Happy Feet escrita por raexgar001


Capítulo 8
Desculpa


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ~



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Naquela fatídica noite muita coisa aconteceu todos os envolvidos na briga foram punidos severamente o que de fato não tinha sido ruim se comparassem com o que Rinaldo tinha passado, além de vários hematomas levou uma bronca do diretor Amoroso junto com os demais alunos e de brinde foi expulso por puxar briga. Os amigos imploraram desesperados para Amoroso recorrer à decisão, mas o diretor ameaçou expulsa-los junto com o amigo ”líder” – coisa que eles fariam se nem pensar – porém Rinaldo os impediu de continuar evitando aos amigos o mesmo destino que ele.

— Vocês procurem Mano ele parecia muito abalado não quero que ele faça besteiras – Rinaldo ditou para os amigos assim que o diretor Amoroso se afastou.

— Você não pode ir embora assim! E sua faculdade de direito? Você sempre sonhou com isso – Lombardo comentou furioso, não acreditava que o amigo havia concordado em ser expulso sem ao menos querer uma defesa, afinal Rinaldo só havia protegido Mano.

— Mis amigos... Está tudo bem – Rinaldo sorriu tentando tranquilizar o grupo – Vão atrás de Mano – Rinaldo suspirou desolado - Vou ao dormitório arrumar minhas coisas.

— Com licença... – Ouviram uma voz feminina e quando se viraram depararam-se com Gloria, ela parecia incomodada com algo – Vocês sabem onde está o Mano?

— Increíble! – Ramon riu sarcástico – Ahoraquieres saber de el?

— Eu estou preocupada – Mesmo se sentindo péssima com a forma que fora olhada e tratada pelos latinos, Gloria tentou não se abalar.

— Você é muito duas caras – Nestor cuspiu claramente enojado com a conduta de Gloria mais cedo.

— Rapazes vão atrás do Mano – Rinaldo voltou a pedir claramente irritado.

— Mas Rinaldo ela é uma falsa – Raul tentou protestar.

— Eu disse AGORA! – O grito de Rinaldo chamou atenção das pessoas envolta que ficaram atentos a mais uma possível briga. Gloria, Raul, Nestor e Ramon ficaram espantados com o ataque de Rinaldo, para amenizar Lombardo tomou a fala logo em seguida.

— Todos nós temos motivos para ter raiva, Rinaldo principalmente, acabou de ser expulso. Vocês por favor podem ir atrás do Mano?

Sem mais nem uma palavra os três partiram cientes de que Rinaldo não estava muito bem e que o albino poderia estar pior então encontrá-lo e ajudá-lo era o certo a se fazer. Gloria ficou ainda mais surpresa com a revelação, ela não sabia que Rinaldo havia sido expulso.

— Eu sinto muito – Gloria falou fazendo os dois restantes no local lhe encararem.

— Não tente ser legal comigo Gloria – Rinaldo por mais baixo que fosse conseguiu lhe por medo ao tomar a expressão de raiva – Vimos claramente você se afastar de Mano.

— Eu estava em choque... Eu não queria... – Tentou se justificar.

— Eu notei você esperando seus amigos irem embora para poder se aproximar – Rinaldo continuou desta vez ficando mais calmo – Você claramente tem vergonha de nós e pior ainda, tem vergonha de Mano – Concluiu.

— E-Eu...

— Não tente se explicar, suas ações ficaram muito claras. Torça para que Mano continue sendo um cara legal que te perdoe, porque para nós, você não merece mais confiança.

Com isso Rinaldo se afastou de Gloria junto a Lombardo que disse que lhe ajudaria com as malas. Enquanto os dois se afastavam Gloria sentia o arrependimento mais forte do que nunca, parecia que ela carregava uma rocha e que cada vez mais peso era posto em cima dela fazendo seu corpo ficar mais pesado lhe impossibilitando de se mexer e de respirar normalmente.

[...]

Horas depois,encontraram Mano vagando pela pequena cidade que era o campus: com os vários edifícios de cursos e alojamentos, as enormes casas dos clubes importantes, alguns restaurantes, as diversas quadras para prática de jogos e exercícios, o pequenino bosque com árvores plantadas pelos primeiros alunos a frequentarem a faculdade Imperador e com um grande estacionamento. Depois de levarem o albino de volta ao dormitório um pouco antes do amanhecer o ajudaram a se despir e a tomar banho, em seguida o puseram para dormir com ajuda de um comprimido. Optaram por não contar sobre a expulsão de Rinaldo, pois Mano já parecia péssimo o suficiente, neste caso assim que ele dormiu os latinos foram ao encontro de Rinaldo para se despedir.

