Sinal Positivo escrita por Sumire


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura, e espero que goste. :3

ps: a personagem que representaria a docete aqui se chama Francine!



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Prólogo

***

Alexy não atendia minhas ligações. Não visualizava minhas mensagens (suspeito de que ele deve tê-las visto, mas deve ter tirado a opção de mostrar que as visualizou), não as respondia, não dava nenhum sinal de vida. Para piorar, aquele era o segundo dia de seu sumiço. Eu estava temendo pelo pior.

Pensava mil coisas que poderiam ter acontecido com ele, e as possibilidades se tornavam mais terríveis, aumentando meus temores. Eu estava em um verdadeiro conflito mental, ora tentando me preparar para o pior, ora tentava me consolar de que talvez tudo estivesse bem, e que talvez algum tipo de imprevisto tenha acontecido. Talvez ele tenha adoecido, e tenha perdido o celular. Ou, então, ele foi roubado, e esteja em algum outro lugar e não tenha como entrar em contato comigo.

Mas isso não justificava a ausência do seu irmão durante as aulas.

Faltavam dois minutos para o fim da aula. Minhas mãos não paravam quietas na mesa, e meus pés se movimentavam rapidamente, inquietos. Aqueles dois minutos pareciam eternos.

Quando o sinal bateu, fui o primeiro a sair da sala. Em passos rápidos, me dirigia a saída da escola. Eu estava com muitos problemas em casa, e somente hoje, sexta-feira, poderia ir até a casa do Alexy procura-lo, e saber o que aconteceu. Em minha mente, eu imaginava como isso se sucederia; eu iria vê-lo, mas antes disso talvez seu pai me recebesse, ou sua mãe. Ela iria sorrir ao me ver, e diria “Alexy está doente. Ele pegou uma febre terrível! Ah, ele não falou com você? Droga, eu pedi pro Arnaud dar um jeito no problema da internet. Ele é muito esquecido as vezes! Deve ser por isso que Armin não para quieto em casa. Ele faltou também? Ora, esse garoto vai ver só! Deve ter ido jogar em algum lugar que tenha internet. Esse menino é fissurado nesses jogos...”.

Eu esperava muito que isso acontece. Mas meu bom senso me aconselhava me preparar para a pior das possibilidades.

Estava no pátio quando ouvi alguém chamar meu nome. Um timbre feminino, que em outro momento talvez me fosse bastante agradável. Virei-me, e vi uma garota pequena e magra, de cabelos negros e cacheados, presos em um rabo de cavalo, usando vestido branco e jaqueta jeans. Era Francine, e ela vinha em minha direção.

Respirei fundo, tentando conter meus próprios ânimos. Quando finalmente me surgiu oportunidade para ir vê-lo, algo me aparece para me atrasar... eu esperava que ela não se demorasse muito comigo. Eu tinha outras prioridades.

— Kentin, — Disse Fran. Seus olhos azuis, grandes e expressivos, pelos quais um dia fui apaixonado, demonstravam certa urgência. — Você vai até a casa do Alexy saber o que houve com ele, não é?

— Sim.

— Me avise quando souber que aconteceu. A Violette está preocupada. E eu também.

— Eu avisarei. — Garanti, me virando para voltar a andar.

— Hey. — Ela me chamou novamente.

Pisquei os olhos lentamente. Apertei com força a alça da minha mochila.

Virei-me para ela.

— Ele deve estar bem. Só... deve ter perdido o celular, ou se perdeu em alguma promoção no shopping.

Fran sorriu de um jeito gentil, tentando me dar um pouco de pensamento positivo. Ela era sempre assim, gentil. Uma das razões pelo qual fui apaixonado por ela foi esse seu jeito; doce, sempre querendo colocar qualquer um que estivesse em um momento ruim para cima. E ela não precisava dizer muito, pois sua doçura era algo tão intrínseco em seu ser que chegava a ser mágico.

— É. É algo bem a cara dele esse tipo de coisa. Obrigada, Fran.

