Try Again escrita por Deh


Capítulo 28
“I'd fight for you”


Notas iniciais do capítulo

E sim, vcs leram as notificações corretamente!
Após um pequeno período fora do ar, eis eu aqui atualizando essa fic novamente.
Devo dizer que tive muita dificuldade em escrever esse capítulo, tanto é que foi bem uns dias que gastei nele, enquanto alternava com Country Girl, mas isso se deve a parte final do capitulo, pois começou algo que eu sabia que tinha que escrever, mas estava um pouco relutante.
Enfim, espero que gostem *-*



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Oh, you can't tell me it's not worth trying for

I can't help it, there's nothing I want more

Yea, I'd fight for you, I'd lie for you

Walk the wire for you, yeah I'd die for you
(Everything I Do) I Do It For You - Bryan Adams

Depois do almoço na casa da mãe da Jenny, se é que podemos chamar aquilo de almoço, definitivamente nunca agradeci tanto por ter sido filho único. Eu sempre soube que Jenny não era uma pessoa cem por cento normal/amável/fácil de lidar, mas eu não imaginava que era algum problema genético... para uma família de médicos, todos eles precisavam de um e com especialidade na cabeça diga-se de passagem.

Os Shepards são loucos e agora eu posso provar!

Mas voltando ao que realmente importa, depois daquele almoço em que possivelmente traumatizou meus filhos e até mesmo eu, dirigi até a lanchonete da Elaine para que pudéssemos comer uma refeição descente sem o perigo de alguém arremessar o prato ou de ser testemunha de algum homicídio.

Assim que estacionei o carro em frente a lanchonete, Jenny já foi logo assumindo o papel de mamãe urso:

—Almocem e podem tomar sorvete.

Não preciso dizer que ambas as crianças assentiram animadamente.

Adentramos a lanchonete e fomos para a minha mesa de costume, como sempre, Elaine não demorou em vir nos atender.

—Boa tarde família Gibbs, o que vocês vão querer? –Ela perguntou simpática.

—Nós queremos sorvete, mas mamãe disse que só depois do almoço. –Jéssica não demorou em dizer.

Fui obrigado a reprimir um sorriso, Jéssica possui uma sinceridade assustadora, as vezes isso faz com que eu tenha medo da combinação assustadora dos genes Shepard-Gibbs. Depois das palavras da minha caçula, fizemos nossos pedidos e finalmente pudemos comer em paz e harmonia, mas obviamente não antes de Jesse perguntar:

—A gente tem que agradecer de novo?

—Não querida, pode comer. –Jenny a tranquilizou.

—Graças a Deus. –Minha caçula murmurou, enquanto pelo canto do olho eu observei Jenny reprimir um sorriso.

Depois de cerca de uma hora saímos da lanchonete e assim distraído eu perguntei para Jenny:

—Então para casa?

E antes que Jenny pudesse dizer qualquer coisa, fomos interrompidos por Jéssica gritando:

—Duck!

Jenny que me encarava, arregalou os olhos e olhou para nossa filha, logicamente eu também fiz o mesmo e em seguida olhamos para a direção em que a pequena ruiva acenava.

E lá, acenando de volta e caminhando em nossa direção estava o Doutor Donald Mallard.

—Jesse é bom ver você novamente minha querida. –Foi a primeira coisa que Duck disse e então desviou o olhar da minha filha para mim e Jenny, não perdendo tempo em acrescentar. –Jethro, Jennifer, é bom vê-los.

—Oi Duck. –Eu o cumprimentei simplesmente.

—Olá Duck, que... surpresa. –Jenny disse e sorriu nervosa.

Duck sorriu do nosso desconforto e respondeu Jenny:

—Elaine tem os melhores muffins minha querida, eu sempre compro para mim e mamãe comermos na hora do chá.

E então ele voltou sua atenção para Jasper, que estava atrás da irmã o olhando desconfiado.

—E você rapazinho como está? –O bom doutor perguntou.

Jasper não o respondeu e continuou a encará-lo, Jenny então falou:

—Jasper, esse é o Duck, ele também trabalha no NCIS.

Na menção do nome do meu filho, eu vi os olhos de Duck brilharem em realização.

—Oi. –Jasper respondeu monossilábico.

