On the Edge of Paradise escrita por Jana


Capítulo 9
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Olá fantasminhas!
Boa Leitura!



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POV Guilherme

Acordei com o barulho de vozes. Liguei a tela do meu celular, eram 10h00min da manhã. Olhei para o lado: Jefferson roncava. Estava na casa dele, tinha passado o sábado aqui. Vinicius havia viajado com a família nesse fim de semana, então éramos só nós dois. Levantei e fui abrir a porta. O volume de vozes era maior que o normal. Andei pelo corredor que leva á sala e cozinha, quando parei. Estava cheio de pessoas. Dei meia volta.

— Bom dia Gui! – Fernando que vinha de seu quarto com uma espécie de um livro na mão, falou sorrindo.

— Bom dia Fe! Ei cara, não querendo ser metido, mas o que são todas essas pessoas aí?

— Ah o Jefferson não te avisou? Hoje é o aniversário da minha mãe, ela convidou alguns amigos e parentes para almoçar.

— Sério? Cala a boca! Que desgraça esse teu irmão! – Falei sério. Ele não tinha me dito nada, que vergonha! Ficar dormindo enquanto tinham pessoas ali, nem oferecer ajuda a dona de casa e muito menos trazer um presente á ela! Que mico! Mas pensando bem agora, ontem tive algumas dicas disso, que burro...

Flash back on

— Olá Gui! – Clara Dummel Fantini, a bela mãe de Jefferson e Fernando disse quando entrei na cozinha. Ela tinha um cabelo loiro liso no tamanho dos ombros, olhos azuis escuros, e traços finos assim como seus filhos gêmeos. Mexia umas panelas no fogão.

— Oi Sra. Fantini!

— Só Clara! – Falou cerrando os olhos em minha direção.  Dei uma risada. Jeff e eu éramos amigos desde pequenos, eu sabia muito bem que ela gostava que a chamássemos somente de Clara, ou tia Clara, fazia para incomodá-la. Ela sempre foi uma pessoa muito maravilhosa, sempre nos fazendo comidas gostosas, brincando conosco quando crianças, nos levando para sair quando crescemos. Uma mãe atenciosa, mas que ao mesmo tempo sempre soube dar espaço aos seus filhos. Fernando que ajudava sua mãe com a “sei lá comida” que faziam, riu comigo.

— Clara! – Falei rindo. Ela sorriu. –Tia Clara! – Completei piscando.

— Vocês brigaram e ele te expulsou do quarto? – Ela perguntou se referindo ao Jefferson e a quando éramos crianças. Brigávamos demais e ele sempre me mandava embora. A sorte minha era Dona Clara e suas ótimas brincadeiras.

— Não dessa vez! – Falei rindo. – Ele foi tomar banho. Não estava afim de ficar lá moscando por meia hora!

— Meia hora pra mais! – Fernando concordou comigo.

— É, esse menino me mata com tanta água e energia que gasta! – Ela concordou também e suspirou. – Sente-se aqui. Faremos companhia para ti. – Apontou para as banquetas na bancada.

— Que cheiro bom! É chocolate? – Perguntei chegando mais perto da panela. Confirmei minha suposição antes dela responder.

— É sim! Estamos fazendo uns doces para amanhã. – Ela respondeu sorrindo largamente.

— Que delicia! Posso lamber a panela? – Perguntei quando ela despejou aquilo sobre os morangos que Fernando tinha depositado em uma travessa. Ela gargalhou.

— Só se ajudar! – Fernando disse rapidamente.

— Ah por isso que você está aqui? – Perguntei divertido.

— É claro! – Me respondeu piscando. Fe era um cara super tímido e nerd. Jefferson e Fernando nunca se deram bem, por isso a gente não conversava muito. Mas nos poucos momentos em que eu estava longe de Jefferson e tinha a oportunidade de falar com ele, percebia como parecido com sua mãe ele era. Uma ótima pessoa.

— No que posso começar? – Falei soltando risadas nos dois.

— Não precisa. Você é visita, pode lamber de graça!

