The Game of Life escrita por anabfernandes8


Capítulo 9
Capítulo 8 - A ameaça e mais treino


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores, estou de volta com mais um capítulo fresquinho. ^^ Espero que aproveitem bastante. Nos vemos nas notas finais.



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Acordei com um barulho estranho vindo da porta. Abri os olhos, ainda meio grogue e percebi que alguém estava esmurrando minha porta com força; com tanta força que o esforço contínuo provavelmente a quebraria.

— O que é? O que está acontecendo? - perguntei eu, nem gritando nem falando normal, mas entre esses dois estágios. Alto o suficiente para que a pessoa da porta me ouvisse, mas que pudesse não atrapalhar quem dormia ao lado.

— Senhorita Yamanaka, você está atrasada. O café da manhã já se passou e estamos quase na hora do almoço. - Pulei e joguei as cobertas no chão. Puta merda, não acredito que dormi tanto. Abri o armário e peguei a primeira roupa que estava na minha frente, que se resumia a um top preto e um short de malha azul. Bem apropriado para o treino eu diria. Não pude acreditar que eu havia dormido tanto.

— Só um momento. - Corri para o banheiro e bati a porta. - Estarei no refeitório em cinco minutos. - Abri o chuveiro, não ouvindo mais nenhum som. Ótimo, eu estava atrasada. Maldito sonho, lembrança ou o que quer que aquilo seja.

— Lavei-me o mais depressa que consegui e então me arrumei como um raio. Caramba, que sufoco se arrumar tão rápido! Sai do quarto, fechando a porta atrás de mim e andei/corri pelos corredores até o local das refeições. Me recompus segundos antes de passar pelas portas, de modo que ninguém suspeitasse que eu estava correndo.

Quando entrei, todos olharam em minha direção e desviei os olhos, procurando uma cadeira vazia e acomodando-me nela rapidamente. Todos já estavam lá, provavelmente desde o café da manhã. Olhei para o relógio na parede, que marcava onze horas em ponto. Caramba, eu dormi mesmo. Dormi muito.

Hio-Sama estava em pé, andando de um lado a outro e assim que me aconcheguei, ele parou e encarou a todos com aqueles olhos frios.

— O que eu vou dizer agora não é algo banal, por isso preciso que todos vocês prestem muita atenção ao que estou dizendo. Eu os reuni aqui para que possamos debater um assunto sério e que passará a ser frequente. Não há motivo para ter medo ou entrar em pânico, nós temos tudo sobre controle, mas achei que mereciam saber a verdade sobre o que está acontecendo. - Ele coçou o queixo e começou a andar em volta da mesa, olhando fundo nos olhos de cada um. - Como todos sabem, nós fomos atacados ontem. Isso não foi um ataque isolado e muito menos aleatório. Isso é um ataque real e ele voltará a acontecer. A facção que nos atacou ontem se chama Aliança do Norte. Não é a única facção existente, mas é a mais perigosa.  - Ele fez uma pausa dramática e suspirou, como se estivesse cansado. - Tudo bem, estou vendo alguns rostinhos assustados. Vamos do começo.

Aliança do Norte… Uma facção perigosa… O que eles eram afinal? Os caras maus?

— Vivemos em um mundo onde opiniões diferentes das nossas existem. Por isso, não é de se surpreender que nem todas as pessoas concordem com o The Game. Nem todos veem isso como uma honra. E isso, no passado, foi motivo de uma grande… rebelião. As pessoas demoraram a aceitar que isso era um ritual de honra. Bem, até os dias atuais algumas ainda não aceitam. Tudo bem, eles têm o direito de não aceitar, isso é óbvio, cada um com sua opinião. O problema é… Isso não se resume a uma só pessoa… Se fosse, que simples seria, não é mesmo. Mas as pessoas que não aceitam, elas estão reunidas. Estou falando sobre clãs. Alguns clãs são contra. Bem, não são clãs de número ou de importância significativos, mas… Os membros desses clãs são poderosos. O que significa que eles são perigosos. O primeiro deles com que temos que nos preocupar é o clã Akasuna No, que comanda a Aliança do Norte, quem nos atacou ontem. Eles são os mais perigosos porque são os mais radicais. São totalmente contra o The Game. Segundo eles, isso é uma estratégia nossa para eliminar as pessoas mais fracas e construir um mundo onde só os mais fortes em habilidades existam. Na minha opinião, isso é bobagem. Se eles conhecessem a fundo a história do The Game, saberiam que o vencedor não é o mais habilidoso e sim o mais esperto, aquele que sabe lidar com uma situação rapidamente assim que esta aparece. Enfim. Isso significa que, enquanto um dos dois não acabar, seremos atacados. Constantemente. Por isso estamos aqui conversando com vocês, alertando-os da situação. Vamos mostrar os procedimentos de segurança mais tarde.

