Ela olhou para o céu nublado e respirou dramaticamente, hoje era o aniversaria de três meses de morte da sua mãe e de seu padrasto, ela estava sentada na padaria preferida da sua mãe comprando o seu doce preferido, era meio masoquista ficar relembrando tudo isso bem no dia do aniversario da morte de sua própria mãe? Bem Mackenzie não se importava muito com isso, afinal, essa era uma das poucas maneiras que ela tinha de honrar a memória de sua mãe. 

Enquanto esperava seu pedido ficar pronto à ruiva olhou ao redor, Nova York poderia ser uma cidade barulhenta, mas ela tinha que admitir, tinha certa beleza no barulho, era só escutar direito que você descobriria vidas inteiras, memórias perdidas, amores se reencontrando, pessoas extravasando, foi isso que sua mãe lhe ensinou quando era menor e não parava de reclamar do barulho, uma lágrima silenciosa caiu do olho de Mackenzie com as lembranças. Ela estava ali, sentada dentro da padaria para honrar a memória de sua mãe, como vinha fazendo todo mês, e ao observar a decoração da padaria ela finalmente pode entender o porquê de sua mãe fazer tanta questão de sempre ir ali, as paredes eram de um tom mais escuro de verde com branco e alguns detalhes dourados no teto, a mesa era de vidro mostrando seu apoio de metal por baixo com algumas flores de plástico em volta do pé, às pessoas em volta tomavam seus cafés tranquilas e tinha sempre um sorriso no rosto. Era um bonito lugar que transmitia tranquilidade. Foi um milagre que não tenha sido afetado pela invasão alienígena que aconteceu em Nova York ou, então, se foi afetada, o trabalho feito no reparo foi tão bem feito que fazia com que tornasse bastante difícil notar alguma diferença na padaria.

Mackenzie se assustou quando a garçonete que estava com a sacola com o pedido dentro em sua mão chamou a mesma, sua mente tinha viajado para o dia em que a cidade foi ataca por alienígenas, não carregava boas lembranças daquele dia, quase fora morta diversas vezes escapando por muito pouco e com vários machucados, mas ainda tinha pesadelos com a vez em que chegou mais perto da morte, senda salva por pouco quando um escudo mandou a criatura, que ela acabou descobrindo se chamar chitauris, para longe sendo morta logo em seguida quando foi atingida uma flecha que foi no meio da cabeça, explodindo-a. Ela nem olhou para o lado para ver quem foi seu salvador, ou salvadores, apenas saiu correndo e se escondeu em algum lugar que ela não se lembra mais e lá permaneceu até que o Homem de Ferro enviasse o míssil para o portal de onde os alienígenas vieram e fechassem o portal, ela se lembra da dor que veio em sua cabeça e os flashes, imagens que passaram em sua cabeça, imagens de algo explodindo e outra coisa caindo rapidamente, ela balançou a cabeça para um lado e para o outro, igual se estivesse negando algo, como se isso fosse afastar as lembranças do dia, que como dito anteriormente, não eram muito boas.

Ela pegou a sacola, tirou a carteira da bolsa, pegou o dinheiro e pagou o que devia a garçonete, agradeceu a moça loira com um pequeno sorriso nos lábios, se levantou e foi rumo à saída. Assim que saiu da padaria esbarrou em alguém fazendo a embalagem com a comida saísse de suas mãos e fosse em direção ao chão. Amaldiçoou quem quer que fosse o responsável na mente e se abaixou para pegar as coisas, e notou que não foi à única que deixou suas coisas caírem na hora do esbarrão e enquanto juntava suas coisas, ouviu uma voz que carregava um forte sotaque francês se pronunciar a sua frente:

— Ah que droga, minhas mais sinceras desculpas por isso senhorita, como sou desajeitado – A ruiva jurou ter ouvido um tom de deboche e quando a mesma olhou para frente e encontrou a pessoa com quem tinha se esbarrado a olhando engoliu seco.

Ela encarou o com quem tinha esbarrado homem, era um belo homem ela tinha concordar, mas, aquela velha sensação que ela sempre tinha ao olhar nos olhos das pessoas, seja boa ou ruim, dizia para a ruiva ficar bastante longe do Homem, que agora em sua frente, a encarava com um sorriso carregado de ironia nos lábios. Tinha algo em seu olhar que a fazia querer sair correndo, ela não sabia descrever a sensação, só que sentia calafrios com o olhar dele. Ele ergueu a sacola da ruiva para a mesma, que agarrou sua comida rapidamente e se levantou.

—Tudo bem, acidentes acontecem – Ela deu algumas batidas em seu sobretudo bege para retirar a poeira que tinha acumulado, olhou para o homem com quem tinha esbarrado e deu um sorriso sem mostrar os dentes e seguiu o seu caminho com rapidez, a angustia não a deixaria enquanto não se afastasse daquele homem, sem saber que o mesmo não tinha deixado de encarar a ruiva, ainda com um sorriso irônico no rosto, enquanto ela se afastava. E quando a chuva começou a cair com intensidade, podia-se ver um borrão vermelho se movendo pelas pessoas com velocidade.

