Ressurreição escrita por Eve brt


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Oie! Quero agradecer à JulianeReis por comentar no capítulo anterior!! Obgg :)
Tem uma coisa, acabei e assistir a Frozen 2 e assim... Nessa fic, esse filme nunca existiu, não existe e nunca existirá, ok? Ela começou em 2016, então nem faria sentido O.O
Enfim, espero que gostem do capítulo!
Bjs, Eve



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Depois daquela revelação, Jack voltou o olhar para suas mãos trêmulas, questionando se tudo aquilo tinha ocorrido de fato. Era muito para se assimilar naqueles poucos segundos que estava, deplorável, jogado no chão do escritório real do castelo de Arendelle. E, em meio às suas próprias complicações, ainda havia o problema da plateia, que o observava visivelmente confusa.

  “Surtou legal!” O boneco de neve se pronunciou, dando fim àquele silencio instalado pelo episódio. Ele recebeu um olhar repreensivo das moças. “O que?! Mas eu nem entendi nada! Você entendeu alguma coisa?” Perguntou para o ministro Olin, que estava ao seu lado. “Pois eu não entendi foi nada!”

  “Olaf!”

  “Ai! Tá bem, tá bem!” Disse ele fazendo biquinho. “Mas não me venham dizendo que eu não tenho razão!” Depois disso, foi brincar no canto – que era o que ele entendia como ficar de castigo.

  Naquilo, as irmãs se entreolharam pelo comportamento do boneco de neve, revirando os olhos. Mas logo as atenções voltaram a Jack. Afinal de contas, o que foi aquilo?

  Ele ainda estava atordoado.

  Era loucura. O ex guardião lembrava-se de fazer anjos na neve espessa da floresta, de brincar com os floquinhos de neve que caíam sobre seu nariz. Tudo parecia tão simples, tão claro...

  Tão real...

  “Meu jovem, está tudo bem?” Perguntava kai ao moreno.

  Não. Essa era a resposta verdadeira. Todavia, o conselheiro não precisava saber disso.

  “S-Sim, obrigado.” Apenas disse. Não sabia como contornaria a situação. Felizmente, Vincent já estava muito a frente dele.

  “Ai, ai esse menino!” Pronunciou-se o amigo, atraindo as atenções. “Sabem, uma vez nós fomos a Narvik e olhem, não os conto o que aconteceu!” Enquanto falava, ele abraçava Olin e Kai, afastando-os dali inventando qualquer coisa.

  Jack só poderia ser grato a ele. Os senhores não poderiam entender o significado de tudo aquilo, não conheciam a verdade... Ao contrário de Anna e Elsa, que estavam bem a sua frente.

  Ele permitiu-se mais alguns segundos para se recompor. Quando finalmente deu por conta de si, notou que a rainha ainda estava perto, carinhosamente tocando o seu ombro. O moreno sorriu com aquilo, levando a sua mão também a dela.

  “Obrigado, majestade.”

  Nunca que um olhar e um sorriso seu foram tão sinceros.

  “De nada, Jack.” A monarca disse calorosa, afastando-se dele depois disso. Assim, pôde ver melhor os olhos do ex guardião. Exibiam pura confusão. Ela não podia imaginar as coisas que estavam passando pela cabeça dele. “Então você se lembrou? Se lembrou de onde veio?”

  “S-Sim. Acho que sim....” Respondeu ele. “Há algumas lembranças voltando...”

  Recordava-se das pequenas coisas que tinha vivido em sua antiga vida. E graças a elas, mesmo ainda não sabendo o motivo do Homem da Lua tê-lo escolhido como guardião, entendia porque era o da diversão. Suas lembranças, em esmagadora maioria, envolviam o moreno e outras crianças brincando. Não que fosse total novidade. Obteve memórias do tipo ao abrir sua caixinha de dentes, quando ainda era guardião. Porém, havia novas, bem diferentes, que prenderam sua atenção por completo. Via-se limpando a lareira da sala da sua antiga casa, dormindo sobre o tapete da mesma e, a mais impactante, almoçando com uma mulher e uma garotinha.

  Eram sua família.