    Uau. Isso é incrível. Eu não sabia que poderia existir pessoas lá fora que lutavam para o fim dessa barbaridade. Eles estavam certos. Sim! Eles estavam totalmente certos! Então, por que eles eram os caras maus? Bem, naquele momento percebi que, se não tomarmos cuidado, somos levados a odiar aqueles que estão certos e defender aqueles que nos oprimem. Será que as pessoas não conseguiam ver que o The Game era uma invenção estúpida e cruel? Até que ponto a honra é maior que a humanidade de cada um?

    Olhei para os lados e percebi muitos acenos positivos, pessoas que estavam prestando atenção e provavelmente concordando com tudo em suas cabeças. Eles eram idiotas? Será que mais ninguém aqui conseguia enxergar que a honra não vale de nada se você a consegue passando por cima dos outros? Matando os outros? Essas pessoas eram humanas?

— A segunda facção com que devemos nos preocupar é a Armada Verde. Seus ataques não são constantes e raramente seu alvo é o The Game, mas isso não significa que seus ataques não nos influenciam. Eles influenciam. E muito. Os ideais da Armada Verde estão ligados principalmente a liderança do clã Sarutobi. Eles são totalmente contra o clã que está no poder e eles fazem de tudo, e quando eu digo tudo, eu quis dizer tudo o que vocês possam imaginar, para tirar o clã Sarutobi do poder. E então vocês me perguntam, onde isso nos influencia. Bem, considerando que a Armada Verde tem o costume de atacar qualquer coisa que se pareça com uma escola ou hospital, os nossos centros de treinamento e a enfermaria do clã Haruno sofrem ataques constantes. Os centros não são dentro de nossas dependências, mas a enfermaria sim. E eu imagino que vocês devam estar se perguntando o que tem a ver uma coisa com a outra, de atacar escolas e hospitais para atingir quem está no poder, bem, segurança é o ponto. Para a Armada Verde, fazer as pessoas verem que o clã Sarutobi não tem estrutura para cuidar da segurança da população é o ponto chave para tirá-los do poder. Seus membros fazem parte do clã Aburame.

Caramba. Caramba! Um mundo se abriu ao meu redor mediante a sua fala. Não. A esperança não estava soterrada. Ela estava aqui. Nos rondando. Perto o suficiente para podermos tocá-la. O problema era…

— Uma pergunta. - Levantei minha mão e todos olharam fixamente para mim. Pisquei, os pensamentos a mil, ansiedade batendo como um martelo direto no meu estômago. Vamos lá, que a resposta seja boa.

— Sim, senhorita Yamanaka. Vá em frente. - Hio-Sama cruzou os braços, olhando atentamente para mim.

— Há quanto tempo essas facções existem? - É isso aí, joguei minhas cartas na mesa. Ele me estudou, como se tivesse tentando entender aonde eu queria chegar com aquela pergunta. Balançou a cabeça, descrente e adquiriu um semblante pensativo.

— Eu não sei ao certo. A Armada Verde é recente, já que o clã Sarutobi subiu ao poder recentemente. Suponho que a Aliança do Norte exista desde o começo do The Game, mas não tenho certeza sobre esta informação.

— O começo do The Game? E isso foi há quanto tempo aproximadamente? - Eu sei que provavelmente estava forçando a barra, mas eu precisava saber.

— Uns cem anos. Talvez mais.

