Agora e para Sempre escrita por Nadaluvia
ARTHUR VILASBOAS
Ela era bonita. Linda, diria eu em outro momento. Olívia e seus sapatos de bolinhas vermelhas, os quais eu mal podia acreditar que ela ainda os usava. Sua idade não permitia tal coisa, para ser sincero.
- Vamos, Arthur, não quero perder nenhum segundo da chuva de meteoros! - Animou-se Olívia, puxando-me junto a ela pelas ruas asfaltadas de Londres. - Não se canse agora, seu idoso depravado.
Eu ri daquilo, admitindo estar sem fôlego por correr menos de 5 minutos. Estimulado por suas provocações, tomei a frente da corrida, praticamente arrastando-a enquanto corria. Se me queria a todo vapor, não poderia deixar de dar o que ela tanto queria.
- Quem é o lerdo agora, uh?
Avancei sobre a calçada, diminuindo a velocidade para que não derrapasse ao fim da corrida. Soltei sua mão e apoiei as mãos em meus joelhos, respirando fundo algumas vezes naquela posição.
- Se acalme, bebê, isso só admite sua idade.
Novamente ri, voltando a olha-la. Não havia loucura maior do que Olívia me chamar para olhar o céu em um terreno privado. Entraríamos alí e só Deus sabe se sairíamos livres ou algemados.
Então o fiz, seguindo a garota pela mata não tão alta, esgueirando-me para ultrapassar a grade aberta que nos dava passagem. Passando por alí, percebi que o lugar era realmente bonito.
- Então é aqui que se esconde quando ignora minhas ligações ou some durante a noite?
Ela sorriu, dando de ombros e se sentando no gramado daquela pequena montanha, que nos dava uma visão parcial de alguns locais iluminados por luzes amarelas e econômicas. Estavamos rodeados de uma floresta com árvores grandes e grades que diziam em letras garrafais que era proibido a entrada. Rebeldes somos!
- Venho aqui quando preciso de ar.
Assenti, quase como se concordasse.
- Se sente sufocada comigo?
- Quase sempre.
Rimos juntos, eu também me juntando a ela logo em seguida. Tirei o maço de cigarros do bolso e acendi um fumo, tragando a nicotina mortal que me dava um gosto ruim na boca. Sempre que ia comprar, me perguntava o motivo de começar a fumar.
- Posso te fazer uma pergunta?
Enruguei o cenho, apoiando meu torso com a destra no chão, parcialmente deitado.
- Se eu disser que não, fará da mesma forma.
Lançou uma piscadela, me fazendo rir de seu humor.
- Sente falta dela?
Era uma pergunta de fato comprometedora. Nostálgica. Arrebatadora. Dolorosa. Uma pergunta que Olívia sabia bem ainda mexer comigo.
- Não.
Traguei meu cigarro.
- Está mentindo para mim ou para si mesmo?
- Se sabe a resposta, coisa que aparenta, por que pergunta?
- Se sabe que sei, por que não é honesto?
- Touché.
Sorrio com o pequeno cilindro de tabaco entre os lábios.
- Não brinque com isso, Arthur, é uma pergunta séria.
- Por que quer saber, Oli?
- Apenas quero saber.
Novamente deu de ombros, sendo uma mania que odiava que ela fizesse.
- Certo.
Olhei diretamente em seus olhos, tentando transparecer realismo.
- Não sinto falta dela, Olívia.
A garota riu, arregalando os olhos ligeiramente para que encarasse da mesma forma.
- Você a ama. Não seja um tolo, Arthur!
Revirei os olhos, decidindo por não dar atenção á suas paranóias.
- Uhum, okay, Oli.
Me deu um leve empurrão no ombro, o que me deixou de certa forma impaciente.
- Fala sério, Arthur! Está comigo mas amando outra?! Que lamentável.
Era falso seu descontentamento comigo, e eu não pude deixar de rir de sua brincadeira. Namorávamos a algumas semanas, mais tempo do que de fato achei que duraria, e Olívia sabia bem de meu passado ruim. Sabia sobre Helena, sobre Abigail, sobre a Garota da Praça, e por muitas vezes era ofendido por ela. Em suas próprias palavras, eu era um Idiota, Babaca, e Arruinador de Vidas que o mundo deveria chutar a bunda e mandar á Marte.
Nunca discordei e tampouco tinha coragem de contradizer.
- Não seja infantil, amor.
Brinquei, rindo junto á ela.
- Sabe, eu não me sinto mal com isso. - Falou ela, o riso ainda mudando sua entonação de voz. Estava simplesmente alegre. - Sei que você é dela e ela é sua, Arthur. É meio óbvio depois de vê-lo chorar no pub da quarta avenida.
Ela sorri.
- Por amor, você seria capaz de buscar todas as estrelas, uma por uma. Mesmo que não sejam pra mim, estou contigo para carrega-las até ela.
Levantou o punho no ar, esperando que eu tocasse o meu em um cumprimento que bem tínhamos. Eu respeitava muito nossa amizade e ela também.
Retribuí a brincadeira e sorri, decidindo por apagar o cigarro e o jogar em um lugar qualquer.
- Obrigado.
Olívia se apoia em mim, o rosto colado em meu ombro.
- Vocês ainda se encontrarão. Acredite em mim, amor.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Irei editar todos os capitulos, então fiquem atentos.