— Agora eu gostei! – Falei sentando na banqueta e pegando a panela e uma colher.

— Sempre achei isso muito injusto! – Fernando murmurou. Sua mãe riu. – Lembre-se bem que isso já foi usado contra você! – Os dois riram em uma piada interna.

— Como assim?

— Summer. – Os dois falaram juntos. Aquele nome me deu um arrepio na espinha. Ela era sobrinha de Clara, que sempre falou muito sobre esta. Sum era sua menininha, já que tinha dois garotos.

— Não sei se você lembra, mas Summer morou um tempo com a gente.

— Ah se lembro! – Falei fazendo cara de sofrimento. Eles riram. Aguentar Summer na escola sempre foi difícil, ter que vê-la na casa de Vini por causa da Barbie também, e então ela resolveu morar na casa do meu outro melhor amigo, era demais!

— Então... Antes disso sempre eu dizia que por ela ser visita podia lamber as panelas sem ajudar, e quando ela morava aqui ficou diferente né. As regras mudaram para ela.

— Tecnicamente. Pois ela sempre fugia. Assim como o Jefferson. Ou seja: sempre sobrava só para eu ajudar, e mesmo assim sempre os dois acabavam comendo mais do que eu. – Fernando disse magoado. Acabei rindo.

— E então quando ela disse que ia voltar a morar com a minha irmã, usou isso como uma das desculpas. “Ah, e eu quero voltar a poder lamber as panelas sem ter a obrigação de ajudar. Quero ser sempre uma visita!”. – Clara disse lembrando-se da situação. Rimos juntos. – Ela como sempre transformou um momento tenso em algo divertido.

— Summer sendo Summer! – Falei orgulhoso. Eles concordaram. Mesmo a gente nunca se dando tão bem eu sempre admirei isso nela, mesmo quando estávamos em uma situação tensa ela dava um jeito de deixar engraçado.

— Enfim. Isso sempre foi injusto. Porque não importa quem seja, ou como seja. Todos acabam não ajudando, somente eu. E todos acabam comendo mais, menos eu. – Fernando falou bicudo.

— Ai filho! – Clara falou rindo.

— Meu cara, queres essa panela aqui? – Perguntei entregando ela completamente vazia. Ele estreitou os olhos.

— Não obrigado!

— Fe! Porque não mostra pro Gui os álbuns da Summer? Tem vários que ela está suja de chocolate.

— Da Sum? – Perguntei animado.

— Sim! A única que não está aqui para proibir! – Ela disse rindo. – Aproveita!

— Boa! – Falei me levantando. Fui até a sala com o Fernando que me deu uns álbuns cor de rosas.

— Ela gosta desses álbuns? – Perguntei á Clara que podia nos ver da cozinha.

— Nenhum pouco. – Fe murmurou rindo.

— Ah, ela não curte muito a cor e desenhos da capa, e as fotos engraçadas dela pequena... – Clara respondeu tentando evitar dizer que de nada Summer gostava. Dei uma risada. E outras várias ao longo das páginas. Tinha umas realmente engraçadas dela suja de comida, com panelas na cara, toda suja brincando com os meninos. Fotos desde dela bebê até hoje. Desde pequena ela era realmente linda, aquele cabelo ruivo com trancinhas, aquelas sardinhas fofas que quando pequena não eram escondidas. Ainda me pergunto por que ela esconde aquelas sardinhas com maquiagem, são tão fofas. Os olhos verdes travessos, quase sempre ela estava aprontando nas fotos. Ou com poses extravagantes, mesmo quando pequena. Sua personalidade sempre a mostra. Acabei tirando fotos no celular em alguns retratos, para postar em seu aniversário ou usar contra ela.

— Adorei rever isso Clara! – Falei terminando mais um álbum.

— Cheguei querida. Está pronta? – Sebastian Fantini, o pai dos meninos chegou falando. – Clara! Ainda ta na cozinha? – Perguntou se aproximando dela.

— Ai, desculpa querido! Perdi a noção do tempo! Deixa-me terminar isso que me arrumo rapidinho!