 Cem anos. Cem malditos anos. A realidade me golpeou como uma faca no peito. Cem anos. Há cem anos a Aliança do Norte tentava derrubar o The Game. Toda a esperança havia evaporado de mim. Se eles não conseguiram em cem anos de luta, porque conseguiriam agora? Isso era em vão. Tudo isso era em vão. Eu com certeza iria morrer aqui.

— Questionamento respondido? Posso continuar? - Ele encarou-me, com uma expressão divertida, como se soubesse exatamente no que eu estava pensando. Babaca. Balancei a cabeça afirmativamente e então ele coçou a garganta, voltando a caminhar em torno de nós. - A terceira e última facção com que devemos manter um olho aberto é a Torre do Sul. Eu não diria que eles são violentos. A verdade é que eles nunca fizeram nenhum ataque a nenhuma das nossas instalações. Podemos dizer que eles são silenciosos. E é exatamente por isso que eles são muito perigosos. Seu modo de ataque é o mais difícil de se prever. Não temos como nos basear em outros ataques porque não há outros ataques. Nós ficamos de olho neles frequentemente, mas nunca há nenhuma movimentação estranha. Fazem parte do clã Kamizuru. Bem, essa é toda a informação que tenho à vocês. Alguma pergunta? - Todos se olharam com apreensão, um sopro de medo florescendo em nossos corações. Quando ninguém se manifestou, ele se voltou para um de seus subordinados - Kakashi, as demonstrações de segurança por favor.

E então uma hora se passou com essas tais demonstrações de segurança. Como se portar, aonde ir quando os ataques aconteciam, não entrar em pânico; esse tipo de coisa que todo mundo sabia meio que por intuição, mas que na hora de praticar todo mundo fazia errado porque o medo confundia suas cabeças. O tempo passou bem rápido, com toda aquela falação e logo chegou a hora do almoço. Minha cabeça estava latejando de dor, afinal era muita informação para um dia só. Ataques estranhos, esperanças vãs… Aonde isso ia, Kami?

Fomos todos ao refeitório, juntos, já que todos pareciam bastante assustados com toda a situação. Eu também estava, obviamente, mas não transpareceria isso para os outros tão cedo. O medo deixa as pessoas fracas e isso é a última coisa que eu preciso em um lugar como esse.

Fui até a mesa com as comidas e peguei apenas o necessário para não desmaiar a tarde durante o treinamento. Eu estava com fome, é claro, mas sem a mínima vontade de comer qualquer coisa. Bem, eu precisava, então era isso.

Alguns dos participantes haviam chegado e sentado, conversando entre si, esperando nós pegarmos nossa comida para que o espaço da mesa não ficasse super lotado. Peguei meu prato e meu copo com suco e fui andando para a mesa, olhando para os meus pés, quando um baque forte derrubou toda a minha comida e quase me levou ao chão.

Levantei minha cabeça para ver onde tinha esbarrado e deparei-me com dois olhos perolados cínicos, me olhando como se eu fosse algum tipo de aberração. A garota, de cabelos azuis, estudou-me um pouco mais e deu um sorrisinho de canto.

— Olhe por onde anda. - Disse eu, limpando alguns restos de comida que tinham respingado em mim.

— Ou o que? - Ela se aproximou e ficamos peito a peito, nos encarando. Oh, por favor, o que essa garota estava fazendo? Ela queria comprar uma briga no meio do refeitório? Sério?

— Patética. - murmurei, revirando os olhos internamente. Totalmente não sou obrigada. Se ela quisesse brigar, ótimo, que brigasse sozinha, porque eu tenho saco zero para essas coisas.

— O que você disse? - Ela empurrou meus ombros com suas mãos, e vacilei uns passos para trás. De repente, todos estavam atentos no que estava acontecendo ali. Eu não sei exatamente porquê, mas neste momento, não havia ninguém no recinto além dos participantes. Maldita hora. Ainda não estamos na Arena, querida. Eu não vou brigar com essa garota de graça.