 _É um prazer conhece-lo Jasper e vejo que você puxou bem mais do que a aparência do seu pai. –Duck disse.

E lá estava, Donald Mallard havia acabado de descobrir o grande segredo.

Mas antes que qualquer um de nós pudesse tentar contornar a situação, Duck já foi logo dizendo:

—Agora se me derem licença preciso pegar meus muffins, pois mamãe nunca consegue esperar até as cinco para o chá. Foi um prazer vê-los crianças, Jennifer e Jethro até segunda.

—Tchau Duck. -Jenny e as crianças responderam, enquanto eu pensava em como escapar de Duck na segunda.

Depois de tantos encontros inesperados, Jenny e eu decidimos por fim voltar para a casa dela e assim passamos o restante da tarde assistindo O Rei Leão.

São por volta de seis e meia quando Jenny e as crianças estão tentando entrar em um acordo sobre o que será nosso jantar, e são interrompidos pelo som da campainha tocando.

É inevitável que Jen e eu não troquemos um olhar, afinal de contas são raras as vezes em que sua campainha toca e não é nenhum entregador de delivery.

—Vou ver quem é. –Digo não dando a oportunidade para que ela se levante, não tardando em acrescentar. –Acho melhor vocês ficarem aqui.

As crianças não prestaram atenção, mas Jenny assentiu quase que imperceptivelmente, afinal de contas ainda tínhamos que tomar cuidado, por mais que houvesse seguranças lá fora.

E assim eu sai do quarto dela, que já posso dizer que é praticamente nosso e desci as escadas em direção a porta da entrada.

Espiei pelo olho mágico antes de abrir e devo dizer que eu não pude deixar de suspirar e por meros segundos cogitar a ideia de voltar lá para cima e dizer para Jenny que não era ninguém.

—Jennifer Shepard abre logo ou o Daniel vai arrombar. –Penélope Shepard resmungou do outro lado.

Sendo assim, fui obrigado a abrir a porta e ali eu encarei a visão incomum dos meus três cunhados amontoados na porta da frente segurando caixas de pizza.

—Olá Gibbs. –Penélope foi a primeira a dizer já adentrando a casa sem esperar um convite.

—Desculpe o incomodo Jethro. –Charlotte disse, como sempre a mais educada de todos os irmãos.

—Gibbs. –Daniel disse me encarando nos olhos antes de seguir as irmãs.

—Vocês aqui? –Jenny que havia aparecido sei lá de onde, disse enquanto eu ainda fechava a porta.

Me virei e encarei Jen ao pé da escada com os braços cruzados encarando os irmãos.

—Então... –Penélope começou, mas não se atreveu a continuar.

—É bem... –Daniel vacilou.

Charlie coçou a garganta.

—O Daniel começou. –Penélope se esquivou.

Jenny ergueu a sobrancelha, enquanto o irmão mais velho lançava um olhar irritadiço em direção a Penélope.

—Penny e eu viemos aqui para nos desculpar pelos infortúnios do almoço. –Daniel disse.

—Nós agimos como crianças e foi bobagem, não precisava ter sido daquele jeito. Mas percebemos nosso erro e achamos um jantar podia ser uma boa forma de nos desculpar. –Penélope disse relutante.

—Vocês perceberam? –Jenny perguntou ainda sem acreditar neles.

—Bem... Charlotte pode ter nos ajudado. –Penélope disse a contra gosto, enquanto eu visualizava a Shepard caçula ostentar um sorriso vitorioso.

 _Claro que ela fez, afinal de contas vocês dois são muito cabeça dura para fazerem as pazes tão rápido. –Jenny disse rolando os olhos.

Enquanto isso Penélope e Daniel a olhavam ligeiramente ofendidos.

—Então temos pizza de que? –Jenny perguntou.

—Mia cara Jenny, temos pizza de peperoni, quatro queijos e Marguerita. –Penélope disse forçando um sotaque italiano.

—Nesse caso, é óbvio que eu desculpo vocês. –Jen disse sorrindo brilhantemente e pela primeira vez eu pude entender quando dizem que irmãos podem brigar, mas no fim farão as pazes tão rápido quanto e talvez uma pequena parte de mim pode ter ficado enciumada.