Nos primeiros dias era de se esperar que Mano não se sentisse confortável com os demais, então sua ausência era justificável, porém a partir da segunda semana os amigos começaram a ficar preocupados, principalmente porque tiveram que contar sobre a expulsão de Rinaldo o que pareceu deixar o albino mais abalado. Mano não comia mesmo com os amigos insistindo, Mano não conseguia dormir sem ajuda de remédios, não tinha disposição para nada, nem um banho ele tomava e pior, Mano já não dançava mais.

Quando sozinho - quando os amigos iam para suas aulas - Mano se perguntava o que havia feito de errado, ele nunca fora mal com alguém para merecer passar pelo que estava passando, tudo porque não sabia cantar? O que caralhos essa cidade tinha? Por algum acaso todos eram bons cantores e ele a única aberração? - A resposta da última era sim, mas isso ele não sabia - Muitas vezes quando estava chorando embaixo do chuveiro se lembrando de Gloria o rejeitando como se fosse um monstro tóxico e se sentindo culpado pela ausência de Rinaldo, Mano sentia vontade de morrer. Uma vez chegou a ficar sentado na janela do seu quarto (que ficava no decimo andar do prédio) pensando em se jogar, mas faltou coragem então voltou logo para dentro, outra vez ele se socou como se estivesse se dando um castigo, o golpe que ele se dava no rosto o fazia se sentir vivo lhe incentivando cada vez mais a continuar com a “autopunição”, as lágrimas desciam e ele dizia a si mesmo que era isso que seus pais deveriam ter feito com ele assim que o ouviu cantar pela primeira vez. A partir deste dia Mano começou a usar um casaco com capuz cobrindo-lhe o rosto e evitar contato visual com os amigos.

Ouve noites em que quando não conseguia dormir ele ia ao banheiro e cortava seus pulsos, logo depois vomitava o que fora obrigado a digerir pelos amigos. Mano estava se matando aos poucos, pois não tinha coragem de fazer isso de uma vez por todas.

[...]

Gloria andava bastante mau com tudo o que havia acontecido. Ela não conseguia parar de se culpar e não ter notícias de Mano – e nem poder perguntar aos latinos por eles claramente não quererem papo com ela – estava tirando sua fome e sono. Gloria não conseguia dormir, ficava se revirando a noite toda até desistir e ir para a varanda ficar olhando o celular por horas a fio esperando uma mensagem do albino. Gloria também não conseguia comer, suas amigas não se preocuparam por achar que fosse algum tipo de dieta – mas deveriam saber que dieta nem uma deveria pular quase todas as refeições do dia – logo suas notas começaram a cair, pois nem nas aulas ela conseguia se concentrar mais.

No fim do dia, Gloria só pensava que nada mais importava em seu sonho se Mano não estivesse nele e a culpa lhe consumia ferozmente, teve quer ir a enfermaria duas vezes para tomar soro, pois seu estômago estava vazio e ela não se aguentava em pé, sua mãe ligou preocupada e ela teve que fingir que tudo estava bem quando que na verdade ela queria nunca ter sido uma idiota, se pudesse voltar no tempo ela faria tudo diferente, já não ligava mais para status.

— Gloria preciso falar com você – Gloria se surpreendeu ao ver Lombardo parado em sua frente, ele parecia extremamente preocupado.

— Aconteceu alguma coisa? – Seu coração bateu forte em seu peito, ansiosa para receber alguma notícia sobre Mano, qualquer uma.

— Na verdade sim... Sei que os rapazes pediram para você não falar nunca mais com o Mano, mas ele precisa de ajuda urgente e não deixa ninguém se aproximar, eu acho que você é a única que pode conseguir alguma coisa.

A garota sentiu o ar lhe faltar ao ouvir as próximas palavras.

[...]

Gloria respirou profundamente algumas vezes antes de adentrar o dormitório masculino, a primeiro momento percebeu o quarto mal iluminado logo notando um corpo encoberto por lençóis em cima da cama da direita. Aproximou-se chamando atenção de Mano que virou levemente o rosto para observar quem chegava ao quarto, ao ver Gloria espantou-se levantando o mais rápido que pode sentindo-se tonto com o ato ele colocou o capuz logo em seguida. A garota lhe analisou, Mano estava bem mais magro do que lembrava e mesmo com o capuz não deixou de notar alguns hematomas no rosto, sentiu-se desesperada, não imaginava qual seria a situação que encontraria, porém nada do que imaginou se comparava aquilo, como poderia ajudá-lo?

— Gloria – A voz de Mano saiu arrastada, fraca, como se ele não tivesse forças para aquilo, porém ainda assim havia uma pitada de surpresa e felicidade.

— Mano... –Sorriu feliz por finalmente vê-lo, aproximou-se um pouco da cama, estava contendo a vontade forte de chorar ao ver o estado que o rapaz estava. Sua vontade era de abraçá-lo o mais forte que conseguia, porém tinha medo da rejeição.

