O Amaldiçoado escrita por Nath TE


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Uma ideazinha básica que tive e que martela a na minha cabeça a um bom tempo. Espero que gostem!



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Prólogo: Para sempre

Grécia 582 a.C.

A chuva caia sem dó por sobre as folhas da floresta, mas poucas conseguiam passar por entre elas e cair no solo. As árvores eram altas, de folhagem espessa e verde escura, quase negra, na noite sem lua e estrelas, seus troncos eram grossos e de um marrom escuro que se confundia com o solo, de mesma cor. Os animais estavam calados como se todos previssem um grande acontecimento, o ambiente estava tenso e algo místico.

Passos apressados e soluços retumbaram no silêncio opressor da floresta. Uma figura alta corria por entre as árvores, seu corpo chacoalhava por causa do frio e dos soluços.

Ela ia em direção a uma caverna, de onde uma fraca luz iluminava. Ao chegar próximo à entrada do local, a figura parou, refletindo se entrava ou não, se era ou não uma boa idéia procurar à estranha para o que queria, até que uma lembrança de pouco tempo atrás o assaltou.

-. Flashback .-

Ela corria a sua frente, rindo da vida como uma criança. Os campos estavam esverdeados, cheios de lindas flores do campo, todas se agraciando do lindo sol que brilhava no céu. Contudo, o que mais brilhava para ele não era o sol e sim ela, seu amor, sua vida.

- Deixes de ser educado e corras de verdade! - gritou ela, com um sorriso.

- Não és nobre ganhar de uma donzela linda como você. – respondeu.

- Se dizes assim. – correndo mais rápido que podia, ela disparou a frente.

De repente como o ataque de uma ave de rapina, uma tosse incontrolável se apoderou do corpo pequeno da moça, fazendo com que ela caísse ao chão contorcendo-se.

- Não! – exclamou o homem.

Desesperado, correu de encontro a ela e, caindo de joelhos ao seu lado, pegou com carrinho o pequeno corpo, abraçando-a e a tendo o mais perto possível de seu corpo.

A tosse tornava-se a cada minuto mais intensa ao ponto da garota começar a tossir sangue e, para ele, só restava rezar aos grandes.

Vários minutos se passaram até que a tosse cedesse, deixando-a apenas ofegante e o homem preocupado, que estava ao seu lado, um pouco aliviado. Um pequeno filete de sangue ainda escorria por entre seus lábios, que o rapaz habilmente limpou com o dedo e acariciou com carrinho o rosto angelical.

- E-eu sinto que a cada instante é mais próximo o momento em que irei partir... – sussurrou ela com a voz fraca e rouca.

- Não diga isso! – implorou o rapaz – Você vai viver muito tempo ainda.

Ela apenas balançou a cabeça em discordância.

- Se for assim... Se for assim, eu irei te esperar para sempre. – falou ele, com um sorriso fraco em seus lábios.

- Para sempre? – sussurrou em resposta.

- Para sempre! – sua voz mostrava confiança.

- Promete? – perguntou.

- Prometo!

E assim o sorriso que iluminava sua vida surgiu nos lábios carnudos dela.

-. Flashback Off .-

Ele prometeu a ela e iria cumprir. Com passos largos entrou na caverna.

Uma pequena fogueira ficava ao centro do espaço oco na rocha, era ela que fornecia toda a luz do ambiente. Espalhados por todo o chão havia vários tapetes de pêlos de animais e, nas paredes de rocha crua, panos de vários tipos de cor e texturas.

Sentada em um banquinho feito de madeira irregular e bem simples havia uma senhora de longo cabelo louro, acinzentado devido à idade.

- O que desejas, jovem? – perguntou a senhora com uma voz sedosa.

- Esperar uma pessoa para sempre.

A senhora o olhou com olhos perscrutadores e um sorriso bonito surgiu em seus lábios.

- Tens certeza, jovem? – o sorriso ainda continuava em seus lábios.

- Completa! – respondeu e o sorriso no rosto da senhora alargou-se.

- Dê-me sua mão. – ordenou a senhora.

O rapaz prontamente atendeu à ordem da estranha estendendo-lhe sua mão direita. Ela, com seu corpo magro, levantou-se com rapidez do banco e pegou a mão do homem. Depois, tirou uma faca de suas vestes e cortou sem piedade a palma da mão do jovem, apertando-a um pouco até que uma quantidade considerável de sangue se acumulasse no local.