— Pode ir se arrumar que eu termino pra ti mãe! – Fernando falou se levantando e indo para a cozinha. Levantei-me também.

— Oi meninos! – O Sr Fantini disse com um sorriso de lado.

— Não preciso querido! – Clara tentou argumentar.

— Pode deixar mãe!

— Deixa que o... Não pode ser o Jefferson querendo ajudar né? – Sebastian perguntou. Claramente confuso pois era o Fernando que estava comigo, não o Jefferson. Rimos. Ele diferente da mãe ainda hoje tinha alguns problemas para diferenciar os filhos. Mesmo que hoje em dia eles estejam completamente diferentes a meu ver. Além da personalidade distinta desde novos, o visual deles demonstrava muito quem eram.

— Com certeza não! – Fernando respondeu ao pai enquanto tirava as coisas da mão de Clara.

— Certo. Então vou me arrumar para sairmos. – Sra. Fantini disse dando um beijo no marido e indo para o quarto.

— Acho que vou apressá-la. Se não, não chegaremos hoje ao restaurante. – Ele falou seguindo ao quarto também. Eu e Fernando rimos. Sebastian era um homem sério, apesar de ser quieto como Fernando dava pra ver que sua personalidade era muito mais parecida com a de Jefferson, gostava de estar no controle. Já Fernando por debaixo da timidez era amável como a mãe.

— Você quer ajuda? – Perguntei.

— Não precisa. Obrigado cara!

— Aí está você! – Jefferson apareceu logo depois.

Flash back off

— Eu ia mesmo acordar vocês. A mamãe pediu. – Fernando falou timidamente.

— Boa sorte para acordar seu irmão! – Respondi rindo. Segui com ele para dentro do quarto. Depois de muito esforço conseguimos acordar Jeff.

— Cara por que não me avisasse que hoje era o aniversário de sua mãe? – Perguntei dando um soco sem seu braço.

— Porque não lembrei ué!

— Novidade. – Fernando disse e saiu do quarto.

— Babaca! – Falei trocando de roupa.

— Ah não se esquenta. Veste uma roupa legal, fica cheiroso porque tem primas gatas hoje aqui. – Ele disse com uma cara de safado.

— Primas gatas? – Senti meu coração batendo logo que pensei em Summer. – Tipo Summer?

— Naah! – Resmungou. – Quer dizer, ela também vai vir. Mas não me refiro á ela, e sim á minhas primas do Oeste. – Ele falou sorrindo. O avô materno dele era do Oeste do estado, bem do interior, e eu lembrava vagamente das primas dele. Só sei que eram muitas, e Jefferson sempre voltava das férias falando de como eram lindas.

— Pelo menos algo bom! – Falei rindo.

Depois que terminamos de nos arrumar, e Jefferson pedir para o Fernando arrumar alguma coisa para gente comer no quarto, fomos para fora. Segui Jefferson cumprimentando as pessoas.

— Feliz Aniversário tia Clara! – Falei a abraçando depois de Jeff. – Desculpa por não ter nenhum presente, seu filho esqueceu-se de me avisar que era o seu aniversário! – Olhei atravessado para o Jeff, que riu e cumprimentou alegremente uma mulher bonita ao seu lado.

— Obrigada querido! Que isso! Não precisa se preocupar! – Ela sorriu verdadeiramente.

— Eu não aceitava assim fácil mana! – A mulher que Jeff cumprimentara - idêntica á Clara um pouco mais jovem e extravagante - disse. Reconheci como a mãe de Summer. Minha respiração parou. Sorri para ela.

— Não deixe o menino envergonhado Clarice! – Clara respondeu a irmã rindo.

— Guilherme envergonhado? Pelo o que eu saiba esse é um dos mais sem vergonhas. – Ela respondeu piscando. Dei uma risada nervosa.

— Só não ganha de mim titia! – Jeff falou se achando. Revirei os olhos. Só não falava nada, pois estávamos em frente á sua mãe, tia e mais outras mulheres estranhas.

— Imagino que não meu lindo!

Continuamos andando.

