Violetta - O Recomeço escrita por Clarinesinha


Capítulo 23
Capítulo 11 - Duas Surpresas, Uma Desgraça...(Continuação)


Notas iniciais do capítulo

Para as minhas super leitoras lindas... Desculpem a demora, mas estava bloqueada, mas ontem consegui que a inspiração voltasse...



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No avião para Buenos Aires, Angie e Ludmila iam em silêncio; uma pensando em Frederico e na mãe, a outra no encontro que teria com a mãe e como contaria tudo o que lhe tinha que contar. Acabaram as duas por adormecer até que uma hospedeira acorda Angie pois estavam a chegar e era necessário colocar os cintos. Esta vira-se para Ludmila e percebe que ela está a ter um pesadelo.

— Ludmila, Ludmila...minha querida. Está tudo bem, Ludmila foi só um pesadelo, acorda Ludmila...

— Angie...- Ludmila acorda bastante assustada...- Angie eu tive um pesadelo...a minha mãe...ela...matava...o Fede...

— Lu...foi só um pesadelo. Tem calma, o Frederico está em Sevilha, ele está bem...

— Não Angie, eu preciso falar com ele...preciso de ouvir a voz dele...preciso de saber que está bem.

— Tudo bem, assim que sairmos do avião ligas-lhe...

— Não, ele não me vai atender...ele está zangado comigo. Podes ligar-lhe tu, a ti ele vai atender...

— Tudo bem...agora põe o cinto, Estamos a chegar...- Angie deu-lhe um beijo na testa tentando acalma-la...Ludmila sorri e abraça-se a Angie que retribui o abraço.

Assim que desembargam, vão buscar as malas e logo Ludmila começa a massacrar Angie para esta ligar a Frederico. Angie ainda tenta adiar um pouco dizendo que ligaria assim que estivessem em casa, mas Ludmila insiste já com lágrimas nos olhos, e ela acaba por ceder; pega no telemóvel e liga a Frederico...

— Angie...o que se passa? É a Ludmila? Tive um pesadelo horrível com ela. Angie diz alguma coisa.

— Calma Frederico, só estou a ligar porque a Lu me pediu.

— E porque é que ela não me ligou do seu telemóvel?

— Teve medo que tu não o atendesses o telefonema dela, ela também teve um pesadelo contigo e queria falar contigo.

— Posso falar com a Lu? Ela está aí ao pé de ti?

— Sim eu vou passar-lhe...beijos.- Angie passa o telemóvel a Ludmila que estava a chorar, e enquanto ela falava com Frederico, ela manteve-se junto de Ludmila abraçando-a.

— Fede, eu....- Frederico interrompe sem deixar que ela dissesse fosse o que fosse.

— Lu, perdoa-me. Eu devia ter ficado do teu lado, apoiado a tua decisão, apesar de não concordar com ela. É isso que deveria ter feito, perdoa-me amor.

— Fede...nem sabes o que eu queria ouvir isso...era só isso que queria ouvir, que aceitavas a minha decisão. Amo-te.

— Eu também te amo. Lu, por favor não vás sozinha e se puderes não entres sozinha, eu não ia suportar se te acontecesse alguma coisa.

— Eu prometo. Agora tenho que ir. Ligo-te amanhã...Amo-te.

— Até amanhã meu amor...também te amo.

Esta desliga o telemóvel sorrindo e entrega-o a Angie que a abraça, ela percebe-a bem: não há nada pior que estar num outro continente de mal com o nosso amor. Pegam finalmente nas suas malas e saem a caminho da zona de saída dos voos. Quando lá chegam veem Pablo e Branda à espera, ambos sorriem aliviados quando as avistam.

— Pensei que tivessem perdido o avião, já liguei ao Gérmen e tudo para saber...- e de repente o telemóvel de Angie tocou...- deve ser ele...

— É ele sim...obrigado amigo, agora vou ter que o acalmar, isto se não tiver que o proibir de vir ter comigo...- Angie atendeu...

— Oi Amor...-e um Gérmen em pânico começa a falar...

— Angie o que se passa? O Pablo ligou-me a dizer que vocês não desembargaram, depois liguei-te para o telemóvel e nada, ia para a caixa postal.

— Gérmen...amor calma, nós já chegámos e já estamos ao pé do Pablo.- e dizendo isto afasta-se um pouco...- Desculpa se te assustei, mas a Ludmila teve um pesadelo a caminho e estava muito nervosa, só acalmou depois de falar com Frederico por isso demorámos mais a sair, ela esteve a falar com ele. Gérmen eu estou preocupada com esta visita dela à mãe...isto não lhe esta a fazer bem.

— Angie, nós não podemos proibi-la. Como é que ela está agora?

— Aparentemente está bem, mas não sei...eu sinto que ela está em pânico embora não admita. Amor, temos que ir, alguma novidade por aí?

— Não está tudo na mesma...Ah, a Tati agora tem um AMIGO...

— Um AMIGO especial...Oh, que lindo, é o mesmo do beijo não consentido?

— Sim e sabes o que ela disse? Que eu e o Leon não percebíamos nada de amor...

— Amor, não é que não percebam mas são um pouco lentos a perceber certas coisas...eu tenho que ir. Amo-te.

— Também te amo...liga-me amanhã...

Assim que desliga Angie encaminha-se até aos três, e depois de fuzilar Pablo com os olhos por ter preocupado Gérmen desnecessariamente, vai cumprimentar Brenda que com toda aquela confusão ainda não tinha tido a oportunidade de o fazer, e de repente quando olha para ela fica de boca aberta...

— Brenda, não acredito...tu estás...vocês vão ser papás?- e sorri para Pablo, que nessa altura abraça Brenda.

— Sim, estou de quatro meses. Desculpa se não te dissemos nada antes mas estavas com tantos problemas na tua vida,

— Não é que não tenha problemas agora...mas...

