Muito Além de Mim escrita por Mi Freire


Capítulo 10
Conhecendo a família.




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Carregamos o Eliezer para dentro e o deitamos na minha cama. Ele só estava adormecido. Tanto é que tentei perguntar se ele estava bem ou se precisava de algo e ele apenas me respondeu com alguns resmungos indecifráveis.

— Você tem certeza de que não quer que eu fique aqui para ajudar? – Perguntou Andrew alguns minutos depois.

 — Não. Tudo bem. Ele só está bêbado. – Sorri e acabei o levando até lá em baixo. — Eu te ligo mais tarde.

Nos beijamos e ele se foi.

Não saí de perto do Eli nem por um segundo com medo de que ele acordasse surtado ou vomitasse em si mesmo e no meu colchão. Fiquei olhando para ele por um bom tempo. Ele estava roncando e babando. E se mexia algumas vezes e falava coisas sem sentido.

Aproveitei para escrever um pouco enquanto ele dormia e mais tarde, quando a fome começou a bater, eu resolvi sair para comprar algo, pois já não estava mais aguentando e nós raramente tínhamos algo para comer por ali. Passei na farmácia também e comprei alguns remédios e só então voltei para casa e tentei acorda-lo de uma vez por todas.

É claro que ele protestou um pouquinho, igualzinho um adolescente que pede só mais dez minutos de sono para a mãe antes de ter que levantar para ir à escola. Mesmo quando se sentou, percebi que ele estava muito mal ainda. Então eu dei uns comprimidos a ele e o ajudei a entrar de baixo do chuveiro para uma ducha morna.

— E agora, você se sente melhor? – Perguntei.

 Já eram quase sete horas da noite e nós estávamos “almoçando”.

Ele fez uma careta.

— Estou mais envergonhado do que qualquer outra coisa.

— Você ao menos se lembra de alguma coisa?

— De algumas coisas, sim.

— Então, desembucha. Me explica melhor essa história, porque sinceramente, eu não entendi quase nada.

— Ah, não. Não vamos falar sobre isso nem tão cedo. Estou um caco, Nina. Não sei nem como vou trabalhar amanhã ou ir a aula.

— Tudo isso por causa do... Fernando?

— Ele é um babaca!

— Mas porquê? Você precisa me contar! Ou vou morrer de curiosidade.

Ele revira os olhos e termina de mastigar sua comida.

— Bom, basicamente, estava eu lá de boa na festa de ontem, curtindo com um pessoal novo quando recebi uma mensagem dele perguntando onde eu estava. Eu não menti e contei. Então, ele perguntou se poderia me encontrar. Eu respondi que tudo bem se era o que ele queria. Depois disso não sei o que deu em mim, de repente fiquei muito empolgado, muito ansioso. Desejando que ele chegasse logo para a gente curtir a festa juntos, beber à beça e dar uns amassos. Queria que tudo mundo visse o quanto eu era feliz e queria que todo mundo conhecesse o cara com quem eu estava ficando, apesar de não ser nada muito sério. Eu não sei! Era como se eu simplesmente quisesse provar para todo mundo que eu também tinha alguém especial ao meu lado. Uma necessidade absurda de provar algo que eu nem sabia direito o que era.

— Você não acha que tudo isso aconteceu porque... Você está gostando dele pra valer? De um jeito que nunca gostou de outro cara antes...

— Não! Não é isso. Eu só estava muito bêbado. Em outra vibe. Nem sei o direito o que deu em mim. O que sei é que eu não sou assim. Eu, normalmente, não preciso de ninguém, não gosto de depender de ninguém, não entrego minha vida a qualquer um e não sou de me exibir ou me mostrar.

— O.K. Já entendi, Eli. Você não é do tipo que se apaixona e blá blá blá. Voltando... E aí ele não apareceu, foi isso?

— Sim. Exatamente! Eu fiquei esperando, o tempo todo olhando para o celular, olhando em volta, tentando encontra-lo em alguma parte e ele não apareceu. Não me mandou nada. Não explicou o motivo. E quando me dei conta de que ele não iria aparecer, eu fiquei arrasado. Comecei a beber além da conta, louco para provar para mim mesmo que tudo isso era bobagem. Eu não precisava dele para me divertir e deu no que deu. Perdi minha chave e sabe-se lá mais o quê. Não me lembro mais de nada depois daí. Quase nem achei o caminho de casa. A sorte é que o Noah e o Mason me encontrar e me trouxeram para cá.