  Nunca esqueceria o rosto da sua mãe. Cabelos castanhos, longos e ondulados e olhos azuis e brilhantes. Exatamente como no sonho que teve na primeira noite que passou em Arendelle. Já sua irmã, nessa memória, não era mais um bebê. Ela era uma pequena garotinha balançando suas curtas pernas que não conseguiam alcançar o chão.

  Jack achou graça disso.

  Em meio toda essa confusão, ele demorou para notar que faltava algo em suas lembranças...

  Seu pai.

  Não o via em lugar ou momento algum. Aparentemente, teria que ficar com a única e parcial impressão que tinha dele...

  “Isso é ótimo!” Tomou a palavra Anna, tirando o ex guardião de seus devaneios. Por um instante, ele havia até esquecido que as irmãs ainda estavam ali. “Quero dizer... Você queria saber quem era, não é?!” Ela perguntou animada.

  Jack só concordou com a cabeça e retribuiu o entusiasmo com um sorriso. Era verdade, queria isso mais que tudo ao longo de todos seus anos de solidão. Porém, agora, já não tinha tanta certeza... Sua magia já corria perigo suficiente por causa dos sentimentos que tinha em relação à monarca de Arendelle.

  O que devia fazer? Até onde podia abusar da sorte sem virar totalmente mortal?

  Eram os questionamentos que rodavam por sua cabeça, e tudo só conseguiu piorar com uma súbita sugestão da princesa.

  “Jack! Elsa está indo para Narvik amanhã, por que não vai com ela?”

  Aquilo golpeou o coração do ex guardião.

  Viajar? Para seu reino natal? Com a rainha? Se concordasse com isso, estava certo de que enfartaria.

  Enquanto isso, Elsa tinha ouvido com atenção à irmã. Jamais iria se opor à ideia do ex guardião acompanha-la ao reino do norte, é claro. Todavia, ela sabia a situação na qual ele se encontrava, sentia que ele provavelmente fugia do seu passado com medo das consequências que viriam se o encarasse. Afinal, disso a rainha das neves entendia bem.

  O medo de seus poderes não havia desaparecido. E agora, ele só aumentava cada dia...

  Mas isso não importava naquele momento. Apesar de todos os contras, a monarca queria verdadeiramente que Jack concordasse com a viagem. Sentia do fundo de seu coração que isso o faria bem, que devia isso a si mesmo. Além do mais, admiraria muito a companhia do moreno. Gostava de como a fazia sentir quanto estava por perto, um amigo diferente de todos que tivera.

  “É verdade, você pode ir comigo e com a tripulação para Narvik.” Se pronunciou Elsa, tomando a atenção do ex guardião. “Só que, bem... É um reino muito distante. Seria um mês e pouco de viagem.”

  Ela sabia o quanto Jack se importava com o tempo. Com a ida, a volta e a estadia, ele acabaria perdendo praticamente uns noventa dias. Noventa preciosos dias.

  “E-Eu não sei...” Pronunciou-se finalmente ele, encarando o chão.

  Droga...

  O que devia fazer?

  Essa pergunta pairou novamente pela sua mente.

  “Olhe...” Seus ouvidos se encheram com a doce voz da rainha, o que o fez erguer a cabeça para encará-la. “Se eu pudesse adiar a partida, eu o faria...” Disse ela, vendo a indecisão estampada no rosto do moreno. “Mas o mar do norte pode ser, bem, difícil... Vamos ter que sair assim que amanhecer para evitar tempestades. Se quiser ir, pode me encontrar no porto.”

  Se Jack tivesse prestado mais atenção nas expressões faciais das irmãs, teria notado o peso daquelas palavras.

  “Obrigado...” Sussurrou ele em direção a Elsa, a monarca o transmitiu um olhar compreensível.

  “Tire o resto do dia de folga, Jack.” Tomou a palavra Anna, atraindo novamente sua atenção para a princesa. “Pense sobre isso.”

  O ex guardião acenou em concordância. Neste momento, só poderia ser grato pelos amigos tão compreensivos que tinha. Com isso, finalmente se levantou do chão e conversou com o restante do pessoal para, pouco tempo depois, despedir-se e ir para o porão do castelo.

  Talvez devesse se acalmar, tomar alguma coisa, mas não.

  Chegando lá, trocou de roupa e foi direto para cama.

  Não havia nada para se pensar.

