Sinal Positivo escrita por Sumire


Capítulo 2
Capítulo 1 — Lethobenthos


Notas iniciais do capítulo

Quem é vivo sempre aparece.



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Capítulo 1

Lethobenthos

“O hábito de esquecer o quão importante uma pessoa é para você, até o momento em que você a encontra pessoalmente. ”

 ***

Kentin ficou pálido de um segundo para o outro.  Totalmente estagnado, apenas piscando os olhos muito lentamente, como se estivesse processando cada letra e cada sílaba de minha sentença. Então, de maneira abrupta, levantou-se da cama. Permaneceu de costas para mim por alguns instantes, com os braços cruzados. Até que finalmente virou-se novamente, e, fitando-me com olhos e semblante assustados, perguntou, em tom baixo e trêmulo:

— Como?

Virei o rosto, afundando minha face sob as almofadas. Senti as lágrimas se formarem — mais uma vez. — sob meus olhos fechados, e o soluço se formar em minha garganta. Não, eu não iria responder. Não diria como, pelo menos não naquele momento.

— Acho que... — Murmurou Kentin, não terminando, porém, sua sentença. Sua voz estava trêmula, e era com muito esforço, eu percebia, que ele tentava não demonstrar a instabilidade. Respirou fundo, voltando a falar, desta vez com um pouco mais de firmeza:

— Que é melhor eu não saber.

Era evidente a ponta de decepção em sua voz, ainda falha e rouca. Embora eu tenha agradecido mentalmente por ele ter rapidamente preferido abster-se do conhecimento de como cheguei à atual situação, eu me sentia verdadeiramente mal, pois os acontecimentos que me levaram a tal condição não eram algo do qual eu sentia algum tipo de orgulho.

Fiquei imóvel, sem ter coragem ou forças para olhá-lo. Senti um soluço se formar em minha garganta, e esforcei-me para que Kentin não o escutasse.

Eu não sabia exatamente o que fazer. Nos últimos dois, três dias eu estava totalmente perdido. Eu não conseguia pensar em nada, a não ser sobre a minha nova e terrível condição. Tudo o que eu sentia era medo, pavor e tristeza. Eu não queria falar com ninguém, nem ver nenhuma pessoa. Acima de todos esses sentimentos ruins, o que eu mais sentia em grandes proporções, era vergonha. Uma vergonha que eu não saberia dizer se era pela minha condição de soropositivo, ou pela maneira que me tornei, ou por ambas.

E assim eu continuaria, evitando a todos até que tudo de ruim que eu estava sentindo nesses dias se dissipasse, se Kentin não tivesse vindo até mim. Pois mesmo que fossemos muito próximos um do outro — do tipo que se fala todos os dias, sem nunca sem cansar ou enjoar da presença do outro nem por um único segundo. —, naquela ocasião, eu queria apenas distância. E diferentemente do que pensei, não senti sua ausência. Estava completamente anestesiado até então por aquela condenatória descoberta.

— Alexy. — Chamou-me com firmeza, apesar de sua voz ainda estar ligeiramente embargada.

Nada fiz, no entanto. Permaneci com a face oculta sobre as almofadas.

— Alexy, olhe para mim.

De maneira dura, ele soou autoritário dessa vez. Quase como uma ordem. Lembrou-me de um certo episódio entre nós dois e o seu pai. E, ao me permitir lembrar de tal coisa, senti uma angústia ainda maior.

— Alexy.

Desta vez ele me chamou de maneira mais amena, embora estivesse claro de que estava contendo o tom anterior. Respirei profundamente, e reuni forças para encará-lo. Virei-me:

— O que? — Murmurei.

— Eu estou aqui.

Eu estou aqui. Suas palavras reverberaram em minha mente, ecos que de imediato eu não assimilei completamente. Pareceram minutos o tempo em que eu permaneci atônito, compreendo aquela frase, mas foram apenas segundos. Segundos bastante lentos. Até que enfim, compreendi. E comecei a chorar. Chorei como ainda não havia feito até então.

Kentin, ajoelhado a minha frente, segurou o meu rosto entre suas mãos. Seus polegares se moviam levemente, acariciando minhas bochechas. Ele se aproximou mais um pouco, e encostou sua testa contra a minha.

— Eu vou ficar com você nessa. — Ele sussurra, enquanto sua mão afagava minha face com sua gentileza muito característica. — Eu prometo.

De alguma forma, consegui mostrar um sorriso, embora tenha sido mais motivado pela sensação de desesperança do que pela sua tentativa otimista de abrandar as coisas.