— Desculpa, mas eu e o Pablo estávamos à espera que passasse aquela fase complicada dos enjoos para te dizer...

— E eu "fugi" com o Gérmen...tudo bem. Estou feliz por vocês, a sério eu sabia que o meu amigo de sempre iria encontrar a sua princesa e iria ser muito feliz...

— E encontrei...demorou algum tempo, mas encontrei. E tu encontraste o teu príncipe...tal como me dizias que iria encontrar...

— Eu não quero ser desmancha prazer, mas preciso de ir dormir. Podíamos ir para casa...quero comer uma boa fatia do bolo de chocolate que sei que a Olga fez e ir dormir...

— Sim vamos, eu também estou cansada...- diz Angie...

— Ludmila, Angie vocês não vão poder ir para a vossa casa...- Angie olhou para Pablo sem perceber...- O José...ele está a morar lá desde que vocês se foram embora...mas não se preocupem vão ficar lá em casa connosco.

Ambas ficam a olhar uma para a outra, não tinham outra hipótese, por isso seguem Pablo e Brenda até ao carro. Angie conhecia bem a casa de Pablo e era quase impossível conseguirem viver lá os quatro, mas naquele dia não teria outra escolha. Quando finalmente pararam, ela não reconheceu a rua, não era a rua onde Pablo morava, ela não estava a perceber nada...porque é que estavam ali...e principalmente porque é que Pablo e Brenda saíram os dois do carro. Angie seguiu-os se bem que não estava a entender, até que Pablo a abraça de lado.

— Bem-vinda á nossa nova casa, vendemos a outra era pequena e como vamos aumentar a família decidimos que seria a altura ideal para nos mudarmos.

— Nunca pensei dizer isto...mas eu não te reconheço Pablo...- este olhou para Angie sem perceber nada...- quando tínhamos 10 anos, no ano que a Vilu nasceu e tu foste a casa do Gérmen e de Maria comigo...

— Ah...mas isso foi há séculos e eu cresci e...

— Pablo Gallindo...eu lembro-me bem que tu me disseste "Eu nunca vou morar numa casa destas...é tudo tão impessoal..."

— Ok...mas as circunstâncias mudam e as pessoas também. E eu mudei de opinião, porque com a companhia certa...- e nessa altura abraça-se a Brenda...- estas casas são maravilhosas...

— Ok...escapaste por uma unha negra.- Angie sorri quando este a abraça, e entram na "mansão" dos Gallindo's. A casa era grande, não tão grande como a de Gérmen, mas era espaçosa. E estava bem decorada claro que se via ali o dedo de Brenda, pois se dependesse de Pablo a casa mantinha as paredes vazias...

— Se não se importam eu gostava de ir tomar um banho e descansar...- diz Ludmila que abraçava Angie e olhava para os outros dois.

— Claro Ludmila, vem eu levo-te ao quarto. Terão que dividir pois o outro já está a ser arranjado para o bebé...

— Não há problema Brenda...- e virando-se para Ludmila...- vai descansar eu já vou também...

— Angie...quando falaste com Gérmen havia alguma novidade?

— Não meu amor...estava tudo na mesma. Vai descansar...- Ludmila segue com Brenda e Angie senta-se por fim, colocando-se com a cabeça entre as pernas, Pablo olha para ela e percebe que algo se passa.

— Ei...Angie, eu conheço-te. Passa-se alguma coisa, e não é com Gérmen porque te ouvi a falar com ele, e há pouco a resposta que deste à Brenda, e agora a Ludmila perguntou se havia novidades. O que é que se está a passar?

Angie olhou para ele, as lágrimas começaram a escorrer-lhe pela face, e quando Pablo a abraçou ela finalmente baixou todas as suas defesas, barreiras, o que quisessem chamar...e quebrou, como uma boneca de porcelana que se mantinha o mais quieta possível e que com um simples abanão cai ao chão e se parte em mil pedaços. Era assim que Angie se sentia, como essa boneca que acabara de levar um abanão e se quebrara em mil pedaços. Brenda que entretanto aparecera ao vê-la daquela forma sentou-se junto de Pablo, sem perceber o que se passava e esperou que ela se acalmasse...

— Desculpa Pablo, Desculpa Brenda, mas precisava de deitar disto...

— Angie o que é que se passa?- pergunta-lhe Pablo mais a implorar uma resposta do que a pedir...

— Gérmen não lhes contou nada?- Pablo encolheu os ombros, não percebendo do que ela estava a falar...- Aconteceu uma coisa...a Vilu...ela está no Hospital, há três semanas em coma...

— O quê? Mas como? O que é que aconteceu?

— Um derrame cerebral seguido de paragem cardiorrespiratória. Ela já está livre de perigo, mas continua inconsciente. E os médicos não sabem nem quando nem como é que ela vai acordar...

— Por isso...por isso queres falar com Angélica, claro. Mas e a Ludmila veio para te fazer companhia.

— Não a Ludmila veio porque quer ir ver a Priscila.- Pablo olha para ela com um olhar preocupado...- eu sei o que vais dizer mas apesar de tudo é mãe dela. Nós não a podemos proibir.

— Sim seria pior, ela iria na mesma sem saberem e nunca se sabe o que ela faria. - diz Brenda...- Quando é que vais falar com a tua mãe?

— Amanhã, depois de falar com o asilo para combinar a visita de Ludmila. Pablo, tens o número dos meninos, a Ludmila queria falar com eles por causa da Vilu.

— Sim, não te preocupes eu mando-lhes uma mensagem para amanhã irem todos ao Estúdio...e que tal se fores descansar um pouco também...nós chamamos-vos quando for para jantar.