  Tinha pouco tempo para achar um jeito de voltar para os guardiões. As horas gastas na biblioteca do castelo, as conversas com o vovô Pabbie, as pesquisas e viagens ainda não lhe deram a resposta. Não podia se dar ao luxo de perder mais um segundo de sua parcial e cruel mortalidade. Ele não devia nada a ninguém.

  Foi lá que você se tornou Jack Frost. Talvez Narvik guarde as respostas...

  Seu subconsciente gritava, ordenando que ele pensasse mais. Porém, não faria isso. Podia estar confuso sobre seus sentimentos pela Elsa, mas sobre seu passado não.

  Não valia a pena.

  Assim, decidiu-se por fim dormir logo após o pôr do sol. Teria uma boa e longa noite de sono, e era isso que importava.

  Mas é claro, senhoras e senhores...

  Que nunca seria tão simples.

  E assim, pela segunda vez em 10 anos.

  Jack teve um sonho.

                                                       ~~~~~*****~~~~~

  Reconhecia o lugar.

  Não seria capaz de confundir.

  Estava em sua casa. Não com os guardiões ou no porão do castelo, mas sim sua antiga casa. Havia as paredes de madeira, pequenas velas espalhadas pelo cômodo, ela era simples e aconchegante, aqueles mesmos aspectos que se lembrava de quando a viu pela primeira vez. Estava na sala, sem dúvidas. Recordava-se da lareira que ficava junta a parede, do tapete sobre o qual vivia dormindo... Eram emoções confusas que se misturam no coração de Jack. Era tudo familiar, acolhedor e parecia tão correto. Aquilo o assustava.

  Podia ver pela janela do cômodo que era noite e a neve caía ao lado de fora. A mesma paz do primeiro sonho o invadiu naquele momento. Mas agora, questionava quem ele era. Quando olhou para baixo, viu as mesmas roupas com a qual fora dormir. E seu porte físico não enganava, era o mesmo Jack dos dias atuais.

  Entendia agora. Não era simplesmente um sonho, era uma memória... E ele, um espectador. Seus olhos percorreram a sala, procurando o que devia a ver e, finalmente, pararam no menino que estava sentado perto de um móvel. Questionou-se como não tinha notado a presença dele antes. Estava de costas e parecia muito novo, cabelos castanhos bagunçados... Não havia dúvida. Era ele. E o móvel... Tratava-se um piano.

  O garoto tocava repetidamente uma tecla e, prestando atenção, Jack notou que ele falava “dó” sem parar. Riu daquilo. Ele realmente tentava tocar piano? Por essa não esperava. Também não esperava que sua risada se propagasse no ar. Mas pareceu que sim... Até ver que não era sua, mas de um homem que se aproximava. Sua atenção voltou-se completamente para o senhor, que, agora, caminhava até o menino. Também não estava voltado para o ex guardião, mas podia ver que os cabelos dele eram igualmente castanhos e aquela risada, bem, Jack jamais esqueceu.

  Era seu pai.

  “Filho, tente isso...” Ouviu-o dizer enquanto pegava na mão do garotinho e a colocava sobre as teclas. “Sol, lá, sí, dó...” O moreno entendia... Seu pai o ensinou a tocar piano. Não fazia ideia... Não se lembrava de como tocar. Todavia, agora fazia sentido todo aquele encanto que ele havia sentido quando ouviu Elsa no instrumento. Tinha sido uma noite única

  “Mas, pai! É difícil!” O pequeno resmungava, arrancando risadas do senhor. Jack queria tanto se mover... Sair dali para poder encará-los de frente, ver o rosto do seu pai. Mas não conseguia. Parecia que estava preso ao chão.

  “Não é não, Jackson!” Ele respondeu. “Vou te contar um segredo! A chave para se tocar bem é você sentir a música, permitir-se sentir suas emoções! Se não o fizer, elas não significam muita coisa. Quando aprender mais notas e acordes, faça isso.” Concluiu. O menino sorriu para o pai. Não que ele tivesse entendido qualquer coisa que ele havia falado, mas sentiu que era algo bom.

  Enquanto isso, o ex guardião olhava abismado. Até parecia que aquela frase tinha siso para ele...

  A chave era permitir suas emoções... Sem isso, elas nada significam.

  O que exatamente ele queria dizer? O moreno não havia entendido muito bem.

