The Game of Life escrita por anabfernandes8


Capítulo 10
Capítulo 9 - O treinamento coletivo e a noite de terror


Notas iniciais do capítulo

Oi amores, tudo bom? Minha meta inicial era postar o capítulo até o dia 15, mas como percebi que julho vem ai e talvez eu não tenha tanto tempo para postar ou escrever, este capítulo tá grandinho pra valer pelos dois meses. Espero que gostem e ai está um capítulo novinho em folha pra vocês.
Nos vemos nas notas finais.



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De manhã, acordei mais revigorada do que nunca estive na vida. (Bem, tirando quando Shizune fez aquela mágica que me fez dormir leve como uma pena.) Estava pronta para enfrentar qualquer coisa que viesse. Bem, obviamente que minha paciência para as coisas não havia melhorado, mas vamos lá tentar ter um bom dia.

Era impossível ter um bom dia nesse lugar. Levantei-me, dessa vez provavelmente no horário, já que ninguém estava tentando colocar minha porta abaixo, tomei banho e me arrumei para ir comer alguma coisa. Assim que abri a porta, porém, encostado na parede, estava o primeiro desafio do dia.

— Bom dia. - Disse o moreno de olhos perolados que havia alegado conhecer-me. Revirei meus olhos e fechei a porta do meu quarto, começando a caminhar. Ele seguiu atrás de mim e dei uma segunda revirada de olho, já que claramente uma não havia sido suficiente.

— Você não desiste? Sério? Porque eu já estou cansada disso. Eu tive uma ótima noite de sono e eu sinto como se a sua aparição fosse como um botão de start para uma série de coisas que vai começar a dar errado a partir de agora. - Parei e coloquei as mãos na cintura, olhando diretamente para ele. - Eu não quero papo com você. Fim da história.

— Nós éramos como melhores amigos e eu sei que você mudou, eu já entendi. Mas como um bom amigo eu preciso te avisar de algumas coisas. Eu conheço você. E conheço o Kankuro. E já sei como essa história vai terminar. Ele é seu treinador, mas você tem que tomar cuidado com ele. Provavelmente não se lembra, mas ele a fez desistir de tudo o que você era por causa dele. Fez você quebrar todo um código de leis internas que você tinha por uma estúpida paixão que acabou chegando ao fim. Então, como amigo, é meu dever lhe avisar para não tomar essa rua novamente.

— O que? - Fiquei confusa por um momento. O que ele estava tentando dizer?

— Olha, eu não estou dizendo como deve viver sua vida nem nada do tipo, mas você tem que tomar cuidado pra não cair nessa rede traiçoeira que é o amor novamente, e eu só quero que…

— Não. Nem mais uma palavra. Você não tem o direito de vir e me dizer o que eu devo fazer ou com quem eu devo tomar cuidado, eu sou uma adulta e sei fazer isso muito bem sozinha obrigada. E se a sua intenção é me jogar contra o meu treinador, saiba que ela é falha porque eu não cultivo mais nenhum sentimento por ele, ele é apenas meu treinador e nesse momento eu preciso muito dele para me ensinar a treinar. E se fui influenciada ou não por estar apaixonada, bem, não sei aonde isso é problema seu. Não me procure mais e não venha com esse papo de amigo. Já chega disso que você pensa que está fazendo.

A expressão dele estava dura de raiva, mas não fiquei muito tempo para observar. Nem para esperar sua resposta. Logo que acabei de dizer, virei e saí em direção ao refeitório. A pessoa tem que ter muita coragem para chegar na minha cara e dizer que mesmo na minha adolescência eu não sabia tomar decisões. Posso ter sido uma idiota e estar pagando pelos meus erros agora, mas eu sempre soube escolher o que era melhor para mim. E não acredito que naquela época fosse diferente.

Cheguei no meu destino e lá encontrei todos os meus colegas mais próximos sentados juntos e conversando. Bem, conversando era uma palavra forte demais, já que apenas Mitsashi falava (muito inclusive), Nara dava alguns comentários sobre o assunto e Uzumaki apenas comia de cabeça baixa, mas provavelmente estava escutando e absorvendo tudo o que estava acontecendo no local. Uma pessoa calada geralmente observa mais as coisas certo? Eu não me surpreenderia se ele apontasse coisas que aconteceram que eu e ninguém provavelmente nem havíamos percebido.

