Violetta - O Recomeço escrita por Clarinesinha


Capítulo 19
Capítulo 10 - A Esperança é a Ultima a Morrer


Notas iniciais do capítulo

EDITADO a 18/10

O que será que tem Violetta?

Nota - Comentem, Favoritem e Recomendem...



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Angie viu-se de novo num jardim, mas já não era o mesmo, neste tudo estava morto: as flores, as árvores, a relva, parecia que tudo tinha perdido a cor. Era um lugar triste, sombrio, inquietador, sinistro até. Já não via o banco onde estiveram sentada com Maria, não havia nada que desse vida àquele lugar, de repente vê Violetta e corre para ela...mas por muito que corra e estique a sua mão não a consegue alcançar ambas gritam o nome uma da outra. Quando está prestes a conseguir e sente a mão de Vilu, ouve-a dizer: "Tia, preciso de ti...Ajuda-me por favor", e as suas mãos escorregam...

— VILU...- e acorda de novo...desta vez ela tinha a certeza era um aviso, Vilu precisava dela, tinha acontecido alguma coisa.- Gérmen, amor acorda por favor...liga à tua mãe.

— Angie é cedo são cinco da manhã...para além disso se tivesse acontecido alguma coisa tinha-nos ligado.

—Gérmen...por favor...- e as lágrimas corriam pela sua cara sem controlo, Gérmen apesar de achar que tudo não passava de algum exagero de Angie, afinal tinha sido apenas um pesadelo, mas ao vê-la tão angustiada resolveu acabar com aquele desassossego, e telefonou à mãe.

—Tudo bem eu ligo se ficas mais descansada...mas continuo a achar que está tudo bem...mas por favor acalma-te.

— Eu não sei como te explicar mas...sabes aquela coisa do sexto sentido, do pressentimento de mãe...eu sinto que algo se passou...- e abraça-se a Gérmen tentando buscar aquele sentimento de proteção que ele sempre lhe transmitia.

No gabinete de Luís todos pararam ao ouvir o toque do telefone, ninguém teve coragem para falar nada, Rosário pegou no telefone e tremeu. Ela não ia conseguir dizer ao filho que a neta estava no hospital em coma...simplesmente não conseguiria.

— É o Gérmen...eu não vou conseguir falar...não vou...

— Eu posso falar mas...era melhor ser alguém mais próximo dele.- Diz Luís...- quem quer que seja não deve entrar em detalhes, deixem isso para quando eles chegarem.- Ninguém está muito disposto a atender, até que...

— Eu atendo...- diz Ludmila e pega no telefone...- Estou Gérmen.

— Ludmila! - Gérmen começa a ficar algo agitado...porque é que Ludmila atendeu o telefone de Rosário, aliás o que estava ela a fazer em Sevilha.- O que estás a fazer em Sevilha e...

— Sim sou eu...e isso agora não interessa. Gérmen têm que voltar depressa...aconteceu uma coisa...têm que voltar...Gérmen hoje...

— Ludmila...o que é que aconteceu?- Angie só repetia "Foi a Vilu, eu sei...eu sinto..." - Ludmila fala...

— Houve um problema...a Vilu desmaiou não sabemos muito bem porquê eles estão a fazer exames.

— A Vilu...desmaiou como assim?- Ludmila não sabia o que dizer e começou a chorar...- Ludmila como é que ela está?

— Gérmen, voltem logo por favor...- e não aguentando mais começou a soluçar sem conseguir parar, e nessa altura Luís pega no telefone.

— Bom Dia, eu sou o Luís marido da Luzia...sou médico e tenho estado a falar com os meus colegas...

— O que é que aconteceu? Como está a minha filha? 

— Bom ela desmaiou ainda não se sabe o porquê os meus colegas estão a fazer mais alguns exames...ela ainda está inconsciente...

— Como assim inconsciente...o que é que se passa com a minha filha? O que raio é que se passou aí?

— Ouça Gérmen eu preferia não entrar em pormenores por telefone até porque eu não sei muito mais. Quando chegarem nós falaremos melhor.

— Nós vamos apanhar o primeiro voo para aí...- Gérmen desliga e vira-se para Angie que está sentada no chão com os braços em volta dos joelhos e chora conclusivamente...- Angie temos que fazer as malas...ouve eu sei que...- e sem saber o que dizer senta-se do seu lado e apenas a abraça e ela retribui esse abraço. Ficam ali os dois durante algum tempo até que Angie se levanta...