— O que veio fazer aqui? – A voz arrastada de Mano soou novamente, ele a notou observando atentamente alguns de seus hematomas perto do olho direito, então tratou de cobrir com o cabelo que já estava um pouco o maior que o habitual.

— Eu vim te ver... – À medida que falava Gloria aproximava-se mais da cama – Senti saudades de você – Quando notou que ele não a rejeitaria sentou-se ao seu lado.

— Lombardo e os rapazes pediram para você falar isso?

— Não! – Gloria apressou-se logo a explicar – Eu realmente senti sua falta, Mano você não sabe o quanto fiquei preocupada!

— Você ficou preocupada? – Mano pareceu surpreso por um momento, em seguida pareceu ter raiva –Não foi o que me pareceu aquele dia, admita Gloria, você não se importa comigo, pensa que nem todos os outros, acha que sou uma aberração!

— Não lhe acho uma aberração!

— Então por que se afastou?! Você não me ajudou, deixou com que todos me humilhassem! – Mano esforçava-se para elevar o tom de voz, que saia cada vez mais rouca por estar extremamente fraco – Você não se impor- cofcofcof...

— Mano!

Gloria segurou o corpo do albino que tossia compulsivamente, rapidamente Mano tentou afasta-la querendo ao máximo evitar contato, estava extremamente chateado com ela, porém seu corpo encontrava-se tão fraco que a garota não teve dificuldades em lhe segurar antes que ele caísse da cama. Mano sentia que estava prestes a desmaiar, não bebia água nas proporções corretas há alguns dias e tudo o que ele havia comido na noite anterior fora vomitado na madrugada. Minutos depoisacordou em sua cama com Gloria lhe encarando preocupada, lágrimas desciam de seus olhos sem parar.

— Eu estou bem – Tentou tranquiliza-la ao ver a preocupação que Gloria se encontrava. Os dois sabiam que era mentira, Mano estava muito longe de estar bem.

— Seu idiota! – O grito de Gloria assustou o albino que havia notado só agora que ela segurava seu casaco em mãos – O que porra anda fazendo consigo mesmo?! – Apontou para os cortes no braço e todos os outros hematomas distribuídos por seu corpo e rosto.

— Não devia ter tirado meu casaco sem minha permissão! – Mano voltava a se enfurecer se forçando a gritar novamente, porém logo sentiu uma falta de ar o que lhe obrigou sessar sua voz rapidamente.

— Você estava sufocando, seu babaca! Eu estava tentando ajudar – Gloria jogou com fúria o casaco em seu rosto, ela ainda chorava.

— Eu não pedi a sua ajuda! – A voz de Mano soou mais fraca do que na primeira vez, fazia bastante tempo que ele não falava mais do que três frases com alguém.

— Eu não vou deixar você morrer!

O silêncio prevaleceu por uns bons minutos, Gloria se acalmava aos poucos, as lágrimas e soluços diminuam enquanto Mano ainda deitado na cama recuperando as forças que havia perdido tentava não parecer abalado com o que Gloria havia dito. Quem era ela para aparecer assim do nada depois de claramente ter lhe abandonado.

— Desculpa... – Mano encarou surpreso a figura de Gloria, ela olhava tristemente para um ponto aleatório na cama de Ramon – Você não sabe o quanto eu me arrependo daquele dia, eu tentei falar com você te juro! Seus amigos me impediram, mas não os culpo por isso, afinal fui uma grande idiota – Seus olhos voltaram-se para Mano, seu rosto transbordando arrependimento – Eu me sinto muito mal por tudo que lhe causei e me sinto mais ainda pelo que vou dizer, eu sei que não mereço isso mas... Você me perdoa? Se eu pudesse voltaria no tempo e faria tudo diferente! Eu... Eu... Eu gosto de você – Os olhos de Mano se arregalaram, Gloria estava envergonhada mesmo assim não desviava os olhos castanhos dos azuis – Eu gosto muito de você... E eu entendo se você não sentir o mesmo ou se não me perdoar porque e-

Gloria falava demais quando estava nervosa por isso Mano tratou logo de cala-la lhe dando um beijo. Os olhos castanhos se arregalaram em surpresa. Mesmo após Mano se afastar ela continuava imóvel, surpresa com o que havia acontecido.

— Eu também gosto de você – O albino sorriu fracamente, houve uns segundos antes de a garota reagir, o que lhe preocupou por um momento pensando que ele havia se enganado quanto à forma dela gostar dele.

Gloria abraçou Mano com cuidado, tinha medo de machucá-lo. Em seguida ela uniu os lábios em outro beijo, desta vez bem mais demorado que o primeiro. Muitos outros beijos vieram depois deste, não souberam ao certo em que momento aconteceu mais antes que percebessem eles dormiam lado a lado com sorrisos estampados no rosto.


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