Ressurreição escrita por Eve brt


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Hey gente! Eu devia postar na terça, mas atrasei (foi mal). Esses dias foram puxados, mas farei de tudo para não demorar mais de uma semana para postar o próximo!
Queria agradecer a Malí e a Dreamer por comentarem no capítulo passado! Além da Kelly e do Wesley que comentaram em outros capítulos! Obrigado gente, vale muito!! ;)
Boa leitura!
Bjs, Eve



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Estava frio, Jack podia sentir. Era uma manhã de inverno... Não sabia ao certo como tinha a consciência disso, afinal, nem reconhecia o lugar ao seu redor. Ele se encontrava deitado numa cama simples e observou que estava num quarto pequeno, com paredes de madeira e duas janelas por quais podia ver a neve caindo lá fora. Também não sabia o porquê, mas aquilo lhe trouxe paz. A dúvida pairava, teve que se levantar para descobrir o que aconteceu, teria surgido ali por mágica? Jack não acreditava muito nesta teoria.

Se sentia estranho, de novo não! Estaria não se reconhecendo mais uma vez? Tudo ao seu redor parecia tão grande... Viu um espelho posto próximo a cama, a essa altura, o ex guardião já tinha pavor do seu próprio reflexo. Pegou-o comprovando sua suspeita. Não era um guardião, um aprendiz ou até mesmo a figura da sua memória, onde tinha salvado sua irmã. Era menor. Olhos e cabelos castanhos, estes que quase caiam em seus olhos. Não soube o que pensar, aquilo era um sonho? Ele se questionava.

Jack caminhou até a porta, chegando ao corredor, onde pôde ver que só havia uma vela apagada. A casa lhe era familiar, provavelmente esteve ali antes de cair no lago. Seus passos curtos pararam quando chegou num outro cômodo, a cozinha. Esta não tinha uma porta, então Jack resolveu espiar. Viu um homem de costas pra ele, preparando algo numa bancada, e uma mulher segurando um bebê virada para frente para o ex guardião. Eles tinham cabelos castanhos, ele também notou que a mulher possuía belos olhos azuis. Concluiu que ficou divagando por muito tempo, pois a estranha acabou notando sua presença, dando um sorriso muito acolhedor para ele.

“Já acordado? Que surpresa!” Disse ela rindo. “Bom dia meu filho!” Concluiu. A mulher se levantou indo até Jack, dando um beijo na testa dele. Ficou estático, o que era aquilo? Aquela estranha realmente era sua mãe?! Claro que não... Ao menos que esteja numa lembrança, de qualquer forma, Jack sabia que não podia ser real. Pôde ver o bebê mais de perto, estava enrolado por um lenço branco e tinha olhos castanhos parecidos com os seus. Ele só havia visto aqueles orbes uma vez, na sua memória. Aquela... podia ser sua irmã? Não sabia se chorava e as abraçava ou saía correndo apavorado, sua mente nunca poderia lhe pregar uma peça tão maldosa. “Venha tomar café, querido.” Chamou ela. Jack acenou em concordância, dando curtos e receosos passos até a mesa. Sentou-se numa cadeira de frente para a mulher, ela lhe trazia conforto, ele sabia disso mesmo não conseguindo senti-lo. Podia vê-la diante dele, ver a sua mãe, não seria errado querer aproveitar cada segundo da presença da sua família, mesmo que fosse apenas uma espécie de ilusão.

Jack dedicou aqueles preciosos instantes examinando bem o rosto dela, seu olhar e sorriso. Queria tanto lhe dar um abraço e enche-la de beijos, mas não podia fazê-lo. Também desejava fazer inúmeras perguntas... Tinha muito medo do que aquilo poderia causar, então resolveu ficar calado e apreciar o momento.

“Bom dia filho.” Ouviu uma voz grave atrás dele, tinha até esquecido do homem que também estava na cozinha. Era seu pai... Jack teve de se controlar, sabia que aquilo só poderia ser um sonho, uma miragem ou uma ilusão. De qualquer forma, não poderia se deixar levar. O homem colocou alguns pães na mesa e pôs suas mãos nos ombros de Jack, este que não teve coragem de levantar seu olhar. O garoto encarou sua mãe e irmã, não queria sair de lá de jeito algum. Ter mais uma lembrança depois de tanto tempo... Mas como já sabia,

A vida é traiçoeira.