— Eu vou fazer as malas...tratas das passagens? Gérmen...ela vai ficar bem não vai? Se for preciso mente-me, diz-me que vai ficar tudo bem.

— Sim...ela vai ficar bem...ela tem que ficar bem. Eu vou tratar de tudo na recepção e marcar o voo.

Enquanto Angie arruma todas as malas, Gérmen trata de tudo para a viagem para Sevilha. Conseguira um voo para o início da tarde, e aproveitou para pedir um Táxi que os levasse até ao aeroporto de Lisboa, achou melhor assim, ele estava nervoso e não queria conduzir daquela forma e assim podia consolar Angie, ou podiam-se consolar um ao outro. Depois de ter tudo tratado com o voo mandou uma mensagem a Ludmila e a Rosário dizendo que chegariam a meio da tarde, pedindo à mãe que enviasse Xavier para os ir buscar ao aeroporto. Subiu de novo, Angie já tinha tudo arrumado e estava no terraço olhando para a paisagem com os olhos marejados de lágrimas. Ele abraça-a por trás e dá-lhe um beijo no pescoço...e outro na bochecha.

— Já está tudo tratado é só o Táxi chegar e vamos...temos voo para logo depois do almoço, estaremos em Sevilha no início da tarde.- Mas Angie parecia estar num outro mundo...- Ei! Angie...

— Gérmen...estou com medo. Estou com muito medo...a Maria, ela pediu-me para tratar de Vilu, que ela não devia estar…- e logo as lágrimas começam a cair com maior abundância.

— Do que estás a falar Angie?

— Do sonho...ou do pesadelo que eu tive: Maria estava a chorar e depois eu vi a Vilu, ela tentava chegar até nós, mas a Maria dizia que ela não devia estar ali. Eu tentei agarrar nela, mas de repente ela desapareceu.

— Angie, amor, foi um pesadelo apenas isso…

— Não foi mais que isso, eu estou com medo…medo de perder a Vilu como perdi Maria.

— Angie, eu não te vou mentir eu também estou com medo: estou aterrorizado, apavorado. Mas nós não a vamos perder…a Vilu vai ficar bem…- e falando para ele mais do que para Angie…- Ela tem que ficar…

Deixam-se estar abraçados no terraço, olhando para o nascer do sol, que embora lindo a eles lhes pareça naquele momento tudo menos bonito, até que ligam da recepção e informam que o Táxi já chegara. Eles pegam nas malas e saem em direção ao aeroporto. Toda a viagem foi feita em silêncio, apenas trocaram alguns olhares cúmplices e permaneceram abraçados durante toda a viagem até Sevilha.

Após falar com Gérmen, Luís tenta que todos vão para casa ele iria ficar e caso houvesse alguma alteração ele avisava, porém ninguém queria arredar do Hospital. Com algum esforço este e Frederico conseguem convencer Ludmila e Lúcia a voltarem para casa e descansar um pouco, Leon e Rosário por muito que lhes dissessem para ir descansar um pouco não queriam sair de lá. Assim apenas os três regressam, Mercedes estava ansiosa por saber novidades, todos tinham acordado Tati foi a única que estranhou a ausência de todos os outros, percebeu que alguma se tinha passado a Tia Mercedes estava nervosa mas também sabia que não devia fazer perguntas, não à Tia, por isso esperou. Também Clarita sentiu que algo se passava...e chorava sem que ninguém a conseguisse acalmar.

Quando chegaram Chica estava a tentar acalmar Clara sem muito sucesso, Ludmila apesar de achar que não teria muito jeito pega em Clara, era como se estivesse mais perto de Vilu daquela forma...e vai para o alpendre começando a cantar...enquanto isso à mesa Mercedes olha para Luzia que apenas lhe abana a cabeça como que a dizer não tem boas notícias, foi Tatiana que quebrou o gelo.

— Mamã, onde está a avó? E a Vilu? E o papá? Ele disse que hoje ia brincar comigo?

— Tatiana...o papá teve que ir ao hospital...e a avó...bem ela e a Violetta...estão...

— Mamã aconteceu alguma coisa não foi? Foi a avó?- como Luzia não lhe diz Tatiana que já estava com lágrimas nos olhitos...- Foi a Vilu...porque o Leon também não está cá em casa.

— Cada vez gosto mais de ti.- Diz-lhe Ludmila que entretanto entrara com Clara.- Se todos fossemos como tu a Vilu não estaria no hospital.

