Ressurreição escrita por Eve brt


Capítulo 7
Capítulo 7




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Era uma tarde muito quente. Jack tinha as rédeas enquanto Vicent dormia, levando-os rumo à Arendelle. Fazia nove dias que tinham saído de Alesund, enquanto um descansava outro dirigia a carroça, queriam chegar lá o mais rápido possível. O jovem reparava o céu claro e as grandes árvores, era verão, confessava que devia ser uma estação linda naquela região.

Vicent começou a acordar, tinha até excedido o tempo que haviam combinado para o revezamento, mas Jack não se importou. O velho inventor olhou ao redor, em seguida para o jovem.

“Nossa, desculpe garoto! Não dá para reparar o tempo passando quando se dorme!” Disse rindo, o outro fez o mesmo.

“Tudo bem, não estou com sono.” Respondeu. O que era verdade em razão da sua ansiedade para chegar até Arendelle, segundo Vicent, já estavam perto. Reparou que seu amigo estava com os olhos estreitos para o horizonte, ele que em seguida, riu contente.

“Parece que chagamos, garoto! Uhuuu!” Falou o grisalho comemorando. Jack conseguiu enxergar a figura do castelo ao longe e abriu um grande sorriso, ele segurou as rédeas com mais força.

Para evitar problemas, colocaram a carroça na entrada do reino e caminharam para dentro dele. Jack estava com cara de abobalhado, acreditava que nunca tinha visto nada como aquilo, ousava dizer que alguma espécie de magia rodeava aquele lugar. Era encantador, via crianças brincando por todo lado e comerciantes vendendo suas mercadorias com grandes sorrisos nos rostos, todos por quem passavam lhes complementavam. Havia construções simples, mas de uma graciosidade magnífica, tudo tinha muito charme. Parecia que tinha sido criado para encantar cada um que viesse até aquele lugar.

“Vicent, aonde vamos exatamente?” Questionou Jack enquanto caminhavam.

“Ora! Ao castelo de Arendelle, é claro. Devemos pedir permissão pra ficar no reino.” Respondeu o grisalho meio receoso, é claro que tinha chance de não conseguirem, o que assustava ambos. Andaram por mais alguns minutos até chegarem até a grande construção real, onde foram abordados por dois guardas. Eram altos, um loiro e outro ruivo.

“Alto! Quem vem lá?” Questionou o primeiro. Jack pôde notar Vicent estremecer um pouco antes de respondê-lo.

“Viemos do reino de Alesund, senhor. Procuramos abrigo em Arendelle, poderia levar-nos até o encarregado?” Solicitou o grisalho. Jack se segurou para não rir, o amigo nunca pedia qualquer coisa comportado. Quando o ruivo ia falar algo, o jovem ouviu uma voz feminina doce os interromper.

“Com licença. Algum problema, senhores?” Ele se virou e deparou com uma garota loira morango, de olhos azuis e que possuía algumas sardas.

“Princesa Anna.” Disseram os dois guardas em coro, se curvando. Jack e Vicent se entreolharam e imediatamente fizeram o mesmo.

“Nada que possa preocupá-la, alteza.” Disse o ruivo depois da reverência. “Esses forasteiros desejam se estabelecer em Arendelle.” Completou.

“Ah!” Exclamou Anna, que em seguida voltou-se para os viajantes. “Bom, o ministro Olin não está no reino hoje, mas acho que posso ajudá-los com essa questão. Por favor, me acompanhem.” Disse sorrindo. Jack e Vicent ficaram muito surpresos, mas também não negavam que a princesa se mostrar tão acolhedora era algo muito bom. O antigo guardião reparou um estranho chegando por trás da garota, era loiro e muito alto.

“Anna, quem são esses?” Perguntou o recém-chegado, que acabou dando um leve susto na princesa.

“Kristoff! Vou levá-los até a Elsa, venha com a gente.” Disse ela dando a mão para ele, este que Jack notou ficar muito corado. “Vamos pessoal.” Chamou e todos começarem a segui-la para dentro do castelo, é claro, depois dos guardas revistarem os viajantes. Ao chegarem ao pátio, Anna parou e os restantes fizeram o mesmo.

O jovem estava boquiaberto, a arte daquele lugar era exuberante! Digna de reis e deuses! Notava colunas de mármore e as belas esculturas e pinturas que decoravam o palácio.

“Vou chamar a rainha para a apresentação, esperem aqui!” Disse a princesa com uma piscada, subindo as escadas. Após alguns segundos, Kristoff se voltou para os outros.