Coloquei minha comida no prato e peguei um copo de suco. Fui para a mesa beliscando umas coisas que havia colocado no prato. Não estava com muita fome, bem, não sinto muita fome de manhã, mas pro treino eu sabia que precisava comer. Olha só, eu passei da garota conformada com a morte para a garota que se esforça para o treino. Aonde irei parar por Kami?

Sentei ao lado da Mitsashi e de frente para os garotos. Cumprimentei-os com um aceno de cabeça, já que a mulher não havia parado de falar e eu que não iria interrompê-la para que ela começasse a puxar assunto comigo.

— Oh, eu estou tãooo animada para o treino coletivo de hoje a tarde. Estou até comendo mais porque preciso ter energia para enfrentar os outros participantes, certo. Vamos poder ver outras técnicas, outros estilos de luta, ah estou tão animada que finalmente vamos treinar todos juntos!!! - Ela alternava entre falar e colocar comida na boca, não se importando se a comida que estava em sua boca estava voando na mesa ou em nós, nós no caso eu que era a pessoa que estava do seu lado.

— O que é? - Minha curiosidade foi maior do que eu e me peguei falando isso. Uh oh, eu não sou curiosa. Kami, o que estava acontecendo comigo? Acho que uma boa noite de sono me tornou uma pessoa melhor? Bem, o conceito de melhor era relativo aqui. - Esse treino coletivo eu digo.

— Em que mundo você está vivendo garota? - Ela largou sua comida e abriu os dois braços com as palmas viradas para cima. - O treino coletivo é quando todos os participantes se reúnem e treinam juntos. Lá, nós podemos observar as técnicas dos outros. É como uma pré-Arena, mas não são lutas de verdade. Não há nada de barra de força nem nada assim, é apenas treino. Mas com mais pessoas. Sério, nós vamos poder treinar juntos!!! Kami, estou bastante animada.

Ah. Ah. Esse treino. E aí está o momento que eu imaginava que poderia chegar, mas não dessa forma. O momento em que eu vou ver as técnicas de todos e perceber que sou a mais fraca deles. E o pior: deixá-los perceber que sou a mais fraca. Bem, que merda. Eu não estava psicologicamente preparada para isso.

— Ei, Ino. - Nara chamou-me do outro lado da mesa, e então a Mitsashi concentrou-se apenas em sua comida enquanto ele falava. - Eu sinto muito se fui rude perguntando da sua vida pessoal naquele incidente com o Hyuuga. Sinto muito mesmo, não era a minha intenção.

Fiz um gesto de mão, como se fosse bobagem, e voltei a comer minha comida. Eu havia ficado com raiva na hora, mas agora não estava ligando muito pra isso. Depois dos acontecimentos recentes, quem ligaria para uma coisa tão boba?

Meu treinador entrou no recinto, procurando alguém com os olhos. Assim que ele me avistou, ele fez um gesto para que eu fosse até ele. Terminei o suco em uma golada só e levantei-me. Assim que cheguei onde ele estava, ele deu-me um aceno de cabeça e começou a andar até o local onde geralmente treinamos. Não houve nenhuma troca de palavras ali e eu posso dizer que estava feliz com isso.

Segui-o de perto, tentando entender como no dia anterior ele tinha basicamente desistido de mim e agora ele estava aqui provavelmente me levando para treinar. Admiro essas pessoas que colocam o profissional acima do pessoal. Assim que chegamos, ele começou a falar.

— Vamos deixar o passado para trás e seguir em frente. Eu sinto muito pelo episódio de ontem, mas ainda sou seu treinador e estamos numa etapa muito importante. As lutas estão quase começando e é meu dever orientá-la. se você aceitar, é claro. - Ele parecia nervoso e então dei de ombros, porque eu totalmente não me importava sobre. Já que eu estava aqui de qualquer forma, não é mesmo. Ele pareceu aliviado com minha atitude e deu um sorriso mínimo. - Tudo bem, lição de hoje. Nós precisamos conversar sobre algumas coisas, então se você preferir se sentar, fique à vontade.