— Minha tia é mais bonita que minha prima não é? – Jeff perguntou depois de um tempo. Olhei para trás. Ela estava com uma camisa branca com um decote profundo, uma saia justa azul brilhante, e um casaco cinza nos ombros. Tinha um corpo lindo. Mas ainda assim sua filha era mais bonita. Tudo em Summer era chamativo sem que ela se esforçasse, mesmo que ela estive usando uns trapos seria linda. Preferi ficar quieto.

— Olá Vovô! – Jefferson disse abraçando um senhor mais velho sentado na varanda.

— Jefferson! – O senhor disse o abraçando de volta. Lembrava um pouco dele de quando era criança. Fazia uns bons anos que ele tinha se mudado para sua terra natal, depois que sua esposa morrera. Eu lembrava menos ainda da avó dos meninos, sabia que ela fazia doces maravilhosos assim como Clara, que aprendeu tudo com ela.

— E você é o Jones?

— Não Senhor, Guilherme Johnson! – Respondi o cumprimentando. Ele se referia ao Vinicius. Obviamente devia lembrar de mim tanto quanto eu dele. Por isso nos confundiu. 

— Ah sim! O filho do Maurício Johnson!

— Isso mesmo.

— Você sabia que seu avô era apaixonado pela minha bela Antonieta? – Falou me olhando sério. Jefferson suspirou do meu lado.

— Acho que Jefferson já deve ter comentado algo do tipo, senhor. Que meu avô e sua avó se conheceram.

— Sim. Mas ela me escolheu. Sorte minha não é?!

— Sorte de todos nós vovô! Não existiríamos se vovó tivesse feito uma escolha diferente! – Summer disse chegando à conversa. Meus olhos correram aos dela. Ela sorriu abertamente. Sorri de volta a olhando. Estava com um vestido laranja que deixava seus seios apertados, com um casaco marrom por cima, e grandes botas pretas de camurça. Um penteado preso que deixava seus olhos verdes bem amostra, e com um batom marrom em sua linda boca. Tão linda! 

— Oi Gui!

— Oi Sum!

— É. Bem colocado ruiva. – Seu Leonard concordou de cara fechada. Algo me dizia que ele e Summer não se davam muito bem.

— Chegou quem não precisava... – Jefferson murmurou.

— Bom dia para você também priminho! – Sum disse ironicamente.

— Quem chegou depois foi você!

— Pelo ao contrário, eu já estou aqui a um bom tempo, as belas adormecidas que acordaram agora!

— Se as crianças querem brigar que sejam longe de mim, já estou velho de mais para ter paciência á isso! – O avô deles disse saindo.

— Jefferson! – Uma loira bonitinha disse correndo e abraçando-o.

— Samantha! – Ele respondeu ao abraço.

— Oi! Eu sou Dorothy! – Outra loirinha de olhos azuis me cumprimentou. Essa parecia ser mais nova, mas possuía a mesma fisionomia e o sotaque da primeira.

— Guilherme! – Falei beijando seu rosto. Pelo canto do olho pude ver a Summer revirar os olhos.

— Oh Jeff! Não vai me apresentar? – A tal Samantha perguntou á ele gesticulando para mim.

— Esse é meu amigo Guilherme.

— Prazer, Samantha! – Ela falou me abraçando calorosamente.

— O prazer é todo meu! – Respondi sorrindo. Ela deu uma risadinha.

— Vocês também são amigos Sumy? – Samantha perguntou para Sum. O apelido que se referia para Summer era meio engraçado.

— E isso faz alguma diferença? – A ruiva respondeu mal humorada. Dorothy arregalou os olhos. Jefferson bufou.

— É claro! Queria perguntar por que vocês nunca falaram que tinham um amigo tão bonito! – Samantha continuou sem perder o humor.

— Obrigado! – Não puder deixar de sorrir abertamente. Sabia facilmente que ela estava flertando. Summer bufou.

— Ah tenho melhores! – Jeff disse me desdenhando. Revirei os olhos.

— Nisso posso concordar. Sei que no fim de mundo de onde vocês vêm faltam homens bonitos, mas ficar desse jeito por causa do Guilherme é patético. – Summer falou venenosa.