“A carroça na entrada do reino era de vocês?” Perguntou ele. Os amigos se entreolharam nervosos, lá estava tudo o que tinham.

“Sim, algum problema?” Questionou o grisalho.

“É que eu não vi alguém ao redor, então tive que trazer até aqui.” Disse Kristoff. Os outros suspiraram de alívio. “Afinal, o que tinha lá? Consegui entender nada naquela bagunça!” Falou rindo, seguido de um sorriso de canto. Os outros dois fizeram o mesmo, e o velho inventor o respondeu.

“Ah, aquilo é só um pouco de loucura misturada com imaginação.”

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“Elsa?” Chamou Anna abrindo a porta do escritório. Podia ver a rainha lendo alguns papéis, que deixou de fazê-lo para voltar a atenção para a irmã.

“Oi Anna, o que foi?” Perguntou ela. A princesa entrou no aposento, chegando até a outra.

“É que tem dois homens querendo ficar em Arendelle, e como o Olin não está, achei que você pudesse resolver isso.” Explicou ela. “E é claro, como estamos numa expansão econômica e geográfica, em virtude da implantação e restauração da cidade Elverum, que estava em ruínas, ao nosso reino, emprego e moradia não serão problemas. Aliás, já que temos o projeto de aumento populacional, acho que isso é até um avanço. Considerando que eles parecem ter vindo aqui de propósito, significaria que Arendelle está se tornando centro de atenções... Enfim, estão nos esperando. Vamos?” Concluiu a princesa.

As irmãs sempre discutiam assuntos administrativos. Anna era, junto com o conselheiro Kai, o braço direito da rainha. Se a princesa fosse a herdeira, ninguém negaria que Arendelle estaria em boas mãos. Mas todos confessavam que Elsa tinha uma maestria magnífica para governar, daquelas que os maiores reis de todos os tempos invejariam. A rainha sorriu para a irmã e se pronunciou.

“Eu não negaria ir vê-los Anna, sabe disso.” Disse ela. “Por que parece tão interessada que esses viajantes fiquem aqui?” Perguntou.

“Ah, não sei ao certo. Há algo de curioso neles...” Comentou a princesa, o que era verdade. A rainha se levantou com um doce sorriso saindo do escritório, acompanhada pela irmã.

“Essa resposta serve por hora.” Disse Elsa abrindo a porta. “Afinal, como você diz, o melhor caminho é sempre o curioso.” Falou dando uma risada.

“Nossa! Eu disse isso só uma vez quando tinha cinco anos! Como se lembra disso?!” Questionou Anna, demonstrando sua felicidade. A rainha respondeu com um lindo brilho no olhar, causando o mesmo no da princesa para, em seguida, se dirigirem juntas ao pátio.

“Como não? Foi naquele dia que realmente descobri o quanto minha irmã caçula é genial.”

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Jack tentava não transparecer sua ansiedade, mas ele mesmo sabia que estava falhando na missão. Se a rainha era a realmente uma feiticeira como Vicent havia dito, ela devia conhecer magia, encantos e talvez até portais. Ele não podia perder essa oportunidade. Tinha reparado que havia vários guardas espalhados pelo castelo, Kristoff comentou que a maioria foi convocada pelo pai da rainha para proteger a ela e sua irmã, isso o intrigou. Jack ouviu passos que vinham do segundo andar, direcionou seu olhar para o topo da escada assim como os outros. Lá vinha a princesa Anna descendo os degraus, seguida de uma jovem mulher, que só podia ser a rainha.

Ao longe podia ver que tinha longos cabelos loiros platinados, que formavam uma traça lateral. Usava um lindo vestido azul... Jack poderia estar louco, mas jurava ter visto cristais de gelo. Elas terminaram de descer a escadaria e se aproximavam deles, notava que ela tinha uma pele muito clara, que davam um belo contraste com as maças do seu rosto. Elas pararam de frente para eles, e Kristoff se juntou as garotas. O jovem e Vicent fizeram a referência à rainha, e esta acenou.

“Majestade! É uma honra e privilégio nos encontrar em seu reino e estar diante da sua presença.” Se pronunciou o grisalho. “Meu nome é Vicent, e este é meu aprendiz Jackson. Viemos de Alasund, uma cidade ao noroeste.”

“Sejam muito bem-vindos à Arendelle, senhores. Espero que tenham feito uma viajem agradável.” Jack notou a sinceridade nas palavras da loira, resolveu se pronunciar.

