~~~~

O pano úmido na mão de Percy corria por todo o balcão. Os sons no clube iam ficando cada vez mais fracos, e as luzes cada vez mais baixas, indicando que a maioria das pessoas estava indo embora. Ainda sim, ele tinha trabalho a fazer, tinha que terminar de limpar o bar antes de ir para a casa.

Ele suspirava vez ou outra, cansado. Porém era seu primeiro dia de trabalho, tinha que dar o melhor de si mesmo, mesmo que ninguém estivesse vendo.

— Bom trabalho, Percy.

O rapaz subiu seu olhar, reconhecendo a voz feminina. Annabeth estava em pé na frente do balcão, e o que mais o surpreendeu foi a garota não estar usando maquiagem ou penteados altos e rebuscados. Era somente ela ao natural, longos cachos loiros caindo por suas costas e ombros, sobrancelhas claras, olheiras arroxeadas, lábios rachados e vestido comprido de cor neutra junto com sapatilhas rosas.

— Pensei que já tinha ido para casa.

— Eu vou depois de todo mundo. — Se sentou em um dos bancos. — Fico conversando com Loretta depois que ela coloca Melvin para dormir, e aí vou embora.

— Entendo. — Falou. — Quer que eu te acompanhe até em casa? Eu já terminei aqui.

— Ah, não, muito obrigada. — Sorriu sem mostrar os dentes. — Já cuido de mim faz um tempo.

Percy repousou o pano no canto do balcão e secou as mãos na roupa, enquanto Annabeth permanecia quieta, observando o ambiente. Ele contornou o balcão e se sentou ao lado dela.

— Você não é daqui, não? — Perguntou para a moça. — Digo, seu sotaque não é muito nova-iorquino.

— Eu nasci na Califórnia. — Respondeu. — Mais precisamente, em São Francisco.

— Por que veio para cá? — Ele fitou sua expressão, ao mesmo tempo serena e exausta. — Se me permite a pergunta.

— Sai de casa aos 17 anos, fiquei um tempo por aí, sabe, na vida. — Annabeth parecia tranquila ao falar, mas Percy tinha a sensação de que a qualquer momento sua voz fosse falhar. — Depois fui com uns amigos de carro até a casa da tia de um deles, na Virgínia, e lá decidi que era em uma grande cidade que eu lançaria meus dados da sorte, então eles me trouxeram para Nova York. Aqui estou desde os 19 anos.

— Você era muito nova. — Assobiou, surpreso.

— É, não tinha nem terminado o colegial. — Sorriu, com o olhar distante. — Fui terminar quando cheguei em Nova York, e bem, não é a mesma coisa. Nem tive um baile de formatura.

Annabeth deu uma risada fraca, embora Percy notasse frustação nela desde o momento em que começou a contar a história.

Ele se levantou e foi correndo para perto do palco, onde havia um painel. Como em um passe de mágica, Annabeth tinha perdido o rapaz de vista.

— O que está fazendo? — Gritou para ele.

— Já vai saber em um instante. — Gritou de volta. — Não vou demorar.

Percy começou a ajustar as luzes, aumentando-as e diminuindo-as até que ficasse no ponto perfeito. Ele conseguia imaginar o semblante confuso de Annabeth mesmo sem vê-lo.

Quando conseguiu realizar o feito, voltou correndo, na mesma velocidade que tinha ido, e encontrou Annabeth como imaginara: confusa.

— Vamos ter um baile agora. — Ele deu uma piscadela para ela. — Me concede uma dança, senhorita?

Ele estendeu o braço direito para ela, que começou a rir alto.

— Você é estranho.

— Agradeço o elogio.

Ela pegou seu braço e se levantou, deixando ele a puxar para si. Quando chegaram mais perto um do outro, ela soltou outra risada.

— Sem música?

— Você pode imaginar uma música boa na sua cabeça, uma que goste muito. — Ele pegou sua mão, iniciando movimentos lentos e sinuosos. — Você é cantora, imagino que não tenha dificuldade.

— Não completamente cantora, mas cantora. — Comentou a moça. — Porém sim, acho que consigo imaginar alguma.

— Que bom.

Eles continuaram a dançar. Percy pode notar Annabeth com os olhos fechados, sua cabeça se movia lentamente, de um lado para o outro, apreciando a dança. Era uma bela cena, ele gostava de observá-la. E sem dúvida alguma, gostava de dançar com ela.

Annabeth se afastou delicadamente do rapaz e abaixou-se tirando as sapatilhas de seus pés. Quando Percy achou que a dança tinha chegado ao fim, ela atirou as sapatilhas para longe e voltou a se enrolar com ele.

— Bem melhor assim. — Murmurou, provavelmente falando consigo mesma.

Entre um movimento e outro, Percy girou-a e deixou a cair em seus braços. Nem por um segundo sequer ela abriu os olhos, ele admirava a garota por ser tão confiante.

Annabeth riu, contente. Agora Percy tinha certeza de algo, sua risada poderia evitar guerras, ou começa-las. Ela era bonita rindo. Em uma melhor e mais justa observação, bonita de qualquer forma.

— Juro. — Sussurrou em seu ouvido. — Me sinto com 17 outra vez.

— Então cumpri minha missão. — Ele sussurrou de volta.

Annabeth abriu os olhos, e eles se separaram. A dança havia terminado. Ambos sorriram de satisfação, ela suspirou e se virou para buscar as sapatilhas.

— Eu gostei. — Ela disse.

— Eu também. — Devolveu. — Acho que finalmente fiz algo que agrada a moça geniosa que aqui se encontra.

— Bobo! — Annabeth mostrou-lhe a língua. — Sabe de uma coisa?

— O quê? — Perguntou.

— Merecemos uma bebida antes de irmos para casa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A garota do clube" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.