Floresta Negra escrita por Luh Costa


Capítulo 9
9. Luma*** - Eu sei o que você fez




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Ver que a Emilly finalmente está um pouco mais feliz me deixa extremamente alegre. Desde que chegamos aqui eu sinto como se as coisas fossem, enfim, dar certo e espero estar certa.

O pessoal aqui é bem legal e é muito estranho ver que a família da Emilly está tão envolvida com as escolas, na verdade chega a ser engraçado. Não sei como ela consegue lidar com isso.

— Olá? - Eu estava concentrada no rabisco que estava fazendo no caderno, essa era uma das várias coisas que eu fazia que normalmente me faziam ficar invisível ou pelo menos inacessível aos outros.

— Oi. - Acho que esse deve ser o Jin, se bem me lembro.

— Tudo bem com você?

— Hum-hum. - Assinto.

— Mesmo? 

— Sim. - Sorrio de lado.

— Mesmo, mesmo?- É um pouco estranho isso, ele me perguntando desse jeito me dá a impressão de já ter intimidade comigo, de que já me conhecesse pra valer.

— Mesmo. - Sorrio abertamente. - Ou quase.

— Por que quase? - Ele se endireita na cadeira atrás de mim me dando total atenção.

— Ah... É complicado. Eu não sou muito... feliz.

— Quer dizer com seu parceiro? - Assinto novamente, ele também, e me olha como se me desse total apoio.

— Sabe, às vezes encontramos a felicidade onde menos esperamos.

— É o que eu espero. - Suspiro. - Mas ela bem que poderia chegar logo. Estou precisando. - Ele deu uma leve risada.

— Quando você menos esperar. - Aquilo soou como uma promessa, mas não sei se fiquei com ainda mais esperanças ou se elas já se foram pra outro mundo a muito tempo.

— Olá!

— Jasmin. - Ela fica em pé ao lado de Jin e passa seu braço ao redor de seus ombros, eles ficam bem perto um do outro. Realmente um belo casal.

— Ei! Você lembra meu nome! - Ri.

— Minha memória é bem louca, então tem nomes que eu decoro rapidinho, outros demoram um pouco.

— Sei completamente como é! - Na primeira vez que a vi imaginei que ela fosse um pouquinho mais tímida. Já senti uma grande identificação com ela e mal trocamos palavras uma com a outra.

— Por que está aqui sozinha? Não vai jantar?

— Vou sim, Jin. Obrigada pela preocupação. Eu só estava terminando o meu desenho mesmo.

— Não é nada. E está ficando incrível! - Ele se levanta e começa a ir em direção à porta da sala. - Ah! Pode contar com a gente, ok? Caso esteja precisando conversar, estamos aqui.

— Obrigada.

— Isso mesmo, é só chamar. - Jasmin mandou uma piscadela pra mim, o que me arrancou uma risadinha.

Desde então eu me senti diferente em relação ao espaço onde eu me encontrava, aquilo meio que me marcou. Foi uma conversa simples, mas foi bom saber que eu poderia conversar com alguém, mesmo que eles não me entendessem. 

Meus primeiros amigos, eu pensei começando a ficar animada, mas nos últimos dias eu estava me sentindo estranha. Eu não me sentia mal, apenas estava pensativa - até demais eu diria - e apesar de ter aquela porta aberta eu ainda não conseguia passar por ela. 

Eu parava e me via pensando em nada, literalmente nada ou em coisas muito tristes e até mesmo se seria possível eu morrer de alguma forma que ninguém suspeitasse que eu havia me suicidado. E quando percebi isso, me senti oprimida por mim mesma. Eu estava entrando em estado de depressão. Era difícil sustentar o sorriso e a felicidade às vezes e a única coisa que chegava a me alegrar de verdade era shippar a Milles com o Namjoon, isso foi bem divertido aliás, principalmente depois que resolvi trocar de lugar com ele.

Eu até ganhei um stalker por um pequeno tempo.

— ...Eu sei o que você fez. - Uma voz sussurrou ao meu lado depois que Emilly se foi "tentando" me agradecer por ter trocado de lugar. Eu levei um leve susto, mas nem deu pra perceber de tão pesado que meu corpo estava sobre a mesa, eu ergui a cabeça e olhei pro lado. Era apenas aquele garoto do primeiro dia de aula que estava ao lado do Namjoon quando chegamos à escola. Deitei a cabeça novamente sobre a mesa como se nada tivesse sido dito o ignorando descaradamente, ele também não disse nada naquele momento, só ficou olhando pra mim.

— Eu sei o que você fez. - Ele disse essa mesma coisa pra mim no intervalo das aulas subitamente, quase me assustando novamente e só conseguindo ser ignorado por mim.

No último sinal foi a mesma coisa e eu continuei ignorando. No dia seguinte foi praticamente a mesma coisa e eu estava ficando de saco cheio já, ele brotava no lugar onde eu estava do nada e eu estava começando a desconfiar que ele queria me matar.

...

Eu estava indo pegar o meu lanche no refeitório, era a última na sala, ele parou bem na minha frente.