“Bastante, obrigado majestade.” O jovem roubou a atenção da rainha, e pôde notar que seus olhos eram de um belo azul.

“Fico feliz em ouvir isso.” Disse dando um sorriso. “Sou a rainha Elsa de Arendelle, minha irmã e Kristoff já devem conhecer.” Os amigos acenaram em concordância. “Bem, Anna contou-me que querem um lugar no reino, por quanto tempo pretendem ficar?” Perguntou. Jack e Vicent se entreolharam, e o jovem resolveu tomar a iniciativa.

“Bem, majestade... É que desejamos arrumar um emprego aqui.” Disse olhando para o chão, não queria encarar a rainha naquele momento. Levantou olhar ao ouvi-la se pronunciar.

“E no que trabalham?” Questionou Elsa. Foi a vez de Vicent responder sem graça.

“É que... Nós construímos algumas, digamos ferramentas. Mas também consertamos todo o tipo de coisa!” Disse até meio animado. Uma expressão de dúvida se formou no rosto da rainha.

“Como assim ferramentas?” Quis ela saber. Enquanto Vicent tentava se explicar, Jack saiu do castelo de meio que apressado, sem cerimônias. Talvez todos estivessem incrédulos, pois ficaram apáticos. Com exceção da rainha, que discretamente o seguiu com o olhar. O que ele ia fazer? Ela que teve de, em seguida, ouvir todos os pedidos de perdão do grisalho pela petulância do seu aprendiz. Elsa teve vontade de rir disso, mas não o fez. Somente aceitou as desculpas gentilmente e continuou a ouvir a sua explicação.

Jack saiu do castelo, se condenando por não ter pedido licença. Droga! Estava diante da família real! Sério que você fez isso?! Ele se condenava mentalmente. Olhou ao redor tentando encontrar a carroça na qual tinha vindo ao reino, encontrando-a perto do porto de Arendelle. Começou a vasculhar aquela bagunça, procurando por qualquer coisa que servisse. Acabou por pegar uma invenção que ele e Vicent haviam criado a pouco tempo e voltou correndo para o castelo, pensando em um ótimo pedido de desculpas no caminho.

Jack chegou ao pátio com passos leves, ele podia notar suas bochechas queimando. Levantou seu olhar, já que olhava para o chão com medo do sermão que o amigo certamente ia lhe dar, embora soubesse que ele não o faria agora. Chegou até a frente da rainha, esta que o encarava com um olhar de duvida. Jack notou que ela ia falar algo, resolveu ser mais rápido.

“Majestade, peço perdão por minha súbita saída, estava um pouco ansioso.” Disse ele, Elsa acenou a cabeça.

“E isso acontece com frequência?” Perguntou ela sorrindo. O jovem pôde notar Vicent acenando para ele dizer não.

“Honestamente, mais do que eu gostaria.” Respondeu com um sorriso de canto, já a rainha soltou uma leve risada.

“Encantador.” Disse ela gentilmente, e Vicent soltou um suspiro de alívio. “Mas senhor Jackson, o que você nos trouxe?” Questionou Elsa olhando para o objeto que Jack segurava.

“Isso, majestade, é um objeto que ajuda a molhar as plantas!” Falou ele animado, mostrando-o para a rainha. “Não encharca e nem deixa faltar! Os furos nessa parte permitem controlar o quanto colocar, economizando água!” Concluiu.

Elsa se aproximou do ex guardião, observando o objeto mais de perto. Ele concluiu que realmente devia estar louco, via flocos de neve no vestido dela. Que sentido isso fazia?

“Magnífico.” Ouviu-a dizer. “Parece simples, mas é engenhoso. Realmente criaram isso?” Perguntou ela, Jack e Vicent acenaram em concordância. “Sempre fazem coisas assim?” Questionou mais uma vez.

“Rainha Elsa.” Disse Jack. “Ao longo desses anos, pude concluir que meu amigo não pode viver sem criar algo novo.” Completou rindo em seguida, todos os outros presentes fizeram o mesmo. A herdeira de Arendelle esboçou um belo sorriso para os viajantes, se pronunciando logo em seguida.

“Nesse caso, adoraria conhecer mais.”     

                             ~~~~~*****~~~~~                                     

Eles passaram as cinco horas seguintes daquela tarde conversando e vendo as invenções de Vicent, que encantaram a família real e todos que lá estavam. No jardim real, o velho inventor tinha acabado de mostrar sua última obra, como ele gostava de chamá-las.