— Você ouviu muito bem o que eu disse. - Arrisquei, e os olhos dela brilharam em fúria. Ela avançou pra cima de mim, mas foi impedida por… alguma coisa. Não sei bem o que aconteceu. Tudo o que sei é que em um momento ela estava no ar quase socando meu rosto, e no outro ela estava no chão ao lado da mesa de comida.

    Todos pareciam paralisados, sem saber o que havia acontecido ali. Olhei ao redor, buscando uma resposta e gelei quando percebi que cabelos cor de areia estava exatamente ao meu lado, seus olhos vidrados em cabelos azuis no chão. Elas se olharam, deixando todos ao redor mais apreensivos do que já estavam.

— Vai pagar por isso, puta. - Rosnou olhos perolados versão feminina, levantando-se e arrumando suas roupas, que haviam ficado amassadas.

— Tente. Da próxima vez que chegar perto de mim, você morre. - Sua voz soou baixa e gelada, mas ecoou na sala toda. Seus olhos pareciam mortais, e engoli em seco. Ela era medonha. Até a aura ao redor dela parecia assustadora.

— Você não tem nada a ver com isso. Por que está se metendo?

— Quando você esbarrou nela, alguma comida voou em mim. Logo, se você joga comida em mim, eu tenho a ver com isso sim.

— Temari! O que está havendo aqui? - Meu treinador entrou ali e alguns outros vieram atrás dele. Meu corpo soltou um ar que eu nem sabia que ele estava prendendo nos meus pulmões; com certeza era de alívio.

Cabelos cor de areia olhou para desenhos estranhos no rosto com a mesma expressão fria.

— Não se meta, Kankuro. Isso não foi nada. - E então ela saiu, deixando todos na sala assustados. Kami, o que aconteceu aqui? Que eu não tenha o azar de enfrentar essa mulher na Arena, porque se isso acontecer, aí sim estarei realmente morta.

— Alguém deixou a Temari realmente zangada. Bem, vamos torcer para que não se encontrem na Arena. Se isso acontecer, a Hyuuga já era. Temari vai destroçá-la ou comer ela viva. E não no bom sentido. - Olhei para o dono daquela voz, e percebi que cabelos vermelhos estava ao meu lado, com um sorriso estranho no rosto. Parecia alívio.

— Por que está sorrindo?

— Bem, qualquer motivo que leve Temari a descontar sua fúria em outra pessoa que não seja em mim, é um grande motivo para sorrir. - Bem, ele tinha um ponto. Eu mesma não gostaria de ser o destinatário daquela fúria gélida. Todos pareciam estar mais calmos com a presença de todos os treinadores e guardas e então a situação estava novamente sob controle. Graças a Kami.

Olhei brevemente para a mulher de cabelos azuis e olhos perolados e ela já estava de pé, ao seu lado uma mulher de cabelos róseos. Não pude deixar de perceber o olhar de fúria que elas lançaram a mim a sim que perceberam que eu estava encarando-as. As duas. Como se parecessem ofendidas. 

— Ei, Ino, você está pronta? Hora de treinar. - Era o meu treinador falando, cabelos marrons com desenhos estranhos no rosto. Balancei a cabeça, voltando minha atenção total a ele e prometendo a mim mesma se esquecer do episódio anterior. Assenti e o segui, não me incomodando em me despedir de cabelos vermelhos. Bem, não havia sentido se provavelmente logo logo nos encontraremos de novo. Minha mente viajou para suas palavras anteriores, sobre como eu e o irmão dele havíamos sido… Não, de jeito nenhum. Esqueça isso, Ino. Isso não é possível.

    Chegamos ao nosso ponto de treinamento e fiquei observando seus movimentos. Isso não poderia ter sido possível, certo? E então ele se virou para mim e me pegou encarando-o. Ruborizei, pega em flagra no ato. Droga.

— O que foi? Algum problema?

— Não, não é nada, não se preocupe.

— O que aconteceu hoje no refeitório? - Sua pergunta me pegou de surpresa. Eu não esperava um questionamento tão direto sobre o que havia acontecido. Na verdade, eu não esperava questionamento nenhum vindo por parte dele. - Temari nunca se mete em confusão. Então estou tentando entender o que houve ali.