Depois de algum tempo, Kentin voltou para a cama, de forma que ele me aninhou em seus braços, e ficou acariciando meus cabelos — gesto que ele sabe muito bem que me leva ao sono mais rapidamente. Enquanto sentia seus dedos acariciando-me ternamente, percebi que uma parte da apreensão que sentia em relação ao fato dele tomar conhecimento de minha condição se dissipou, e sequer percebi quando. Ainda que a culpa pesasse em mim, eu estava me sentindo um pouco melhor, muito mais do que havia sentido nos últimos dias.

Nós permanecemos em silêncio todo o tempo até que eu comecei a me sentir letárgico. Não demorou muito para que eu adormecesse naquele momento de ternura que, minutos antes, sequer o cogitava.

Quando despertei, as persianas do meu quarto estavam fechadas pela metade, e pude constatar que já era noite. Kentin não estava mais comigo. Eu estava sozinho.

Levantei-me, ainda bastante sonolento, e me dirigi para fora do quarto. Chamei por Kentin, mas não obtive resposta. A casa estava bastante silenciosa, e as luzes dos quartos dos meus pais e a de Armin estavam apagadas. Desci as escadas, bocejando a cada dez segundos. Vi que as luzes da cozinha e da sala de jantar estavam acesas, e tão logo fui até lá. Pude escutar sussurros vindos de lá, e aumentei a velocidade de meus passos.

Encontrei Kentin, de costas para mim, com seu celular em mãos.  Ele estava falando com alguém — embora ele dissesse apenas “sim” e “certo” no tempo que permaneci quieto, escutando-o. Virou-se, e ao notar minha presença ali, deu um sorriso rápido, e despediu-se tão logo de quem quer que estivesse falando ao telefone.

— Oi. — Aproximou-se; tão logo percebi seu semblante parecia um pouquinho melhor, e isso me fez sentir um enorme alívio.

— Você pode dormir aqui hoje?

Kentin fica surpreso por alguns instantes, suas sobrancelhas ficam erguidas até o momento em que ele suspira profundamente com resignação; nós dois sabemos a resposta para o meu pedido.

— Você sabe que não. — Responde com uma frieza incomum. Devo ter deixado mais evidente do que gostaria o meu desapontamento diante de seu tom, pois ele me envolve em seus braços rapidamente, e me aperta contra si.

— Desculpa, é só que eu realmente não posso. — Sussurrou Kentin. — Eu queria muito mesmo.

— Eu sei. — Digo, acariciando suas costas. — Não custava tentar.

— Meu pai não ‘tá mais engolindo aquelas desculpas.

Nosso relacionamento era, de certa forma, às escondidas. O pai de Kentin era um típico homem de valores extremamente tradicionais, portanto era o estereotipo perfeito do pai-machão-homofóbico. Por muito menos, de acordo com Kentin, ele o puniu em outras ocasiões. E a última coisa que ele — e eu — desejamos saber é a sua reação ao tomar conhecimento de que seu filho namora um rapaz.

Às vezes Kentin dormia em minha casa, e para que seu pai não suspeitasse de nada, ele alegava que ia dormir com alguma garota que conhecera por aí. Porém seu pai começou a desconfiar, pois ele nunca havia levado alguma para a sua casa, e de acordo com o pai dele, ele deveria trazer alguma garota para “provar que era um homem”. E pelo que Kentin me dizia, quando ele começava a desconfiar, qualquer deslize seria o suficiente para que ele começasse a indagar sobre o que estava realmente acontecendo.

— Não precisa se justificar, eu entendo.

Ficamos abraçados por um tempo, os braços de Kentin envolta da minha cintura, e os meus em seu pescoço. Eu gostaria que esse instante durasse mais, sempre quero que dure mais, pois os momentos entre Kentin e eu nunca me parecem o suficiente. Às vezes penso que esse sentimento se deve ao fato da condição de nossa relação; temos que ser bastante discretos na escola, e não temos quase nenhuma liberdade para sairmos juntos pela cidade, já que esta é minúscula e praticamente todos se conhecem. Mas eu nunca falei sobre isso com Kentin, pois tenho a impressão de que isso o sufocaria, muito mais do que a própria condição de nosso namoro já nos sufoca. Me contento com o que temos, pois acreditamos que no futuro tudo será melhor para nós dois.

Perceber que eu ainda acredito num futuro promissor para nós dois me faz sorrir. Isso é graças a você, Kentin, penso.