— Poxa, Eli. Eu sinto muito...

— Que seja. Agora me conta você, espertinha. Você e o Andrew saíram tão cedo da festa. – Ele observou, com um sorriso malicioso. — O que vocês aprontaram, hein?

Contei tudo a ele. Não tinha porque esconder.

— Eca! Não acredito que você me deixou capotar nessa cama. – Ele se levantou depressa e eu ri de sua expressão.

Mais tarde, desci para dar uma caminhada e aproveitar o ar fresco. Acabei ligando para o Andrew, como o combinado.

— E como ele está?

— Um pouco melhor.

E continuamos a conversar até o momento em que tive que entrar correndo, pois começou a cair uma chuvinha fraca.

Na manhã seguinte, logo depois da aula, a turma se reuniu com os coordenadores para discutir sobre a festinha que iriamos organizar ao termino do curso. Com isso, acabei chegando trinta minutos atrasada no trabalho. Mas fiz questão de pedir uma declaração na secretaria para entregar ao Mr. Wilson e tentei explicar a situação toda a ele.

A cara dele não foi das melhores, mas ao menos ele não brigou comigo e nem me demitiu.

Acho que entendeu o meu lado.

— Ah, quase me esqueci. – Disse Josh em inglês ao se aproximar de mim. — Seu namoradinho deixou isso para você.

Ele me entregou uma folha dobrada.

Acho que era uma cartinha. Não sei. Pensei em deixar para abrir mais tarde. Quando eu saísse do trabalho.

— Eu não sabia que você tinha um namorado. – Não notei que ele ainda estava ali, me olhando de maneira curiosa. — E não sabia que os caras de hoje em dia ainda escreviam cartas.

Não pude deixar de notar o tom de deboche.

— Pois é. Parece que nem todos os caras são iguais. Alguns são melhores que os outros.

— Não é esquisito para você? – Ele continuou. — Que ele seja tão sentimental ao ponto de ainda escrever cartas? É tão patético. Coisa do primário. Então, porque ele não te liga e te diz tudo que tem para dizer? Ou, sei lá, espera para te dizer pessoalmente?

— Na verdade, eu adoro que ele seja romântico a esse ponto. Hoje em dia as pessoas são tão vazias. Vivem inventando desculpas, dizendo estarem ocupadas... que mal têm tempo para escrever um bilhetinho, uma carta, o que for. Sabe, as vezes esses pequenos detalhes fazem toda diferença. Mostra o quanto ele se importa. E além do mais, é o jeito dele. Uma característica dele que eu valorizo muito.

— Hmm, então você gosta de caras românticos e afeminados?

— Olha, Josh, eu não vou discutir esse tipo de coisa com você. – Às vezes ele me dá nos nervos. — E o que eu gosto ou deixo de gostar nem é da sua conta mesmo.

Passo o resto do meu dia pensando na audácia do Josh de debochar do Andrew. Até agora não consigo entender o que ele tem a ver com tudo isso. Sem contar que acho ridículo da parte dele julgar toda essa situação sem ao menos conhece-la, sugerindo que caras românticos sejam afeminados.

Afinal, o que uma coisa tem a ver com a outra?

— Josh contou que seu namorado te escreve cartinhas de amor. – Comentou Judy mais tarde, rindo também.

Olhei para Sydney para saber se ela também iria rir de algo tão simbólico e especial, mas ela não riu. E ela comentou, mais tarde, que achava fofo homens românticos.

Basicamente choveu o dia inteiro e o resto da semana também.

Resolvi dormir na casa do Andrew no sábado. Nós passamos o dia inteiro juntos, comendo, vendo filmes e conversando. Ele acabou dormindo quase que imediatamente, mas eu não. Estava com dificuldades, pois a chuva lá fora só parecia aumentar. Com raios, relâmpagos e trovões.