Antes que sequer pudéssemos chamar as crianças, os dois já se fizeram presentes, se foi pela ausência de Jenny ou pelo cheiro de pizza, acho que nunca saberemos.

Assim, nós quatro e os três visitantes inusitados nos juntamos na sala de jantar para dessa vez fazer uma refeição decente.

Enquanto todos comiam e conversavam, eu os analisei silenciosamente, era nítida a diferença com o almoço, todos estavam mais descontraídos na mesa, Penélope ria com mais facilidade, enquanto que Daniel vez ou outra fazia alguma piada com as irmãs e não deixava de incluir as crianças na conversa. Charlotte que estava sentada a minha frente, agora em silêncio me encarava com um pequeno sorriso no rosto, acho que sei bem quem pode ter feito os mais velhos engolirem o orgulho, que diga-se de passagem é uma característica nata dos Shepard’s.

—Danny você tem que mostrar a Jenny a foto que me mostrou mais cedo. –Penélope disse cutucando o irmão.

Daniel rolou os olhos e retirou da carteira uma fotografia e a entregou para Jenny, eu a vi observando a fotografia com um sorriso no rosto.

—Ele tem os olhos verdes. –Ela disse erguendo os olhos da fotografia.

Daniel da de ombros e então diz se fazendo de ofendido:

—Pensei que você iria dizer que ele é bonito igual ao pai Jennifer.

As irmãs caem na gargalhada, enquanto que as crianças se juntavam perto de Jenny para também verem a foto.

—Quem é esse bebê mamãe? –Jéssica perguntou com cara de poucos amigos.

Jenny sorriu e puxou nossa caçula para o seu colo.

—É o bebê do seu tio Danny. –Jenny diz sorrindo diante da reação de Jesse.

Jéssica então lançou um olhar não muito amistoso para o tio.

—Você tem um bebê tio Danny?

Daniel então a responde:

—Sim Jess, esse é o seu primo Noah. Prometo que logo você irá conhecê-lo pessoalmente.

—Tudo bem. –Jéssica diz dando de ombros não demonstrando nenhuma empolgação em conhecer o primo.

—E a mãe do Noah? Vocês também são divorciados? –Jasper pergunta, meu Deus quando é que meu filho virou um interrogador?

—Jasper. –Jenny diz mais que depressa –Isso não é educado.

—Tudo bem Jenny. –Daniel diz a irmã e então volta a atenção para meu filho –O nome dela é Olívia, ela e Noah moram em New York.

Percebo que Daniel deixa de lado o estado civil de ambos, ao que parece Jasper não está de todo errado.

Depois disso terminamos de comer e enquanto Charlie conversa animadamente com as crianças e Penélope e Jenny lavam a louça, Daniel me chama para conversarmos no escritório de Jenny.

Ao adentrar o escritório nós dois nos encaramos, Daniel Shepard exibia uma feição de poucos amigos.

—Algum problema primeiro-tenente? –Perguntei optando por usar a titulação de seu cargo, já que não tinha a intimidade para chamá-lo pelo primeiro nome e muito menos eu o chamaria de Shepard, afinal esse sobrenome se reserva para usar quando estou irritado com uma certa ruiva. Ademais, acho necessário que ele esteja ciente que eu já andei pesquisando por aí...

—Muitos sargento. –Ele disse enquanto me encarava com aqueles olhos azuis acinzentados, que descobri ser um traço comum que os irmãos Shepard haviam herdado da mãe, exceto claro por Jenny.

 Então quer dizer que ele também havia pesquisado sobre mim...

—Não gosto de conversa fiada Shepard. –Eu disse me vendo obrigado a usar seu sobrenome.

—Muito menos eu Gibbs, mas creio que temos uma conversa pendente há no mínimo nove anos. –O irmão mais velho de Jenny me encarava seriamente e algo em sua postura indicava que ele provavelmente estava tentando proteger a honra de sua irmãzinha, pois é meio tarde para isso.

—E o que seria? –Ouso perguntar, embora já tenha um forte palpite sobre o que seja.

—Quais são suas intenções com minha irmã? –Ele me questiona.

Minhas intenções com ela? Ora, são as mais variáveis possíveis, tem dia que tenho vontade de trancá-la dentro dessa maldita casa e protege-la de qualquer perigo que o mundo possa oferecer, tem dias que a vontade de estrangular passa rapidamente pela minha cabeça, outros, o que vem sendo com frequência, a única vontade que tenho é que ela só fique bem e ao meu lado por muitos e muitos anos.