Só sentiu seu pai lhe depositar um beijo na testa e sua mãe direcionar um belo sorriso em sua direção, se a aproximando dele mais uma vez.

“Jack...” Disse ela acariciando o seu rosto com as costas da mão. Tinha um sorriso alegre e, ao mesmo tempo, melancólico. “Nós te amamos. Sabe disso, não é?” Questionou ela. Novamente, o ex guardião ficou estático. O que devia dizer? Talvez um ‘eu não me lembro de vocês e já esqueci o que é o amor’ não fosse a opção ideal. Por mais que tenha se sentido confortável ali, Jack não conseguia ter algum sentimento em relação a eles. Ficou em silêncio e fechou os olhos, odiava não poder sentir de novo. Ele achava que nunca diria isso, pelo menos não quando foi mandado para um lugar estranho 10 anos atrás.

Abriu os olhos lentamente, eles deviam estar loucos. Não via mais a mulher na sua frente, nem o bebê. Simplesmente teriam desaparecido? Era estranho, pois ainda podia sentir mãos grosas sobre seus ombros. Mesmo assim, não ousou levantar o olhar.

“Sabe garoto...” Ouviu o homem se pronunciar. “Ás vezes temos que aproveitar as coisas pequenas da vida da melhor forma possível, mesmo que pareça desnecessário.” Disse ele.

 Jack ficou confuso. O que ele queria dizer? Ouviu o homem rir, ele tinha uma risada rouca e familiar. De novo, pensou que aquilo lhe trouxe uma sensação, de diversão e alegria.

“Não se preocupe muito meu filho. Esta vida foi feita para se viver, mesmo que não a queira.” Acrescentou ele. “Mas em seu lugar, eu aproveitaria esse tempo o quanto durasse.” Completou, retirando as mãos de cima dos ombros do ex guardião.

Jack não o via, só escutava... Mas jurou ter sentido ele sorrir.

“Agora Jackson...” Disse ele com certo humor na voz. “Acorda menino!”

Tudo parou naquele momento...

Mas Jack pôde sentir que aquele sorriso ainda o seguia.

                                                                                                                                        ~~~~~*****~~~~~

Estava suando. Jack havia acordado num pulo, percebeu que estava de volta à oficina no porão. Viu que Vicent dormia tranquilamente na sua cama, então tudo foi um sonho? O ex guardião não sabia dizer se eles eram sempre assim, mas queria descobrir. Seu coração batia muito rápido e sua respiração estava ofegante, não sentia mais qualquer ponta de sono, sabia que não conseguiria dormir novamente. Talvez fosse melhor se levantar, precisava tomar um copo d’água.

Um conjunto imenso de sensações lhe dominava, realmente poderia ter encontrado sua família ou aquilo foi só uma peça pregada pela sua imaginação? Ele não sabia dizer qual das opções lhe dava mais medo.

Jack cuidadosamente acendeu o lampião que estava ao seu lado, erguendo-o e também se levantado. Dava cuidadosos e silenciosos passos até a escada do porão, embora soubesse que o amigo tinha um sono muito pesado. Quando terminou de subir os degraus se lembrou de que o castelo lhe seria apresentado somente ao amanhecer, não sabia onde ficava a cozinha. Bem, ele estava disposto a procurá-la.

Jack rodeou toda a construção real, já que sabia que os guardas só faziam a ronda na parte externa. Passou pelos belos corredores e salões, mas nada. Ele aprendeu com Vicent a apreciar a arte e reconhecer seu significado, o castelo de Arendelle parecia a mais bela obra já construída. Tudo nele tinha um toque mágico de beleza, e não se importou em ficar parando para admirar cada quadro, escultura e pintura que via. Pegou-se rindo imaginando o que o velho Jack Frost acharia disso.

O ex guardião já estava ficando exausto. Ele andava pelos extremos do castelo quando acabou por encontrar uma porta, esta que Jack pôde ver pelas janelas ao seu redor que levava ao jardim. Se questionou se seria errado ir até lá, principalmente numa hora dessas. Precisava de um ar, então resolveu arriscar.