— Sim, bem preciso. Obrigado aos dois...- e assim vai com Branda até ao quarto onde ficaria com Ludmila. Quando entra esta já dorme, parece mais tranquila...embora não queria admitir ela teme esta visita tanto quanto todos os que a amam. Angie vai para a casa de banho e resolve tomar um banho para relaxar, têm sido dias difíceis e os que se avizinham não vão ser fáceis.

No hospital em Sevilha, enquanto Leon continua a olhar e acariciar Violetta, Tati e Gérmen arrumam tudo pois já estava na hora da menina ir para casa, quando entra Xavier no quarto.

— Xavier, atrasámo-nos um pouco com os trabalhos, mas já estamos prontos, Certo Tati?

— Sim...tudo arrumado...

— Tudo bem menino...vamos Tati.

— Espera, vou-me despedir da Vilu...- e chegando-se perto dela...- Até amanhã Vilu, e aproveita agora que o Tio Gérmen me vai levar até ao carro e vais ficar sozinha com o Leon.

— Tati!- Gérmen olha para ela...e depois para Leon...- Tu...eu vou confiar, nada de gracinhas...- Leon olha para a Tati e baixinho...

— Ei Tati, achas que lhe podes pedir para ela me apertar a mão a mim também, por favor.- Tati olha para ele com um ar assustado...- eu acredito em ti, eu sei que ela "fala" contigo, eu só queria que ela fizesse o mesmo comigo, tenho saudades dela...podes pedir-lhe. Por favor.

Tati olha para Leon, e percebe que ele acredita mesmo nela, dá-lhe um beijo e vai até Vilu; quando chega perto dela diz-lhe qualquer coisa ao ouvido bem baixinho sem ninguém ouvir, Gérmen e Leon estão perto dela...e veem...o que mais eles desejam...um sinal...um sinal que ela realmente está ali...um sorriso, não foi um sorriso de orelha a orelha foi um leve e lindo sorriso...Gérmen já tocava na campainha e assim que a enfermeira chegou pediu que chamassem o Dr. Herrera. Estavam eufóricos, Gérmen já tinha lágrimas nos olhos e não conseguia deixar de olhar para a filha, já Leon pega a Tati ao colo e abraçava-a feliz agradecendo-lhe.

— O que é que se passa? Algum problema?

— Ela sorriu...ela sorriu...- disse Leon pousando Tati no chão, pegando na mão de Vilu...- Tu sorriste meu amor...não foi o teu melhor sorriso, mas tu sorriste...- e nessa altura sentiu, o que há muito queria sentir...- ela...ela apertou a minha mão...ela apertou-a.

— Ouçam eu sei que vocês querem muito que tudo isso seja real mas...

— Eu vi Dr. Herrera, a minha filha deu um sorriso...ninguém me contou. Era como se estivesse a sonhar com algo maravilhoso e sorrisse.- E dizendo isto, pega na outra mão de Vilu...- Tu sorriste...Vilu.- e depois de dizer isto...- ela...ela apertou a minha mão.

— Com licença...- e colocando-se no lugar de Leon, pega na mão dela...- Violetta, eu sou o Dr. Herrera, se me estás a ouvir eu preciso que me apertes a minha mão...- e fica á espera...até que finalmente sente um leve aperto.- Enfermeira por favor chame o Professor Castro, ouçam ainda é cedo mas...

— Ela está a acordar...ela vai acordar...- Tatiana não conseguia parar de saltar, sorrir, correr...enfim estar quieta. Mas ninguém podia zangar-se com ela, porque todos queriam fazer o mesmo: saltar, correr e gritar em plenos pulmões que Violetta estava a acordar...mas eles eram adultos.

— Tati. Parece que está mais consciente sim...eu quero fazer uns testes mas tudo indica que sim...que ela pode acordar a qualquer momento.

— Eu disse-vos...mas ninguém me quis ouvir.- Diz Tatiana olhando para todos muito séria e de mãos na cintura...- Se me tivessem ouvido, ela já tinha acordado há muito tempo.

— Sabes uma coisa...tens razão. E devo-te um pedido de desculpas...- e dizendo isso Rodrigo abre os braços, esperando que a sobrinha o perdoe...

— Claro que sim...eu adoro-te Tio Rodrigo, mas eu quero cá estar quando ela acordar...podes pedir á mamã e ao papá que me deixem faltar ao colégio...

— Não Tati, sabes que eu te adoro e faço tudo por ti, mas não vais faltar á escola...

— O Rodrigo tem razão. E tenho a certeza que se a Vilu estivesse acordada dir-te-ia a mesma coisa.- Diz-lhe Gérmen...- Vais continuar a vir ver a Vilu depois do colégio como até agora...e agora eu vou até lá fora para falar á Angie.

Angie estava a tomar o seu banho, relaxando como há muito não fazia, pensava na conversa que tinha que ter com a mãe, na visita de Ludmila a Priscila e em Vilu. Tinha tanta coisa a acontecer na sua vida, parecia uma montanha russa havia sempre descidas vertiginosas que a faziam sentir a cair num abismo sem fundo: primeiro fora o pai com a sua forma fria e por vezes cruel de lhe falar, depois fora José e as suas ameaças e agora o estado de Vilu...nada era fácil na sua vida. De repente ela ouve Ludmila gritar, sai da banheira enrola-se na toalha e sai da casa de banho encontrando-a sentada na cama a tremer...ela chorava, sem se importar com o facto de estar apenas enrolada na toalha ela abraça-a...

— Ludmila...calma foi só um pesadelo está tudo bem. Tem calma...

— Angie eu sonhei com a Vilu...eu não posso...eu não quero perde-la...

— Calma meu amor, nós não a vamos perder ela vai acordar, tenho a certeza. Agora deita-te, vou ficar aqui contigo até adormeceres...- e assim deita-se junto dela abraçando-a,

— Angie...- Ludmila coloca a sua cabeça sobre as pernas de Angie recebendo festas no seu cabelo loiro...- Obrigada, por seres mais que...por seres uma mãe para mim.