— Não aconteceu nada. - murmuro, resolvendo que não quero falar sobre isso. - Se você quiser saber sobre o assunto, vá atrás dos envolvidos e pergunte sobre. Não tenho nada a ver com isso. - Eu tinha totalmente a ver com isso, mas não precisava de mais um problema para me dar dor de cabeça.

— Ela é minha irmã. Temari, eu digo. Ela e Gaara são os meus irmãos mais novos, você não pode me culpar por estar preocupado. - Sua preocupação é genuína. Vejo isso em seu tom de voz. Viro o rosto e suspiro, por que das duas uma: ou ele não conhece realmente os irmãos que tem, ou durante todos esse tempo eles mentiram para ele.

— Acredite, não há motivo para se preocupar sobre nenhum dos dois, eles sabem se cuidar muito bem. - Ele começa a me encarar, confuso, mas eu o corto antes que isso vá mais longe do que isso. - O que temos para hoje?

— Bem... - Sua atitude é contrariada, mas mesmo assim, ele esquece sobre o assunto. Dá para ver que ele quer passar o dia todo conversando sobre o que aconteceu no refeitório, mas pelo menos ele tem plena consciência de que isso não é possível. Então, esquece o assunto. Por agora. - O de sempre. Com certeza eu gostaria de começar a treinar ninjutsu e genjutsu, mas se você for fraca em taijutsu nada dessas duas coisas adiantará. O taijutsu é minha melhor esperança para você nesse momento, então vamos focar nele. Pelo menos assim você pode derrubar alguns… oponentes mais fracos.

— Oponentes mais fracos? Oponentes mais fracos que eu? Nesse momento, isso parece uma grande e gorda ilusão. Eu sou claramente o membro mais fraco aqui. Serei a primeira a morrer com certeza.

— Bem, trabalharemos para que não. - Ele deu de ombros, claramente nenhum pouco abalado com meu comentário. Uau. Uns dias antes e ele teria morrido de tanto gritar na minha cara por falar algo tão pessimista e agora a indiferença? Isso é novo. - Como sempre dizem, esse jogo pede mais estratégia do que força em si. E você é inteligente, Ino. Bem, pelo menos normalmente. Vamos ver como se sai sob pressão.

E então a tarde se passou inteira com isso. Eu sabia que estava melhorando, mas o conhecimento sobre tudo estava aprisionado dentro de mim. Sim, eu já frequentara academias ninja quando era menor, então eu devia saber tudo isso, mas eu apenas não conseguia acessar essa parte da minha mente. Droga. Eu estava melhorando, mas melhorando tanto quanto um bebê que para de se arrastar e começa a engatinhar. E, a essa altura do campeonato, eu não precisava engatinhar; eu precisava correr.

Em determinado momento do treinamento de taijutsu com o homem de pinturas estranhas no rosto, ele me deu uma rasteira, o que me fez cair com tudo no chão, batendo minha cabeça com força. Vi estrelas e pontos pretos, mas eu sabia que isso aconteceria muito na Arena então eu não podia desistir. Ele ainda estava em pé e parecia um pouco decepcionado, quando eu movi uma de minhas pernas com toda a velocidade que conseguia naquele estado e golpeei sua perna direita, levando-o ao chão comigo. Bem, não exatamente ao chão, mas quase isso. O meu golpe o levara a cair exatamente em cima de mim. Minha sorte foi que suas mãos pousaram com maestria de ambos os lado da minha cabeça, deixando-nos cara a cara, peito com peito e muito perto.

Ficamos nos encarando, naquela posição estranha durante alguns momentos. O que ele estava fazendo que não estava se levantando? Seus olhos desgrudaram dos meus e focaram em minha boca. E então novamente nos meus olhos. Não. Não. Isso é exatamente o que estou pensando que é? Kami, não. Seus olhos se fecharam, e ele começou a se aproximar lentamente. Meus olhos começaram a se fechar por uma força sobrenatural que estava fora do meu controle. Ele chegou mais perto e quando nossas bocas estavam quase se encostando, meu cotovelo encontrou sua barriga e ele saiu de cima de mim.