— Estou bem. - disse eu, ansiosa para saber sobre o que ele precisava conversar comigo hoje.

— Tudo bem. Hoje acontece o treino coletivo. Eu tive que resolver alguns problemas ontem e só fiquei sabendo de última hora, desculpa não ter te avisado. O que você precisa saber sobre esse treino coletivo: Número um, você é provavelmente a única pessoa ali que não sabe ninjutsu e genjutsu. Isso não é tão preocupante já que o treino é provavelmente sobre taijutsu. É mais uma interação entre os ninjas do que uma competição entre si. Número dois, você precisa observar seus concorrentes. Dá pra dizer muito sobre a luta de alguém apenas observando como ela treina. Isso pode te dar uma vantagem tática se conseguir observar o ponto fraco de cada um ali. E número três você precisa ter cuidado com o que deixa transparecer enquanto treina com os demais. Se eles virem que você tem um ponto fraco, eles vão explorar isso. Ou seja, não os deixe ver em que você é ruim. Entendido? - Concordei com a cabeça. Certo, aposto que era mais fácil falar do que fazer tudo o que ele tinha dito. - Agora, vamos treinar um pouco mais.

E assim passamos o resto da manhã treinando. Ele não foi nada mais do que profissional ali e isso me deixou muito bem. Estava tão nervosa com o treino coletivo que provavelmente não tinha paciência para lidar com assuntos pessoais.

Eu ainda não estava tão bem no taijutsu e ele me ensinou o máximo possível até a hora do almoço, corrigindo-me severamente a cada vez que eu errava algo ou caía no chão depois de uma rasteira.

Aí está um ponto fraco meu, eu não consigo ver uma rasteira chegando até que já estou no chão. Não consigo ter a habilidade de olhar para as mãos e os pés de um oponente ao mesmo tempo. Quando estou concentrada em um ataque direto e frontal, nem ao menos penso na possibilidade de que um oponente poderia usar suas pernas para me derrubar em minhas partes inferiores.

O almoço chegou rapidamente e aquele incômodo no pé do estômago continuou. Provavelmente, eu estava mais ansiosa do que admitia para mim mesma. Comi bastante, mais do que comia normalmente, enquanto escutava a Mitsashi dialogar sobre como estava animada sobre treinarmos todos juntos. Ela tinha passado o dia todo falando sobre isso, por Kami, será que ela não estava nervosa?

Devo admitir que estava um pouco curiosa para saber as habilidades dos meus parceiros. A tagarela parecia inofensiva comendo toda a sua comida, mas talvez ela fosse mortal na Arena. Tal como o Uzumaki, que não abria a boca, mas que poderia ser poderosíssimo. E também tem a mulher dos cabelos cor de areia, que já era assustadora por si só em situações normais, imagine em um campo de batalha. Ela jogou a mulher dos olhos perolados longe sem ao menos piscar.

Em algum momento, cabelos cinza chegou ali para anunciar que iríamos começar o treinamento coletivo em alguns minutos. Então aí estava, o grande momento.

***

Fomos levados para algum centro de treinamento fora dos limites do The Game. Eu não sabia onde estávamos indo, mas poderia apostar que estávamos saindo do clã já que a paisagem mudou um pouco. O clã Yamanaka era mais verde, tendo árvores e flores por todos os lugares, um lugar bem arborizado. Esse novo possível clã em que estávamos parecia mais desenvolvido e menos parecido com uma vila. Via-se uma árvore ou outra e uma abundância de casas, poucas delas com poucos andares, já que a maioria tinha de cinco para cima.

Estava caminhando ao lado do meu grupo quando percebi que o Uzumaki sorria e acenava para algumas pessoas, aparentemente conhecidos dele. Ele parecia menos tímido e mais aberto ali, então presumi que este devia ser seu clã de origem. Interessante.