— Eu sei o que você fez... - Olhei bem pra ele e ponderei. Se eu não dissesse nada, ele provavelmente continuaria com aquilo, se eu só ficasse ali parada olhando pra ele eu ia ficar com fome e como eu não queria nem ficar com fome e nem acabar com um stalker maluco...

— Isso já funcionou com alguém? - Cruzei meus braços entrando na defensiva.

— ...Não. Mas poderia! - Ele deu um sorriso meio quadrado.

— E você ia me perseguir até...? - Ele deu de ombros.

— Tempo indefinido. Não espera! Até você dizer alguma coisa mesmo.

— Sei... Bem. Eu disse. Já pode me deixar em paz agora. - Declarei.

— Nossa, sou tão ruim assim? - Fiz que não.

— Só chato mesmo. - Passei por ele e fui em direção à porta.

— Ei, Luma! - Parei e me virei em sua direção lentamente. - Foi legal. O que você fez pela sua amiga e pelo Rap Mon. - Fiz pouco caso.

— Não foi nada. - Quantos apelidos esse cara tem? Me perguntei meio rindo pra mim mesma.

Saí da sala e ele veio logo atrás de mim, mas felizmente não estava me seguindo, apenas indo para o mesmo lugar que eu já que quando entramos e pegamos nossa comida ele foi pra uma mesa e eu pra outra.

— Ei! - Pulei na cadeira com o susto.

— Puta que me... Taehyung?!

— V. - Me corrigiu.

— Taehyung. - Resolvi irritar ele.

— V.

— Taehyung!

— V!

— Tae! - Ele ia rebater de novo, mas parou, pensou e balançou a cabeça positivamente.

— Pode ser.

— Hum! - Bufei.

— Foi mal pelo susto. - Dei de ombros.

— Só não te notei.

— Me nota então! - Quis rir pelo tom em que ele disse aquilo, mas quando olhei pra ele vi que ele estava bem sério, o que só me fez querer rir de verdade, mas eu me segurei.

— O que você quer?

— Conversar.

— E tem que ser comigo?

— Tem. - Respondeu no mesmo instante.

— Por quê?

— Porque você deve ser interessante.

— Ah... Acho que vou te desapontar então.

— Eu duvido.

— Então vai continuar duvidando. - Apontei pra trás dele, o professor estava entrando.

— Não tem problema, eu tenho tempo.

— Você é insistente, hein? - Não sei porque mas estou sorrindo enquanto converso com ele, e só notei isso agora.

— Claro. - Sorriu. - Faz parte da vida.

— Ah, é? Não sabia.

— Luma?

— Hum? - Olhei na direção da voz e quase me encolhi.

— Hora da aula agora, vocês tiveram o intervalo inteiro pra conversar e ainda podem conversar depois. Tempo suficiente, não acha?

— Desculpa. -  Ai... Levei uma dura do professor...

— Desculpa. - Taehyung também disse. Gostei disso, foi quase como se ele estivesse dividindo a culpa comigo. O que era bem verdade já que realmente a culpa não era mesmo só minha, na verdade era toda dele mesmo, mas ok.

...

Acho que sou maluca. Sem brincadeira.

Que tipo de pessoa em sã consciência fica deitada em cima de um telhado - que pelo o que consegui ver apesar de estar meio de noite ainda, é de certa forma, velho - em plena madrugada?

Não sei como consegui chegar até aqui, eu estava dormindo quando acordei porque a Candy queria um pouco de comida e não parava de miar, por isso eu me levantei e dei comida a ela antes que a Emilly também acordasse, então, depois disso, eu troquei de roupa, saí do quarto e fui vagando por aí até que dei de cara com esse prédio - que aliás é o do lado ao da minha sala - dei um pulo e cheguei no telhado.

Como tem uma parte bem no centro do telhado que é reta e meio larga apesar dele se declinar na direção do chão logo nas extremidades eu resolvi ficar por aqui enquanto olho pro céu. 

Daqui a pouco amanhece. Fecho os olhos por um momento e de repente sinto alguém olhando pra mim. Abro os olhos e me deparo com um par de olhos a poucos milímetros dos meus.

— Se está querendo me matar, diga logo. De susto eu não morro. - Declaro voltando a fechar os olhos.

— Foi mal.

— O que faz aqui, Tae?

— Só estava procurando a minha gata.

— No telhado? - Pergunto brincando.

— Sei lá, vai que, né? - Abro os olhos e o encaro da melhor forma possível, já que ele está o oposto de mim no telhado. - Sério. Mas não achei, eu estava passando lá embaixo quando percebi uma sombra estranha em cima do telhado.

— Então você veio conferir?

— Isso aí. Você não a viu? - Fiz que não. - Já faz um certo tempo que não a vejo e isso não é normal.

— Como é que ela é?

— Ela já é adulta, mas eu a peguei filhotinho ainda. Ela é bem grande e marrom e na área da barriga ela é bem branquinha.