Apesar de tudo, eu não tirava os olhos da janela. Lá fora estava tão escuro quando aqui dentro. De repente houve um grande estrondo e eu tremi, me encolhendo toda.

— Você está com medo? – Ouço a voz rouca do Andrew no meu ouvido.

— Desculpa se eu te acordei, é que...

— Não, tudo bem. – Com jeitinho ele me virou de frente para ele e segurou a minha mão. — Vamos conversar, então. Quem sabe assim você se distrai e esquece um pouco a tempestade lá fora.

Sorri, agradecida.

— Me fala sobre seus ex-namorados. Acho que nós nunca conversamos sobre isso antes.

— Acho que não é um assunto que valha a pena.

— Eu discordo.

— O que você quer saber especificamente? Eles eram todos uns babacas. Não durou muito. E eu nunca sabia qual era o problema. Mas sempre achava que era a culpada de alguma forma, por não feito tudo que podia, por não ter me esforçado, por ter me apaixonado rápido demais...

— Se eles te faziam se sentir que não era suficiente e que não fazia o bastante, eles com certeza eram uns babacas. Porque eu não conheço ninguém melhor do que você.

— Você só diz isso agora, bobo. Só estamos no comecinho. Nunca se sabe o que vem depois.

— É verdade. Mas o que eu sei é que se acabar não dando certo por algum motivo, a culpa nunca será só sua. Será de nós dois. E eu jamais gostaria que você pensasse que não fez tudo que podia, porque você fez. Você faz.

Eu não penso muito no que virá depois. Porque, um dia, eu já fui assim, de fazer mil planos, idealizar mil coisas, criar altas expectativas e por fim não resultou em nada. Então, eu tenho tentado evitar ficar pensando no que eu gostaria que acontecesse, porque nós sabemos que a vida não é assim.

Mas eu sei que com certeza quero passar muito tempo ao lado do Andrew. Não sei como, não sei de que forma, mas é tudo que eu desejo: estar com ele não importa o jeito.

— Sua vez: como eram suas ex-namoradas?

— Eu não tive muitas. Duas no Brasil. A primeira um amor bobo, daqueles inocentes e imaturos. A segunda não deu certo, porque eu tinha muito planos e ela nenhum. E eu acabei vindo para cá, para a Austrália e achei que foi melhor assim. Porque ao que parecia ela nunca queria nada. Ao chegar aqui, fiquei muito tempo focado nos estudos, no trabalho e na minha nova vida. Conheci algumas garotas, mas não foi nada muito sério. Só alguns beijos e alguns amassos, até que...

— Eu apareci. – Completei, sorrindo feito boba.

— É, você apareceu. – Acho que ele sorria também. — Eu não estava esperando. Nem sou muito de pensar nisso. Sempre acho que quando tiver que acontecer, vai acontecer. E aí eu vi você e foi algo instantâneo. Eu me apaixonei. E quando dei por mim só conseguia pensar nisso. Só pensava em te ver, tentar saber mais de você.

— Eu senti a mesma coisa. Por um momento, nem acreditei que era real. Pensei que era só coisa da minha cabeça. Porque você era bonito demais, educado demais, sorria demais. E essas coisas não acontecem comigo o tempo todo, por isso tive medo. Por isso eu tentei fugir.

— Mas você sabe que não pode fazer isso sempre, né? Fugir não é legal. Você precisa viver, precisa se jogar mais, se permitir. Mesmo que doa, mesmo que machuque. Você tem que esquecer o passado e focar mais no futuro, no que você quer, no que você deseja.

— Nesse momento, tudo que eu desejo e quero é você. – Me aproximo e enrosco meu corpo ao dele. — Acho que você é a primeira pessoa que eu realmente quis que me amasse.

E eu o beijei, desesperada. Tive que receio que mesmo que por um segundo eu tivesse estragado tudo que ia tão bem entre nós com esse papo de “Eu te amo e você me ama”. Por isso, eu beijei. Não estava preparada para ouvir o que ele tinha a dizer. Se já me amava o quanto eu o amava ou se ainda não estava pronto para dizer.