Não deixei de notar os olhares de alguns moradores sobre mim. Eles pareciam cautelosos e confusos, como se por algum motivo não entendessem o que eu estava fazendo ali. Todos os olhos eram de reconhecimento, e eu sabia que eles sabiam sobre toda a coisa que o Hio-Sama disse sobre eu transgredir regras ali e estar sendo punida agora. Olhei para frente, ignorando tudo aquilo. Não era hora para distrações.

Assim que chegamos definitivamente àquele centro de treinamento, todos pareciam mais eufóricos e ansiosos pelo que estava prestes a acontecer. Se um simples treino fazia isso com as pessoas, imaginem quando as lutas começarem.

— Boa tarde, participantes. Sou Yamanaka Fuu e conduzirei o treino de hoje. - Oh, ótimo, o cara do primeiro dia. Não sei como ainda me lembrava de sua face, mas acho que o fato de que éramos do mesmo clã facilitou um pouco disso. Ele me olhou com um sorriso e deu-me um aceno breve de cabeça, o qual ignorei sem a menor vergonha. Claramente não sou obrigada. Nada de assuntos pessoais hoje, sinto muito. - Bom, vou explicar como funcionam as coisas aqui. Eu preciso que se espalhem e deem uma distância segura uns dos outros. Primeiro vamos começar treinando em duplas.

Começamos a nos acomodar no espaço, ficando a alguma distância uns dos outros. O centro era como um ginásio, mas sem as arquibancadas. Um grande espaço com nada além de chão, teto e paredes. O homem de cabelos laranjas estava com uma pequena prancheta em suas mãos, olhando dela para todos nós.

— Haruno Sakura? - Perante sua fala, uma garota de cabelos róseos levantou uma das mãos. - Naquele canto ali, ficarão você e… Sabaku no Gaara. Vocês podem ir. - Ela e o ruivo, sim, aquele irritante, se dirigiram ao canto esquerdo do ginásio.

— Nara Shikamaru e Hyuuga Hinata, vocês podem ir para o lado deles dois. Pro outro canto, podem ir Mitsashi Tenten e Hyuuga Neji. Do lado deles, Yamanaka Ino e Uchiha Sasuke. E por último, Sabaku no Temari e Uzumaki Naruto.

Avistei um moreno sozinho ao lado da Mitsashi e do garoto odioso dos olhos perolados e fui para lá. A medida que fui me aproximando, percebi que ele se parecia muito com o cara do sonho-lembrança, Itachi. Uchiha Itachi, Uchiha Sasuke. Parentes, talvez? Oh. Kami, o que havia ocorrido com nosso papo de nada de assunto pessoais hoje?

Suspirei, completando o resto do caminho até o meu companheiro de treinamento. Não acredito que isso estava acontecendo. Olhei-o de relance e percebi que ele me encarava com uma expressão superior. Lá vamos nós.

— Bem, agora que as duplas foram separadas, eu quero que vocês treinem taijutsu com os parceiros. Nada de ninjutsu e genjutsu, repito, nada que não seja taijutsu. E sim, eu vou estar de olho em todos vocês. Quando estiverem prontos, comecem!

Oh, que Kami esteja ao meu lado.

Mas ele não estava. Eu tenho certeza que Kami estava do lado completamente oposto ao que eu precisava dele. O homem de olhos tão escuros quanto a noite não teve nenhum pouco de pena de mim. E foi nesse momento que percebi que talvez meu treinador estivesse pegando um pouco leve demais comigo.

Meu parceiro foi implacável. Desferiu golpes com uma precisão que eu não consegui acompanhar. Perdi o número de quantas vezes fui ao chão. Minha roupa estava completamente arruinada e havia hematomas por todo o meu corpo.

Após dez minutos de humilhação total, o treinador pediu para que parássemos e descansássemos um pouco. Como eu já estava no chão mesmo, fechei os olhos e tentei relaxar o meu corpo.

— Patética. - Comentou o meu parceiro, com um tom zombeteiro e alto o suficiente para que algumas pessoas perto escutassem, e então ouvi-o se afastando. Não me importei, já que naquele momento eu não tinha forças nem para ficar com raiva. Eu sabia que seria uma das primeiras a morrer, se não a primeira. Então, qual era o real ponto?