— Lamento, eu não a... - Algo não muito legal fez uma conexão na minha mente. - Ela tem olhos castanhos bem claros?

— Tem, como você sabe? Você a viu, não foi? - Ele perguntou todo empolgado, parecendo uma criança. Me ajeitei e me sentei me equilibrando pra não cair.

— Sinto muito, Tae.

— Por quê? - Franziu o cenho em confusão.

— Pode parecer meio estranho, mas ela também é minha gata. Ou pelo menos era...

— Por que está falando assim?

— Ela morreu, Tae. Ela estava esperando filhotinhos, não estava?

— Estava. - A expressão dele foi ficando cada vez mais triste à medida que foi entendendo o que aconteceu à ela, era de cortar o coração de tão triste.

— Eu tentei ajudar ela, juro que eu tentei! Ela era a minha companheira, sempre estava lá quando eu precisava. Ela sumia muito apesar de sempre aparecer exatamente quando eu estava mais necessitada de um carinho, nunca tinha entendido isso. Agora pelo menos sei que quando ela sumia ela estava com você, com certeza você deve ter sido um bom amigo pra ela. - Não quis dizer dono, a Prestígio era mais independente do que muitas pessoas que eu já vi por aí.

— O que foi que aconteceu com ela? - Perguntou com a voz embargada.

— Eu achei ela no meio da noite, ela estava bem mal e eu não consegui fazer muita coisa além de salvar dois dos seus filhotes, um macho e uma fêmea, mas ele acabou morrendo pouco depois também. - Minha voz estava saindo lenta e pesadamente e eu estava sentindo um ímpeto de chorar bem grande, mas por fora não havia nada em mim além de uma expressão triste e de solidariedade.

— E onde ela está?

— Comigo. Deve estar dormindo uma hora dessas.

— Mauh... - Olhei pra trás de mim e quase caí de cima do telhado.

— Can-Candy? C-como chegou aqui???

— Ah! Oi Tigrinha!

— Tigrinha?! - Olhei pra ele confusa.

— Foi eu que a trouxe aqui pra cima. Eu meio que adotei ela também, ela apareceu aqui no mesmo dia que você. Que coincidência aliás...

— Tae, não é coincidência! Eu a trouxe pra cá, ela é a gatinha que eu consegui salvar da Prestígio que eu estava falando. E você não deveria ter trago ela cá pra cima, ela tem só meses de idade e morre de medo de altura.

— Não parece que ela tem medo de altura. - Olhei pra Candy novamente, que estava olhando fixamente pra mim. Eu a peguei pra colocar ela no meu colo mas decidi colocá-la deitava no meu braço como se ela fosse um bebê. Ela automaticamente relaxou no meu braço por eu sempre a pegar daquela forma, era a maneira mais óbvia de demonstrar segurança pra ela que eu tinha, às vezes ela até dormia ou se "escondia do mundo" enfiando o rosto no meu braço esquerdo.

— Deve ter perdido... Nas primeiras semanas eu não podia erguer ela no ar que ela já ficava toda maluca e grudava em mim e na Milles. Levamos vários arranhões... - Ri relembrando.

— Foi a mesma coisa comigo e com a Neko. 

— Neko? Ah... A Prestígio! - Sorri de lado.

— Deu mesmo nome de comida pra ela? - O sorriso que ele deu me distraiu por míseros segundos, era um sorriso normal, mas me chamava a atenção... talvez porque era realmente quadrado e ele ficava fofinho quando sorria daquela forma.

— Hey! Não reclama não! Você chamou ela de gata! E a Candy de tigre!

— Ei, ei, ei! Eu não estou reclamando, só perguntando. Ela é mesmo um gato, ou pelo menos era, e a Candy parece mesmo com um tigre filhote! - Ok... Vamos combinar que ultimamente o pelo da Candy tá ficando laranja, então essa até que dá pra deixar passar.

— Mahaau!

— Candy, a gente não tá brigando! Só discutindo!

— Mehn!

— Não é a mesma coisa, não!

— Você entende mesmo o que ela está dizendo?

— Ahn? Ah, mais ou menos. Acho que sim. - Dei de ombros.

— Deve ser legal entender o que ela tá falando.

— Nem sempre. Às vezes ela enche o saco dando lição de moral, ou pedindo comida, principalmente.

— Imagino. - Subitamente ela saiu do meu "colo" e foi pra ele.

— Oh, traidora!

— Deixa ela, ela só quer vir na mãe. - Opa, perdi alguma coisa...

— Mãe?

— É, ué! Eu sou a mãe e você é o pai.

— Isso não tá meio errado não?

— Nhaun.

— Não. - Recebi dois nãos ao mesmo tempo.

— Ótimo, agora vou ter que aguentar complôs.

— Você aguenta. - Ele ergueu ela até a frente do rosto e deu um beijinho de esquimó nela. Fiquei revoltada, ela sempre vira o rosto quando tento fazer isso com ela, a Emilly tem mais sorte do que eu nisso porque ela ainda deixa uns segundos.