“Tudo isso é incrível.” Disse Anna dirigindo-se para os viajantes. “Tenho certeza que podemos disponibilizar um lugar para montarem sua oficina.” Completou. É claro que a princesa havia conversado o assunto com sua irmã, e ambas concordaram que eles deviam ficar em Arendelle.

“Anna está certa.” Se pronunciou Elsa, atraindo a atenção de todos. “Mas gostaria de lhes propor uma oferta.” Disse, dando um sorriso de canto em seguida.

“Sim majestade?” Perguntou Vicent muito intrigado, assim como seu amigo. A rainha se aproximou dos Forasteiros.

“No castelo há um imenso porão, bem cuidado e sem uso.” Falou, atraindo mais a curiosidade do ex guardião. “Gostaríamos que trabalhassem lá.” Deu uma pausa para pegar as reações dos viajantes, eram muito engraçadas. “Se concordarem, farei questão que não lhes faltem recursos e serão devidamente remunerados.” Completou. Elsa não demonstrou, mas estava ansiosa pela resposta deles. Agora ela realmente entendia o pressentimento bom que a irmã caçula teve em relação aos recém-chegados.

Jack estava pasmo, diferente da rainha, não sabia disfarçar muito bem. Trocou olhares com Vicent, pôde notar que também se surpreendeu. Naquilo ele soube o que devia fazer, então se recompôs da melhor maneira possível.

“Bem majestade...” Começou a falar, encarando a rainha nos seus olhos. Era uma mistura de tons, muito parecidos com o da irmã, mas Jack não sabia como descrevê-los, parecia que podiam ver sua alma. Esboçou um largo sorriso para ela, concluindo em seguida. “Seria uma honra.”

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O ex guardião estava no porão do castelo de Arendelle, que havia sido rapidamente ajustado para que ele e Vicent pudessem se estalar ali. Mas eles mesmos não queriam que muita coisa mudasse, parecia já ser o lugar perfeito mesmo que meio bagunçado. Era iluminado com diversas velas, tinham várias colunas que pareciam ser de pedra, era de fato muito espaçoso. Haviam coisas interessantes jogadas por aí, que certamente seriam muito bem aproveitadas pelo velho inventor. Jack se encontrava rodeando o lugar, meio agitado, enquanto seu amigo estava sentado numa cadeira, admirando a qualidade da madeira que estava guardada num canto.

“Sei o que está pensando garoto.” Disse Vicent de repente. “Estamos aqui, o que é ótimo, mas devemos ir devagar. Não podemos chegar na rainha e contar sua história, o que é evidente, talvez devêssemos conquistar a confiança dela primeiro.” Falou se levantando. “Isso! E ainda tenho de descobrir sobre esse tal poder que ela possui, para que possa ajudá-lo. É claro, se ela resolver fazê-lo.” Concluiu o grisalho, o outro apenas acenou com a cabeça, não esperava algo menor que isso. Depois de 10 anos, Jack estava disposto a ter um pouco mais de paciência se isso lhe trouxesse de volta pra casa.

Ele se dirigiu a sua cama posta no canto do aposento, foi um dia muito exaustivo. Deitou-se e refletiu um pouco, não era loucura? Atravessou montanhas para chegar num reino desconhecido, com a esperança que a rainha lhe ajude a viajar no tempo. Esse era o discurso que devia ensaiar para convencê-la? Desejava que não.

Se continuasse assim, ficaria acordado por toda aquela noite. Jack viu Vicent indo dormir na cama que ficava oposta a sua, apagando as velas espalhadas pelo porão para em seguida, se deitar.

“Boa noite garoto.” Disse ele. O outro virou a cabeça para sua direção.

“Boa noite, velhote.” Falou seguido de um bufo do amigo.

Em pouco tempo o ex guardião ouvia os roncos de Vicent, sorte que já tinha se acostumado com aquele som ensurdecedor. Ficou acordado por mais alguns minutos, estava divagando, como de costume. Pensou sobre a realeza, a princesa, as pessoas que conheceu e também sobre a rainha. Aquele sorriso acolhedor devia indicar ser uma boa pessoa, não? Estava com medo, mas não tanto quanto achava que devia estar. Novamente, algo para se pensar. Ele acabou por se render ao cansaço.

Creia ou não, naquela noite, pela primeira vez em 10 anos...

Jack acreditou ter tido um sonho.


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