— Levantando, pessoal. Vamos trocar seus parceiros. - Abri meus olhos e obriguei minhas pernas a se mexerem. No final desse dia, eu provavelmente cairia morta na frente do meu dormitório porque tenho certeza que não conseguiria chegar até a minha cama. Em frente ao dormitório poderia ser esperançoso demais. Talvez eu caísse aqui mesmo, depois que tudo isso acabasse. - Uchiha Sasuke e Nara Shikamaru, ali naquele canto. Haruno Sakura e Uzumaki Naruto. Yamanaka Ino e Mitsashi Tenten, Sabaku no Gaara e Hyuuga Neji e Sabaku no Temari e Hyuuga Hinata.

Tensão pairou no ar com a revelação da última parceria de treino. Uh oh. Isso não era nada bom. Todos olharam-se, lembrando do incidente no refeitório. Com certeza isso não ia dar certo.

— Por que estão parados? Movam-se!

Vou o mais depressa que consigo para o lado da Mitsashi, considerando a situação deplorável em que meu corpo se encontra. Eu sei que deveria estar observando alguns concorrentes e suas técnicas, mas do jeito que eu estava ali, já não ligava mais para nada a não ser meu desejo de cair em qualquer lugar e renovar as energias do meu corpo.

A comedora louca não era tão implacável quanto meu ex-parceiro. Ela foi certeira em alguns golpes que me fizeram cair no chão e quase não levantar, mas ela era mais leve. Consegui fazê-la cair no chão duas vezes com minhas rasteiras cegas e para mim isso já era uma grande conquista.

Tudo estava indo bem, até que não estava. Todos treinavam tranquilamente até que o receio de todos finalmente se concretizou. Não sei exatamente o que houve, só sei que de repente cabelos cor de areia mulher assustadora sacou um leque que carregava nas costas e foi com tudo para cima de olhos perolados versão feminina. Não cheguei a ver o começo daquilo, e aposto que ninguém também não. Acho que todos só repararam quando o barulho do contato entre o tal leque e uma kunai foi tão alto que era impossível não parar e prestar atenção ao que estava acontecendo ao redor.

Em seguida, uma ventania muito louca e forte começou. Cobri meus olhos com as mãos, tentando ver o que estava acontecendo. O vento foi tão forte que provocou alguns cortes em minha pele, que me fizeram estremecer. Esse treino precisa acabar. Agora.

Tudo começou a se acalmar, por tudo eu digo a ventania, e aos poucos eu conseguia ter uma visão melhor do que estava acontecendo. O leque agora estava totalmente aberto atrás da garota macabra e a outra fazia um sinal de mãos estranho.

— Byakugan! - Veias grossas nasceram nas laterais dos olhos da mulher de cabelos azuis e olhos perolados, o que me assustaram um pouco. Ok, o que estava acontecendo?

— O que vocês estão fazendo? - O treinador finalmente se tocou que algo estava errado. Ele demorou muito a perceber, mas era provavelmente porque estava mais perdido que todos nós, já que não estava situado na situação toda. Uh oh, eu sabia que isso não daria certo. Ele olhou de uma para a outra, enquanto ambas se encaravam com fúria no olhar. - Eu disse nada de ninjutsu ou genjutsu. O que acham que estão fazendo? Se vocês tem algo uma contra a outra, levem isso para a Arena, somente para a Arena. Não será permitido esse tipo de comportamento enquanto os jogos ainda não começaram. Vocês me entenderam?

Como se não tivessem prestando atenção, nenhuma das duas falou absolutamente nada por um momento, o que deve ter estressado um pouco o treinador, porque ele elevou sua voz e repetiu:

— Eu perguntei se vocês me entenderam.

— Sim, entendi. - Respondeu a mulher das veias na lateral dos olhos, enquanto a outra continuou fuzilando com o olhar mais um momento antes de se virar e sair. E quando eu digo que ela se virou e saiu, estou falando sério. Cabelos laranjas até tentou chamá-la e repreendê-la com uma voz severa, mas ela não parou de caminhar nenhum instante. E sequer se incomodou de olhar para trás. Saiu porta afora sem nenhuma hesitação.