— Shiuu, agora dorme eu não vou a lado nenhum...

E continua a dar-lhe festas no cabelo até que esta adormece, Angie aproveita que esta já dorme, levanta-se e vai á casa de banho para se vestir; assim que está pronta volta para junto de Ludmila. Nunca antes a vira tão assustada, olhava para Ludmila e já não via aquela menina insolente, arrogante, com manias de estrela, ela mudara e amava Vilu como um a irmã. E enquanto estava com estes pensamentos, o seu telefone toca...quando vê que é Gérmen, assusta-se só podia ser sobre Violetta...será que ela piorara, será que...não ela não podia.

— Gérmen, o que é que se passa? É a Vilu? Ela...

— Ela está a acordar...eu senti Angie ela apertou-me a mão, e deu um sorriso lindo...ela vai voltar para nós...

— Estás a falar a sério...Gérmen...o Dr. Rodrigo disse que era apenas da cabeça Tati...

— Eu senti meu amor, e o Dr. Rodrigo também...eles vão fazer alguns exames mas ela está a voltar para nós.

— Eu queria tanto estar aí...eu queria sentir...queria estar perto dela...

— Eu sei, mas tu tens que falar com a tua mãe. A Angélica merece saber o que se está a passar com a Vilu.

— Eu sei mas se ela acordar e eu não estiver aí...mas estou feliz, ela está a voltar e daqui a dois ou três dias estou aí.

— E como é que vocês estão? Como estão a Olga e o Ramalho?

— Gérmen, eu...nós não fomos para casa...- e como ele não respondeu Angie continuou...- O teu pai está a viver lá, nós viemos para casa do Pablo.

— O meu pai está a viver na minha casa? Mas...ele não tem esse direito, ele não pode simplesmente...

— Amor, não te preocupes nós estamos bem é o que importa. O Pablo e a Brenda têm sido maravilhosos.

— E a Ludmila, como é que ela está? Está mais calma?

— Não. Tem tido pesadelos cada vez que dorme, tudo isto lhe está a fazer mal...talvez não a devêssemos ter deixado vir...eu sei que...

— Angie, não podemos proibi-la...

— Eu sei, mas se tu a visses, está tão frágil não parece aquela miúda segura de si cheia de garra.

— Ela já não é essa menina há muito tempo...desde que aconteceu aquele acidente da Vilu nas escadas...

— Isso é verdade. Mas apesar de disfarçar eu sei que ela está com medo desde reencontro...- Angie ouve alguém bater á porta...- Gérmen, tenho que ir a Brenda veio-nos chamar para irmos jantar...ligo-te amanhã, mas se...

— Se houver alguma notícia eu ligo-te...prometo. Amo-te.

— Eu também te amo, dá um beijo á Clarita por mim...e á Vilu...

— Dou...e se houver alguma novidade telefono. Beijos.

Angie desliga a chamada e senta-se nos pés da cama onde já está Brenda que as tinha vindo chamar para o jantar.

— Desculpa o Gérmen ligou-me para dizer que parece que a Vilu está a melhorar: sorriu e apertou um pouco a mão de Leon, de Gérmen e até do Dr. Herrera.

— Que bom Angie...isso é óptimo. Vim para vos chamar para jantar, mas já vi que a Ludmila está a dormir.

— Vai descendo eu acordo-a, quero contar-lhe as novidades sobre a Vilu, pode ser que a anime um pouco.

— Tudo bem...esperamos por vocês. – Branda saiu, e Angie foi acordar Ludmila, que dormia tranquila. Custava-lhe ter que a acordar depois dela ter tido aquele pesadelo e agora estar a tão calma a dormir, mas ela tinha que comer, e depois Angie tinha que lhe contar que Vilu estava a recuperar.

— Ludmila, meu amor...acorda. Temos que ir jantar. Ludmila...

— Eu não quero jantar Angie...quero dormir...dormir para esquecer...já ouviste falar...resulta desde que não tenhas pesadelos.

— Eu sei mas eu tenho notícias que acho que vais gostar de ouvir...- Ludmila levanta-se rapidamente e olha para Angie...- A Vilu está a recuperar...ela sorriu e apertou a mão do Gérmen, do Leon e do Dr. Rodrigo...ela está a voltar para nós.

— Ela já acordou? Ela...

— Não, mas é um progresso...e neste momento qualquer progresso é maravilhoso. Vamos jantar?- e levantam-se as duas caminhando até á porta onde Ludmila para.

— Angie...- esta olha para Ludmila esperando que esta fale...- amanhã vais comigo ao Estúdio lhes contar. Eu não sei se vou conseguir...sozinha.

— Claro que vou...e também vou ligar para o asilo para marcar a tua visita...e eu também vou contigo. Nunca mais estarás sozinha.

— Obrigada...tu e o Gérmen têm sido uns pais para mim...

E abraçam-se as duas saindo do quarto e seguindo até á sala de jantar, onde já as esperam Pablo e Brenda. O jantar decorre cheio de sorrisos e gargalhadas relembrando momentos engraçados dos alunos do Estúdio, relembrando os espectáculos, os disparates de Beto que segundo Pablo continuava tão trapalhão como sempre.

Quando acabaram a refeição Angie ofereceu-se para ajudar a levantar tudo, e juntou-se assim a Pablo o que por um lado lhes agradou aos dois, ambos tinham saudades das suas conversas. Brenda e Ludmila foram para a sala onde continuaram a conversar sobre as suas vidas: Branda sobre a produção do disco de Francesca e Ludmila sobre a sua vida com Frederico em Itália. Enquanto isso na cozinha Pablo e Angie falavam das suas vidas de casados, ambos estavam felizes por de novo estarem juntos como bons amigos, como irmãos. E assim se foram passando as horas, e apesar de ambas terem descansado um pouco antes do jantar Angie e Ludmila estavam cansadas e resolveram ir dormir, o dia seguinte iria ser cansativo.

