POV's Lydia

Os seus lábios quentes tocaram os meus, e eu senti uma coisa estranha, o meu coração começou a acelerar, os meus dedos começaram a formigar, e eu não conseguia parar de beija-lo, eu precisava dele.

Stiles tirou uma das mãos do meu rosto e pousou ela em minha cintura, eu joguei a xícara que segurava em qualquer outro lugar, e pus minhas mãos em seus cabelos... Eu sabia que o que estava acontecendo era apenas um descuido, e que nunca mais eu voltaria a beijar aqueles lábios, mas eu não me importava; aqueles lábios finos tocavam os meus agora, e eu só queria que aquele momento não terminasse.  

Minhas mãos corriam pelo tórax despido de Stiles, pude sentir a sua pulsação acelerada, o seu corpo era quente, assim como o seu beijo; as suas mãos passeavam sobre as minhas costas e cintura.

Ele separou um pouco o seu rosto do meu, para podermos respirar, e sussurrou:

"Isso não podia está acontecendo..."

"Eu não me importo!" falei e grudei os nossos lábios novamente. 

O que eu estava fazendo? Eu sabia que ele poderia se afastar de mim novamente... mas aquele beijo era mil vezes melhor, que qualquer coisa que pudesse acontecer.

"Lydia..." disse entre beijos "Eu não posso fazer isso." disse nos separando e recolhendo suas coisas o mais rápido que pode, e saiu pela porta sem nem olhar para trás.

Eu não ia deixar isso acontecer, pelo menos não hoje. Eu sabia para onde ele estava indo, e iria atrás dele, não suporto mais isso. 

POV's Stiles

O que eu estava pensando? Eu não podia beijar a Lydia daquela forma e depois sair correndo como um covarde; eu não podia brincar com os sentimentos da única pessoa que conseguia me tirar da inércia que se tornou a minha vida, eu simplesmente não podia.

Eu precisava pensar, pensar no porquê daquilo ter acontecido e o por quê de eu não pensar mais na Malia como antes. Eu só conseguiria colocar a minha cabeça em ordem em um lugar: o nosso lugar.

Dirigi o mais rápido que pude, ainda chovia, porém a tempestade havia amenizado. Demorei poucos minutos para chegar naquele monte que eu tanto conhecia. A chuva havia parado de cair, mas o céu ainda continuava totalmente escuro, apesar de já está amanhecendo. 

Me sentei em uma pedra qualquer e coloquei as mãos na cabeça. Eu tinha beijado a Lydia, por que?

Era uma tarde de inverno, fazia frio, ela comia alguma coisa que eu não sou capaz de lembrar, talvez uma maçã ou um cacho de uvas... Ela tinha cortado seu cabelo pela primeira vez, tinha deixado repicado nas pontas, mas ainda parecia a mesma Malia de sempre. 

Nós conversávamos sobre os lugares que queríamos ir, ela queria viajar para Londres: porque para ela, a neve de lá era mais bonita, apesar de nunca ter visto. Eu queria ir para o Egito, para ter certeza de que existiam mesmo aquelas pirâmides.

"A gente podia ir para a Flórida, parece ser um lugar legal"

"É... pode ser." disse me abraçando mais apertado por causa do frio.

"Mas alguma sugestão?" perguntei enquanto apertava ela mais ao meu corpo.

"Qualquer lugar que você quiser ir, eu vou está sempre com você."

"Você promete que não vai me deixar para ficar com um jogador de lacrosse de 2 metros de altura?"

"Eu prometo só se você me prometer não me trocar por uma garota normal"

"Eu nunca trocaria você por ninguém" disse e ela sorriu, o maior e mais bonito dos sorrisos.

Enquanto pensava em um milhão de coisas de uma vez só, sentir que alguém tocava o meu ombro esquerdo; olhei para os dedos finos e as unhas pintadas de vermelho que eu já havia visto tantas vezes: Lydia.

Ela se sentou ao meu lado, e pôs uma de suas mãos em cima de uma das minhas, eu apertei e resposta. Ela sorriu de lado e me encarou.