—O gato comeu a sua língua agente? –Daniel me pergunta e só então percebo que não respondi a sua maldita pergunta.

Droga.

Mas espera aí, desde quando eu me importo com a reação de alguém. Ah sim, desde que esse é aparentemente o irmão favorito de Jen, que eu não conhecia.

—Minhas intenções sempre foi e será o bem estar dela. –É a minha resposta.

O homem de cabelos escuros me olha com uma cara de poucos amigos, talvez minha resposta não o tenha convencido.

—Acho bom. –Ele finalmente disse depois de me encarar por alguns segundos em silêncio e então se virou indo em direção ao armário de bebidas de Jen e de lá retirou uma garrafa de Bourbon e serviu dois copos.

—Sempre quis conhecer o cara que ensinou Jen a beber isso, pessoalmente prefiro um escocês. –Daniel disse me entregando um dos copos.

Ele deu o primeiro gole, antes de dizer em tom de advertência:

—Mas não vou mentir agente Gibbs, que se você ousar machucar minha irmã as coisas não ficarão bonitas.     

Eu assenti e então ele ergue o copo e disse:

—Saúde.

Após eu beber o meu primeiro gole, ele começou:

—Sabe, quando perguntei ao “amigo” de Charlotte as intenções dele, o garoto quase teve um AVC e não conseguiu formar uma frase coerente sem gaguejar.

Nós dois rimos e então me vi obrigado a dizer:

—Vocês provavelmente o traumatizaram com aquele almoço, não acho que você precise se preocupar.

Daniel deu de ombros e então disse me surpreendendo:

—Desde que meu pai morreu, eu me vi tendo de assumir o papel de cuidar das mulheres da família, todas as quatro, mas como eu acho que você já deve ter percebido nenhuma delas é tão fácil assim de se lidar, então bem-vindo ao clube de como cuidar de uma Shepard, sem que ela ameace te matar.

Ele riu, mas logo acrescentou em um ar de mais seriedade:

—Finalmente elas estão todas reunidas em uma mesma cidade e por mais que eu queira estar aqui, eu preciso estar em New York...

Eu sabia muito bem o que ele queria dizer, afinal já não era mais segredo que ele possuía uma pequena família na cidade que nunca dorme, mas eu também sei que há um pedido implícito ali, trata-se de mais do que Jenny, embora ele não saiba que no momento ela é a que mais precisa de cuidado.

—Elas estão seguras aqui Daniel. –Eu garanti a ele, afinal de contas ao que parece agora somos uma grande família não tão feliz assim, mas cuidar um dos outros faz parte não é?

Daniel assentiu e completou:

—Que elas nem sonhem com essa conversa Gibbs.

—Jamais. –Eu garanti.

—Que bom então que tivemos uma boa conversa, agora deixe-me passar um tempo com minhas irmãs, pois estarei partindo amanhã pela manhã. –Daniel disse me oferecendo a mão para um aperto.

Assim saímos nós dois do escritório e acabamos por encontrar todo o grupo incomum sentado no sofá da sala de estar.

—Que lindos, já tiveram a típica conversa homem para homem? –Penélope perguntou desdenhosa.

—Nós não estamos em 1950. –Jenny foi rápida em protestar.

Charlotte rolou os olhos enquanto murmurava:

—Machista.

Ao que parece a caçula não perdoou o irmão pelo interrogatório de mais cedo, o quão horrível pode ter sido? Afinal de contas, não é como se desse para superar o famigerado almoço em família.

—Ei meninas, isso virou um complô? –Daniel disse enquanto se sentava na poltrona.

E assim passamos mais um bom tempo na companhia dos irmãos de Jen, embora eu participasse pouco das conversas, eu me mantive atento as reações de Jenny, entretanto, diferentemente do almoço com a mãe, Jenny parecia bem mais confortável em seu território e os irmãos conversavam tão espontaneamente que nem pareciam que estavam prestes a se matarem mais cedo.