— Ele você deixa, né? - Tae riu mesmo sem entender do que eu estava falando. - Espera!... Se eu sou o pai e você é a mãe, a Milles é o quê?

— A tia.

— Tia? - Perguntei pra Candy.

— Mauuh.

— Ok. - Um raio de luz atingiu com força meus olhos, olhei pra trás e vi que já estava amanhecendo. - Aff... Vou indo, já está amanhecendo.

— E?

— E aí que é mais fácil me ver aqui com a luz do sol.

— Isso é. - Concordou comigo. - Você queria ficar sozinha, né?

— Basicamente. Eu não ligo muito pro amanhecer, prefiro quando o sol se põe. Mas vai ser estranho.

— O quê?

— Me pegarem aqui.

— E você liga pra isso por quê?

— Não ligo. - Suspirei. - Só estou tentando dar uma desculpa decente pra você me deixar descer  pra eu poder voltar pro meu dormitório com a minha gata e dormir... Correção, nossa gata.

— Atá, desculpa.

— Não me leva à mal não, Tae. Dessa vez não estou querendo me livrar de você sendo mal educada é que meu corpo pesou e o sono chegou.

— Ah, sei. Inconstância por causa da transformação.

— Isso aí. - Senti-me agradecida por ele ter entendido.

— Espera! Dessa vez? Então você queria se livrar de mim antes?

— Lógico!

— Sempre direta assim?

— Sempre que possível. - Sorri sapeca. - Mas relaxa, é só mal humor mesmo. - E talvez depressão... - Nada pessoal.

— Você tá de mal humor todo dia pelo o que eu vi.

— Pois é. - Resolvi deixar essa passar, eu estava realmente cansada. - Vamos? - Ele assentiu, segurou bem a Candy, foi pra beirada do telhado e pulou, dei de ombros e o segui depois de ver que ficou bem apesar da altura que pulou.

— Ei, você podia deixar eu dormir com ela hoje.

— Aí já tá pedindo demais!

— Por quê? Você dormiu com ela todos os dias!

— Eu sei que ela foge, tá, queridinho. E eu não acho que o Jungkook vai gostar dela lá no seu quarto.

— Ele nem vai ligar. E como você sabe que eu divido o quarto com ele?

— Eu posso estar excluída da vida, mas isso não me impede de observar e ouvir.

— Uh... Essa foi boa. - Sorrio. - Deixa vai, por favor!

— Não.

— Por favor!

— Não.

— Por favorzinho! - Ele parou na minha frente e olhou fixamente nos meus olhos como um garotinho inocente, em seguida erguer a Candy até o rosto e a colou ao lado do dele. - Por favorzinhoooo!

— Coisas fofas não funcionam comigo, okay? - Mentira! Estou morrendo aqui!

— Por favor, Luh! - Fez biquinho. O fitei até que não aguentei mais.

— Tá. Só hoje!

— Ehhh! - Ele deu uns pulinhos com a Candy que a fez sair correndo. - Obrigado. - Me deu um beijo na bochecha antes que eu desse conta, sorriu pra mim e saiu correndo atrás da Candy, ele a alcançou pouco depois e a levou pro quarto dele.

— Ai. Mereço... - Me lamentei e segui me arrastando pro meu quarto.

...

— Eu sei! Eu também não acredito nisso! - Letícia falava animadamente com a Maria Eduarda. As duas se tornaram amigas tão rápido e estão tão grudadas que parecem que são amigas há anos.

— Mas se pode então porque você não pede um quarto só pra vocês, Duda? - Questiona Lê a olhando com malícia.

— Pode parar de me olhar assim!

— O quê? Só tô olhando!

— Ahn-han. Sei.

— Tá mudando de assunto!

— Que saco, Lê!

— Quer dizer que você não quer então? - Lê não desiste de jeito nenhum.

— Quero! Mas é que não tem como. Só se o Suga for pro quarto do Namjoon e isso não vai acontecer.

— Pede um quarto vago. - Entro na conversa.

— E você acha que eu tenho coragem?

— Sei lá. - Rio. - Mas se ficar desesperada aproveita e vai.

— Desesperada por quê? - Emilly chega à mesa com seu café da manhã. - O que tá acontecendo?

— Nada, é só a Duda sofrendo porque não tem como dividir um quarto com o Jimin. O pessoal chegou aqui ano passado, mas como ela só conheceu ele do meio do ano pro fim acabou que ela teve que aceitar ficar no quarto que chegou já que não conseguiu tomar coragem de falar nada e o Jimin nem pensou na possibilidade pelo o que ela contou. - Lê explicou sorridente.

— Você só tá pegando no pé dela porque conseguiu ficar com o Hoshi. - Rebato.

— Olha, eu não posso fazer nada se a Carol era do meu quarto e o Hoshi do S. Coups.

— Ah... Vocês trocaram de quarto? - Milles começou a entender.

— Semana passada. - Ela deu uma sorriso gigante.

— Pelo visto você tá aproveitando. - Comentei meio rindo.

— E como!