Nunca fui a favor de dizer só por dizer ou de dizer porque se viu na obrigação de dizer. Quero que ele diga quando quiser dizer, quando se sentir preparado e que seja de coração, que seja verdadeiro mesmo que isso demore milênios.

Ainda chovia forte lá fora, mas isso já não me importava mais, nem me assustava. Porque eu estava nua nos braços do homem que eu amava. Sim, eu já o amo. E só não vou dizer isso agora para que ele não se veja na obrigação de dizer de volta para provar algo.

Algumas pessoas podem achar que é cedo demais para ter certeza de algo assim. Mas acontece que não existe tempo certo para esse tipo de coisa. É só questão de amar ou não. E essa é minha história, é o que vivo o que sinto. Eu, mais do que ninguém sei o quanto estou certa disso.

Quando me virei de lado para finalmente dormir, Andrew me abraçou por trás e beijou rapidamente meu pescoço.

— Eu te amo, Nikolina. Amo tudo em você. Seu corpo, seu cabelo, sua voz, seus olhos, suas mãos, sua pele, seu perfume. Eu amo tudo. Amo até mesmo o seu nome que você tanto detesta.

Eu não poderia ter dormido melhor aquela noite.

**

Nossas aulas de natação continuaram uma vez por semana no Clube e eu estava cada vez melhor naquilo.

Nossos encontros durante a semana eram curtos e rápidos. Quase inexistentes devido aos meus estudos, meu trabalho e o trabalho dele no aquário. Mas sempre que podíamos ligávamos ou trocávamos mensagens. Ou ele me deixava um bilhetinho, uma cartinha ou um cartão postal.

Eu guardava tudo em uma caixinha em baixo da cama. 

Nós sempre nos encontrávamos aos finais de semana. Ou ficávamos na casa dele de bobeira ou saímos para fazer um programa diferenciado: desde ir à praia em um dia de sol a uma pequena viagem por lugares exóticos que eu ainda não conhecia.  

Eu estava mais próxima de seus amigos, já me sentia praticamente como se fosse parte deles: o clube dos meninos. E o Andrew já tratava o Eli como um irmão.

O Eli e o Fernando ainda estavam brigados. Eles não se falavam e mal se olhavam, mesmo durante as aulas. Eu realmente não sei qual é a desses dois. Mas ouso dizer que são loucos um pelo outro. Esse tipo de coisa não dá nem para disfarçar.

Tudo que eles precisam agora é de tempo para lidar com isso.

Judy está mal-humorada ultimamente. O relacionamento que ela botava toda sua fé não deu certo. O cara acabou a trocando por outra. E ela tem descontado todo o seu desapontamento em mim.

Judy acha que Andrew e eu não vamos dar certo por muito tempo porque somos perfeitinhos demais.

É verdade que ainda não brigamos por nenhuma razão, nem mesmo por um motivo bobo. O que ela não entende é que estamos no comecinho ainda, nos esforçando ao máximo para manter tudo em ordem e sem contar que ainda estamos nos conhecendo. A cada dia descubro algo novo sobre ele.

Sem contar que o Andrew é muito esforçado, muito paciente e tranquilo. Ele não é ciumento ao extremo, não fala bobagens desagradáveis, não gosta de discutir ou de criticar negativamente tudo. E eu também sou super de boa, jamais sairei soltando os cachorros por pouca coisa.

E que mania chata essa de acharem que todo casal precisa de brigas para se manterem fortes ou de ciúmes para mostrar que se importam um com outro. As pessoas são diferentes. Os relacionamentos são diferentes. Não dá para esperar que seja sempre tudo igual.

Tudo tem seu tempo.

Josh está cada vez mais insuportável. Ele resolveu que agora vai pegar no meu pé e ficar debochando de mim sempre que pode. Mas até parece que me importo tanto assim já que ele não é ninguém tão importante. Só pensa que é.

Sydney é um amor comigo e com todos, até mesmo com Josh. Ela conheceu um cara novo, mas não está tão esperançosa quanto a isso, porque acha que ele não é tão parecido com ela em vários aspectos. E ela me apoia e me ajuda sempre que pode. Vive dizendo para eu não dar ouvidos a Judy.

— Ela tem inveja de você. – Diz ela, com convicção.