— Bem, como o treino de hoje foi arruinado, sugiro que voltem para o clã Yamanaka e descansem. Teremos outra oportunidade para fazer o treino em grupos. Estão dispensados. - E então ele saiu, provavelmente indo atrás da mulher que acabara de sair. Eu não sei por quem eu tinha mais medo ali.

— Foi tão divertido!!! - exclamou Mitsashi, ao meu lado, com um mega sorriso no rosto. - Devíamos fazer isso mais e mais vezes. Imagine que legal!

Divertido? Divertido? Gostos e gostos. Eu chamaria esse treino de qualquer coisa, menos divertido. Cocei meus olhos, o cansaço começando a bater. Eu precisava ir para o meu quarto. Nesse exato momento.

— Não sei de quem devo ter mais pena. Se é o treinador Yamanaka ou da garota Hyuuga. Temari vai fatiá-los. - O ruivo se aproximou, com o mesmo sorriso no rosto que estampava da última vez que havia acontecido um incidente parecido. - Tudo bem, preciso ir. A gente se vê depois.

E então todos começaram a sair. Foi difícil andar, claro que foi. Mas a esperança martelava em minha mente. Não só a esperança, mas também a imagem da minha cama. E isso me deu força para continuar andando.

***

Abri os olhos para a escuridão que me cercava. Cocei o rosto, confusa sobre onde estava. Aparentemente este era meu quarto e eu estava deitada na minha cama. Tentei me lembrar como eu tinha tido forças para chegar até aqui, mas não consegui. Eu devia estar muito cansada para ter desmaiado desse jeito.

Meu estômago fez um barulho estranho, provavelmente protestando de fome. Eu não sabia em que momento do dia estava, nem se o jantar já havia passado.  De qualquer forma, levantei-me, percebendo que ainda estava com a roupa do treino da tarde. A roupa estava suja e completamente inutilizável, se formos considerar um segundo uso da mesma, mas não me importei em sair com ela.

Abri a porta do meu quarto e peguei o caminho que me levava até o refeitório. Eu não sabia se teria comida ou não, mas, mesmo que não tivesse, teria pelo menos água para enganar o meu faminto estômago.

Enquanto caminhava, supus que deveria ser muito tarde, já que o único barulho que eu estava escutando era o dos meus próprios passos. Segui em frente, avistando a porta do refeitório. Por sorte, eles não desligam as luzes a noite, apenas abaixam a intensidade.

Entrei no recinto e eu era a única ali. Realmente devia ser muito tarde e o jantar devia ter se passado enquanto eu estava dormindo. Sabendo que não havia nenhuma programação para a noite, isso explica porque ninguém havia ido tentar quebrar a minha porta. Provavelmente, nem notaram que eu não havia aparecido, já que tenho certeza que todos os outros estavam focados em outras coisas mais importantes.

Fui até o bebedor e enchi um copo grande de água. O refeitório era um lugar muito silencioso sem ninguém, mas não de uma forma assustadora e sim de uma forma tranquila. Bebi toda a água em uma golada só e meu estômago agradeceu com outro barulho estranho.

Virei-me para voltar para o quarto, quando percebi que havia alguém ali. A pessoa estava no canto, no encontro de duas paredes, no mesmo lado da porta, assim, não havia como eu tê-la visto quando entrei, a menos que eu parasse para olhar todo o lugar.

Seus cabelos ruivos me deram uma boa ideia de quem poderia ser. Ele estava agachado, sentado ali na verdade, com os joelhos dobrados, seus dois braços sobre eles e a cabeça encostada nos braços, de forma que eu conseguia ver suas características, mas seu rosto não estava visível. Seu corpo estava tremendo de uma forma estranha e me aproximei pé ante pé para ver o que estava acontecendo.