— Ei, meninas. Oi, amor. - Hoshi deu um beijo na Letícia e sentou ao lado dela.

— Oi.

— Vocês saltaram da cama ou o quê? Foram as primeiras a chegar.

— Fome mesmo. - Respondi dando uma mordida no meu sanduíche.

— Estavam falando sobre o quê?

— Sobre a Duda e o Ji- - Duda tampou a boca dela com a mão.

— Eu nada. A gente não estava falando sobre nada. Né, Lê? - Letícia olhou pra ela e assentiu lentamente, então ela a soltou. 

— É, a gente não estava falando sobre nada. Nada mesmo. Tipo, nada do tipo em como a Duda está desesperada querendo ficar logo no mesmo quarto que o- - Tampou a boca dela de novo. - Mimim. - Tentou falar mesmo com a mão da Eduarda na boca.

— Letícia!!! - Todos rimos. - Aff, Letícia! - Soltou ela e cruzou os braços com raiva.

— Foi mal, Duda. 

— Pedir desculpas rindo não é exatamente um pedido de desculpas, Lê.

— Foi mal. Eu... eu não consigo parar.

— Para! - Comecei a rir também, entrando na crise dela. Logo todos estávamos sendo pegos pela crise da Lê e morrendo de rir junto com ela sem o menor sentido.

— O pessoal tá animado, hein? - Jimin chegou sentando-se ao lado da Eduarda, os outros meninos chegaram logo depois já fazendo uma barulhada puxando uma mesa das grandes, mas aí também chegaram o pessoal do S. Coups e a nossa mesa virou a maior do refeitório com três mesas unidas. Outros alunos chegaram e olharam pra nós com curiosidade aparente no início e logo deixaram pra lá.

Antes eu estava na ponta e a Emilly mais pro meio da mesa, mas como a nossa mesa ficou no meio alguém podia sentar ao meu lado. De um lado sentou o Jin, ao lado dele a sua namorada e ao meu outro lado, Wonwoo, o que até me surpreendeu.

— Vai mesmo sentar do meu lado?

— Algum problema?

— Não. Só que eu estava guardando o lugar pra outra pessoa.

— Pra quem? O Woozi?

— Nah! O Mingau.

— Quê que tem eu? - Mingyu perguntou perdido do outro lado da mesa mais na ponta.

— Ela quer que você sente aqui. Tá guardando seu lugar até. - Ele disse emburrado se levantando.

— Oh! É zoeira! Senta! - Puxei o braço dele pra baixo e o fiz sentar.

— Nossa... - Mingyu fez cara de quem estava com dor e colocou a mão no coração se fazendo de rejeitado.

— Para com isso! Você sabe que eu te amo!

— Sei nada, você nunca me disse!

— Hey, sua namorada sou eu!

— Calma, Larissa. - Pedi rindo. O que era estranho era que eu estava rindo pra valer, me sentindo feliz até, o que era um milagre. - É outro tipo de amor.

— Hum! - Vixe... Ciumenta!

Senti alguma coisa sendo colocada em cima da minha cabeça, inclinei levemente a cabeça pra cima e dei de cara com a Candy e o garoto do sorriso quadrado.

— Oie!

— Oi. - Peguei ela de cima da minha cabeça. - Por que trouxe ela pra cá?

— Só trouxe. - Deu de ombros.

— Tá, né... - Resolvi deixar pra lá, comi o último pedaço do meu sanduíche, o que a fez reclamar no meu colo. - Foi mal, eu tô com fome. Não é só você que sobrevive de comida. - Sussurrei pra ela e recebi uma virada de rosto como resposta. - Ah, qual é, Candy? Vai ficar com raiva só por causa de um pedaço de sanduíche? - Ela pulou do meu colo pra cima da mesa.

— Own! Um gatinho! - Exclamou Jasmin.

— É ela. - Respondi.

— Essa é a Candy. - Emilly disse ao lado dela. - Vem cá, Candy! - Ela estendeu a mão pra ela e a Candy foi saltitando até ela.

— Meow...

— Também já comi, Candy. Foi mal. - Milles disse depois que fez um pouco de carinho nela, a Candy até se afastou dela. Jasmin passou a mão nas costas dela, o que a assustou, mas em seguida ela começou a olhar pra ela com um olhar pidão.

— Uh... Sinto muito também, Candy. - Ela se eriçou por um segundo e então pulou da mesa pro chão.

— Onde você vai, Candy? - Questionei-a, mas ela me ignorou, então eu me levantei pra ir atrás dela silenciosamente. Ela foi até uma mesa mais no centro e sentou no chão ao lado dela, como ninguém da mesa sequer olhou pra ela, ela simplesmente pulou na mesa, pegou o lanche de alguém e saiu correndo, o garoto nem viu o que aconteceu, só percebeu quando foi pegar e não encontrou nada no prato. - Ai, sua safada! Devolve! Volta aqui! - Saí correndo atrás dela, mas ela me deu um olé e foi em direção aos dormitórios. Estava difícil acompanhar ela quase morrendo de rir. Todo mundo, até as tias que dão o lanche estavam olhando pra mim e eu não estava nem ligando. 