Levantei-me, ofegante, não acreditando no que quase acabara de ocorrer. Sorte que tive um lapso de realidade no último instante.

— O que diabos você estava tentando fazer? - Disse eu, a voz um pouco estridente pela adrenalina que ainda bombava forte em meu corpo e me deixava um pouco tremendo.

— Eu… Eu… Desculpe, Ino. Eu me perdi no momento. - Ele se levantou e limpou suas roupas, parecendo envergonhado, mas eu não estava comprando isso nem de longe.

— É verdade? O que aquele seu irmão disse?

— O que Gaara disse a você? - Seus olhos ficaram cautelosos, e ele se aproximou um pouco mais. Levantei minha mão, um gesto claro para que ele parasse onde estava.

— Nós já fomos namorados? - Minhas palavras o pegaram de surpresa e ele deu um suspiro, como se estivesse aliviado.

— Bem, sim. No passado. E agora ambos estamos aqui por causa disso.

— Com uma sutil diferença de que eu posso morrer e você não. - Naquele momento, não parei muito para pensar sobre o porquê estávamos aqui por um fato tão… idiota, ao meu ponto de vista. Nós nos apaixonamos. E daí? Não pareceu nada demais de onde eu via.

— Se você acha que todas as minhas ações tem algo a ver com minha paixão por você, está enganada. Ok, eu ainda gosto de você, e sim, o que tive foi um momento de desequilíbrio, mas a minha única função aqui é treiná-la e eu estou me esforçando ao máximo para fazer isso, eu juro. E não, eu não estou confundindo as coisas, e também não estou exigindo nada de você, eu só… Eu não quero que você morra. Obviamente seria bem mais fácil se você estivesse disposta a cooperar, mas, bem, vamos lidar com nossas possibilidades.

— Você está me acusando? É isso? Não vamos mudar os fatos aqui, você cometeu um erro. E eu espero que esse “momento de desequilíbrio” não se repita. Porque não, eu não vou entrar em toda essa confusão com você novamente, obrigada. - Admito que meu tom de voz estava um pouco elevado. E sim, eu estava muito chateada com a situação.

— Tudo bem, Ino, como quiser. - O tom de sua voz demonstrava raiva, mas sua face estava serena. Cruzei meus braços, e ficamos nos olhando por alguns instantes, até que ele resolveu tomar a frente da conversa. - Eu vou deixar você treinar porque obviamente você precisa bastante. Não vou mais atrapalhar seu treino e não vou fazer você entrar em mais nenhuma confusão, se é disso que você tem tanto medo quando estou perto. Bom treino. Nos vemos depois. - E então ele simplesmente se virou e saiu. Sério? Era tão fácil assim fazê-lo ir embora?

Depois do ocorrido, eu passei o resto da tarde e o comecinho da noite treinando o mais duro que já treinei em toda a minha vida. De repente, eu tinha a determinação de que precisava. Bem, só ali naquele momento, já que minutos após parar eu já estava desanimada com toda a situação novamente. Fui para o quarto, tomei um banho rápido e me dirigi ao refeitório, assim podemos dizer, para o jantar.

Servi-me com bastante comida (sem bater a meta de cabelos marrons versão feminina, óbvio) e sentei-me ao lado do Nara, que estava com as mãos cruzadas em cima da mesa, conversando com os outros. Assim que cheguei, seus olhos se iluminaram e ele me cumprimentou com um aceno e um sorriso.

— Hey, olha só quem nos prestigia com sua humilde presença. - Revirei os olhos perante àquele comentário. Não fazia tanto tempo desde que havíamos nos visto. Menos, Nara, bem menos.

— Como você está, Ino? Eu digo depois de todo aquele incidente do ataque e tudo. Fiquei muito preocupada depois que correu para longe. - A comedora louca, com seus normais cinco pratos, olhou-me com compaixão e antes que eu pudesse me controlar, eu estava dizendo:

— Qual é o seu nome?