Ela sorriu mais uma vez.

— De nada. Agora vai lá ver se ele não teve uma overdose de compras.

Era impossível manter algum sentimento negativo perto de Fran. Não à toa, ela se tornou a namorada do Castiel. Ela conseguia domar os ânimos daquele cara de um jeito sem igual.

Voltei a minha caminhada. Fui até a parada, e peguei um ônibus para ir à casa de Alexy. Consegui cochilar durante parte do trajeto (não faço ideia de como, já que meus nervos estavam a mil por minuto). Talvez o cansaço tenha finalmente vencido minhas preocupações, já que nesses últimos dias em que não sabia do paradeiro de Alexy eu não conseguira dormir direito.

Desci na rua onde ele morava. Andei alguns metros, até que cheguei em sua casa. A casa dele não tinha grandes luxos, mas era muito bonita e passava um ar de conforto. Atravessei o jardim, e toquei a campainha. Esperei alguns segundos. Toquei mais uma vez. E esperei.

Victoria, a mãe de Alexy me recebeu. O cabelo crespo estava preso em um coque, vestindo uma camiseta branca e calças curtas jeans. Senti um alívio tremendo ao vê-la, pois estava até então de acordo com o que eu tinha imaginado. Ela sorriu ao me ver. Já conseguia ouvir a sua voz dizendo-me dentro de alguns minutos “Alexy está doente. Ele pegou uma febre terrível! Ah, ele não falou com você? Droga...”.

— Kentin, seja bem-vindo. — Ela abriu os braços, e eu a abracei fortemente. Em meu peito, uma alegria tremenda parecia estar prestes a fazer explodir o meu coração. — Como você está?

— Estou muito bem. — Desvencilhei-me de seu abraço, e logo acrescentei: — Eu vim ver o Alexy.

Alexy está doente. Ele pegou uma febre terrível! ”

No entanto, seu rosto se tornou triste ao ouvir minha última frase. Reparando com mais atenção, ela parecia abatida, com feições melancólicas. Aquela energia calorosa sempre presente em seu rosto parecia ter desaparecido. Ela me convidou para entrar, sem dizer nada quanto ao que eu falara.

Nós sentamos no sofá, um pouco distantes um do outro. Ficamos alguns segundos em silêncio. Impaciente, tornei a falar, desta vez evidenciando a preocupação que me atormentou nos últimos dias.

— O Alexy está bem? Aconteceu algo com ele?

Victoria respirou fundo, olhando para algum ponto distante. Colocou uma fina mecha de cabelo atrás da orelha, e voltou seus olhos verdes claros para mim.

— Ele está. — Disse lentamente. — Por enquanto.

— C-como assim? — Senti meu coração se apertar. Minha voz vacilara, tornando evidente o meu temor. — O que houve?

— Meu bem, escute — Ela tomou uma de minhas mãos entre as suas. Seu toque era cálido. Ela acariciava meus dedos com os seus, calejados e ligeiramente ásperos. — o Alexy, ele... Ele está em uma situação difícil. Eu acho melhor ele mesmo lhe explicar o que aconteceu.

— Ele está aqui?

— Está em seu quarto. Pode ir lá.

Me levantei rapidamente, e subi as escadas que davam para o pequeno corredor que encaminhava para os quartos. Ao chegar na penúltima porta à esquerda, bati algumas vezes, e o chamei.

— Alexy? Alexy, sou eu, Kentin.

Minhas mãos tremiam.

Não obtive resposta.

Rodei a maçaneta e vi que a porta estava aberta. Entrei no quarto, e o vi, ou melhor, vi apenas seus cabelos azuis para fora do edredom no qual ele estava coberto. Uma música tocava baixinho. Joguei minha mochila no chão e me sentei ao seu lado.

— Ei, Alexy. Eu estou aqui. — O mexi com cuidado, pois talvez estivesse dormindo.

Ele se remexeu, e em seguida abaixou o edredom para que eu visse seu rosto.

Nunca o vi tão abatido.