Em Sevilha todos estavam felizes, os exames que tinham sido feitos a Violetta mostravam que ela poderia acordar a qualquer minuto, contudo os médicos continuavam a dizer que não sabiam se ela teria alguma sequela, a única certeza que lhe poderiam dar era em relação á mobilidade uma vez que segundo os testes tudo parecia bem. Tati estava eufórica, e todos estavam felizes e orgulhosos dela; ela nunca desistira de falar com Vilu, e de acreditar que ela "falava" com ela. Gérmen olhava para aquela menina e sentia-se feliz...chegou-se perto dela, que estava sentada junto de Rosário...

— Tati...Obrigado. Obrigado por nunca teres abandonado a Vilu. Tu trouxeste-a de volta. Obrigado.- E abraçou-a, dando-lhe um beijo na sua bochecha...

— Tio Gérmen, estás a chorar. Não chores, a Vilu vai acordar...eu sei.- Gérmen acena com a cabeça dizendo que sim que ele também credita que a filha irá acordar e voltar para eles.

No hospital Leon continua ao lado de Violetta, ele não quer deixá-la nem por um minuto. Assim começa a cantar-lhe, talvez ela acorde ao som da sua voz, começa por lhe cantar "Podemos"...mas as lágrimas começam-lhe a cair...

— Vilu, meu amor acorda por favor. Eu não sei viver sem ti, estes foram as piores semanas da minha vida. Sem ti a vida simplesmente deixa de ter sentido: o sol não brilha, o céu está sempre cinzento e escuro, tudo perde a cor sem ti. Eu não vivo...simplesmente sobrevivo.- e inclinando-se dá-lhe um beijo suave mas doce chio de amor...- Vilu quando acordares, prometo-te que te vou fazer a mulher mais feliz do mundo, do universo...nunca mais vais deitar uma lágrima por nada nem por ninguém, vou-te amar, acarinhar, proteger...vais ser minha e apenas minha. Eu amo-te, mais que a mim mesmo.- E inclinando-se dá-lhe mais um beijo mas desta vez um bem demorado...era um beijo de saudade, de ternura mas acima de tudo cheio de amor. Bem devagar, deita-se ao seu lado abraçando-a e adormece sonhando em tê-la de novo com ele.

Em Buenos Aires o dia está a nascer, e Angie acorda e corre para a casa de banho, de novo o mesmo enjoo. Assim que se sente melhor, resolve descer até á cozinha e fazer um chá, talvez seja apenas os nervos da conversa que irá ter com Angélica. Quando termina de fazer o chá ouve passos, volta-se e vê Brenda...

— Desculpa, acordei-te?- Pergunta Angie preocupada...

— Não, eu acordo mesmo cedo, gosto de preparar o pequeno-almoço, e agora com visitas ainda mais. Mas e tu?

— Vim fazer um chá...desculpa acabei por remexer um pouco á procura...

— Não te preocupes...mas estás bem, pareces um pouco pálida.

— Sim, devem ser apenas nervos, dão para me por indisposta, é só isso. E com tudo o que se tem passado: o José, a Vilu e agora falar com a minha mãe...sei lá acho que o meu corpo reagiu desta forma enjoos, tonturas, cansaço...

— Angie, posso fazer-te uma pergunta, e só me respondes se quiseres...- e como Angie concordara, Branda continua...- Angie há quanto tempo estás com esses enjoos, essas más disposições, esse cansaço.

— Não sei...há umas semanas, não sei...mas porque é que tu estás a perguntar.

— Angie, já ponderaste a hipótese de não serem nervos, de ser outra coisa completamente diferente.

— Brenda onde é que queres chegar?

— Achas possível...estares...estares grávida?

— Grávida...não...quer dizer não sei. Achas que...não a Clara ainda é tão pequena...e a Vilu está no hospital. Já para não falar do José que...Não eu não posso estar grávida...ou posso?

— Calma. Vamos fazer uma coisa, a que horas vais falar com a tua mãe?

— Estava a pensar em ir depois do almoço, agora de manhã queria marcar a visita da Ludmila ao asilo e depois ir ao Estúdio com a Ludmila.

— Ok, então fazemos assim enquanto tu estás no Estúdio com os miúdos, eu vou comprar o teste. Quando chegares antes do almoço fazes o teste.

— Brenda...eu não posso estar grávida. Não é o momento certo, não com tudo o que se está a passar.

— Angie, vamos pensar numa coisa de cada vez. Vamos primeiro ter a certeza de tudo. Depois de saberes pensamos no que fazer.

— Obrigada, és uma boa amiga...eu não sei o que faria se...Obrigada.

— Vamos, vai descansar mais um pouco, até porque se estiveres...precisas de descanso.

Angie volta assim para o seu quarto, mas não consegue deixar de pensar na possibilidade de estar mesmo grávida. Poderia mesmo ser verdade? Começou a pensar e de facto podia ser, ela estava atrasada...e os enjoos, as tonturas. Na gravidez de Clara ela nunca tivera tonturas mas lembra-se dos enjoos...sem se aperceber ela acaricia o seu ventre, e se realmente ela estivesse á espera de um filho, seria maravilhoso, porém assustava-a, José queria tirar-lhe Clara e se ele soubesse desde filho ela ficaria sem ele também...e Vilu estava no hospital, não era a altura ideal para mais um filho...mas sem saber porquê ela estava feliz com a possibilidade, apesar de todos os seus receios era mais um fruto do seu amor por Gérmen. De repente repara que Ludmila olha para ela com uns olhos de sono mas muito séria...

— Bom Dia Lu, conseguiste descansar?

