A garota do clube escrita por Miss Lamarr


Capítulo 2
Percy


Notas iniciais do capítulo

Aí vamos para o primeiro capítulo, espero que gostem! :)



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O relógio no alto da parede marcava sete horas e dezesseis minutos. Percy estava sentado em uma das cadeiras que pouco tempo atrás tinha sido o cenário de uma briga. Épica, se pudesse assim dizer. Ele tinha de admitir que minutos depois do fim daquilo tinha dado boas gargalhadas lembrando. Agora, ele estava de volta. Ele precisava entrevistar a moça, ele precisava fazer alguma matéria sobre essa briga no jornal, antes que algo ruim acontecesse com seu emprego. Ele só precisava encontrar a garota, que parecia ter sumido em um passe de mágica.

As luzes começaram a abaixar, ficando cada vez mais fracas. Um homem de paletó subiu no palco do clube, atraindo a atenção de todos.

— Nós do Buffalo Club temos o imenso prazer de apresentar The Attagirls. — Ele balançou o microfone em sua mão, e logo o deixou, enquanto três mulheres subiam, sacudindo suas roupas e checando se não tinha nada de errado no próprio corpo. Elas faziam os mesmos movimentos para se arrumarem, como se fosse corriqueiro. — Se apressem, garotas!

Lá estava ela! A moça da briga estava lá! Estava no meio das outras duas, e foi a primeira a abrir a boca, dando sua melhor nota ao público que gritou-lhe elogios. Ela fazia a voz principal, as outras duas a acompanhavam. O som era agradável, Percy logo notou que a música pertencia a Elvis Presley.

Annabeth, ou quem ele achava que fosse Annabeth, estava vestindo um vestido rosa na altura do joelho e o mesmo sapato da briga, seu cabelo estava em um penteado alto e com muitas ondas, ele não imagina o quanto de laquê tinha naquilo, mas era inegavelmente bonito. A companheira de palco do seu lado esquerdo tinha olhos azuis chamativos, o cabelo curto e escuro com ondas suaves, usava um vestido azul com listras e justo no busto, seu sapato não tinha salto, era vermelho e combinava com a bandana na sua cabeça. A companheira do lado direito deixava seus cabelos soltos, em ondas abertas e castanhas, usava uma espécie de conjunto com frutas desenhadas na estampa, usava salto alto grande e azul.

Elas continuaram a cantar por um tempo, era notável que a apresentação das três estava sendo ótima, Percy tinha certeza que voltaria aqui mais vezes, mesmo que não tivesse trabalho a fazer.

A luzes voltaram a ficar altas e o som encerrou. Annabeth abriu um grande sorriso, enquanto apertava a mão de suas colegas, se entreolhando e sorrindo, todas juntas. O local foi tomado por aplausos e gritos, mesmo sendo um clube relativamente pequeno, Percy não duvidou da capacidade das pessoas de fazerem barulho. Ele bateu palmas e deu um sorriso satisfeito, fazendo parecer que ele mesmo tinha organizado aquilo tudo.

Elas foram para o coxia, e ele suspirou, amargurado. Tinha perdido a moça de vista outra vez, mas felizmente não durou muito, pois ela voltou a sua vista. Descalça e conversando com algumas pessoas ao seu redor.

Percy se levantou e andou rápido até a moça, cutucando-a por trás.

— Annabeth. — Chamou.

— Sim? — Ela se virou surpresa, talvez desconfiando o motivo do rapaz saber seu nome.

— Podemos conversar?

Ela sussurrou alguma coisas para as amigas que a rodeavam e deu alguns passos para a frente, puxando Percy com ela e se distanciando da multidão.

— Bom, se não for me pedir dinheiro nem sexo, podemos conversar.

Percy sentiu-se intimidado, não sabendo se ela estava falando sério ou não, mas quando ela começou a rir, ele achou a segunda opção mais provável.

— Pode falar.

— Quer tomar alguma coisa? - Perguntou, puxando uma cadeira para ela e se sentando em sua frente.

— Aceito refrigerante de uva. - Ela se ajeitou na cadeira.

Percy chamou a garçonete mais próxima e fez o pedido. Quando ficaram apenas os dois, ele sorriu para ela.

— Você canta bem. — Comentou. — O show foi ótimo.