— O que você quer dizer com isso? – Falei junto com Dorothy. Nos olhamos sorrindo. Ela corou. Que fofa ela era!

— Uau! Se vocês dizem que é possível ter pessoas mais bonitas do que o Guilherme nessa cidade, agora faz sentido porque você namora tanto Sumy! – Samantha disse e me deu uma piscadinha.

— Eu “namoro” tanto porque posso namorar. – Summer falou debochada.

— Quem disse que escondida não consigo. E, aliás, escondido é mais divertido priminha. – Samantha disse baixinho, mas de forma que pudéssemos ouvir também.

— Até o momento que for descoberto que a santinha não existe e você levar uma surra. – Sum respondeu rindo de sua prima. – Aproveitem a festa! – Ela falou saindo. A observei andar. Tão linda e tão perigosa. Será que o problema era antigo entre elas, ou... Não, ela não sentiria ciúmes de mim.

— Ela é assim sempre, ou só com a gente? – Dorothy perguntou meio assustada. Jeff e eu rimos.

— Em todo o momento.  – Respondi.

— Eu já falei priminhas, Summer é insuportável em qualquer lugar! – Jefferson disse passando os braços por cima dos ombros delas.

            Fiquei conversando com Jeff e as meninas por todo o tempo. Elas eram lindas e divertidas. Além de tudo estava na cara que Samantha estava dando em cima de mim, e Dorothy ficaria comigo caso eu pedisse. Sam tinha 16 e Dorothy 14. Eu 17. Mas na maioria das vezes não via muito problema nisso. Já fiquei até com mulheres casadas.

            Estava feliz com as companhias, porém sempre corria meus olhos para a coisa mais bonita no lugar: Summer. Era incrível como tudo se acendia ao seu redor. Não importava onde ela estivesse. Todas as outras pessoas pareciam que tinham que se esforçar para chamar atenção. Mas não ela. Sum tinha uma luz natural. Sorri a observando gargalhar. Era um som tão bonito.

            - Guilherme? – Samantha me tirou do meu devaneio. Ela seguiu meu olhar e fechou a cara. O que eu poderia fazer? Summer era irresistível!

POV Summer

            Eu estava fervendo de raiva por dentro.

Primeiramente: Quem teve a ideia de convidar o Guilherme? Só podia ser obra do sem noção do Jefferson. O palerma que nem sabia a data de aniversário da mãe. E ainda a Barbie acreditava que ele se lembrava do aniversário dela sozinho!

Em segundo lugar: Pra que minha madrinha tinha que convidar esses parentes caipiras? Tudo bem, o pai dela estava morando longe, e ela queria a presença dele. Mas mesmo assim! Meu avô tinha onze irmãos, cada um teve no mínimo uns três filhos, e todos moravam perto. Ele foi o único que se apaixonou por uma “menina da cidade”, veio morar pra cá, e teve só duas filhas. Quase um ano depois de a minha vovozinha falecer, ele cansou de morar em uma casa tão incompleta sem ela, e foi morar com os parentes. Desde então passamos os verões e/ou os natais lá, vendo esses familiares uma ou duas vezes por ano apenas. Minha tia convidou meu avô e os outros parentes para o aniversário dela. Como ele já é muito velho para dirigir assim longe, sua irmã e cunhado vieram junto. E infelizmente trouxeram duas primas desnecessárias também. Um dos meus primos preferidos veio com sua mãe em outro carro. A maioria dos netos dos irmãos de meu avô são garotas, infelizmente. Todas loiras de olhos azuis, e muito magras. Mesmo morando em fazendas têm a pele mais clara do que a minha. O máximo de diferença que têm entre eles é alguns cabelos ou olhos castanhos. Eu a única ruiva, de olhos verdes, pele bronzeada, com o corpo cheio de curvas, chamo completamente a atenção. Então todas as minhas primas me odeiam, morrem de inveja, e todos os homens babam por mim. Já fiquei com vários primos e namorados de primas. O que eu posso fazer se nasci assim perfeita?