Quando já são por volta de nove horas e as crianças já estão dormindo há um tempo, após Charlotte cumprir a promessa de ler uma história para ambos, os irmãos Shepard se despedem e claro sobra até para mim que recebe cumprimentos variados como:

—Tchau Gibbs. –Charlotte diz simplesmente.

—Até breve cunhadinho. –Penélope diz já um pouco alterada pela bebida.

—Não se esqueça Gibbs, se você machucar minha irmã... –Daniel aperta minha mão e sussurra para que apenas eu possa escutar.    

—Finalmente a sós. –Jenny diz assim que se vira para me encarar após trancar a porta de entrada.

—Não diga que não gostou da visita Jen. –Eu disse enquanto ela se aproximava de mim.

—Até que não foi tão ruim. –Ela diz dando de ombros e fazendo o possível para esconder um sorriso.

Jen poderia negar o quanto quisesse, mas ela sentia falta dos irmãos.

—Se você diz... –Eu digo e então me sento no sofá, não demora para que ela faça o mesmo e se aconchegue em mim.

Ela deita a cabeça em meu peito e ficamos em silêncio por um bom tempo.

—Você não falou nada sobre o almoço. –Ela começa suavemente ainda deitada em meu peito.

—Não acho que haja muito o que dizer Jen. –Eu digo.

—Não? –Ela diz agora me encarando um tanto quanto espantada.

—É sua família no fim das contas, era de se esperar que vocês não fossem comuns. –Justifico e mal acabo de falar e ela me dá um tapa no braço.

—Leroy Jethro Gibbs! –Ela diz meu nome em tom repreendedor.

E eu a olhei um tanto confuso, afinal de contas eu não disse nada demais.

—Não use minha família para me ofender. –Ela disse me dando um daqueles seus olhares repreendedores patenteados.

Mas logo seu olhar se esvai, dando lugar a uma expressão mais séria e eu percebo que ela tem algo importante para me dizer.

—Nós não estamos falando da sua família para fugir de nenhum assunto, estamos Jen? –Sou obrigado a perguntar.

Ela então suspira e vejo então um olhar derrotado surgir em seu rosto e embora geralmente eu goste de estar certo, dessa vez a vitória não tem aquele gosto satisfatório.

—O que foi Jen? –Pergunto.

Ela me encara com seus grandes olhos verde esmeralda antes de então dizer:

—Terça-feira eu tenho uma consulta.

Faço que sim com a cabeça, tentando ao máximo não revelar qualquer emoção, pois nas últimas horas eu havia até mesmo esquecido da doença em que ela vinha enfrentando, por um dia fomos apenas nós e as crianças, além de claro os peculiares Shepard’s.

—Você quer que eu vá com você Jen? –Pergunto a ela, não sabendo ao certo o que dizer, pois embora eu queira estar ao seu lado a cada momento nesse caminho desconhecido, eu também a conheço a tempo suficiente para saber que as vezes ela é teimosa o suficiente para querer lidar com o peso do mundo sozinha.

—Penny se ofereceu, entretanto, ela acha que eu deveria perguntar a você primeiro. –Ela diz suavemente me dirigindo um olhar receoso e então acrescenta. –Mas eu sei que um caso pode aparecer a qualquer momento e....

Me vejo então obrigado a interrompê-la, assim entrelaçando nossas mãos eu digo:

—Eu estarei lá Jen, não importa o que aconteça eu estarei ao seu lado em cada passo. Prometo.

Ela então me olha com seus olhos marejados e tenta dizer:

—Jethro...

—Shiuuu Jen, vai ficar tudo bem. –Eu digo mais uma vez a interrompendo e então a calo com um beijo.

Diferentemente dos nossos beijos habituais, esse não é longo e avassalador ou muito menos breve com uma promessa implícita, esse é lento e quase que melancólico, há sentimentos demais envolvidos, mas talvez o maior deles seja o medo.

Quando o oxigênio se faz necessário, enfim nos separamos e eu a puxo para um abraço, ela esconde o rosto em meu peito e sem me olhar, ela diz baixo, mas não baixo o suficiente para que eu não escute:

—Não faça promessas que não possa cumprir Jethro.

E embora eu não a responda com palavras, eu aperto ainda mais meus braços em torno dela, com medo que se eu soltar algo de ruim possa acontecer. Simplesmente, eu não posso aceitar que depois de todos esses anos, logo quando as coisas se ajeitam algo tão ruim possa acontecer, as vezes eu simplesmente odeio o modo como o universo conspira contra mim.