Com uma rapidez incrível ela recolheu o sangue com um vasilhame de madeira e o colocou em uma panela rústica, que estava atada de alguma forma por cima do fogo. Acrescentou mais algumas coisas, que o rapaz não conseguiu ver, já que estava ocupado com sua mão machucada.

- Em breve a dor desaparecerá. – falou a velha.

- Qual o motivo leva à necessidade de meu sangue? – perguntou ele com a voz um pouco falha pela dor.

- Verás em breve. – respondeu ela simplesmente.

O silêncio era a única coisa escutada no local enquanto a mistura que estava na panela fervia.

Alguns minutos se passaram até que a velha pegasse um cálice grande e uma concha de madeira. Ela a afundou na mistura borbulhante e colocou-a no cálice, que entregou ao jovem.

Ele fez menção de beber o conteúdo, porém, a senhora o impediu e seus olhos analisavam novamente o rapaz.

- Antes de beberes, quero saber: desistes de sua mortalidade?

- Desisto. – respondeu com convicção.

- Então, bebas!

Finalmente, levou o cálice a seus lábios. Com um pouco de receio tomou um gole da bebida quente, sentindo seu gosto amargo e, ao mesmo, tempo adocicado. Após esse primeiro gole tomou com avidez todo o conteúdo do cálice.

Instantaneamente uma dor abrasadora alastrou-se por todo seu corpo, passando por cada misero e ínfimo local do corpo masculino, arrancando um grito sofrido dele ao mesmo tempo em que caia ao chão, contorcendo-se.

- Lembre-se que, quando as necessidades de teu corpo clamarem, não poderás se controlar, nem que queiras. - falou a senhora.

Em resposta recebeu um urro de dor do homem que se contorcia cada vez mais.

Junto com a dor, que se alastrava pelo seu corpo, surgiu uma necessidade de explodir em algo, ele não sabia o que. Era uma necessidade tão fundamental, que chegava a doer. Seu corpo convulsionava de forma violenta, cada membro do corpo pulsava como estivesse transformando-se em algo novo.

Tudo a sua volta ganhava dimensões diferentes do que estava habituado, tudo estava mais claro e tão confuso, e a dor não deixava que ele pensasse direito sobre isso. Ele sentia que, a qualquer minuto, ele não aguentaria mais a tortura, a vontade de explodir e o mundo novo que aparecia a sua frente. Ele sentia seu corpo entrando em colapso, levando-o a perder os sentidos.

Como se a velha soubesse o que se passava com ele, falou:

- Quando acordares não será mais o que conhecias...

Ele escutou, entretanto, não registrou o que ela lhe disse. Naquele exato momento a dor e a vontade de explodir concentraram-se do lado esquerdo do peito do homem, tornando toda a situação insuportável.

Com um último grito o homem desmaiou.

A velha olhava para o rapaz, que estava todo suado e vermelho de tanto gritar, e o mesmo sorriso que surgiu quando o rapaz disse o que queria retornou em seus lábios.

- Está feito, meu senhor.

Uma figura surgiu na parte escura da caverna e permaneceu lá.

- Muito bom, Layla! Agora deixaremos com a vida. – e assim como surgiu, a figura desapareceu na escuridão.

- Que assim seja.

Com essas palavras a velha senhora saiu da caverna, desaparecendo na escuridão da noite.

A chuva ainda castigava as folhas das grandes árvores da floresta, porém o silêncio não estava mais presente nela. Os animais ganiam e gemiam de forma assustada. Eles pressentiam que haveria uma grande mudança na ordem natural das coisas, algo grande e sem volta.


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Notas finais do capítulo

N/B: Certo... o que eu senti quando li isto pela primeira vez? Curiosidade. Até hoje eu não sei muita coisa sobre a história (e olha que eu e a Nath conversamos pakas sobre ela). É um prazer betar uma ideia tão surpreendente e criativa. Os personagens originais são estupendos! Sigam essa fic, vale muito a pena.

N/A: O que acham? Boa, ruim, péssima, muito boa, terrível, tosco, tem futuro, nem pense em continuar... Ansiosa para saber o que acham! È uma idéia que ficou magnífica na minha cabeça!

Bjss

Nath



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