Abriu a porta e, novamente, ficou deslumbrado. O jardim era muito bem cuidado, via belas plantas e flores espalhadas por toda sua extensão. O verde exuberante dominava a paisagem, se um dia quisesse ficar em paz em algum lugar, certamente seria aquele. Jack levantou seu olhar para o céu, ficando ainda mais surpreso. Certamente tinha esquecido que há tantas estrelas no espaço, a baixa iluminação permitia vê-las muito bem. Ele nunca conseguiria enxergá-las no século XXI.

Sua atenção se voltou para Lua, ela parecia até maior vista dali. Se questionou mais uma vez, até agora não entendia o propósito do Homem na Lua tê-lo enviado até ali. Nem sabia onde estava sua família, sobreviveu pela sorte de ter encontrado Vicent. O que ele poderia querer? Jack já estava exausto de perguntas sem respostas. De novo, estava divagando muito.

Até por isso...

Não tenha notado a presença de uma certa rainha que admirava o esplendor daquela noite.

                                                                                                                                     ~~~~~*****~~~~~

“Jackson?”

O ex guardião quase deu um pulo ao ouvir a voz feminina, não podia ser... Ele realmente teria escutado a rainha de Arendelle? Se virou imediatamente, já com receio do que poderia vir. Estava ela sentada num banco segurando uma xícara de chá, Jack podia notar o olhar de dúvida em seu rosto. Ele se questionou como não notou a presença dela ali esse tempo todo. Observou que a rainha usava um vestido azul-turquesa leve e simples, mas gracioso. Afinal, era uma rainha. Seu cabelo estava solto e voltado para trás, parecia que ela estava preparada para dormir ou até já tinha ido e, pela hora, Jack acreditava mais na segunda opção. Mil perguntas viam à sua cabeça, mas naquele momento sabia que tinha que preparar um discurso de desculpas.

“M-Majestade!” Não conseguiu, nem poderia, disfarçar sua surpresa e nervosismo. “P-Perdoe-me! Não sabia que estava aqui!” Disse ele, já era uma situação embaraçosa para o ex guardião. Pensava em como a rainha reagiria e as muitas formas que Vicent tentaria matá-lo, não podia ser expulso! As possibilidades viam à sua cabeça, exceto a que realmente aconteceu e, como não poderia deixar de ser, a mais surpreendente. A rainha deu uma doce risada.

“Boa noite Jackson.” Somente disse ela, em seguida lhe direcionou um sorriso gentil. “Por favor, sente-se.” Concluiu.

O ex guardião ficou apático por alguns instantes, mas fez o que foi pedido. Uma onda de emoções passava por ele, seguida por outra de questionamentos. Caminhou com passos curtos e sentou-se no banco receoso.

“O que faz acordado a uma hora dessas?” Perguntou Elsa com certo humor na voz, virando o rosto em sua direção tomando um gole de chá. Jack ficou em mudo por alguns instantes, a rainha realmente lhe surpreendia cada vez mais.

“Não consegui dormir, Majestade.” Respondeu ele. “Procurei a cozinha para beber água e não a encontrei, então resolvi tomar um ar. Perdoe-me pelo incômodo.” Concluiu.

“Não é incômodo algum, não há a necessidade de se desculpar.” Disse Elsa com um doce sorriso, Jack retribuiu.

Nas horas em que o ex guardião pôde ficar perto da rainha, ele concluiu que ela era diferente de todas as monarcas que já viu durante séculos de existência. Talvez sua magia transmitisse alguma espécie de encanto, não sabia dizer, mas tinha certeza que todos naquele reino foram pegos por esse tal feitiço e lhes faz muito bem.

“Algum pesadelo?” Perguntou Elsa. Jack foi pego de surpresa, não esperava que a rainha fizesse tal questionamento. Ele notou seu olhar curioso, podendo notar bem seus olhos, o que não conseguiu fazer ao longo daquele dia. Eram de um magnífico azul gélido, pareciam até uma charada para ser decifrada. Tinham um belo brilho movido pela curiosidade, era muito intrigante e, ao mesmo tempo, fascinante.

“Acho que um sonho.” Respondeu Jack. Seu nervosismo, naturalmente, ia desaparecendo aos poucos. “Era muito real...” Não sabia o porquê que tinha comentado isso, mas se sentiu mais aliviado. Ele encarou Elsa, de fato, seu olhar era indecifrável.