A noite passa e logo chega segunda-feira, me encarrego das tarefas matinais como acordar Jasper e preparar o café do manhã, no horário de costume, Jen chega a cozinha com uma Jéssica sonolenta. Tomamos o café da manhã juntos e eu não posso deixar de aproveitar o breve momento em família, pois temo o que o futuro pode vir a nos reservar.

Como de costume, saio para o NCIS mais cedo que ela, sendo assim me despeço das crianças e logo estou dirigindo em direção ao estaleiro.

Assim que estaciono meu carro, vejo de longe Duck também estacionar, sendo assim, me vi caminhando mais depressa que o normal em direção ao elevador, não é medo, só não quero conversar com ele sobre o que ele viu ontem.

O dia passa sem nenhum caso novo, então só resta a mim ter que ouvir as lamúrias de DiNozzo e as ameaças constantes de Ziva ao meu agente sênior.   

Terça-feira chega mais rápido do que eu esperava e assim, após nossa rotina matinal normal, depois do almoço eu saio e deixo DiNozzo no comando, para assim poder acompanhar Jenny em sua consulta e passar o restante da tarde com ela.

O caminho até o hospital é feito em silêncio, ao chegarmos eu a sigo até o consultório de seu médico.

—Boa tarde doutor Wilson. –Jenny diz e diplomaticamente e logo acrescenta –Esse é Jethro Gibbs.

—Boa tarde. –Eu digo e assim aperto a mão do médico em cumprimento.

Nos sentamos e então o doutor Wilson começa a nos explicar:

—Como conversamos na semana passada Jenny, iniciaremos o seu tratamento com Ablação por radiofrequência, que consiste em utilizar ondas de rádio de alta energia para o tratamento.

Jenny assente e então médico nos explica como é feito o procedimento:

—Uma sonda é inserida na pele até o tumor guiada por ultrassom ou tomografia computadorizada. Após, uma corrente de alta frequência é então passada através dessa sonda, aquecendo o tumor e destruindo as células cancerígenas. Depois do procedimento, você será levada a um quarto, onde será monitorada pelas próximas vinte e quatro horas.

Jenny e eu assentimos, logo ela é guiada para a sala do procedimento e eu fico na sala de espera do hospital.

Não mais do que vinte minutos depois, alguém senta-se ao meu lado e diz:

—Como você está?

Me viro em direção a voz e ali vejo a irmã gêmea de Jenny me olhando com seus olhos azuis preocupados.

—Preocupado. –Eu digo.

—É compreensível. –Penélope diz e logo acrescenta –E como ela está?

Dou de ombros.

—Ela diz que está bem, mas sinto falta da autoconfiança dela.

Penélope suspira.

—É um momento delicado para ela, Jenny sempre foi muito independente e agora ela tem em mãos algo que não pode controlar. –Penélope diz encarando a parede a nossa frente.

Após alguns segundos em silêncio, ela então me encara antes de dizer:

—Obrigada por não desistir dela.

Eu encaro a loira que é muito parecida com minha amada ruiva e é inevitável que eu não diga:

—Eu não poderia fazê-lo.

Ela então sorri, minimamente, mas há um sorriso ali.

—Fico feliz que ela tenha encontrado você, principalmente seguido meu conselho e reatado. –Ela então diz com um sorriso de canto.

Eu então ergo a sobrancelha duvidando de suas palavras.

—De qualquer forma, ela vai precisar de você mais do que nunca agora, embora ela possa ser orgulhosa demais para admitir. Então por favor, cuide bem da minha irmã Gibbs. –Penélope me pede com um olhar esperançoso no rosto.

O que há com esses Shepard’s? Que extrema necessidade de cuidar uns dos outros é essa? Será que é isso que significa ter irmãos?

—Eu vou Penny. –Eu digo.

E ela então rola os olhos na menção do apelido, que ela diz odiar.

Ela está prestes a falar algo, quando é interrompida pelos alto-falantes do hospital:

—Doutora Shepard, compareça na emergência...

Ela então suspira antes de dizer:

—Bem... o dever chama. Até mais.