  “Meninos! Venham jantar!” A voz da sua mãe enchia seus ouvidos. Outro timbre que não era capaz de esquecer. Ouviu-a gritar do que parecia a cozinha.

  “Mais um pouco, querida!” Respondeu o homem de volta, com um certo humor. “Ah, Jack! Você quer aprender mais, não quer?” Brincou fazendo cócegas no garoto, que se pôs a rir.

  O ex guardião olhava tudo com carinho. Não poderia ter ideia de quem ou como era seu pai, mas era evidente que ele o amava muito. Isso aqueceu seu coração de uma maneira nova e única, fazendo-o inevitavelmente sorrir. Aquela parecia uma boa vida. Quem sabe o que teria acontecido se tivesse voltado para o lago certo? Não saberia dizer exatamente o que, porém sentia que as possibilidades não eram de todo ruim.

  “Ah! Depois, senhorizinhos!” De repente, a atenção do moreno se voltou para a mulher que chegava na sala, com aspecto bravo de maneira cômica. “A comida vai esfriar!”

  Sua mãe, é claro. A mesma que dominava suas memórias, e ter tão perto de si lhe deu uma vontade enorme de abraçá-la. Esses laços malditos que o amaldiçoavam em cada pensamento.

  “Ah, mamãe! É rapidinho!” Jack ouviu pela primeira vez sua voz criança. Era cômica, tão aguda e inocente que o fez rir.

  “Não, Jackson!” Respondeu a mulher, repreensiva mas carinhosa. Ela se afastou do marido para, calmamente, sentar-se ao lado do filho no piano. É como se o ex guardião pudesse sentir a aproximação dela mesmo que estivesse a metros de distância. Era loucura. “Querido, vá olhar a Violet enquanto eu cuido desse espertinho!” Disse ela para o senhor, apertando o nariz do menino.

  Nunca que o ar fora tão rapidamente tomado dos pulmões de Jack por ouvir uma só palavra, um só nome.

  Violet.

  Violet.

  Violet.

  Aquilo golpeou o moreno, revirando sua cabeça e bombeando seu coração. Violet... Todo esse tempo, esse era o nome dela. A garota pela qual caiu no lago congelado, aquele bebê de olhinhos brilhantes que viu no colo da mãe, sua irmã... Era Violet. Sentiu uma súbita vontade de chorar até não poder mais.

  “Claro, meu amor!”

  Foi despertado pela voz do homem, que fora feliz se retirar para a cozinha. Todo aquele episódio e Jack sequer conseguiu ver o rosto dele. Mas não importava. Na verdade, parecia que mais nada no mundo importava. Só porque sabia o nome dela.

  “Poxa, mãe! É rapidinho!” O menino ainda protestava, fazendo biquinho. A moça apenas riu em reposta, levando suas mãos aos cabelos do filho e bagunçando-os por completo. “Ei!”

  “Calma, menino!” Disse ela, com humor na voz. O pequeno Jack respondeu com mais biquinho. “Vocês podem ensaiar mais amanhã, ok? Agora você precisa comer!” O garoto podia até estar insatisfeito, mas não podia tirar a razão da mulher.

  “Tudo bem, mamãe...” Finalmente se deu por rendido. A moça sorriu em resposta, agarrando seu filho e envolvendo num abraço apertado.

  “Sabe que eu te amo não é, meu amor?!” Disse ela com graça, o pequeno só revirava os olhos. “Pois eu te amo, te amo, te amo!” Repetia diversas vezes, deixando beijinho por todo o rostinho do menino. Ele já ria sem parar. “Eu amo você e sua irmã mais que tudo na vida!”

  “Tá bom, eu sei!” Respondeu o pequeno Jack, rindo e limpando as marcas de batom na cara deixadas pela mãe. “Eu também te amo!”

  Fora a primeira vez. Fora a primeira vez em 310 anos de consciência que Jack se ouviu falar aquelas palavras. Elas carregavam um peso e um significado tão grandes que ele não sabia se era capaz de carregar.

  “Vocês não vêm?!”