— Lu, está a ser difícil para todos...não compliques mais, por favor.

— Complicar? Fede...se não tivessem falado com sete pedras na mão nada disto estaria a acontecer. Com licença vou para o quarto.- E subiu com Clara ao colo.

— Desculpem a Ludmila...ela está nervosa. Eu vou conversar com ela...- Fede saiu em direcção ao quarto.

— Mamã...ainda não respondeste, o que aconteceu à Vilu? Tu discutiste com ela? Foi por eu ter ido passear com ela? A culpa não foi dela, eu é que insisti, fiz birra porque queria ir, não devias ter-te zangado mamã.

— Tatiana deixa a tua mãe ir descansar...- Luzia sorriu a Mercedes como que a agradecer-lhe, ia a sair da sala mas Tatiana não a deixou.

— Mamã, fiz-te uma pergunta o que é que aconteceu à Vilu?

— Tatiana...depois falo contigo agora preciso de ir tomar um banho e tomar um comprimido para as dores de cabeça...

Luzia subiu deixando Mercedes com um Tati a choramingar, ela sabia que lhe estavam a esconder alguma coisa para além disso a mãe nunca lhe tinha falado daquela forma. No quarto Ludmila brinca com Clara, nunca pensara que aquela criança iria ser tão importante na sua vida, ainda há dias soubera da sua existência e já a amava tanto como se fosse realmente sua irmã.

— Posso entrar amor?- pergunta Fede, ele entra e senta-se junto dela...- nunca pensei que te desses tão bem com a Clara.

— Nem eu...mas a verdade é que ela me conquistou. E depois neste momento é como se tivesse um pouco da Vilu ao pé de mim. Pensar que um dia eu odiei tanto aquela menina e agora não consigo…

— Amor sei que estás a sofrer...mas não achas que foste um pouco dura com a Luzia.

— Talvez...mas a verdade é que se ela não tivesse falado como falou nada disto estaria a acontecer.

— Tu não sabes...até porque eles não sabem o que ela tem...

— Não sei Fede...eu sinto que se aquilo não tivesse acontecido...

— Lu...por favor, estou-te a pedir não digas mais nada a Luzia...senão por mim por Vilu.

— Tudo bem...vou tentar. E agora brincas connosco?- Frederico sorriu e começou a brincar com as duas.

Entretanto no avião Angie pensava em Vilu, no sonho com Maria, no sonho com Vilu...lembrou-se de repente que tinha uma conversa pendente com Gérmen, mas aquele não era o momento...mas quando seria o melhor momento? Dentro de uma hora estariam em Sevilha e ele iria encarar Luzia que era a imagem de Maria sem estar preparado, mas aquele não era o momento...não a prioridade naquele momento era Violetta...era nela que se tinham que concentrar tudo o resto se resolveria a seu tempo.

— Angie...Amor...posso saber no que estás a pensar?

— Em tanta coisa: em Vilu, em Maria, em Clara, em nós, nos sonhos.

— Ainda a pensar nisso, foram apenas sonhos. Nada mais que isso.

— Não sei Gérmen…mas tenho tanta coisa na cabeça que parece que ela vai explodir.

— Amor sei que estás assustada e eu também estou. Mas temos que ser fortes por ela e por Clara, ela vai sentir se nós não estivermos bem.

— Tens razão amor...vamos diretos ao hospital?

— Sim...a minha mãe mandou-me uma mensagem a dizer que o Xavier nos vai buscar ao aeroporto, daqui a uma hora estaremos em Sevilha.

Angie encostou-se a Gérmen, e adormeceu...pelo menos durante aquela hora podia tentar esquecer-se de todos os problemas. Mas não seria assim tão fácil os pesadelos com Vilu e Maria voltaram, uma a pedir que salvasse a filha a outra a pedir ajuda e Angie permanecia estática no meio das duas sem se conseguir mexer, até que as duas desaparecem e ela acorda assustada. Ela olha para o lado, Gérmen estava a dormir tranquilo a seu lado, e ela olha para a janela e uma lágrima teima em lhe cair, logo uma das hospedeiras o acordam pois estão a iniciar a descida. Após terem ido buscar as suas malas saem da zona de desembarque e Gérmen tenta encontrar Xavier. Assim que o vê ele vira-se para Angie e indica-lhe um homem alto, bem-apessoado apesar de traços bem simples.