O cabelo de cor avermelhada de Mackenzie ganhava destaque com a palidez que ela estava agora, mesmo depois de tanto caminhar não tirava aquele homem e seu sorriso irônico na cabeça. Ela parou debaixo de um toldo de alguma loja e olhou a chuva cair a sua volta e novamente a sensação retornou, mas dessa vez ela sentiu uma terrível dor de cabeça. Ela fechou os olhos apoiada na parede, começou a esfregar a mão na cabeça como se isso fosse aliviar a dor que sentia, e então sentiu algo, com se alguma coisa a puxasse para cima, e abriu os olhos e não reconheceu o lugar onde estava e ao piscar percebeu que continuava no mesmo lugar em que tinha parado. "Estou ficando louca" pensou ao olhar em volta e vendo algumas pessoas a encarando feio. Respirou fundo dizendo a si mesma que estava tudo bem, quando olhou para o outro lado da rua e viu lá, a pessoa que ela um dia já chamou de amiga, a cabeleira loira de Felícia Hardy estava molhada em consequência da chuva, ela estava carregando um grande sorriso no rosto com o uniforme da Oscorp, que era para a ruiva estar usando. Felícia sempre fora uma garota mimada, Mackenzie sabia disso, mas ela não esperava que a garota chegasse a tão baixo de usar erros que foram cometidos no passado para derruba-la, não esperava também que Felícia levantasse a cabeça e visse que a ruiva estava a encarado, e a loira a encarou de volta perdendo o sorriso que carregava. Mackenzie então pegou seu guarda-chuva e seguiu seu caminho até chegar nó prédio onde morava.

Ela chegou lá jogou as coisas em cima da bancada e deixou as lágrimas caírem livres pelo seu rosto. Estava sentindo tudo de novo, a dor da traição, da perda, sentia como se tivesse enfiado uma mão em seu peito e arrancado seu coração fora e em seguida o recolado, apenas para sentir mais dor. Ela estava cansada, então se despiu e logo foi para o banheiro e ligou o chuveiro deixando a água quente cair e lá se permitiu relembrar-se de tudo, os últimos meses de sua vida foram com certeza, os mais confusos. Como tudo pode virar de cabeça pra baixo de maneira tão aleatória? Ela queria muito saber a resposta dessa pergunta.

Assim que ela terminou o banho entrou no seu quarto e viu a tela de seu computador avisando de uma nova mensagem, meio receosa ela abriu, sabia que não deveria ter se envolvido com isso novamente, mas tinha contas para pagar, e nenhuma fonte de renda, quer dizer, nenhuma fonte de renda legal. Ela abriu a mensagem que *Lulzsec, o cara que lhe arrumava os “trabalhos”, lhe mandou:“Sincetroyer, trabalho novo.”. Ela já sabia que se tratava disso, mas quando leu o arquivo ela não conseguia acreditar, aquele trabalho valia 500 milhões de dólares, mas não era isso que tinha a impressionado mais, foi à outra parte do pagamento que fez ela se desesperar e tratou de aceitar o trabalho. O problema era que ela não iria hackear qualquer lugar, ela iria hackear a S.H.I.E.L.D, a maior agência de espionagem que já existiu. Ela sentiu a adrenalina correr pelas suas veias e assim que deram as tão conhecidas oito e cinquenta e cinco da noite ela começou a trabalhar. Os tão conhecidos códigos rodavam por sua tela, e quando o portal abriu, ela quase não acreditou, tinha conseguido hackear a maior agência do mundo com todo aquele equipamento amador, era quase como um sonho, mas ela não podia pensar nisso, o tempo era precioso e ela já tinha perdido quase quinze segundos com a comemoração, significava que tinha apenas mais um minuto e doze segundo para achar os arquivos e apaga-los. Ela lançou o algoritmo de procura que tinha criado e logo achou o arquivo que precisava. Inumanos dizia o nome do arquivo, ela o abriu e ficou chocado com o que lia.

—Raças Krees, Realeza Inumana, Sistema de castas, Triton... Meu deus no que eu me meti - Falou baixo enquanto olhava o conteúdo da pasta.

Assim que viu seu cronometro arregalou os olhos saiu do arquivo e começou o processo para apagá-lo, e assim continuou até que ela ali viu no titulo de um arquivo escrito: Katherine Marie Carter. Ela não poderia acreditar, aquele era o nome de sua mãe. Naquele momento não existia cronometro ela só queria saber o porquê a S.H.I.E.L.D ter uma pasta com as informações sobre a sua mãe. Quando levou o mouse para abrir a pasta veio à notificação brilhar na tela informando que o arquivo tinha sido apagando com sucesso e logo em seguida seu computador apagou e faíscas saíram do CPU a fazendo pular da cadeira de susto, o tempo tinha acabado e ela poderia ser descoberta agora, estava completamente ferrada. Então assim que ela se lembrou do pagamento correu para abrir seu Notebook e lá viu que a transferência tinha sido feita, mas aquilo pouco importava naquele momento, ela queria o vídeo. Assim que abriu o email ela viu o anexo e deu play.

Era o vídeo do acidente de seus pais, à medida que ela assistia ele, ia confirmando sua suspeita. Aquilo não havia sido um acidente. No momento em que o autor do acidente saia do carro, a câmera que gravou o acidente não gravava seu rosto. Ela jogou seu notebook na parede em um momento de raiva, tinha arriscando tanto e para que? Apenas para confirmar o que já desconfiava, não pudera nem saber o rosto do culpado. Ela deixou lágrimas de raiva caírem pelo seu rosto, ela estava cansada de chorar. Ela se deitou na cama, ainda chorando, ela pensou no vídeo e no que passara naquele dia e pensando em sua família morta, ela adormeceu.