— Ahn… - Sua face passou de confusa a ofendida, de ofendida a chocada e de chocada a conformada, tudo em poucos segundos. Uh, devo ter atingido um ponto fraco. - Não sabia o meu nome até agora? Já se passaram… - Ela olhou para cima, como se estivesse calculando alguma coisa, em seguida olhou para os dedos e começou a sussurrar sozinha. - Minha memória é péssima. Bem, não importa. Estamos aqui há vários dias e até hoje não sabia o meu nome? Como você me chamava em sua cabeça?

— Bem… - Dei de ombros, claramente sem me importar, e a vi ficar ofendida novamente, provavelmente com minha falta de interesse no assunto. - Você tem cabelos marrons e você come muito. Era tudo o que eu precisava saber.

— Não sei se percebeu, mas todo mundo tem cabelos marrons neste lugar. Eu não posso acreditar que… - Ela tem um ponto.

— Você é a única mulher aqui com cabelos marrons!

— Mesmo assim. Que tipo de pessoa…

— Você vai me dizer seu nome ou não? Porque eu posso chamá-la eternamente de mulher de cabelos marrons na minha cabeça. - Ela me olhou, chegando ao ponto máximo de estar ofendida. Suspirei, percebendo o que havia feito tarde demais. Esse não era o meu jeito. Eu não perguntava nomes. - Esqueça.  Foi um erro.

— Não, não e não. Eu me recuso a ser chamada assim em sua mente. Qual é, que tipo de companheira faz isso! - Não disse em voz alta, mas não éramos companheiras. Éramos duas pessoas tendo que conviver por uns dias até que nossa data de morte chegue. Não era grande coisa. Tanto quanto eu sabia, ser chamada de companheira não significava muito. Depois da cirurgia com a deliria nervosa, para suprimir emoções e afetos, eu não tinha nenhuma dúvida de que todos aqui não conseguiam considerar os outros como companheiros, amigos. Então falavam as palavras da boca para fora. - Meu nome é Mitsashi Tenten, grave isso. E nada mais de cabelos marrons mulher, por Kami!

Suspirei novamente diante de toda a situação. Não era preciso um grande escândalo por causa de um maldito nome. Ok, Mitsashi, você venceu. Algumas pessoas vencem pela desistência, sabe, e aquela ali? Eu já havia desistido há muito tempo nessa discussão.

— E você? - Virei para cabelos loiros versão masculina que estava sentado exatamente à minha frente, do outro lado da mesa, ao lado da Mitsashi. Ele ficou vermelho quando percebeu que eu estava falando com ele e olhou para baixo, com vergonha. Uh oh, grupo estranho de gente que andam juntas.

— É Uzumaki Naruto, Yamanaka-sama. - Acenei em concordância. É isso aí. Uzumaki e Mitsashi. Agora, chega de nomes. Não parecia, mas é coisa demais para se lembrar.

— O meu é Nara, mas acho que você já sabe disso. - Ele diz, e a única integrante feminina com cabelos marrons dessa edição bufa, como se a frase fosse uma afronta.

— Uah, Shikamaru-kun, você é muito convencido. - Ele dá de ombros, nada ofendido com o comentário.

— Agora que já está tudo resolvido, vamos falar sobre esses ataques. Passei a noite analisando o que aconteceu e hoje de manhã tudo fez sentido, quando Hio-Sama começou a explicar todas aquelas coisas. Saber que podemos ser atacados a qualquer momento… Isso me deixa arrepiado. - Nara falou e isso me fez pensar se eu devia expressar minha opinião sobre o assunto. Bem, hoje de manhã eles concordaram com toda aquela fala idiota daquele cara estúpido, então eu não estava muito certa do que devia fazer. Talvez essa fosse minha única chance.

— O que vocês acham das facções?

— Como assim o que nós achamos das facções? Eles obviamente são os caras maus. Eu quero dizer, eles estão nos atacando, por Kami! Eu não sei se…

— Mitsashi, você poderia terminar de comer antes de falar?