— Menino...tenho o carro por ali. Vamos diretos para o Hospital?

— Como estás Xavier. Sim eu quero ir já para o Hospital. Angie este é o Xavier, esta é a Angie.

— Prazer Xavier...e a Vilu já têm mais novidades?

— Não...a Dona Rosário e o namorado da menina ficaram lá no Hospital. O Dr. Luís ainda tentou que eles fossem a casa mas nenhum dos dois quis deixar o hospital.

— E a Clara...como está? Ficou com quem? - Pergunta Angie, já que Clara apenas ficava bem com Vilu.

— Não se preocupe menina, a Clara está bem a Chica está a tomar conta e depois está lá a outra irmã...a Lu...

— A Ludmila!

— Sim a pequena gosta muito dela...dão-se muito bem.- Angie ficou algo surpresa, pensar que Ludmila se dera bem com Clara, sim ela mudara muito já não era mesma miúda que entrara no Estúdio cheia de manias de estrela, arrogante, fria e por vezes até rancorosa; mas daí a ficar com Clara...era algo que até a Angie lhe custava em crer.

Entraram os dois no carro e foram para o hospital estavam os dois bastante ansiosos a única coisa que sabiam era que Violetta estava desacordada. Gérmen já enviara mensagem à mãe dizendo-lhe que estava já a caminho, assim que Rosário a recebeu encaminhou-se para a recepção do Hospital, esta tinha repartido a "vigília noturna" a Vilu com Leon, e estava naquele momento a descansar no gabinete de Luís. Quando chegaram Gérmen logo viu a mãe e a abraçou.

— Como está Violetta? O que foi que aconteceu?

— Está na mesma, mas vem o Luís já pediu ao colega que está a tratar de Vilu para vir falar contigo.

Encaminharam-se para o gabinete, quando lá chegaram viram três médicos e Leon, que fora também chamado. Rosário apresentou Luís a Gérmen e a Angie que se cumprimentaram, Leon estava a um canto e Angie percebeu que ele tentava conter as lágrimas e dirigiu-se a ele abraçando-o.

— Desculpa Angie...eu não consegui protegê-la...desculpa...- diz Leon num sussurro que apenas Angie ouviu.

— Shiuu...está tudo bem Leon, eu sei que tentaste...mas não conseguimos proteger quem amamos de tudo.

— Bom eu sinto muito que nos conheçamos desta forma, gostava que tivesse sido noutras circunstâncias. Este é o meu colega o Dr. Rodrigo Herrera e este é o Professor Jorge Castro.

— Como está a minha filha? E o que é que aconteceu, porque até agora eu ainda não percebi...

— Bem o que aconteceu acho que a melhor pessoa para explicar é ali o Leon...- diz Luís.

— A Vilu...ela...teve uma discussão com a Tia, com Luzia...bem na verdade a Luzia é que discutiu com ela,  a Vilu ficou nervosa com o que ouviu e saiu a correr. Mais tarde eu fui procurá-la e...foi quando a vi cair à piscina.

— Leon, estás a dizer que ela, mas isso não faz sentido, a Vilu sabe nadar...não isso não faz sentido...- diz Angie.

— Nós acreditamos que ela tenha desfalecido antes de cair à piscina. Por isso estamos a fazer ainda alguns exames...- Rodrigo o médico amigo de Luís tenta explicar...- Neste momento a única coisa que detectámos foi uma anemia que poderá ser a causa do desmaio...

— Anemia? Mas como é que ela ficou doente sem que nos apercebêssemos?

— A anemia é algo que muitas vezes não se descobre a não ser quando alguns sintomas se revelam, um deles é o desmaio. Mas o que nos preocupa neste momento é a parte cardiorrespiratória.

— Como assim? O que é que me estão a esconder? - Gérmen começa a ficar ansioso, nervoso e olha para cada um dos médicos, para Leon que já não evita as lágrimas e finalmente para a mãe que tem um ar completamente perdido.

— Sr. Castillo, eu sou o diretor clínico do hospital e quis eu próprio tratar do caso da sua filha. E como estava o Dr. Herrera a dizer a sua filha neste momento está com um quadro clínico complicado...

— Complicado? Como assim podem-me dizer de uma vez como está a Vilu? Mamã?

— Ela está em coma...- diz de repente Leon que já não aguenta mais...- Ela está em coma e ligada a uma máquina...