Agora, é claro que Samantha resolveu se vingar. Vindo para a minha cidade, querendo atacar os únicos garotos novos do lugar. Seus próprios primos e: Guilherme. Logo o Guilherme! Porque esse infeliz tinha que está aqui? E ficar de conversinha com elas? Eu tentava conversar, me distrair, porém meu olhar sempre corria para ele. Conversando alegremente com minhas priminhas vaquinhas. Aquele desgraçado ainda tinha a coragem de me olhar! E porque tinha que ser tão lindo? Meu Deus! Calça jeans, moletom, cabelo bagunçado. Tão simples... tão gato! Aqueles olhos lindos, aquele sorriso irresistível. Não consegui não pensar em sua boca em mim. “Arrgh”! Logo ela poderia estar na boca daquelas vadiazinhas! Mas não ia deixar assim...

— Matt! – Chamei meu primo gatinho. Ao contrário delas, alguns dos meus primos eram bem bronzeados pelo sol. E o contraste com aqueles cabelos e olhos azuis super favorável. Matt então era perfeito, tinha cabelos castanhos e olhos azuis. Dezenove anos, solteiro, e lindo. Nos beijamos uma vez quando tínhamos doze anos, mas ainda éramos muito novos. Nunca mais ficamos, pois ele namorava, e era muito fiel. Fofo! Porém agora estava completamente solteiro!

— Oi Sumy! – Eram poucas pessoas que me faziam gostar dessa forma de falar meu apelido. Esse sotaque puxado ficava muito fofo em Matt.

— Ai, estou me sentindo tão sozinha. Porque não me faz companhia? – Perguntei fazendo beicinho e tocando em seu ombro.

— Claro! – Respondeu sorridente. Puxei ele pela mão até a varanda. Estava em um banco com a direção exata para Guilherme, pude ver sua fisionomia mudar. Estava bem mais rígido. Comecei a conversar com Matt animadamente, rindo e tendo bastante contato físico. Sempre que escapava o olhar para Gui ele estava com a cara fechada. Isso mesmo que eu queria. Agora estávamos no mesmo patamar!

~~~~

— O que você está fazendo? – Guilherme perguntou baixinho puxando meu braço quando estávamos na fila para pegar a sobremesa.

— Comendo, e você? – Perguntei colocando um pedaço de morango na boca e o olhando irônica.

— Porque tais me provocando?

— Não faço a mínima ideia do que você está dizendo. – Falei terminando de colocar um pedaço de cheescake em meu prato e saindo rebolando para onde Matt estava.

~~~~

Mas e aí, a conversa está boa?

Mandei uma mensagem pro Guilherme. Observei-o pegar o celular e ler. Encarou-me, parou e digitou. Depois sorriu. Abaixei a cabeça e li.

Está ótima e a sua?

Melhor companhia possível

Ótimo!

Ótimo!