  O moreno escutou seu pai gritar da cozinha. Tinha um certo humor na voz dele, certamente causado pela ironia da situação. Com aquilo, a mulher se levantou pegando o filho no colo para, carinhosamente, carrega-lo para fora do cômodo. Não era o ex guardião que estava nos braços da mãe, mas ele conseguia sentir o conforto. Vendo-os sair, pôde focar na figura da mulher. Encarou os olhos dela por quase todos os segundos daquela memória. Azuis. Eram dotados de um belo e único tom de azul. Certamente ele não tinha puxados os dele daquela mulher, deviam vir do pai. Mas, encarando aqueles orbes por aqueles últimos momentos, pôde ver algo novo. Não novo que vem arrastando pelos cabelos, dando um soco no rosto e fazendo se perceber a presença de imediato. Não. Veio de mansinho, calmamente, sem sequer ser notada sua aproximação. Mas quando chegou, revelou-se puro, mágico, lindo e reconfortante.

  Lilian.

  Era o nome dela que vinha até ele de maneira despreocupada, lenta e sutil.

  Lilian.

  Jack sorriu com aquilo.

  Era certo que ele iria gritar o nome dela, numa tentativa de fazê-la conseguir enxergá-lo em meio a sua invisibilidade. Mas não o fez. Não porque desistiu ou porque achou mais prudente.

  Mas porque o sonho acabou.

                                                      ~~~~~*****~~~~~

  Jack acordou num pulo. Assim como na primeira vez, acordou atônito, suado e ofegante. O que fora aquilo. Uma memória? Lembrança? Meramente um sonho? Não sabia dizer. Porém, de uma coisa tinha certeza. Aqueles eram os nomes delas. Como ou porque estava tão certo disso? Também não sabia.

  Eu te amo, meu amor!

  Aquela frase invadiu sua mente, envolvendo-o por completo. Céus! Como não tinha pensado nisso antes? Como podia ser tão egoísta? O ex guardião estava errado.

  Ele devia sim algo a alguém.

  Olhou ao redor, ainda estava no porão, onde Vincent dormia calmamente do outro lado. Então ele já havia chegado? Não sabia por quanto tempo havia sonhado. Foi correndo para o lado da cama do amigo, pegando o relógio de bolso dele.

  5:45

  O nascer aconteceria em breve, e Jack sabia o que tinha que fazer.

                                                  ~~~~~*****~~~~~

  Elsa encarava o reino de Arendelle do porto. Seus olhos vagavam pelas ruas do reino à procura de um certo forasteiro que poderia ou não encontrá-la naquele amanhecer de dia. Não fazia ideia do que ele decidiria por fim, mas estava disposta a esperar até o último segundo para ver.

  “Vossa majestade! Estamos prontos para partir, a seu comando!” Foi despertada pela voz do capitão, que vinha já de dentro do navio.

  O homem era moreno, de barba excessivamente comprida e de uma extravagância única. Costumava ser uma companhia cômica e descontraída, o que não combinava com sua competência como navegante, simplesmente o melhor do reino. Enquanto o navio, ele era, como tudo em Arendelle, dotado de muito charme. Além de ser extremamente grande.

  “Obrigada, senhor Gordon. Estarei pronta em instantes.” Respondeu. O capitão acenou em concordância, fazendo uma curta reverencia e deixando a rainha a sós.

  Ela já tinha perdido as esperanças. Parecia que Jack realmente não vinha...

  Desistiu. Mas, aproveitando-se da brisa fresca daquela manhã, deixou-se passar mais um momento olhando para seu reino em terra firme. Odiava deixar Arendelle em qualquer situação, porém, muitas vezes, fazia-se necessário.

  Lembrou-se com graça daquela madrugada, quando se despediu da irmã, Kristoff e o restante de seus amigos nos portões do castelo. Anna parecia uma criança, não largava a rainha e só o fez quando foi afastada dela pelo marido. Apesar de toda parte cômica, Elsa sabia bem que aquele riso da irmã enquanto a agarrava era só um disfarce. Não teve coragem de encarar muito fundo os olhos dela, mas tinha certeza que demonstravam receio.

  Temiam o mar do Norte.

  De qualquer forma, despediram-se com um abraço e com o sentimento que tudo ficaram bem. Claro que a rainha não prometeu nada. Afinal...

  Ela não fazia promessas.

  Despediu-se de seu reino finalmente, fechando os olhos para depois o observar por uma última vez. É claro que sua atenção foi tomada de imediato por um ponto que vinha ao longe. Uma pessoa que corria rápido e desengonçadamente em direção à rainha. Elsa conseguiria reconhecer o homem que vinha até a quilômetros de distancia e, ao vê-lo, como mágica, pura e inevitavelmente...

