Pov. Mikuo

Não.

Eu não queria sair de casa. Não queria ir a aquele “encontro” com Meiko. Só queria ficar em casa, vendo séries, debaixo do cobertor, comendo pipoca.

 Pelo menos ele iria lá. Só que não comigo, infelizmente, e sim com a vadia da Yuzuki Yukari. Ok, eu exagerei. Não tenho nada contra ela, mas quando o assunto envolve Luki, me desculpe...

Vesti uma roupa bonita, nada formal, mas eu acho que estava bonito. Uma camiseta branca com uma jaqueta preta por cima, calça jeans e um par de all-star nos pés.

Avisei minha mãe que ia sair e fiquei esperando Luki em frente da sua casa. Este em poucos minutos chegou. Bem, ele estava lindo, mas acho que eu sempre o descrevo assim, não? Nós fomos a pé até a casa de Meiko, onde ela junto com sua amiga nos esperavam. Toquei a campainha.

— Mikuo-kun! Luki-kun entrem! — Exclamou. Miku já tinha me falado uma vez que os pais da Meiko são bem liberais, então a casa dela servia de palco para as grandes festas da escola, mas eu nunca tinha ido a nenhuma delas, por mais que ela já tivesse me convidado. Admito, sou um pouco antissocial...

O lugar era grande, menor que minha casa, mas, mesmo assim grande. Ela nos guiou até uma porta que deduzi ser o quarto dela. Meiko abriu a porta.

— Ainda não terminou de fazer essa chapinha, pessoa? — Falou a morena para a amiga que estava sentada em sua cama, de costas para nós.

— Eu não tenho cabelo curto igual a você, poxa. — Deu a impressão que ela queria falar “porra”, mas isso ia contra sua política.  — São eles que chegaram?

— Sim. — Afirmou — E eles estão atrás de você...

A com cabelos roxos pareceu levar um susto de repente.

— O-Oi gente, t-tudo bem? — Falou baixinho.

— Oi!— Exclamou Luki.

— Tudo e você? — Digo gentil.

— Tudo... — Responde, e não fala mais nada.

— Ela é tímida, gente, mas fiquem tranquilos que depois ela solta a franga! — Disse a Meiko, Yukari ficou calada.

Nós então decidimos deixa-las terminarem de se arrumar, tentei puxar assunto com Luki, mas ele parecia mais interessado em ouvir a conversa das meninas, por trás da porta, do que em falar comigo.

— Você é uma péssima amiga, sabia? — Era a Yukari.

— Desculpe Yuka-chan, mas a irmã dele falou que ele não viria se o amigo não viesse junto! E você é minha melhor amiga, não sabia que ia achar ruim...

— Você sabe que eu também gosto dele...

— É que você não costuma falar sobre garotos, e do jeito que você tinha falado dele, eu pensei que você só o achava bonito...

Eu corei ao notar que elas estavam falando de mim. Meu amigo percebeu.

— Já pensou em fazer um harém? — Ele riu.

— Você... Não está bravo pela Yukari não gostar de você?

Ele soltou uma risada irônica.

— Eu? Sério? A única coisa que eu queria era fazer você desencalhar... — Disse.

Eu não me importo em desencalhar, posso te usar para isso?

Ia responder algo, mas as meninas chegaram.

— Vamos? — Perguntou Meiko.

~~*~~~

Nós chegamos a um restaurante no centro da cidade, jantamos e conversamos tudo bem divertido, em uma determinada hora, Meiko me chamou para conversar em um lugar mais privado.

Decidimos andar na rua um pouco, não que eu gostasse muito da ideia de deixar Luki sozinho com Yukari, mas se ela não gostava dele então...

— Mikuo, tem uma coisa que eu queria falar, faz um tempo.

— O que é? — pergunto, embora uma parte de mim já soubesse o que ela iria falar.

— Eu estou gostando de você.

Ela foi para minha frente, tínhamos a mesma altura, talvez eu fosse um pouco mais alto, suas mãos seguraram meus ombros e ela ficou me encarando.