Já no corredor alguém passou por mim voando e quase pegou ela.

— Caramba, ela é esperta! - Tae exclamou quando ela também deu um olé nele.

— Quando se trata de comida a Candy é mais esperta do que aquele refeitório cheio inteiro junto.

— Sei como é. - Ele riu. Vi ela entrar no quarto então eu parei de correr e fui de fininho até a porta do quarto, quando abri a porta não vi nada, o que me deixou bastante confusa, mas então eu vi o rabo dela passar de um lado pro outro em baixo do lençol da cama, fui até a cama do lado da Milles bem lentamente, com passos suaves e me agachei, me ajeitei e enfiei as mãos em baixo da cama e a puxei pra fora de uma só vez.

— Ah, sua gorda! Para já com isso, sua gulosa! Roubar a comida dos outros já é demais! Se pelo menos fosse de alguém que a gente conhece aí eu já poderia te perdoar, mas eu nem sei quem era!

— Mewenuoh!

— Me poupe das tuas desculpas, Candy. Esse teu papinho furado não cola comigo. - Ela ficou toda eriçada e tentou voltar pra de baixo da cama, mas eu a segurei firme. - Puta merda, Candy, parece até que nunca comeu comida na vida! - Ela me respondeu rosnando pra mim, literalmente, e tentando me arranhar. O que está acontecendo com essa gata maluca?

— Quer ajuda? - Tinha até esquecido que ele tinha vindo atrás dela.

— Ela vai te arranhar. - Avisei.

— Ah, de boa. A Neko também não era das mais fáceis e dóceis.

— Ok, pega ela, mas cuidado, se não ela foge.

— Tá. - Dei ela pra ele e o vi a segurar como se sempre fizesse aquilo com ela, ela ainda estava bem arisca e o olhava como se quisesse enfiar as garrinhas na cara dele, mas se acalmou um pouco. Enfiei a mão embaixo da cama de novo e peguei o pouco que sobrou do que antes era um sanduíche.

— Eca, tá todo babado. - Suspirei. - Já era.

— Deixa ela comer o resto então. - Mais um longo suspiro meu e um aceno, então ele a soltou e la voou sobre o resto da comida.

— Misericórdia, gorda! Tá querendo explodir? Já te dei comida de madrugada!

— Mwmmm.

— Aff.

— O que ela disse?

— Que isso foi a duas horas atrás.

— Hum...

— Mas... Espera aí!...Eu dei comida pra ela de manhã e não... - Olhei pra ela, ela ficou imóvel, então se virou na minha direção lentamente e começou a andar de costas. - Onde você arrumou comida, hein? Candy... - Ela continuou recuando. - Candy, paradinha aí! - Pronto! Eu pulei, ela correu, ela atropelou o Tae e saiu do quarto na velocidade da luz e eu caí... em cima dele.

— Ai... - Ele murmurou se contorcendo.

— Foi mal... - Tentei me erguer mas algo me fez praticamente cair em cima dele novamente. - Ai... Ai! Caramba, que droga! - Droga mesmo. Meu pulso de repente estava numa posição nada legal de se ver, estava bem feio mesmo.

— Puta merda! - Ele me ergueu lentamente e se sentou na minha frente, eu estava com medo até de me mexer. - Vamos ter que colocar no lugar.

— Tá, vamos pra enfermaria.

— Não, a gente pode fazer isso aqui mesmo.

— Você tá de zoeira com a minha cara?

— Olha, se a gente for na enfermaria você vai ter que fazer isso de qualquer forma. E de qualquer maneira, é só um pulso.

— Só um pulso? Eu tô morrendo!

— Já vi gente quebrar coisas muito piores do que o pulso por aqui, Luh. - Ele estava tão sério que eu resolvi nem questionar.

— Tá. Mas pelo menos me dá algo pra morder.

— Tipo o quê?

— Pode ser o travesseiro mesmo, tem mais dois no armário mesmo. - A dor era alucinante, eu não sabia nem como eu ainda estava conseguindo falar. Ele pegou rapidamente um dos travesseiros e me deu, eu respirei fundo e mordi o travesseiro da melhor forma possível. Ele olhou apreensivo pra mim antes de fazer e questionar se podia, eu fiz que sim e fechei os olhos com força. Ele foi rápido, eu só consegui sentir a presença de seus dedos na minha mão e senti os ossos se encaixando com um estalo que me fez te vontade de vomitar por ter noção do que era.

— Como você pode ser tão frágil? Até um ser humano normal tem ossos mais fortes do que você. O que está acontecendo? - Minha cabeça girava e eu estava estática, não consegui sequer abrir os olhos. - Aff, acho que sei o que pode te ajudar. - Nunca fiquei tão grogue na minha vida e o ímpeto de vomitar ainda estava forte, muito forte. - Woozi, não é? Vou buscar ele.

— Não! - Abri os olhos e o agarrei com a outra mão, foi tão rápido que até mesmo ele se assustou.