E depois que ela sai eu fico um bom tempo a espera de Jenny, quando enfim me informam que ela já está em um quarto.

—Ei. –É o que ela sussurra assim que nota minha presença.

—Jen. –Eu digo me aproximando.

Me sento então ao seu lado e pergunto:

—Como está?

—Ainda sob os efeitos da anestesia. –Ela murmura.

Ficamos então calados, eu a observando em silêncio, quando enfim ela diz:

—Vá para casa, fique com as crianças.

—Jen... –Eu digo quase que em tom repreendedor.

—Jethro... –Ela sussurra e assim nos encaramos por um bom tempo.

—Prometi a você que ficaria ao seu lado. –Eu digo.

Ela então faz uma careta e diz:

—E você está, estar com nossos filhos não é me abandonar. –Ela diz simplesmente e eu a encaro.

Inevitavelmente me vem a imagem do garotinho de olhos azuis e da minha pequena ruivinha em minha mente.

—Eles esperam que eu esteja em casa às cinco, eles ficarão preocupados. Vá, fique com eles, garanta que eu estou bem. –Ela justifica.

—Jenny... –Começo a dizer, mas ela então me interrompe.

—Por favor Jethro. –Ela me pede e então eu suspiro derrotado.

Me levanto e então lhe dou um selinho antes de dizer:

—Até mais tarde Jethro.

—Jethro. –Ela diz em seu tom levemente repreendedor habitual, mas como sempre eu não lhe dou ouvidos.

Assim saio do quarto onde a diretora do NCIS está e parto para casa, a fim de cumprir minha promessa.

Ao chegar, sou recebido pelo habitual furação Shepard-Gibbs, que ao notarem a ausência da mãe, logo já questionam.

—Cadê a mamãe? –Jéssica me pergunta.

—Houve uma emergência querida, acho que ela vai demorar.

Jasper me olha ressabiado, antes de então perguntar:

—E por que você também não está trabalhando?

Quando é que esse garoto virou investigador?

—O NCIS não tem só a minha equipe Jayjay. –Me vejo dizendo.

E então vou ajuda-los com o dever de casa.

Não demora e a senhora Martinez anuncia que o jantar está pronto.

Jantamos nós três e depois eu deixo que eles assistam TV, enquanto eu lavo os pratos.

Sou obrigado a assistir um episódio de Tom & Jerry com eles, antes de os levar para a cama e ler uma história.

Eles já estão dormindo, quando eu me vejo encarando meu celular.

Eu preciso ficar com Jenny, mas também não posso deixar as crianças a sós, percebo então que deveríamos ter preparado esse arranjo com antecedência. No entanto, eu constato que talvez isso tenha sido proposital.

Eu não poderia sair e deixa-los só com a segurança dela lá fora.

Eu não poderia sair e chamar Charlotte para ficar com eles. Porque ela me pediu para deixar a família dela de fora.

Ah se eu pudesse chamar Abby, até mesmo Ziva, ou na pior das hipóteses DiNozzo.

O que eu faria?

E com esse pensamento me vejo pegando meu celular e discando para um número que não pensei que ligarei de livre e espontânea vontade.

—Oi Gibbs. –Penélope Shepard diz do outro lado da linha.

—Boa noite. Incomodo Penélope? –Tento ir direto ao ponto.

—Não, estou com Jenny, mas ela dormiu já há um bom tempo. –Ela confessa.

—Você se importaria de passar a noite com as crianças? –Pergunto a ela.

—De forma alguma, chego aí em meia hora. –Ela diz prontamente.

Nunca agradeci tanto por pontualidade ser um fator genético na família de Jenny, pois após exatos trinta minutos Penélope encontrava-se batendo na porta.

—Obrigado Penélope. –Eu digo antes de sair e após dar todas as instruções necessárias para ela.

E assim, pego meu carro e dirijo em direção ao hospital, enquanto no rádio do carro Bryan Adams toca a melancólica  (Everything I Do) I Do It For You.


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Notas finais do capítulo

Então pessoal, o que acharam do Duck descobrindo o grande segredo? A conversa de Danny e Gibbs foi muito piegas?
Sobre o tratamento: foi escolhido após muita pesquisa, não entendo muito acerca do tema tratado, perdoem-me por qualquer coisa que esteja fora do lugar, agora e futuramente.



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