**

Cheguei as três horas na casa do Andrew no sábado. Ele estava sentando na cozinha, com o notebook apoiado na bancada. Ao que parecia ele estava conversando em vídeo com alguém pelo Skype. Então, nem ousei a chegar muito perto ou fazer muito barulho.

Apenas subi e deixei minhas coisas no quarto dele. Eu já me sentia como se fosse de casa.

— Ei. Nem vi você chegar. – Ao me ver ele abriu um sorrisão. — Vem cá. Vem conhecer a minha família.

Fiquei choque.

Conhecer sua família? Mas já?

— Vem! Minha mãe está louca para te ver. Já falei tudo sobre você para ela. – Ele comentou, iluminado.

Me aproximei com cautela.

E lá estava ela: sua mãe. Por vídeo eu não podia ter certeza de muita coisa, mas notei que ela já tinha os cabelos grisalhos em um corte curto e moderno. Sua pele clara, porém, já cheia de marcas de expressão e algumas ruginhas. Olhos muito escuros e expressivos. Um sorriso largo e branquinho.

— Mãe, essa é a Nina. Minha namorada. Nina essa é a minha mãe, Célia.

— Oi. Prazer, Dona Célia. – Sorri timidamente.

— Eu sempre soube que meu caçula tinha um bom gosto. Olha só para você. Tão linda! E esses cachos maravilhosos?

Andrew sorria para mim. Parecia orgulhoso.

E agora? O que eu digo? O que eu faço?

— Max! – Ela se virou e gritou. — Vem ver a namorada do seu irmão.

Não demorou muito para surgir uma figura masculina no cantinho da tela. O tal Max. O irmão mais velho do Andrew. Eu já tinha o visto em algumas fotos. Andrew me disse que ele não era muito fã de fotos, por isso tinha tão poucas. Mais de quando eles eram menores. E agora eu estava o vendo cara a cara.

Andrew e ele não eram nenhum pouco parecidos fisicamente. Andrew tem um rosto lisinho e um cabelo todo arrumado, com um topete despojado e moderno. Já o Max tem o rosto coberto por uma barba escura e cabelo na altura do pescoço, todo desalinhado, mas que parece combinar perfeitamente com ele e seu estilo de lenhador rockeiro.

Max não disse nada. Nem mesmo sorriu. Me olhou de uma maneira indecifrável que fez eu me sentir muito estupida e diminuída e depois saiu de cena. Foi esquisito, ao menos para mim. Mas esse seu comportamento parecia muito natural para o irmão mais novo e sua mãe que não disseram nada e continuaram a conversa normalmente, tentando me incluir ao máximo.

Não consegui parar de pensar naquilo pelo resto do dia.

O que será que o tal Max tinha achado de mim? Me detestou? Me achou uma aproveitadora? Muito patética? Infantil? Eu não sei dizer. Célia, sua mãe, me amou. Posso dizer que isso não era o que eu totalmente esperava. Ela me fez várias perguntas, puxou conversa e me contou histórias de família. Um pouco antes de terminar a conversa, ela disse que estava ansiosa para o nosso primeiro encontro.

— Não se assuste com a minha mãe. Ela é assim, toda espontânea. Diferente do meu irmão. Você viu? Ele é um idiota. Nem te disse um Oi, mas relaxa. É o jeitão dele.

— Eu gostei da sua mãe. Ela parece tão boa quanto você me disse. Estou ansiosa para vê-la pessoalmente também.

— Eu adoraria que isso acontecesse logo, mas eu não sei quando volto ao Brasil. Nem sei se quero voltar. Nós nunca conversamos sobre isso, né? Mas quem sabe ela vem nos visitar aqui.

Eis que surge o primeiro problema: Andrew não pretende voltar ao Brasil. E eu não vou ficar aqui na Austrália por muito tempo. Eu vim mais pelos estudos e pela experiência. Mas não pretendia ficar para sempre.

Como ele mesmo observou nós ainda não tínhamos parado para conversar sobre isso, mas percebo nesse momento, que talvez seja hora de tocar no assunto. Pois pode ser que no futuro haja certas complicações.

E o nosso futuro pode estar em risco. 


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Notas finais do capítulo

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