— Você precisa de ajuda, Luma. Acha que eu também gosto disso?

— Por favor... - Insisti.

— Luma... Pelo menos me deixa chamar o Namjoon, ou o Jin. - Fiz que não.

— Fica. - Eu não queria ficar sozinha, muito menos preocupar alguém, aquilo era coisa minha e de mais ninguém, eu não queria envolver nem mesmo ele nisso, mas já era tarde pra isso.

— Mas você precisa de ajuda! - Choraminguei até que ele desistiu. - Ok, tudo bem. Mas alguma coisa eu tenho que fazer... - O sinal da aula tocou. - Droga... - Pelo menso eu não estava chorando.  E caramba... tá batendo um sono... - Já sei o que eu vou fazer. Não durma ainda. - Apenas olhei pra ele, ele mordeu o dedo e então o estendeu pra mim, estava sangrando.

— Hum? - Isso até me despertou um pouco mais.

— Eu não posso beber o seu sangue, mas você pode beber o meu.

— Pra que isso? - Consegui perguntar.

— Eu não sou seu parceiro, mas acho que seria bom você beber um pouco de sangue. Já fez isso com ele, certo? - Fiz que não quase começando a corar, o que me deixou confusa. - Abra a boca. - Obedeci e ele tocou a minha língua. Não sei o que aconteceu mas aquilo me deixou mais "brisada" do que a dor que eu senti quando ele voltou meu pulso pro lugar. O gosto era muito bom, mas não era nada viciante. É tanta coisa que as pessoas inventam sobre eles que não é verdade que eu fico espantada. - Luma? - Olhei pra ele ao ouvir meu nome. - Pode chupar, só vá com calma e cuidado pra não selar. - Não entendi o que ele quis dizer com "selar", só comecei a sugar seu dedo lentamente e o gosto foi ficando cada vez melhor, era apenas questão de costume.

Depois de alguns segundos, de finalmente estar melhor a ponto de esquecer que estava com o pulso quebrado eu finalmente parei pra olhar pra ele. Ele estava com os olhos fortemente fechados com o rosto virado em direção à parede, estava meio vermelho do rosto até o pescoço e respirava pesadamente. Resolvi deixar por aquilo mesmo, provavelmente eu já tinha ido longe demais e ele só não tinha falado nada ainda por... sei lá, educação?

— Desculpa. - Tirei seu dedo da minha boca e o limpei na minha blusa, ninguém merece dedo babado. - E obrigada. - Ele olhou pra mim, pro dedo e depois pra mim de novo.

— Vai continuar sangrando. - Engoliu em seco. - Tem que selar.

— E como é que sela?

— Coloca a língua pra fora. - Fiz o que ele pediu, ele chegou mais perto de mim, levou o dedo sangrando até ela e o passou lentamente pela minha língua. - Pronto. - Sorriu de lado.

— Obrigada. De novo.

— Não foi nada. - Ele estendeu a mão pra mim em cumprimento e eu a apertei, mas logo depois levei um susto, eu o cumprimentei exatamente com a mão que há pouco estava quebrada.

— O que...?! - Olhei pra ele em busca de uma resposta, mas ele só estava sorrindo e ao me ver o encarando, deu de ombros.

— Que foi? Você não é mais humana, esqueceu?

— Ah, é! - Ele riu. Pouco depois lembrei de algo. - Ei, podemos fazer um acordo?

— Que tipo de acordo?

— Será que você poderia não contar pra ninguém o que aconteceu aqui?

— Por quê?

— Não quero preocupar ninguém.

— Hum... Certo. Te entendo. O que aconteceu aqui foi realmente preocupante.

— Obrigada.

— Mas o que digo se perguntarem?

— Diz que ficamos perseguindo a Candy e que não voltamos porque já fazia tempo que o sinal tinha batido e por isso sabíamos que não conseguiríamos entrar na sala.

— Nossa! Você é rápida pra inventar desculpas. - Dei de ombros fazendo pouco caso.

— Tenho que ser.

Depois de passarmos o primeiro horário inteiro conversando fomos pra sala para o segundo horário, recebi uns olhares feios do Woozi e outros suspeitos do resto da minha turma, da turma do Namjoon eram poucos que realmente notaram que não estávamos lá. Eu, era lógico, mal falava com alguém e o Tae eu imaginei que devia mesmo dar uns perdidos de vez em quando.

— Onde você estava? - Milles veio atrás de mim no fim da aula.

— Atrás da Candy.

— Ah. - Foi embora. Dessa vez eu realmente agradeci por ela estar mais... Como posso dizer?... Distraída? Sim, distraída por causa do Namjoon.

 

Nesse dia na hora do intervalo eu passei junto com todos os meninos do grupo do Tae e com o Tae. Eu me senti muito bem rodeada pelos garotos e as parceiras deles, foi como meus primeiros dias na Primeira Escola e aquilo me vez um bem danado, por isso desisti de tentar ficar sozinha como uma boladona da vida e me juntar de vez ao pessoal, acho que eu estava finalmente pronta pra dar aquele passo e passar pela bendita porta.