Eu geralmente não era tão curiosa, mas talvez ele estivesse precisando de alguma coisa e eu não era tão má a ponto de largá-lo lá como se eu não tivesse visto o que estava acontecendo. Obviamente que eu o achava estúpido devido a seus comentários desnecessários, mas isso não me impediria de ajudá-lo se ele precisasse de mim.

Aproximei-me a ponto de ficar exatamente a um passo dele, eu ali em pé à sua frente, Inclinei-me, estudando-o, não tendo nenhuma intenção de tocá-lo. Sua cabeça se mexeu, dando um estalo e então a próxima coisa que eu sei é que eu estava olhando para dois buracos negros que com toda a certeza não eram os olhos desse garoto.

Endireitei-me, em choque, enquanto ele continuava me encarando. Sua boca estava aberta em escárnio e por aberta eu não quero dizer em um sorriso, e sim de um jeito estranho que parecia estar babando ao encontrar uma presa suculenta. Quem era ele?

— Ora, ora, o que temos aqui? Uma coisinha linda que acordou no meio da noite, sedenta por um copo de água? - Ele virou a cabeça para me estudar e dei um passo vacilante para trás. Eu me lembrava da voz dessa pessoa, mas tenho certeza absoluta que não era essa. Essa voz era mais grossa, bem mais grossa, uma voz de monstro, o tipo de voz que você só escuta em histórias de terror.

— Quem é você? - Minha vontade no momento era ter ido embora sem oferecer qualquer tipo de ajuda. Por que eu havia ido me intrometer nisso afinal, uma coisa que nada tinha a ver comigo? Eu era estúpida, estúpida.

— Eu? Ah, mocinha, você não sabe quem eu sou? - Sabe aquela sensação de medo extremo que te faz congelar sem você ao menos perceber? Então, aquela era eu assim que ele disse essas palavras. Com a mesma expressão assustadora, ele se levantou e se aproximou de mim mais rápido que uma respiração. Seus dedos acariciaram minha bochecha e uma risada estrondosa saiu dele. - A resposta que você espera é que eu diga que eu sou Sabaku no Gaara, do clã Sabaku No, que tem dois irmãos e que é um dos seus companheiros de luta. Mas, na verdade, a resposta certa é que Gaara, agora, está bem longe daqui. Ele está dormindo como um bebê e em seu lugar eu estou aqui fora, conversando com você.

— O que isso significa? - Engoli todo o meu medo e perguntei. Eu não preciso ter medo. Não preciso. Continuei repetindo esse mantra para mim mesma, tentando recuperar a minha mente para pensar coisas racionais novamente. Não bastava que um dos membros desse clã fosse assustador o suficiente e agora temos outro que está seguindo pelo mesmo caminho? O que há com essa família afinal?

— Meu nome é Shukaku e eu sou o espírito que vive dentro desse corpo. Quando o pirralho dorme, eu acordo para a vida. Eu espero cada maldita noite para acordar e fazer alguma coisa. Você não sabe como é estar aprisionado a um corpo, sem autonomia nenhuma para fazer o que achar. - Seu rosto mudou para raiva, raiva não, fúria, como se estivesse inconformado com sua situação atual. Kami, o que eu devia fazer? Virar e sair? E o que havia com existir um espírito dentro de uma pessoa, por Kami? Isso era possível? - Mas vamos esquecer sobre mim e focar em você.

— O que você quer comigo? - Minha voz saiu rouca, como se eu tivesse sendo rude, mas a verdade era que eu estava com medo. Por Kami, ele era um espírito que acordava toda vez que o garoto dormia, o que eu devia pensar? E como não ter medo de algo assim? Eu só queria estar no meu quarto, na segurança da minha cama e com os meus olhos bem fechados.

— Oh, garota, não há necessidade de ser rude. Você descobriu o meu segredo. Você é a única aqui que sabe o que eu sou e que eu existo. Todas as outras pessoas pensam que nós espíritos fomos destruídos. Nem ao menos o pirralho e sua família sabem que eu ainda existo. O que significa que você ameaça a minha existência. Se você disser a qualquer um que eu existo… É o meu fim.