            Terminamos nos encarando irritados. Mas aquilo continuou depois, todas indiretas que queríamos falar, digitávamos em mensagens.

~~~~

— Ah é uma pena que vocês precisam voltar hoje já! – Falei falsamente á nossas primas. Todos os convidados da minha madrinha já tinham ido embora. Só sobraram meu avô com os parentes, minha mãe e eu, e... Guilherme!

 - É, temos aula! – Dorothy murmurou.

— Uma pena mesmo! – Guilherme concordou olhando para Samantha. Ela riu de um jeito que me deu ânsia.

— Prometemos voltar em breve! – A mini vaca 1 falou olhando mais para ele do que pro resto das pessoas.

— Digam por vocês! – Meu avô respondeu rabugento como sempre. Reviramos os olhos, alguns riram.

— Papai! – Tia Clara ralhou.

— Sua presença faz falta vovô. – Fernando disse fofo como era.

— Nem para o meu aniversário? – Minha mãe perguntou á ele. Os dois se fuzilaram por um tempo.

— Faça uma festa em Ottahoma Clarice. – Ele respondeu por fim. Os dois tinham uma antiga história de mágoas mútuas.

— Seria ótimo! – Tia Bethany falou empolgada.

— Mas você não pode mesmo ficar “Matty”? – Perguntei paralelamente enquanto alguns falavam sobre essa tal festa. Grudei em seu pescoço teatralmente. Guilherme rangeu os dentes ao nosso lado.

— Infelizmente não Sumy! – Ele fez um carinha triste.

— Venha logo! – Pedi derretida. Sentia que Guilherme poderia explodir.

— Pode deixar! – Respondeu me abraçando apertado.

— Isso. Venham todos logo! Sentimos falta de vocês! – Fernando disse amigável por fim.

Depois das despedidas, mamãe foi ajudar minha tia á guardar o pouco do que faltava. As amigas dela tinham lavado toda a louça.

— Bem, eu vou tomar um banho! – Tio Sebastian disse saindo.

— Vamos ver TV? – Fe me convidou. Concordei subindo em suas costas. Guilherme fechou ainda mais a cara. Vi ele e Jeff irem para o quarto.

“Você não pode ficar Matty?”

“Não Sumy”

            Guilherme me mandou. Não consegui segurar uma risada. Fernando me olhou curioso. Dei de ombros.

“Uma pena mesmo!” não é?

             Perguntei também me referindo ao que ele tinha dito á Samantha.

Nem sempre temos o que gostaríamos.

            - Vamos Sum? – Minha mãe perguntou.

            - Aham! – Concordei. Mandei outra mensagem.

Para de “boiolagem” e vem para a sala.

            Abracei meu primo e depois minha madrinha.

            - Espero que tenhas gostado mesmo do presente!

            - Adorei minha princesa! – Ela respondeu amável. Sempre desejei ter nascido dela ao invés da minha mãe.

            - Já vai madrinha gata? – Jefferson perguntou abraçando minha mãe. Guilherme ficou me encarando e eu a ele divertida. Ele me obedeceu? Mamãe se despediu de Fernando também.

            - Prazer em revê-lo Guilherme! – Clarice disse abraçando-o desnecessariamente. Revirei os olhos. Vaca.

            - O prazer é todo meu! – Falou sorridente. Puto.

            - Mande os cumprimentos para Sebastian, mana! – Mamãe foi falando com minha tia.

            - Até amanhã de manhã Gui! – Falei dando um beijo em seu rosto. Ele colocou uma mão em minhas costas, a que estava do lado de minha família. E a outra que não podiam ver direito, um pouco acima da minha bunda. Babaca!

            - Até amanhã Sumy! – Respondeu irritante.

            - Não me deixe no vácuo no celular. – Sussurrei em seu ouvido.

~~~~

POV Narrador

            Guilherme realmente resolveu seguir o que Summer disse. Não só não á deixou no vácuo, como conversaram pelo resto do dia. Os dois se surpreenderam como conseguiam conversar sem enjoar, pelos mais diversos assuntos. E aquele foi só o inicio de uma longa e interminável conversa, que não possuía “tchau” ou “oi”. Tinham paradas para aulas, academia, noites de sono, e continuavam da onde tinham parado. Já enquanto se viam na escola, só sorriam como se dividissem um mundo escondido só deles. Talvez fosse isso mesmo que estava acontecendo. Ambos tinham um mundo dentro deles. Um mundo tão bem escondido, que até eles eram difíceis de o perceber...


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Notas finais do capítulo

Oii Gente!
E aí o que acharam?
Primeiramente, não sei se vocês perceberam pelos nomes dos personagens e tudo mais, porém essa história se passa meio que nos Estados Unidos da América. Contudo resolvi criar uma cidade para eles, uma cidade muito bem desenvolvida, com pessoas de classe alta, por isso, o nome das cidades na história serão inventados também. Como Ottahoma, a tal cidade do interior.
Segundo, queria perguntar uma coisa: vocês acham legal mostrar os looks assim como fiz com a Summer nesse capítulo? É mais interativo. Entretanto, vocês podem preferir ter mais liberdade para imaginar. Então eu realmente gostaria de saber a opinião de vocês.
Adoraria saber o que estão achando!!!
Beijinhos ♥



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