À noite, no fim da aula eu estava me sentindo muito bem, elétrica pra dizer a verdade, eu não consegui de jeito nenhum pregar os olhos então resolvi ir para aquele telhado novamente.

Já está acontecendo o amanhecer e está meio friozinho, mas nada desconfortável. 

Agora, pensando na minha vida antes daqui me deu uma saudade dos meus pais, da minha casa, e também do meu antigo quarto...

Se eu fechar os olhos eu até posso visualizá-los agora...

Minha mãe e meu pai na sala vendo um filme juntos brincando um com o outro, ou no caso, no domingo, quando a minha mãe resolve fazer alguma coisa que ela ou um de nós ama comer. Na verdade domingo é o dia do felizardo. O sortudo que ela ver primeiro quando ela estiver na cozinha pensando no que fazer de almoço ganha ou o almoço, ou a sobremesa - na maioria das vezes -, ou o jantar.

Tenho saudades do meu quarto também, e dos desenhos que eu espalhei pelas paredes... Meu desenho favorito e mais fofo do pikachu ficou por lá...

Subitamente algo chama a minha atenção, meu quarto de repente começa a ficar diferente, meio desfocado e agora há uma pessoa ao meu lado.

 

— Quer ir ao parque de diversões comigo? - Estamos em um parque normal agora, um garoto passa pela gente de bicicleta e também há algumas pessoas fazendo uma corrida.

— Hum? - Eu estava distraída pensando em... Pensando no que mesmo? — Claro! Vai ser mesmo uma boa a gente se divertir um pouco. - Woozi me traz pra mais perto dele, colocando seu braço por trás das minhas costas, faço o mesmo.

— Sabe, eu estava pensando e... - Perdi o que ele estava falando. Senti uma fisgada forte que me fez parar, era como se alguém tivesse puxado a minha mão. Olhei pra ela e vi meu mindinho amarrado a uma linha vermelha com um pequeno laço em cima. Segui a linha e vi-a amarrada ao dedo de um outro garoto mais atrás de nós de costas indo em direção contrária à nossa.

Fiquei ali olhando as costas dele até que ele resolveu ir adiante. Nisso eu entrei em pânico, meu coração acelerou e eu senti um aperto sem explicação, puxei a linha e o garoto parou. Fui até ele em passos calmos e cautelosos, ele continuou parado de costas pra mim como se não quisesse me assustar. Eu enfiei minhas mãos por entre seus braços e o abracei por trás fortemente, como se, por não o fazer, ele fosse desaparecer diante dos meus olhos. Suas mãos pousaram em meus braços indicando que ele estava aceitando completamente o abraço, ele até me inclinou pra trás pra ficar mais perto ainda de mim, em resposta eu coloquei meu rosto na curvatura de seu pescoço  enquanto fechava os olhos e então senti-o se mover. Ele inclinou o corpo meio de lado na minha direção e me beijou calmamente.

O beijo foi bom e longo e quando eu estava abrindo os olhos para ver quem era o garoto minha visão ficou turva. Só consegui ver a lágrima descendo pela lateral do seu rosto.

Pisquei lá e abri os olhos aqui, em cima do telhado, de cara com um rosto extremamente perto do meu. Eu não estava entendendo o que estava acontecendo de primeira, mas logo notei que estava beijando o Taehyung. O que aliás também me fez reconhecer o outro garoto que eu estava beijando segundos antes. Eram as mesma curvas, o mesmo corte de cabelo, o mesmo tom de pele, tudo igual.

Mais esse beijo acabado, dessa vez fiquei com os olhos fechados por alguns segundos e quando os abri segundos depois, lentamente, não vi nada. Agora eu realmente estava acordada. 

Me senti extremamente desapontada e meus lábios formigavam como se eu realmente tivesse acabado de beijar alguém. 

Suspirei.

Queria que aquilo tivesse sido real. Queria que ele realmente estivesse aqui agora. Queria poder ter a escolha de ser feliz, mesmo que fosse com o Woozi.

 

***

Droga! Mal consigo respirar!... E por que diabos estou chorando agora?

Eu não devia ter deixado ela beber do meu sangue, apesar de saber que ela é meu Par. Isso definitivamente acabou comigo.

Foi tão bom... e ao mesmo tempo tão agoniante!

Beijá-la agora não foi uma boa ideia também, ainda bem que saí de lá antes que ela percebesse que eu estava realmente ali, mas acredito que de qualquer forma ela vai ignorar que não foi um sonho.

Eu vi que ela estava sonhando comigo assim que a toquei, foi como se eu estivesse no corpo dela e fosse sua consciência, mas eu não conseguia movê-la, dizer ou mostrá-la nada, foi quase uma tortura.

Será que ela ainda vai demorar muito pra perceber que eu sou dela e que ela é minha? Espero que não. Espero que ela perceba logo pra gente ficar logo juntos, isso também tem que ser uma escolha dela afinal.

Não quero esperar, mas me dói muito vê-la sofrer.


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