Angie ao ouvir aquilo quase que desmaia, Leon que está perto dela agarra-a, Gérmen que também ficara em choque, ao vê-la a desfalecer vai junto dela e abraça-a. Angie chora nos seus braços, Leon fica de novo a um canto chorando, Rosário está sem saber o que fazer até que o Professor Castro os interrompe.

— A menina Castillo está em coma e com o ventilador, ela teve uma paragem cardiorrespiratória depois de chegar ao Hospital, e para evitar danos quer cardíacos quer respiratórios decidimos colocá-la com o ventilador.

— Gérmen, sei que tudo isto é muito para assimilar mas precisamos de saber se a Violetta teve algum problema respiratório ou cardíaco em pequena, ou se há alguém na família com esse tipo de problema.

— Não...ela sempre foi saudável...nunca...em relação ao resto não sei, mamã?- Rosário faz que não com a cabeça e Luís vira-se para Angie.

— Do lado da mãe houve algum caso de...?

— Não sei, acho que não.

— E o teu pai Angie, o Miguel, ele morreu com um problema de coração não foi? - Pergunta Rosário.

— Não...ele...não foi do coração...- Angie nem queria acreditar, depois de tantos anos a tentar esquecer o que acontecera, tudo o que se passara naquele dia estava a voltar para a assombrar...não, ela não iria falar sobre aquilo. E dito aquilo pegou na sua mala e saiu...estava a precisar de libertar a angústia que tudo aquilo lhe estava a fazer sentir. Ela não queria nem podia falar sobre a morte do pai...nunca contara o que se passara naquele dia excepto a Pablo, mas a verdade é que para o "mundo" ele morrera por causa do coração porque fora isso que a autópsia dizia...ninguém jamais soubera a verdadeira causa de morte de Miguel, e era assim que Angie queria que continuasse.

— Podemos ir ver a Vilu? Eu quero ir ver a minha filha?

— Sim claro...eu próprio vos levo.- Diz-lhe Luís.

Quando abre a porta Angie está sentada no chão com os joelhos entre os braços e a cabeça sobre os mesmos. Gérmen aproxima-se dela e diz-lhe algo e abraçam-se. No gabinete Rodrigo tenta perceber se realmente o pai de Angie morreu ou não com algum problema de coração, Rosário garante que sim que foi o que na altura ela soube. Este pede então a Luís que tente saber junto de Angeles a causa da morte de Miguel, era muito importante sabe-lo. Luís sai e encontra os dois abraçados dirige-se a eles e leva-os ao quarto de Violetta, quando entram o choque é enorme Angie vai até à sobrinha e chora sobre ela, Gérmen apesar das lágrimas lhe correrem pelo rosto fica estático a olhar para a filha: estava tão frágil, tão vulnerável, ele sentiu-se impotente perante aquilo, sentia-se mal, sem forças se quer para andar era como se de repente alguém o tivesse colado ao chão e apesar de ele querer mexer-se não conseguia. Angie por sua vez continuava junto de Vilu, as lágrimas corriam-lhe pela face sem cessar e entre beijos e carícias ia falando com ela, não sabia se ela a ouvia mas foi-lhe falando e implorando para que acordasse.

— Angie eu sei que este momento não é o melhor mas...preciso mesmo de saber se o seu pai morreu com algum problema de coração...- Angie empalideceu, ela não iria conseguir fugir daquilo, apesar de já ter tido que não eles continuavam a insistir, naquele momento Gérmen saiu do seu estado letárgico e foi ter com Angie uma vez que percebeu que com a pergunta de Luís ela ficara mais branca que cal...- É importante para...

— Eu já disse que não...o meu pai não morreu, nem nunca teve problemas de coração

— Mas a Rosário ela diz que...

— O meu pai...ele teve uma paragem cardíaca sim...mas ele...

— Então tudo isto pode ser genético...o que o teu pai tinha, pode...

— NÃO... - Angie gritou...ficaram os dois a olhar para ela, Gérmen apenas a abraçou, ou tentou pois ela afastou-o...- Já lhe disse que não.

— Angie...mas acabaste de dizer que o Miguel teve uma paragem cardíaca, e dizes que ele não tinha problemas de coração?- afirma Gérmen tentando ao mesmo tempo acalmá-la.