— Tenho que ir. — Alega Kentin, no entanto ele não afrouxa o abraço, e eu muito menos o faço.

— Hmmm.

Ele ri.  Uma de suas mãos sobe e vai até os meus cabelos, e ele começa a afaga-los.

— É sério, preciso ir. Já viu que horas são?

— Hmmmm. — Continuo grunhindo como resposta, e permaneço abraçando-o fortemente.

Alguns segundos em silêncio depois, Kentin diz:

— Se você for amanhã para o colégio, eu fico aqui essa noite.

Aquilo me pegou de surpresa. Eu não estava nem mesmo cogitando ir para escola o resto do mês, na verdade sequer pensara em algo relacionado a escola. Eu não estava sentindo animo para sair de casa para nada, e, ainda que a visita de Kentin tenha revigorando consideravelmente o meu ânimo, eu não tinha certeza se era o suficiente para sair mundo a fora novamente.

— Eu não sei. — Respondo num tom baixo, quase que um sussurro.

— Eu vou estar com você. — Kentin me garante. — E Armin também.

— O Armin?

— É, eu conversei com ele enquanto você estava dormindo. — Diz ele. — Ele ficou esses dias procurando um monte de coisa p’ra você.

Levei algum tempo para entender a que coisas Kentin se referia. Eu já havia escutado a minha mãe comentar que o Armin andava bastante inquieto nos últimos dias, mas eu estava tão afundado em minha situação que não tinha parado para pensar nisso muito além de quando eu a ouvi comentar sobre.

— Bem... — Penso um pouco sobre o assunto. Faltavam apenas dois dias para o fim dos dias úteis — haveria um feriado na sexta. Talvez não fosse tão ruim ir, e um dia eu teria de voltar a frequentar a escola, de qualquer forma. Adiar minha ida não ajudaria em absolutamente nada.

— O que você vai dizer p’ro seu pai? — Pergunto.

— Relaxa quanto a isso. — Ele diz com tranquilidade. Poucas foram as vezes que o vi falar sobre seu pai de maneira calma, e aquilo me surpreendeu muito. — Já que você vai, que tal irmos dormir agora?

***

— Ai meu deus, Alexy! Mal coloquei os pés dentro da escola, e Francine foi a primeira a me ver. Veio correndo até mim e me abraçou com uma intensidade que eu jamais achei que alguém pequena como ela seria capaz.

— Eu fiquei tão preocupada com você. — Percebi que seus olhos estavam marejados quando ela me encarou. — O que foi que houve?

— Eu fiquei um pouco doente, mas agora estou bem. — Não precisa chorar, ok? — Falei, enquanto afagava o rosto de Fran.

— O Armin também ficou doente? Ele não veio esses dias também.

— Ah — Eu não vi necessidade das ausências de Armin nas aulas, mas ele provavelmente tinha seus motivos. Só esperava que ele as justificasse de maneira aceitável quando fosse necessário. — Teve uns problemas na internet lá de casa, e ele enlouqueceu.

— Eu senti tanto sua falta! — Fran diz, e se lança sobre mim novamente. — Tenho que te contar algumas coisas. E o pessoal da escola está organizando um evento beneficente valendo nota, mas eu já garanti você na minha equipe, tá? — Ela para de falar, me olha por alguns instantes e me abraça mais uma vez. — Ai meu deus, Alexy, não some assim nunca mais!

Eu ri. Fran é uma garota adorável, e sua espontaneidade que acontece em repentes é muito simpática. Ela também foi a primeira pessoa de quem me tornei amiga assim que cheguei na escola, e foi através dela que conheci Kentin. Então de certa forma sou duplamente grato por conhece-la.

— Que tal a gente conversar sobre o que aconteceu? — Falo. — Acho que você tem muita coisa para me contar.

Fran sorri. Ela me puxa pelo braço para em direção ao clube de jardinagem, que neste momento não costuma ter ninguém. Olho para trás de soslaio, e vejo Kentin chegando. Não temos o hábito de chegarmos juntos, mesmo que tenhamos vindo quase que todo o trajeto um na companhia do outro. Preferimos não “dar bandeira” para as demais pessoas do colégio, pois nunca se sabe quando alguém pode falar alguma coisa, por menor que seja, ao pai do Kentin. Riscos provenientes de se morar em uma cidade pequena.