— Sim...Angie vens comigo...ao Estúdio? Eu não sei se vou conseguir dizer alguma coisa...

— Sim está descansada...e se já acordaste, que tal ligarmos para o asilo para marcar a visita para amanhã?

— Sim...ligas tu?- pergunta Ludmila, que apesar de se mostrar "feliz" está algo ansiosa.

— Sim...tens a certeza que queres fazer isto?- pergunta Angie, Ludmila acena que sim com a cabeça, Angie liga para o asilo e fala com o médico de Priscila e marcam a visita para o dia seguinte de manhã...- Pronto, combinado para amanhã de manhã.

— Obrigada Angie...também vais comigo certo?

— Sim...claro que sim. E tenho uma ideia, porque não falamos com a Naty hoje para ela ir connosco?

— Não sei, ela vai querer que eu desista da ideia tal como o Fede...e eu não quero discutir com mais ninguém.

— Ludmila a Naty é a tua melhor amiga, sempre esteve ao teu lado mesmo quando erravas e nunca te abandonou...tenho a certeza que vai ser a primeira a dizer que sim.

Ludmila abraça-se a Angie, sabendo no fundo que ela tem razão. Naty nunca a deixou sempre a apoiou mesmo quendo esta errava. Ela sabia que podia contar com a Naty, e assim se levantaram e se arranjaram. Tomaram o pequeno-almoço os quatro juntos e saíram em direcção ao Estúdio. Ambas se emocionaram quando entraram, ambas tinham saudades daquele local que tinha sido as suas vidas durante tantos anos. De repente viram Naty e Maxi saírem da sala de música com Beto...Naty e Ludmila abraçaram-se cheias de saudades uma da outra, Maxi cumprimentou Angie e depois foi a vez de Beto que chorava de emoção deixando cair tudo o que tinha na mão para a abraçar. Depois chegaram Broduei e Camila, Francesca e Diego com Gregório, e por fim Andrés. Estavam todos juntos de novo...todos menos Violetta, Leon e Fede.

— Angie que bom que voltaste? E Vilu, onde está Violetta?- pergunta Fran que estava cheia de saudades da sua amiga, Angie e Ludmila olham-se como que a perguntar-se quem iria falar.

— Angie...fala tu, eu não consigo.- diz Ludmila abraçando-se a ela.

— Bom meninos que tal sentarmo-nos todos primeiro...- e apesar de estarem visivelmente ansiosos todos obedecem...- Bem...acontece que a Violetta...bem ela...

— Angie fala logo...o que é que aconteceu á Vilu?- diz Cami quase a gritar com Angie...Pablo olha para ela e esta apercebe-se...- Desculpa Angie...

— Tudo bem Cami, bem a Vilu está no Hospital...- todos ficam a olhar para ela mas deixam-na continuar...- ela está em coma há três semanas, teve um derrame cerebral, mas pelo que me disse o Gérmen ontem, parece que está a reagir.

— Angie, nós queremos ir vê-la...por favor onde é que ela está. Eu quero ir ver a minha amiga.- Diz Francesca com lágrimas nos olhos.

— Eu sei que todos querem ir vê-la, mas é impossível...nós saímos de Buenos Aires para nos escondermos do avô de Vilu, e não podemos arriscar que ele descubra onde nós estamos.

— Mas a Vilu é nossa amiga...não podemos deixá-la sozinha...- diz Cami.

— A Vilu não está sozinha...-diz Ludmila falando finalmente...- O Leon está com ela.

— Vamos fazer assim, o Estúdio entra de férias daqui a uns dias, e nessa altura e depois de pensarmos bem como o fazer sem levantar suspeitas vocês vão todos ver a Vilu.

Todos sorriram, apesar de estarem preocupados...mas sabiam que Vilu iria sair desta ela sempre fora forte...a melhor deles todos. E como ela própria dizia "Juntos eram mais"...e sempre iriam estar juntos apesar de estarem longe fisicamente haveria sempre um elo muito grande entre aquele grupo que nunca seria destruído. Os professores foram todos para a sua sala, Ludmila e Angie ficaram mais um pouco para falarem com Naty sobre a ida ao asilo, e tal como Angie dissera esta nem pensou duas vezes e logo disse que sim...e enquanto Angie foi falar com os professores, Ludmila ficou com os colegas. Pablo dera o dia aos que trabalhavam no Estúdio e Gregória também liberou Diego. Assim ficaram todos no Zoom cantando, dançando e relembrando os momentos que passaram no Estúdio...e relembrando Violetta.

Quando chegou a hora de almoço, Ludmila foi com o grupo almoçar enquanto Angie voltou para casa com Pablo e Brenda...depois do almoço as senhoras desculparam-se e foram as duas para cima. No quarto de Angie, Brenda deu-lhe o teste, esta foi até á casa de banho e depois de o fazer saiu e sentou-se na cama junto de Brenda.

— Angie...o que é que se passa? Até parece que não queres estar grávida.

— Não é que eu não queira mas...a verdade é que tenho medo. E se aquele homem consegue a guarda da Clara e depois...

— Angie, primeiro não vais perder a Clara nem este filho, depois Gérmen nunca irá deixar o pai tirar-te os teus filhos.

— Se ele ganha nem o Gérmen poderá fazer nada. E agora com a Vilu...

— Angie por favor, acalma-te. Vamos por partes...primeiro temos que confirmar o resultado, já passou tempo suficiente...vai buscar o teste...

— Eu...- Brenda olha para ela dando-lhe um sorriso que lhe dá algum animo...ela vai até á casa de banho e...- Eu...

— Angie, por favor desembucha...eu estou grávida não posso estar nesta ansiedade...

— Pois, eu acho que tambem nao...deu positivo...eu estou grávida...eu nem acredito.

— Eu sabia...eu sabia que estavas. Estou feliz por ti...