— Sim mas...- e afastou-se da cama onde estava Violetta e foi até à janela que havia no quarto...respirou fundo como que a tomar coragem e...- No dia em que o meu pai morreu eu fui a casa para ir buscar um casaco tinha combinado com o pessoal do Estúdio irmos ao cinema. Quando entrei em casa, vi a porta do escritório aberta, não era normal ele fechava-a sempre, então entrei e foi quando o vi...ele estava no chão.

— Angie...- Gérmen aproxima-se e abraça-a por trás...

— Aproximei-me devagar pois naquele tempo o meu pai bebia muito, desde que Maria morrera que ele bebia bastante, e por vezes estava tão "descontrolado" que se tornava um pouco agressivo.

— O teu pai...ele batia-te?

— Não...- e virou-se para os dois com lágrimas nos olhos…- Mas às vezes preferia que ele me batesse; uma palavra Gérmen, basta uma palavra para te doer mais que uma bofetada

— Eu não tinha ideia que...ele sempre se mostrara tão...carinhoso contigo e com Maria...

— Depois de Maria morrer ele mudou muito, e depois tu fugires com a Vilu e aí as coisas descambaram de vez.

— Perdoa-me...sei que agora de nada vale mas...

— A culpa não foi só tua, na altura eu não sabia mas penso que foi nessa altura que ele descobriu que Luzia existia e bem eu deixei de existir para ele. A única coisa que ele queria era encontrá-la...

— Mas como é que o teu pai soube da Luzia, pelo que conheço da história a Rosário sempre disse a todos que deixará Luzia com uma amiga...

— Na verdade não sei, mas quando cheguei perto dele naquele dia para além de uma garrafa vazia estava uma caixa de comprimidos vazia. Percebi logo o que ele tinha feito, ainda estava consciente...mas acabou por morrer nos meus braços.

— Angie...porque é que nunca disseste nada...- Gérmen nem podia acreditar no que estava a ouvir.

— Nunca contei a ninguém, assim que percebi que ele tinha morrido e antes de chamar alguém eu coloquei a caixa dos comprimidos na minha carteira e a garrafa no lixo...

— E a tua mãe? E Angélica? Ela não soube de nada?

— Ela nunca soube, não podia fazer isso a minha mãe: Maria tinha morrido, tu tinhas fugido com Violetta; ela não ia aguentar...depois de arrumar tudo chamei os paramédicos.

— Mas a autópsia, teriam aparecido os fármacos e...

— Não houve...a minha mãe pediu ao Tio Roberto que passasse a declaração de óbito.

— Espera o Tio Roberto sabe de tudo? Ele sabe que tu...

— Não...eu...fiquei em choque deixei de falar durante meses, a minha mãe não quis que eu sofresse mais.

— Alguém soube desta história…que tu…

— O único que sabe desta história é o Pablo, eu contei-lhe anos mais tarde. Eu não queria que ninguém soubesse...que o meu pai...se tinha matado.

— Eu lamento muito e peço desculpa por ter forçado mas era importante saber. Agora deixo-vos sozinhos com Vilu.

— Dr. por favor não conte a ninguém esta história...

— Se não quer eu não o conto, apesar de achar que Luzia devia saber, apesar de tudo também era o pai dela...- e sai deixando-os sozinhos.

— Angie? - Gérmen abraça-a, como se quisesse protegê-la de tudo o que a fazia sofrer...- Amor estás bem? Eu...não sei o que te dizer mas...- Angie vira -se para ele e abraça-o, e deixa-se ficar assim sentindo a respiração dele o coração a bater...ali naqueles braços sente-se segura e sabe que nada a pode magoar. Lembra-se de repente que ainda tem uma conversa pendente com Gérmen afasta-se e olha para aqueles olhos que a apaixonam...depois desvia o olhar para Violetta.

—Temos que conversar Gérmen, sobre Luzia.- Aquele era um momento como outro qualquer, com tudo o que se estava a passar não havia uma altura ideal. Foi até à sua carteira e retirou de lá a fotografia que Rosário lhe tinha mostrado dias antes. Foi junto de Gérmen...e deu-lha.

Gérmen não percebeu no início e quando olhou para a foto sorriu.

—É Maria...no nosso casamento...mas espera a Tia Mercedes não foi ao nosso casamento ela estava...e este parece-se com...

— Não é a Maria, Gérmen. Esta é a Luzia no dia do seu casamento...

— Mas ela é...ela e Maria...são...não...eu nem sei o que dizer, nem o que pensar, elas são iguais.