"Eu tinha cinco anos quando a conheci" comecei, e ela não interferiu "Ela também tinha a mesma idade, e estava no orfanato a mais tempo... Ela se tornou minha amiga, minha melhor amiga" eu dizia e Lydia apenas prestava atenção "Ela era linda, incrivelmente linda tinha os cabelos dourados e os olhos de um castanho inimaginável, ela poderia parecer normal para as pessoas, mas para mim ela era a mais linda..." 

Senti Lydia apertar minha mão, como um apoio silencioso.

"...Eu apresentei esse lugar para ela aos 13 anos, ela gostou tanto dele, que o apelidou de 'nosso lugar', era aqui que ficávamos quando fugíamos do orfanato, era aqui que nós conversávamos e era aqui que nós nos beijamos pela primeira vez, e foi aqui também que eu a perdi." falei baixo a ultima parte "A Malia era esperta e tinha o maior extinto aventureiro que eu conheço, ela era a pessoa mais corajosa e a mais doida... Mas, quando ela tinha 13 ou 14 anos ela teve a sua primeira crise, e descobrimos que ela tinha uma doença: bipolaridade depressiva.

"Oh, Stiles"

"Ela tentou se suicidar diversas vezes, em todas as crises ela tentava se machucar, cortar os pulsos ou arrancar os cabelos... Ela se culpava por ter sido abandonada, e culpava os outros por coisas que ninguém havia cometido, ela gritava e chorava..." deixei uma lagrima cair sobre o meu rosto.

Lydia passou a mão sobre minha bochecha, e deitou a cabeça no meu ombro.

"Eu conseguia lidar com as crises, mas ela parecia sofrer cada vez mais... Fui expulso de três colégios porque faltava as aulas para estar com ela, pois ela não podia estudar em uma escola comum...  Nós fazíamos planos, viajar pelo mundo, viver sem precisar de ninguém, só um do outro; Até uma noite, em que estávamos aqui, como vários outros dias, eu finalmente tinha tomado coragem, tinha pedido ela em namoro e ela havia aceito, estávamos felizes, faltava apenas um ano e então poderíamos sair dessa cidade inútil! Nós iriamos viver longe daqui! Mas... no outro dia quando eu acordei..."

Falei um pouco tonto por lembrar de tudo aquilo de uma vez.

"Quando eu acordei... ela não estava mais aqui, ela tinha ido embora, na verdade eu não sei qual das Malias decidiu ir... ela deixou uma carta no para-brisa do meu jipe. Uma carta suicida... E depois desse dia, eu nunca mais a vi... Não sei o que aconteceu com ela..."

"Desculpa Stiles, mas eu não posso mais conviver com isso, a minha cabeça está uma loucura, e isso está me deixando mais doente que o comum. Desculpa mesmo, a ultima coisa que eu queria era te machucar, eu te amo, muito mesmo, mas não posso continuar vivendo uma vida que não é cem por cento minha. Eu quero que você seja muito feliz e que consiga encontrar alguém que te ame tão profundamente como eu amei, não quero ser a causa da sua tristeza, mas tenho que fazer isso, não só por mim, mas por você também, você não merece viver ao lado de uma pessoa como eu, você merece mais, Stiles, muito mais.
Desculpa.
Daquela que será sempre sua e que te ama muito. Malia."

"...Mas ela não sabia, que quando fosse embora, levaria não só a pessoa que eu mais amava, mas levaria a pessoa que eu era. O Stiles que era feliz, que sorria ao vê-la, o Stiles alegre que amou ela até o ultimo segundo. Quando ela foi embora ela deixou apenas esse Stiles, o vazio, que não tem nada dentro do peito... o Stiles que não foi o suficiente para fazer ela ficar. Foi esse Stiles, Lydia, que ficou aqui" disse olhando para ela que levantava a cabeça e me abraçava de lado.

"Stiles..." começou baixinho "Você não é bipolar, você é um só, o Stiles que brigou comigo na primeira oportunidade, mas que me salvou de um louco também na primeira oportunidade, o Stiles que é meu amigo e que me faz sorrir de coisas idiotas... O Stiles que conversa coisas aleatórias comigo, e que faz perguntas sem sentido, o Stiles que confia em mim, e o Stiles que eu confio." ela falou e eu o olhei alarmado. "Não existe outro Stiles, Malia não levou nenhuma parte sua, essa parte só se perdeu dentro de você"