— Eu estou grávida, e apesar de todos os meus receios e de achar que não é uma boa altura...estou feliz...estou muito feliz.

— É claro que estás, é um ser vivo que cresce dentro de nós. É algo mágico e maravilhoso.

— Sim...é maravilhoso.- e coloca as suas mãos no seu ventre...e ambas se abraçam felizes.

— Ei...posso entrar.- Diz Pablo, Angie esconde o teste rapidamente no bolso das calças...- Desculpem interromper, mas Angie está na hora, isto se queres boleia.

— Sim quero, dá-me só um minuto...- dizendo isto vai até á casa de banho escondendo o teste dentro do seu "necessaire", e desce ao encontro de Pablo, despede-se de Brenda que não tinha que ir ao Estúdio, por causa da notícia que tinham dado, assim decidiram dar o dia de descanso aos miúdos. Nesse dia ela Brenda tinha apenas um ensaio com Francesca para a gravação do disco, mas esta estava destroçada ao saber que a sua melhor amiga estava em coma há semanas, era como se lhe tivessem tido que tinha perdido uma irmã, pois Violetta era mais que uma amiga para Fran.

A viagem até casa de Angélica foi feita em silêncio, Pablo conhecia o suficiente de Angie para saber que ela estava nervosa e quanto menos lhe perguntasse melhor, Angie agradecia a descrição do amigo. E a verdade é que estava nervosa com a conversa que teria com a mãe, contudo a única coisa em que ela pensava era naquele novo ser que ela tinha a crescer dentro dela, em como ela diria a Gérmen, será que ele ficaria feliz, será que Vilu estaria bem quando o bebé nascesse, e Clara como reagiria quando o bebé nascesse ela teria já quase dois anos será que teria ciúmes...e enquanto pensava em tudo isto chegaram á porta de casa de Angélica, á casa que fora de Angie.

— Ei...chegámos...- Angie despertou do seu mundo...e suspirou...- queres que vá contigo?

— Não. Obrigado Pablo, mas tenho que fazer isto sozinha. É uma conversa entre mãe e filha.

— Tudo bem mas se precisares de alguma coisa...diz. Eu vou estar no Estúdio.

— Obrigado Pablo...por tudo.

Dá-lhe um abraço sorrindo, Pablo era muito mais que um amigo, era um irmão. Sempre esteve lá quando ela necessitava: quando o pai a ignorava, quando Maria morreu, quando Gérmen desapareceu com Violetta, quando quase deixou o estúdio, quando o pai morreu; sempre esteve perto dela apoiando-a, protegendo-a, assegurando-se que ninguém lhe fazia mal e que estava bem. Saiu do carro, despediu-se de Pablo e seguiu caminho até á porta, e tocou à campainha.

Mas quem viu não foi a mãe...era a última pessoa que poderia ou queria ver...José...mas o que é que ele estava ali a fazer...não podia ser...

— Angeles. Pensei que tivesses em França a trabalhar...voltaste?

— A minha mãe? E o que é que faz aqui?

— Vim ter com uma amiga...

— E desde quando é amigo da minha mãe. Você não é amigo de ninguém...nem deve saber o significado dessa palavra.

— Porque é que não entras, a tua mãe explica-te melhor...

— Eu não quero explicações, quero vê-lo longe daqui, longe da minha mãe e longe da minha vida.

— Angie...para, por favor para...- diz Angélica aparecendo por trás de José e abraçando a filha.

— O que é que ele está aqui a fazer...mamã, tu sabes que ele me tirou tudo, ele arruinou a minha vida...

— Angie por favor...o José cometeu muitos erros sim. Mas o Gérmen também os fez e tu perdoaste-o. E ele tornou a fugir levando as minhas netas de novo.

— Porque ELE o obrigou.- apontando para José...- Mamã o Gérmen fugiu para proteger a Vilu e a Clara, e pediu me autorização, não o fez sem...

— Tu sabias...mas ele fugiu com.a tua filha...

— Não,ele nao fugiu. Ele foi apenas...foi para que ELE não as afastasse do pai, já que da mãe ele conseguiu-o fazer graças a uma chantagem mesquinha.

— Angie...chega, eu já sei de tudo. O José errou, mas está a tentar resolver os seus erros...está a tentar fazer o melhor para todos.

— Como assim sabes de tudo, mamã do é que estás a falar? Ele contou-te...contou-te do papá?

— Sim e não. O José contou-me o que se passava, mas o que ele não sabia nem tu, é que eu já sabia de tudo. Ou de quase tudo...- Angie olha para a mãe atónita, sem saber o que dizer...- Eu soube que o teu pai me tinha traído, ele próprio me contou, eu só não sabia quem era essa mulher.

— E agora sabes...porque ELE te contou...

— Sim porque o José me contou, porque houve alguém que teve coragem de me contar...

— Eu tentei mamã...eu juro que tentei. Mas achas que foi fácil para mim saber que tudo o que o papá me contou antes de morrer era verdade? Achas que foi fácil para mim separar-me do Gérmen, da Vilu e da Clara só para não te fazer sofrer?

— Eu sei que também sofreste...mas nós sempre estivemos juntas nas tristezas e nas alegrias...tu sempre confiaste em mim, e de repente...

— Porque eu não queria que tu sofresses, é assim tão difícil de perceber.

— Não, mas devias ter confiado em mim. Eu sou tua mãe...

— Mamã tu sabias sobre a Luzia, tu sabias que ela existia?- pergunta Angie com algum receio...mas ela tinha que saber o que a mãe sabia.

— Sim, o teu pai podia ter muitos defeitos mas ele nunca conseguiu esconder-me nada, ele não conseguia mentir. Mas eu também sabia que o teu pai nunca abandonaria Maria. Só depois de ela morrer, percebi que o tinha perdido, na verdade eu perdi-o muito antes de tu nasceres mas fingi que não via...