A rainha de Arendelle também analisava o recém-chegado. Ele logo a intrigou, afinal, o que dois viajantes realmente iriam querer num reino tão distante? Mas, por mais incrível que pudesse parecer para Elsa, concordava com a irmã sobre ter uma sensação boa em relação a eles. Mas caso estivesse enganada, a rainha podia muito bem se defender. Por que não depois de tanto tempo de somente razão, retendo suas emoções, seguir seu coração ao invés da sua cabeça? Elsa escolheu arriscar.

Ele estava com uma barba rasa, da mesma cor castanha dos seus olhos e cabelos rebeldes. Ela encarava seus olhos, pôde notar que cada um tinha um pequeno traço azul... Aquilo a surpreendeu e a intrigou.

“Sonhos são bons.” Se pronunciou a rainha. “Eles são cenários do que queremos que se torne realidade ou lembranças de um momento que gostaríamos de reviver.” Disse ela, um sorriso de canto brotou no rosto do ex guardião. Ele teria no que pensar mais tarde.

“Creio que está certa, majestade.” Falou Jack, ainda sorrindo. “E o que faz ainda acordada?”

Era o momento de se enfiar num buraco de vez, não acreditava que realmente tinha feito essa pergunta. Não era da conta dele, não tinha motivos para achar que poderia conversar com a rainha... Ou tinha? Acreditava que não. Encarou o chão, se questionando o porquê só faz o que não devia. Parecia que 10 anos nessa época não foram o suficiente para lhe dar noção.

“Perdi o sono.” Disse Elsa. O ex guardião imediatamente levantou o olhar para a rainha, ela exibia um belo sorriso. “O que é uma pena... Mas pelo menos encontrei alguém para dividir a insônia.” Disse ela rindo.

Era incrível, Jack sentia que aquela risada havia contagiado o ar, ela devia ser realmente uma espécie de feiticeira.

“Jack... Posso chamá-lo dessa forma?” Perguntou a rainha. O outro, pra variar, ficou surpreso. Mas acenou em concordância. Elsa se levantou, voltando-se novamente para ele. “Por favor, me acompanhe.” Disse ela.

“Pra onde, majestade?” Questionou Jack, estava confuso e receoso. A rainha riu de novo, dessa vez da feição do ex guardião, era hilária. Elsa chegou perto dele, olhando no fundo dos seus olhos com um ar divertido.

“Fique calmo, eu só vou te mostrar a cozinha!”

                           ~~~~~*****~~~~~

Eles caminharam em silêncio ao longo do percurso. Depois de pouco tempo, a rainha parou em frente a uma porta e Jack fez o mesmo. Elsa a abriu e entrou, seguida pelo outro. O ex guardião ficou de queixo caído, a cozinha era enorme e, como não podia deixar de ser assim como tudo naquele reino, de muito charme. A rainha caminhou até um armário no chão, abrindo-o.

Jack divagava, tanto que nem notou Elsa chegando até ele com um copo.

“Aqui está.” Disse ela, o ex guardião não sabia que ela havia ido lhe trazer água. Pensou o quanto era engraçado ser servido por uma rainha.

“Obrigado, rainha Elsa. Não precisava.” Agradeceu ele meio envergonhado.

“Pode ser, mas valeu a pena.” Disse ela sorrindo. “Foi bom encontrá-lo Jack, devo ir dormir agora, e sugiro que faça o mesmo. Não se atrase para o primeiro dia.” Falou rindo, o outro fez o mesmo.

“Acredite Majestade, farei o possível.” Disse com humor na voz, a rainha sorriu. Ela caminhou em direção à porta, parou no meio do caminho e voltou-se para o ex guardião.

“Jack, uma última coisa.” Disse a rainha. “Quando não há ninguém por perto, eu sou só a Elsa.” Concluiu sorridente. “Tenha uma boa noite.” Jack a encarou retribuindo o sorriso.

“Boa noite... Elsa.” Disse ele divertido. A rainha piscou em sua direção para, logo em seguida, se retirar do aposento.

Jack ficou ali por mais um tempo, um pouco apático e confuso. Mas depois voltou para o porão e foi para a cama.

Ficou aliviado... E se pegou falando sozinho, com um largo sorriso no rosto.

“Então isso também não foi um sonho...”

Pois é, Jack Frost. Seria esse o primeiro passo rumo à confiança da rainha Elsa de Arendelle...? 


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem até aqui! Desculpas de novo!
Nos vemos no próximo capítulo!!
Bjs, Eve



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