  Um sorriso fez-se brotar no canto de seus lábios.

                                                                  ~~~~~*****~~~~~

  15 minutos antes...

  “Vincent! Acorda!” Jack gritava enquanto corria percorrendo todo o porão, catando suas roupas jogadas ao chão e colocando-as dentro de uma trouxa. O velho inventor acordou esfregando seus olhos, pouco entendendo o que se passava.

  “Jack... Mas o quê...?” Ele observava atônito o moreno agitado, andando de um lado para outro. Até que o ex guardião foi até ele, agarrando sua camisa e encarando fundo dos seus olhos.

  “Violet e Lilian!” Ele praticamente gritou. O rosto dele estava corado enquanto o coração batia forte, Jack ainda estava sob os efeitos do sonho. Porém, o amigo só o olhava completamente confuso. “São os nomes delas! Violet e Lilian!”

  Subitamente, Vincent não precisou de mais. Pôde ver no olhar dele e entender. Quase deixando sua emoção transbordar junto ao moreno, somente tirou as mãos dele que agarravam fortemente sua camisa e o encarou nos fundo dos olhos.

  “Eu te ajudo!”

  Praticamente pulou da cama, pegando os pertences do ex guardião que estavam espalhados juntando-os com as roupas dele. Jack estava emotivo. O amigo era a pessoa no mundo que mais o entendia, que mais o conhecia. Ensinou-o as coisas que não era capaz de compreender quando foi jogado de volta para o passado.

  “Vai se virar sem mim, velhote?” Perguntou o moreno sacana, tentando esconder toda sua emoção. Ficaria no mínimo três meses e não fazia ideia do que poderia acontecer.

  “Só porque estou velho não significa que eu não consigo fazer o trabalho duro, eu hein!” Comentou Vincent com graça, arremessando a trouxa com as coisas de Jack pra cima dele. “Vai logo, menino!”

  O ex guardião riu da situação, colocando seus últimos objetos dentro da trouxa. Sentia que estava faltando algo, mas não se importou. Não tinha mais tempo. Porém, claro que havia alguns segundos para se despedir do amigo e, assim, aproximava-se dele.

  “Vincent... Eu...” O moreno não conseguia formular frases. Estava muito frágil, não fazia ideia de como reagiria ao que poderia acontecer em Narvik. De súbito, ele foi surpreendido pelo inventor, que o envolveu rapidamente num forte e acolhedor abraço.

  “Boa sorte, garoto!” O amigo disse por fim, lançando um vasto sorriso ao ex guardião. Este não pôde deixar de retribuir, esmagando-o o máximo que podia naquele abraço.

  Depois de um tempo, afastou-se dele para seguir seu rumo. Subiu as longas escadas do porão e correu que nem um louco pelo castelo e as ruas de Arendelle. Embora suasse e suas pernas pedissem para parar, ele só desejava que sua rainha ainda estivesse esperando por ele.

                                                                  ~~~~~*****~~~~~

  “Bem na hora, Jackson!”

  Elsa disse com humor, enquanto observava o moreno parar ofegante à sua frente.

  “Desculpe, majestade! É que eu gosto das coisas com emoção! ” Respondeu ele travesso assim que se ergueu depois que parou para respirar. “Ainda tem espaço para mais um?”

  Olhando com ternura para o ex guardião, apenas sorriu para ele para respondê-lo.

  “Sempre.”

  A graça na voz dela inevitavelmente fez Jack sorrir e, juntos, caminharam adentro ao grande navio que os aguardava rumo ao mar do Norte. O moreno estava até acostumado com viagens... Porém, nem toda a experiência ou conhecimento do mundo poderia lhe prevenir do que estava para acontecer.

  E vou lhes contar um segredo:

  Essa, senhores, era sua parte favorita.


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Notas finais do capítulo

Obg por ler até aqui! :)
Obs: A Disney roubou minha ideia do mar do Norte #processo kkkkkkk Enfim, mas não tomem o do Frozen 2 como referencia porque o idealizei de uma forma diferente, mas não que vá fazer muita importância. Enfim... Até mais gnttt
Bjs, Eve



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