Annabeth permaneceu quieta por alguns segundos, ela deveria estar achando que era apenas uma brincadeira. Por fim, sorriu.

— É, minha sintonia hoje está exatamente com o senhor Presley. — Disse, bem humorada. — Gostava do nosso grupo antes?

— É a primeira vez que venho aqui.

— Uh. — Ela deu um gole generoso no refrigerante que havia acabado de chegar, com expressão de desgosto. — Então nos achou bonitas, fúteis, de péssimo gosto para nomes de grupos e só está sendo gentil.

— Tudo bem, o nome é estranho.

— Gíria dos loucos anos 20, eu os amo. — Ela falou. — É claro que você não conhece, jornalista.

Percy encarou os olhos de Annabeth, cobertos por maquiagem preta e desafiadores. Tentou desviar o olhar, porém ela definitivamente tinha poderes que não o deixavam fazê-lo . Ele não queria imaginar quais mais.

— Como sabe que sou jornalista? — Semicerrou os olhos para ela.

— Como sabe meu nome?

— Perguntei primeiro.

— Então responda primeiro.

— Não é justo. — Protesto com um ar falsamente injuriado.

— A vida não é justa, rapaz. — Ela piscou um olho para ele, se divertindo.

— Hoje a tarde. — Percy se sentiu desconfortável contando isso, ele nem fazia idéia do motivo. — Você brigou com um homem. Eu ouvi sua amiga te chamar.

— E aí você veio me fazer um monte de perguntas ridículas para a fofoca de hoje virar a manchete de amanhã?

— Está sendo pessimista. — Ele riu, e ela acompanhou a risada, o que aqueceu seu coração. — É sua vez de responder a pergunta. Como sabe que sou jornalista?

— Está escrito na sua pasta o nome de um jornal aqui de Manhattan. — Annabeth apontou para a pasta que Percy segurava em seu colo.

— E você poderia me contar o que aconteceu? — Ele perguntou, temendo que ela não respondesse.

— Ele achou que podia bagunçar no meu trabalho. — Ela abriu a sua pequena bolsa, tirando um cigarro da mesma e colocando na boca. — Mas não é assim que as coisas funcionam aqui. Se mexer com as pessoas e as coisas que eu gosto, vai ter que se ver comigo.

— O que houve?

— Escreve que ele entrou com uma arma para assaltar e eu dei um jeito nele. — Ele deu um trago longo no cigarro. — Dá mais audiência.

— Nem de longe parece verdade.

— Você trabalha em um jornal horrível, de quinta categoria. — Annabeth murmurou. — Procure outra coisa para fazer.

Percy tentou se fazer de ofendido, mas não conseguiu, Annabeth não tinha falado por maldade e ambos sabiam. O silêncio pairou a mesa por alguns instantes, quando ele resolveu quebrá-lo com algum comentário estúpido, típico de sua personalidade.

— Você fuma.

— Só nas sextas, depois do meu show, enquanto algum cara bonito paga algo para mim. — Ela fitou os olhos verdes de Percy, que apertou a ponta de seu nariz de forma delicada, fazendo-a sorrir sem mostrar os dentes. — A última parte é brincadeira.

— Sempre que voltar aqui vou te ver?

— Acredito que sim. — Ela suspirou. — Estou aqui todos os dias da semana, toda hora.

— Que horrível. — Ele bateu na mesa. — Ou eu não venho mais aqui ou vou ter que dormir de luz acesa depois de olhar para você.

— Ou trancar a casa antes que alguma louca entre nela com um machado para te matar porque você a chamou de feia.

Eles riram juntos, Annabeth apagou o cigarro, deixando-o sujo de batom dentro do cinzero, e se levantou da mesa.

— Preciso ir... — Ela olhou para ele com dúvida, como se faltasse algo para completar.

— Percy.

— E você tem coragem de falar do nome do meu grupo? — Ela disse, divertidamente. — Até mais, Percy.

— Até mais.

— E não me olhe de costas, garoto! — Gritou, se afastando.

Percy tinha certeza que não pensou em fazer aquilo.

Deixou o dinheiro da conta na mesa e se retirou, pensando no quanto era idiota por não ter conseguido a entrevista. Ainda sim, sem o material de trabalho, ele tinha o mundo nas mãos. Era a certeza que Percy carregava depois de conversar com a encantadora jovem dos olhos cinzas


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