Quando adentramos na estufa do clube, nos certificamos de que não havia mais ninguém e fechamos a porta. Fomos para um canto onde sempre nos sentávamos para conversar, que era atrás de uma estante de madeira cheia de pequenos vasos flores variadas e pequenos pés de tomates-cerejas — que Fran costuma roubar e comer enquanto estamos ali. A estante era um pouco baixa, mas era suficientemente alta para nos esconder enquanto estivéssemos sentados no chão.

Sentamo-nos, de frente um para o outro, e Fran pegou dois pequenos tomates de um dos vasinhos que ficavam no topo da estante, e os comeu rapidamente. Ela me olhou, e logo inquiriu:

— Você estava doente mesmo?

De certa forma...

— Sim, eu fiquei bastante gripado.

Fran estreitou seus olhos, analisando minhas feições com um semblante explicitamente desconfiado.

— Você sabe que pode me contar qualquer coisa.

Pensei, por alguns segundos, em como seria contar a ela a minha atual condição. Conhecendo-a, eu tenho absoluta certeza de que ela desabaria em um pranto interminável, e talvez até entrasse em desespero. Ademais, eu não sentia nem um pouco confortável em contar algo deste calibre para qualquer pessoa; para Kentin já foi mais que o suficiente.

E, pensando nele, meu celular vibrou quase que no mesmo instante. Era uma mensagem de Kentin.

Kentin

ta tudo certo aí?

Digito rapidamente para ele.

Alexy

sim, não se preocupe.

Kentin

você vai contar para a fran?

Alexy

acho que não. quanto menos pessoas souberem, é melhor.

Kentin

ok, você que sabe. o que você achar melhor, eu te apoiarei.

Ele permaneceu online por algum tempo, e vi que ele digitou alguma coisa, porém logo para e não envia nada. Até que, quando estava prestes a guardar o celular no bolso, ele enviou uma mensagem.

Kentin

hey

Alexy

oi

Kentin

te amo, ok? vamos passar por essa fácil.

Alexy

também te amo, kentinho ♥

Kentin

Vou relevar esse apelido só dessa vez...

Quando volto a minha atenção para Fran, ela continua me encarando, porém desta vez ela tem um sorriso enviesado no rosto, e um olhar matreiro que me fita profundamente.

— Era aquele contatinho da festa? — Pergunta Fran, abrindo ainda mais o sorriso.

— Pff, claro que não. — Reviro os olhos. — Era o Kentin.

— Hmm, acho bom ser ele mesmo. Não ia gostar nadinha da ideia de você trocar o Kentin por um outro cara qualquer. — Ela fez um pequeno bico com os lábios e cruza seus braços.

— Contatinho, é? — Indaguei retoricamente com um pouco de sarcasmo. — Eu dispensei aquele cara, só p’ra você saber.

— É sério? — Ela ergue as sobrancelhas finas. — Ele era bem insistente.

Há mais ou menos um mês, em um final de semana, Francine, Rosalya, Íris, Castiel e eu fomos a um pequeno pub na cidade vizinha. Havia sido um evento bastante agradável e divertido, contudo, fora lá que — tenho certeza disto — me tornei soropositivo.

Porém a última coisa que eu queria agora, era pensar sobre isso. Um instante conversando com uma grande amiga já havia me deixado bem e afastou todos os pensamentos em relação a isso, e eu queria continuar dessa maneira.

— Mas nós não estamos aqui para falar sobre mim, não é mesmo, dona Fran? — não dou oportunidade para que continuemos falando sobre mim, e logo trato de retomar ao assunto principal. — O que é que você tinha para me contar?

— Eu e o Castiel... bem, nós... é... — Ela não terminou a frase, e de repente seu rosto inteiro enrubesce. Fran gesticula com as mãos alguma coisa que num primeiro momento não entendo do que se trata, mas sua expressão encabulada e suas tentativas e dar continuidade à sua sentença dizem tudo.

— Ai meu deus, sério?

Ela assente com veemência. Fran fica olhando para as próprias mãos, e suas bochechas ainda estão completamente vermelhas.

— E aí? Foi bom?

Ela ficou quieta por alguns segundos, mexendo em um dos seus cachos com a ponta dos dedos. Até que ela enrola um deles em todo o seu dedo indicador e  diz:

— .... muito. — Ela sussurra com uma timidez gigantesca.

Quando estava prestes a pedir para que ela me contasse tudo, nos mínimos detalhes, escutamos o som estridente do sinal de entrada. Levantamo-nos, e nos dirigimos para a saída da estufa.

— Você vai me contar tudinho depois, hein? — Digo a Fran.