— Mais do que isso! — Ela continuou — Estou apaixonada por você! Acho que você já tinha percebido, mas enfim, se você aceitar, eu gostaria de ser sua namorada. — Ela sorriu inocente.

Eu fiquei quieto, não gostava dela daquele jeito, claro, mas não queria magoa-la. Queria falar isso para ela de um jeito que não a chateasse.

Percebi que ela estava prestes me beijar. Ela estava perto, muito perto mesmo, quando seus lábios tocaram os meus, a empurrei, sem força, só para afasta-la.

— Meiko, me desculpe, mas não posso. Já tem uma pessoa que amo, e muito...

Ela ficou triste, obviamente, não é nada legal levar um fora.

— Prometa uma coisa para mim então — Forçou um sorriso. — Se declare para essa garota, não desista dela, de jeito nenhum. Ela tem sorte de ser importante para você...

Meiko se virou para frente, e voltou a andar.

— Meiko, espera...

Ela olhou para trás.

— Eu prometo... — Ela sorriu novamente, mas dessa vez não pareceu forçado.

Continuamos caminhando em um silêncio confortável. Até que eu resolvi falar quem era a “tal garota”.

— E se... Aquela garota, não for uma menina...? —Murmurei.

De principio ela franziu a testa, logo, sorriu compreensiva.

— Você...

— Sim, eu sou... — Não completei a frase, apenas dei um sorriso fraco.

— É o Luki, não é? — Fiquei vermelho — Espero que fiquem juntos, formariam um bem casal bonito! — Falou com sinceridade.

Voltamos para onde Luki e Yukari estavam.

— Yuka, — Disse ela — Vamos voltar para minha casa?

A menor assentiu.

— Quer que a gente acompanhe vocês? — Pergunto.

— Não precisa! — A morena piscou para mim com o olho esquerdo.

— Luki, eu não estou afim de voltar para casa já, quer fazer alguma coisa?

 Ele concordou. Despedimo-nos das meninas e fomos até uma praça lá por perto. Sentamos em um banco e conversamos, ele me perguntou como tinha sido com Meiko. Eu respondi que ela havia se declarado para mim, e que havia tentado me beijar.

— E você? — Perguntou.

— Eu disse que não gostava dela do mesmo jeito que ela gosta de mim, só isso...

— Idiota. — Falou. — Você é muito idiota. Qual o problema em beija-la? 

O problema é você

— Eu não gosto dela, simples.

— Repetindo: Você é um idiota.

— Idiota é você... — Murmurei fitando o chão. — O idiota é você que não percebe o quanto eu estou apaixonado, por você! Desde os onze anos de idade!

— Mikuo... — Apenas disse meu nome.

Não aguentei e puxei a gola de sua camisa, beijando-o desesperadamente, como sempre quis. Ele não correspondeu.

Então me dei conta do que estava fazendo e me afastei.

— Você é mesmo um idiota, Luki Megurine.

Levantei-me e fui para casa.

~~*~~

— Mikuo, sai desse quarto... — Chamou minha irmã do outro lado da porta.

— Não. — Respondo simplesmente.

— Você não pode ficar aí para sempre!

— Posso sim! — Exclamo. — Ele deve me odiar agora...

— Ele não te odeia vocês são melhores amigos, ele nunca te odiaria... — Suspirou — Posso entrar, já que você não quer sair?

— Pode... — Digo baixo.

Ela abriu a porta e entrou.

— Será que ele nunca mais vai falar comigo?

— Mikuo, pare de agir feito criança, você tem quinze anos! Está parecendo uma criancinha de seis que acabou de brigar com o melhor amiguinho.

— Mas Onee eu beijei ele...

— Você queria isso, não queria? — Perguntou.

— Mas não desse jeito, eu imaginava que eu ia me declarar e ele não ficaria bravo, em choque, nem nada, achei que ele iria sorrir, dizendo que já sabia e que sentia o mesmo, só daí ele me beijaria.

— A imaginação prega peças, sei como é — Afirmou nostálgica, com algo que não entendi. — Mas, a vida real é diferente! Você tem que lutar para conseguir algo! Agora, faça a parte mais complicada e a que todos mais esperamos: — Pigarreou — Conquiste o Luki!