— Quanta inconveniência, Nara. Eu acho que não. Vou falar o que eu quiser, quando eu quiser, até mesmo quando estou comendo e se você acha isso ruim, a porta é logo ali. Lide com isso. - Ele pareceu ofendido com o tom dela, mas logo em seguida deu de ombros. Lidou rápido demais, isso é bom. - Como eu estava dizendo antes de ser rudemente interrompida… Eu não sei se há o que pensar em relação a eles. sabe. Mas porque está perguntando sobre isso?

— Ahn… - Agora era a hora de usar minha argumentação e convencê-los de que estavam sendo manipulados. É isso aí, vamos lá. - Não sei se já pensaram por esse lado, mas talvez eles não sejam os caras maus. Você só precisa ver de uma nova perspectiva. Muitas pessoas pensam que o The Game se trata de honra e toda essa coisa sobre ser um exemplo para seu clã, mas parecem esquecer de que pessoas morrem aqui. Por Kami, nós somos seres humanos. A morte não pode ser tratada como uma escada que leva ao sucesso. Que tipo de pessoas nos tornamos se pensamos assim? Esclarecendo tudo isso, talvez essas facções pensem dessa forma. Talvez só queiram acabar com o The Game e com toda essa idiotice de uma vez por todas. E antes que digam que nem todos os ataques se destinam ao fim do The Game, olhem só para o clã Sarutobi. Eu não prestei muita atenção, devo admitir, mas tivemos uma aula merda de um clã merda que está fazendo um governo merda. Todos sabem disso, porém preferem fechar os olhos e fingir que tudo está lindo. Mas não está. Tudo está um lixo e talvez as pessoas só percebam isso quando for tarde demais.

— Pensou nisso tudo sozinha? - Nem todos os três pareciam interessados na minha fala. O Nara fez a pergunta, mas estava mais do que claro em sua expressão que ele não concordava com minha fala. O Uzumaki estava olhando para todos os lados, menos para mim, provando que ele também não estava a fim de fala sobre o assunto; aposto que ele se levantaria e sairia se isso não fosse considerado um gesto tão mal educado. A única minimamente interessada era Mitsashi, que coçou o queixo e pareceu realmente estar pensando sobre o que eu acabara de falar, como se nunca tivesse considerado as coisas por esse outro lado.

— Morei muito tempo no Mercado Inferior. Entendo que as coisas dentro de um clã devam ser diferentes e que vocês aprenderam todas as coisas sobre honra e mérito, mas está na hora de começarem a pensar com suas próprias cabeças. Fora do limite dos muros dos clãs, existem outras leis e outras linhas de pensamento. Há um monte de pessoas que conseguem ver o quão merda é esse sistema que estamos vivendo. Infelizmente, não podemos fazer nada enquanto vocês forem a favor. Somos a minoria da população.

— Ino, eu realmente entendo tudo o que está dizendo e em partes até concordo. Mas ainda somos minoria. Nos incluir no seu movimento não muda absolutamente nada. Provavelmente ainda vamos ter que lutar e talvez morrer na Arena. Apenas um de nós pode ser o vencedor. Enquanto milhares de pessoas gostar do que acontece aqui, o The Game ainda estará vivo. Pode não ser no clã Yamanaka, mas ele ainda permanecerá respirando. - Tudo bem, Mitsashi estava certa. Mas pelo menos eu a havia feito ver o que estava debaixo dos olhos de todos. Já era uma vitória diária.

— Acho que vou ir dormir. - Levantei-me dali, a comida intocada em cima da mesa. Nos despedimos uns dos outros e fui para o meu quarto. Hoje fora um dia cansativo e eu estava exausta, mas não havia sido um dia tão ruim. Aparentemente as coisas estavam melhorando. Ainda havia esperanças. Da mesma forma que a chama da honra brilhava no coração de inúmeras pessoas, a chama da esperança também. E se ela já brilhara por cem anos, com a Aliança do Norte, talvez pudesse brilhar por um pouco mais de tempo. E assim, naquela noite, eu consegui ter a minha primeira noite de sono tranquila, totalmente sem sonhos ou lembranças.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Críticas, sugestões, comentários, perguntas, todos são bem vindo aqui. Sintam-se à vontade para comentarem ou não. Agradeço o apoio e carinho de todos, e até o próximo capítulo. ^^



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