— Sim...a Vilu ficou de rastos quando a conheceu. Esteve dias sem falar com a tua mãe, e acho que ainda estava sem falar com a Luzia.

— Se a mim me custa ver apenas uma fotografia eu nem quero pensar no que ela sofreu. Achas que a culpa disto tudo é de Luzia?

— Não...não, só gostava de saber o que é que ela tem...e que acordasse. Não aguento vê-la assim...

— Angie...eu...não posso perdê-la...- Gérmen estava finalmente a quebrar, as lágrimas corriam-lhe sem controle. Angie abraça-o e os dois deixam-se ficar assim quietos sem saírem daquele abraço que os fazia de alguma forma sentir-se seguros e protegidos.

— Desculpem...- Leon entra no quarto...- a Rosário pediu para vos dizer que vai para casa. Quer saber se querem ir com ela?

— Sim vamos...- diz Angie, Gérmen não quer deixar a filha e tenta convencer Angie a ir com a mãe...- Gérmen nós precisamos de descansar um pouco para além disso eu quero ver a Clara, ela também precisa de nós.

—Tudo bem...vamos, tu vens Leon?

— Não eu fico, eu não saio desde hospital sem a Violetta.

— Tu precisas de descansar...por favor Leon, ela não ia gostar...

— Não Angie...eu não saio daqui...- ela abraçou-o, deu-lhe um beijo terno (daqueles que as mães dão quando nos tentam animar) e saiu com Gérmen.

Quando chegaram à recepção Rosário esperava-os com Xavier, e assim foram os três para casa com o coração apertado, sem saber o que ainda estava para vir. Gérmen aproveitou para pedir a Xavier que lhe arranjasse um carro para que ele pudesse movimentar-se melhor, este diz-lhe que já o providenciara.

Assim que chegaram, enquanto Gérmen relembrava as férias de verão que passara naquela casa, Angie olhava para tudo deslumbrada e se a situação fosse outra poderia desfrutar de tudo de outra forma. Chica veio falar a Gérmen, ela conhecia-o desde pequeno, brincaram juntos e correram muito naqueles jardins; a mãe e a avó de dela já tinham servido naquela casa e esta crescera por ali...

— Menino, as suas malas já estão no quarto...- e virando-se para Rosário...- e também já passamos as coisas da menina Clara.

— Chica, quantas vezes já disse que para ti não é menino? Nós...conhecemo-nos desde que nascemos.

— Eu sei mas nunca ouviu dizer que "o hábito faz o monge"...

— Tudo bem não vou discutir contigo, está e a Angie. Esta é a Chica trabalha com a Tia Mercedes...e antes dela a mãe e a avó.

— Prazer Chica. E onde está a Clara?

— Está a dormir, mas entrem a sua Tia está num nervosismo só...

Quando entraram a tia tentava acalmar a algazarra que havia na sala, estava mais que na hora das crianças estarem a dormir mas Mercedes nunca fora muito de impor disciplina e nenhum dos sobrinhos acatava as suas ordens de se irem deitar. Normalmente era Luzia que fazia isso, mas desde que chegara que não saia do quarto.

— Posso saber que confusão é esta. - Diz Rosário com uma voz doce mas ao mesmo tempo autoritária...- Não deviam estar todos na cama, onde está Luzia?

— Desde que chegou que não sai do quarto, eu levo estes meninos para a cama...- diz Chica...- Vamos já passa da vossa hora há muito tempo.

— Vó…- diz a pequena Sofia…- contas a “tória” do “Pitão Miau Miau”?

— Hoje conta a Chica sim? – e baixando-se dá-lhe um beijo na testa.

— Gérmen, meu querido...- Mercedes cumprimenta o sobrinho...- sinto tanto, como está a Vilu? E tu deves ser a Angeles?

— Na mesma Tia...ninguém sabe nada...ninguém me diz nada. Esta é a Angie…- e de repente aparece Ludmila com Clara ao colo e Fede.

— Finalmente conheço a mulher que conseguiu transformar a vida do meu sobrinho…e devo dizer que és a imagem da tua mãe, com os olhos do teu pai.

— Obrigada…e é um prazer conhecê-la também…se bem que…

— A Violetta vai ficar bem…eu sei…eu sinto.- Angie sorri até que ouve…

— Estes miúdos fazem mais barulho que uma manada de elefantes. Gérmen como está a Vilu? - Clara assim que vê Angie quase se atira dos braços de Ludmila chamando Angie..."mamã".