— Por que você acha que eu contaria às pessoas sobre você? Isso não tem nada a ver comigo, eu não vou me meter. - Eu obviamente não iria mesmo e eu sinceramente esperava que ele acreditasse e me deixasse ir embora. Em nenhum momento ele havia me proibido de ir, mas algumas coisas apenas não precisam ser ditas, sentimos no ar.

— Mas você vai se lembrar. E digamos que a nossa mente pode ser apenas traiçoeira se não tivermos cuidado com ela.

— Então você precisa me dar um voto de confiança. - Arrisquei, não tendo a mínima ideia do que eu estava fazendo. Por Kami, eu estava fazendo negócio com um espírito? Quem eram eles afinal?

— Voto de confiança? - Ele coçou o queixo e adquiriu uma expressão pensativa. Andou em círculos, ao meu redor, como se isso o ajudasse a analisar melhor a situação. - Nunca foi preciso dar um voto de confiança a ninguém. Como eu posso ser garantido de que você não irá me trair?

— Não há garantias. Você precisará confiar cegamente em mim. - E eu estava certa. De que forma eu poderia garantir de que não contaria seu segredo? Ele não podia entrar na minha mente, então seria fácil demais mentir para ele sobre a situação toda.

— Certo. Eu pensei sobre isso e concordo com o que está dizendo. Vou confiar em você dessa vez. Mas uma vez que você me trair, eu saberei, porque eles virão atrás de mim. E assim que isso acontecer, eu a matarei em seu sono. Se eu não for capaz de fazê-lo por ter sido capturado, o pirralho fará por mim, acredite. Estou confiando em você, garota. Qual é o seu nome?

— Ino.

— Tudo bem, Ino. Vamos fazer esse acordo. - Ele estendeu sua mão e, apesar de todo o temor, eu sabia que precisava pegar. Apertei-a, percebendo o quão gelada ela era. - Eu vou lhe procurar novamente em algum momento para me certificar de que tudo está certo. No momento, porém, há algo a acertar. O pirralho se lembrará de algumas coisas quando acordar na manhã seguinte. Infelizmente, este é o corpo dele e estes são seus olhos, e eu não posso esconder tudo o que faço. Isso significa que você precisará arrumar uma forma de que ele não descubra sobre mim, considerando que ele saberá algumas coisas sobre esse nosso pequeno momento.

— Eu não sei o que inventar. - Disse eu, minha mente a mil tentando pensar em alguma coisa. Ele me olhou com os olhos cerrados, talvez se perguntando quão estúpida eu era que nem conseguia pensar numa desculpa de nada para me livrar de uma situação.

— Tudo bem, Ino, eu já pensei em algo. Eu preciso que você diga as palavras “Vamos nos aliar”. De agora em diante, vamos fingir que você e Gaara se aliaram para lutarem juntos. É a parte que ele vai se lembrar amanhã. E você precisa manter isso de pé. Acha que consegue, garota?

— Consigo. - Falei, aparentando estar tranquila, mas por dentro eu estava totalmente em discordância com isso. Eu podia não saber muito bem o que era uma aliança em si, mas eu sabia o princípio disso. Eu sabia que se nós nos aliarmos, de verdade, íamos sempre ajudar um ao outro, até mesmo nas lutas, mesmo que eu não soubesse exatamente de que forma poderíamos fazer isso. - Vamos nos aliar.

— Muito bem. Nós temos um trato. - Soltamos nossas mãos e sua boca se transformou em um sorriso de triunfo. - Muito bem, paramos por aqui. Eu vou para o quarto antes que alguém mais apareça e todo o nosso plano vá por água abaixo. Mas não se esqueça, Ino. Nós temos um trato.

E então ele se virou e saiu, e Kami, como foi bom respirar normalmente. Coloquei a mão no peito, a adrenalina batendo em mim só agora, me deixando acelerada. O que eu havia feito, por Kami?


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Notas finais do capítulo

E ai, queridos? O que acharam? Sugestões, críticas, elogios, todos são bem vindos e que seja espontaneamente. Não se sintam forçados a nada. Nos vemos no próximo capítulo, um beijo a todos.



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