— Mamã, porque é que...- Angie não conseguia aguentar mais as lágrimas...era mais forte que ela, talvez fossem as hormonas que estivessem a falar mais alto...

— Porque é que não o deixei? Porque quando tu nasceste eu pensei que talvez conseguíssemos voltar a ser uma família, tu e Maria mereciam ter uma família, e apesar de tudo ele era vosso pai. Depois quando Maria morreu eu não consegui deixá-lo daquela forma tão frágil...tão perdido. E tu precisavas de um pai, tinhas acabado de perder a tua irmã...

— Mas nós nunca fomos...nós nunca fomos uma família porque apesar de vivermos juntos eu nunca tive um pai...

— Eu sei, eu sei que o teu pai não foi o melhor pai do mundo, mas era o teu pai e pensei que mesmo sendo como era tu poderias viver numa família

— Família mamã? Um pai que me ignorava e que muitas vezes mais parecia um desconhecido; tu vivias preocupada com Maria se ela comia, se ela estava doente, se tinha tudo na mala para mais um concerto...se não fosse Maria eu tinha crescido sozinha, sem ninguém.

— Angie...eu sempre te amei, nunca te quis colocar de parte. Mas a verdade é que tu e Maria sempre foram tão unidas que eu muitas vezes me sentia a mais. Desculpa se te magoei, desculpa se te fiz sentir...- Angélica abraça Angie como que a pedir-lhe perdão por tudo o que a fizera passar, esta se por um lado se sentia magoada por outro sabia que a mãe sempre a amara...

— Desculpa...desculpa...- diz Angie continuando a abraçá-la...

— Angie eu quero que saibas que apesar do seu feitio o teu pai amava-te...tu eras o seu Angelito, o seu pardalito...nunca deves duvidar disso.

— Não o papá nunca me amou...eu era uma lembrança da filha que ele tivera com Rosário e que ele perdeu ao ficar connosco. Mamã...nunca te deste conta de nada? Porque é que achas que o papá queria que eu fosse estudar para fora? Nunca pensaste porque é que ele nunca me apoiou no Estúdio?

— Não o teu pai adorava ouvir-te, ele adorava ouvir-vos ás duas a ti e a Maria...

— Sim a mim e à Maria. Mamã ele disse-me...quando eu o encontrei...ele...ele morreu nos meus braços...ele contou-me tudo, que nunca me quis, que te pediu para...

— Angie...tu nunca me contaste nada disto. Porquê?

— Porque eu não queria que tu sofresses, porque apesar de tudo ele era meu pai e eu amava-o.

— Perdoa-me...por favor perdoa-me...- e abraçam-se as duas, como se naquele abraço tudo o que ficara no passado escondido fosse perdoado, mas Angie continuava sem perceber o que é que José estava a fazer ali.

— Mamã. Ainda não me respondeste...o que é que ELE está aqui a fazer?

— Angie...eu e o José...nós...estamos a "reconhecer-nos"...

— Mamã, diz-me que não é o que eu estou a pensar! Não podes estar a falar a sério, ele está a querer tirar-me a minha filha e tu estás...

— Angie, ouve querida, não foi nada planeado...simplesmente aconteceu. E em relação á guarda, eu concordo com ele, o Gérmen fugiu com as minhas netas. E eu quero ver Clara crescer, eu perdi a infância de Violetta, eu não vou perder a de Clara. Mas tu podes vir viver com elas e connosco...já falámos os dois sobre isso.

— Eu não estou a acreditar nisto...eu não posso acreditar...mamã tu estás a falar a sério? Tu vais mesmo fazer isto?

— É para o bem da Clara e da Vilu, querida nós só queremos o bem delas.

— Mamã...tu vais separá-las do pai e da mãe...achas que isso é o melhor para as duas? Não, eu não vou permitir...mamã...por favor...imploro-te não me faças isto...

— Já está feito Angeles...- diz José que até ali se tinha mantido em silêncio...- O Gérmen deve estar a receber a notificação do tribunal...eu ganhei o recurso, eu vim dar a notícia à tua mãe. O Gérmen tem uma semana para voltar e entregar-me a Clara e a Violetta.

— Não...não eu não vou permitir. Mamã, não me faças isto...por favor...

— Desculpa Angie, mas eu não vou ficar sem ver a minha neta crescer...

— Angeles...- diz José...- se tu sabes onde eles estão então é melhor avisares o Gérmen, porque para além de ficar sem as filhas se ele não acatar a decisão pode ser acusado de rapto...

Angie fica sem saber o que fazer, olha para Angélica e percebe que ela fala a sério, e fica sem saber o eu dizer ou mesmo de pensar. A sua própria mãe virara-se contra ela, se bem que Angélica não sabe que a própria Angie fugira com Gérmen, porém nada justifica o facto de esta estar do lado daquele "homem"...sem saber mais o que dizer ela acaba por sair de casa de Angélica completamente destroçada. Ela segue pelas ruas sem saber muito bem para onde ir, não pode voltar para casa de Pablo pelo menos não naquele momento, qualquer um deles vai perceber que algo se passou e o que menos Angie quer é dar explicações seja a quem for. Chega finalmente ao Parque que existe bem perto do Estúdio e encosta-se a uma árvore, deixando-se cair a chorar, quase a gritar de mágoa, tristeza, dor, desilusão; uma mistura de sentimentos que lhe saiam do corpo e da alma através das lágrimas...que a sufocavam e a levavam quase a um estado de loucura...de repente alguém coloca uma mão no seu ombro...


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Notas finais do capítulo

EDITADO....fiz algumas alterações na ultima parte do capítulo...

De quem será a mão?
Como correrá a visita de Ludmila a Priscila?
Será que Angie e Gérmen vão perder Clara?
Será que Vilu vai acordar no próximo Capítulo?



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