— Contarei só o suficiente! — Ela diz com firmeza. — Eu ainda nem falei p’ra Rosa, mas acho que ela já imagina que aconteceu algo... ela vai querer saber de tudo, e eu fico com vergonha só de lembrar! Quer dizer, é estranho processar esse tipo de coisa... a gente fica tão... diferente nessas horas. Ai meu deus, meu deus — Fran fica completamente ruborizada, e não consegue parar de sorrir. — ok, eu falo disso depois, tá? Não dá, não consigo ainda.

— Você fica uma gracinha quando fica com vergonha, Fran. — Digo, e ela fica ainda mais vermelha.

Andamos até o interior do colégio, e vemos Castiel esperando-a no corredor. Fran me abraça de novo, e corre em direção ao seu namorado, e os dois vão em direção a sala de aula. Permaneci observando-os até entrarem em sua sala; essas pequenas coisas que os dois partilham me fazem sentir uma pontinha de inveja da liberdade que eles possuem para expressar que estão juntos.  Não que eu queira me exibir por aí, contracenar verdadeiras cenas de romance em público, mas essas pequenas liberdades para fazer o trivial fazem uma falta muito maior do que se imagina.

Vou para a sala, onde terei aula junto de Rosalya e Violette. Quando entro na sala vejo que as duas já estão presentes, e Violette é a primeira a notar a minha presença. Ela sorri, mas segundos depois se acanhou ao perceber que eu estava encarando-a. Sorrio de volta, e logo a tensão de ter sido notada se dissipa e Violette parece relaxar. Rosalya logo percebeu minha presença, e diferente de Violette, se levantou e veio em minha direção, me dando um abraço apertado.

— Finalmente você veio! — Rosalya diz. — Sentimos a sua falta, sabia?

— Eu sei que sou importante pra vocês, me desculpem por isso. — Brinco.

— É muito bom ter você de volta, Alexy. — Violette se manifesta, e vê-la falar algo do tipo, considerando seu jeito tímido de ser, é algo muito adorável.  

Sentado próximo delas, conversamos sobre trivialidades; sobre moda, sobre alguns desenhos que Violette começou a fazer, baseados em algumas roupas que Rosalya estava confeccionando. Alguns dos desenhos, descobri, estavam relacionados ao evento que Fran havia comentado. Pedi para que me explicassem sobre, e segundo Violette, se tratava de um projeto apresentado pela Melody, onde os alunos que estivessem interessados deveriam formar equipes e irem à algum lugar — ela não se recordava com exatidão de qual.  

— Eu acho que era um hospital. — Opinou Rosalya. — De crianças com câncer, ou algo assim.

— Eu acho que era um orfanato. — Disse Violette. — De qualquer forma, vai ser ótimo, não é? Passar um dia com elas e alegrá-las. Fazer alguém sorrir é revigorante.

— Mas o que exatamente pretendem fazer? — Perguntei.

— Não foi decidido ainda. Eu apoio uma encenação teatral. Já fizemos algo assim outra vez, não vai ser difícil fazer de novo.

— Se for, eu não vou atuar de jeito nenhum. — Violette logo se manifesta. — Eu não sou boa para esse tipo de coisa.

— Ah, Vio, para tudo tem uma primeira vez! — Rosa logo contestou. — Dois segundos atrás você estava empolgada para isso.

— Eu fico muito nervosa, vocês sabem disso...

— Vai ser diferente dessa vez. O que custa tentar?

Violette ficou em silêncio, e pareceu pensar sobre o assunto.

— E você, Alexy? Pensa em atuar com a gente?

Violette logo encarou Rosa, consternada:

— “A gente”? — Perguntou, quase que desesperada. — Eu não decidi nada ainda, Rosa!

Rosa voltou-se para Violette, e sorriu enviesadamente: — Mas eu sei que dessa vez você vai atuar. — Sentenciou Rosa.

E virou-se para mim:

— E quanto a você, Alexy?

A única coisa que eu pensava no momento era o quão bom era estar ali de novo.


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Notas finais do capítulo

Quase um ano depois de postar o prólogo, eis que surge das cinzas o primeiro capítulo. Fuck. A verdade é que faz tempo que perdi o "gás" para escrever, mas vez ou outra eu acabo escrevendo alguma frase ou parágrafo aleatório. E hoje, depois de um dia chato no trabalho, me bateu uma saudade disso aqui, de escrever fanfics de amor doce, de escrever, desse tipo de coisa. E cá estamos.

Até breve — que farei o possível para não demorar tanto quanto demorei desta vez.



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