Seu rosto estava com olheiras, e seus olhos pareciam inchados de choro recente. Seus olhos pareciam tão sem brilho... aquela vivacidade parecia tê-lo abandonado. Ele levantou o braço e levou sua mão até o meu rosto, afagando em seguida minha face, com suavidade.

— Kentin, oi. — Cumprimentou-me, com a voz baixa e ligeiramente rouca.

— Alexy... O que foi aconteceu? Porque você sumiu? — Indaguei, de um jeito quase desesperado.

Ele sorriu. Sorriu de um jeito amargo.

— Deita aqui comigo.

Ele arredou um pouco, e levantou o edredom para que eu me juntasse a ele. O fiz, sem pestanejar. Ao seu lado, ele se aninhou a mim, deitado sobre meu braço. Levou uma de suas mãos até as minhas, e a segurou com delicadeza. Alexy colocou um dos fones de ouvido que usava em mim, para que eu ouvisse o que ele estava escutando. Ele adorava fazer isso.

I wanna sleep next to you. But that's all I wanna do right now.

— Gosto muito dessa música. Mesmo não sendo o meu tipo de música favorito, gosto muito dela. — Ele falou. — Ela diz tudo o que eu quero fazer com você. Ou a maior parte.

Ficamos ouvindo por algum tempo, em silêncio. O maior dos meus medos — de não poder ver Alexy. — havia sido apaziguado. Ele estava ali, ao meu lado. E aquilo era o suficiente.

Ajeitei-me, de modo que eu pudesse beijar-lhe a cabeça. Sussurrei em seguida:

— Senti sua falta.

— Eu também. — Ele se ajeitou, me envolvendo em um abraço. Que tanto senti falta.

Naquele momento, todas as minhas preocupações sumiram. Viraram pó. Tê-lo perto de mim era tudo o que eu queria, e aquilo me bastava. O silêncio entre nós nunca era incomodo, pelo contrário, era tranquilizante. Alexy era do tipo de que falava sem parar, e ao longo de nossa relação, ele aprendeu a apreciar os momentos em que palavras não são ditas, estes que tanto dou valor. Assim como aprendi com ele o quanto as palavras são valiosas, e poderosas. Aprendemos muito um com o outro em nossa relação. De maneira geral, eu havia me tornado uma pessoa melhor desde que começamos a namorar. E eu seria eternamente grato a ele por isso.

Assim como seria tão grato por tê-lo ali, em meus braços. Percebi que sorria bobamente, por simplesmente estar com ele. Sorri mais ainda ao perceber este fato.

— Fiquei preocupado. — Falei calmamente. — Você não é de sumir assim.

Ele ficou em silêncio.

— Mas você está bem. Isso que me importa.

Alexy se remexeu. Soltou minha mão, levantando o rosto para mim.

— Você sabe que eu amo você, não sabe? — Perguntou-me.

Claro. — Respondi rapidamente.

— Kentin, eu... olha, eu, mais do que tudo, quero que você seja feliz.  Eu amo você, mas acho que... que nossa relação vai terminar em breve.

Assustei-me com aquilo. Levantei-me, o que assustou Alexy.

— O que? Do que você está falando?

Alexy se levantou. Nós dois agora estávamos sentados, de frente um para o outro.

— Olha... eu estou mal. Estou doente, Kentin.

— E isso é motivo para terminar? — Levei minhas mãos ao rosto dele, erguendo-o, para que olhasse para mim. — Eu vou ficar com você.

Alexy segurou minhas mãos, e de maneira hesitante, afastou-as de seu rosto.

— Você não está entendendo. Eu não vou ficar bem.

— Alexy, do que você está falando?

Seus olhos ficaram marejados.

— Eu sou portador.

Senti um calafrio.

— O... o que?

— Sou soropositivo, Kentin.

So come over now,

And talk me down.


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Notas finais do capítulo

Reviews?
Até mais ver, pipou o/ Espero não demorar pra escrever o próximo. Estou bastante empolgada com essa fic!



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