— Minha pequenita, que saudades minha princesa. - E abraça-se a Clara...- Ludmila...obrigada por teres tratado da Clara.

— Não custou nada ela é um doce...mas podiam ter tido alguma coisa, eu cheguei e descobri que tinha uma maninha...foi mal.

— Ludmila...- Fede tenta repreende-la...- Como está a Vilu? E o Leon veio com vocês?

— Está tudo na mesma...- e cumprimenta Fede…- O Leon não quis sair do hospital. Estou preocupada com ele...tu podias ir ter com ele Fede?- propõe Angie.

— Sim...eu vou. Ficar sozinho não lhe faz bem...- de súbito alguém interrompe a conversa.

— Eu vou com ele...eu quero ir ver a Vilu.

— Tatiana o que é que estás a fazer acordada e vestida?

— Eu vou ao Hospital avó, eu vou ver a Vilu...eu quero ver a Vilu.

— Tati, minha querida a tia já te disse que não podes ir, a Vilu não pode receber visitas.

— Mas o Frederico vai...porque é que eu não posso ir. Não é justo só porque sou criança nunca me deixam fazer nada, nem me contam nada.

— Tatiana…chega, a Tia Mercedes já disse que não e eu também…

— A única coisa que sabem dizer é que NÓS NÃO PODEMOS...- Tati já tinha os olhos cheios de lágrimas...

—Tatiana...em primeiro lugar não te quero a falar dessa forma, depois sabes bem que a chorar não vais conseguir nada. Para acabar o Frederico não vai ver Vilu, ele vai fazer companhia ao Leon.

— Eu também posso ir fazer companhia...posso levar um jogo e jogar com ele.- Por muito que quisesse zangar-se aquela saída de Tati foi a gota de água para a desmanchar, quando queria ela conseguia acabar com uma discussão num instante, tinha o talento nato de os desarmar em qualquer discussão.

— Tatiana a avó já te disse que não, e agora vai vestir o pijama e cama...

— NÃO...eu quero ir ver a Vilu...

— Tatiana...- diz-lhe Angie chegando-se perto dela...- porque é que não fazemos assim. Hoje já é muito tarde, mas amanhã falamos com os médicos e se eles deixarem vais ver a Vilu...

— Prometes? – esticando o dedo para selar a mesma…

Angie não consegue evitar e dá um sorriso, mas acaba também ela por esticar o dedo. Lembra-se naquele momento em todas as vezes em que fez aquele mesmo gesto com Violetta, e não conseguiu evitar em controlar e deixou uma lágrima cair.

— Prometo...e agora que tal fazeres o que a tua avó te pediu: vestir o pijama e ires para a cama.- Tati olha para Angie fora a única a perceber que ela precisava mesmo de ver Violetta, apesar de não a conhecer, Tati gostava dela, para alem de ser simpática e carinhosa era linda.

— Tu és muito bonita e a Clara é parecida contigo...- diz Tati olhando para Clara que estava ao colo de Angie...- Tu és a mãe delas, da Clara e da Vilu?- perguntou Tatiana, mas antes de Angie ter tempo para responder…

— Tatiana! O que é que estás a fazer acordada...vai já para a cama.- Luzia entra na sala, Gérmen olha para ela e fica pálido...Angie também não fica melhor. Apesar de ambos saberem das semelhanças com Maria vê-la ali à sua frente era como se vissem Maria.

— Mamã eu estava a falar com a mãe da Vilu e da Clara...ela vai-me levar a ver a Vilu amanhã...ela prometeu-me...

— Primeiro temos que falar com os médicos Tatiana...- diz-lhe Angie.

— Ah!  Falas com o meu pai, ele vai deixar...eu tenho a certeza.

—Tatiana chega...vai imediatamente para a cama. E chega dessa conversa de Hospital.

— Mas...- Luzia estava prestes a gritar de novo com a pequena por isso Angie interrompeu-a e virando-se para Tati.

— Faz o que a tua mãe te está a pedir, sim...

— Vens comigo...por favor…- Angie olhou para Luzia que parecia não estar a gostar da ideia, depois olhou para Gérmen e para Rosário que sorriam perante aquele pedido tão inocente e sincero...

— Vou...claro que vou. Sabes onde é o meu quarto para poder deitar a Clara...- Tatiana assentiu com a cabeça e foram as três, deixando os restantes olhando uns para os outros.


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Notas finais do capítulo

próximo já quase pronto...



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