[...] Ouvem-se tiros.

Por Kate:

Nossas armas disparam praticamente ao mesmo tempo. Apesar do tiro da arma do bandido ter sido na minha direção não me atingiu, porém, o meu tiro atingiu o ombro dele que agora se encontrava jogado no chão reclamando de dor. Caminhei na sua direção, chutei a arma que ele usava para longe e o algemei. Percebi um estranho silêncio a minha volta.

—Castle? O que você está.... -antes de terminar a frase pude vê-lo caído no chão.

Senti o meu corpo congelar instantaneamente junto com um calafrio que subiu desde os pés e percorreu toda a extensão do meu ser. Corri imediatamente ao encontro dele. Ele estava despertando do choque e pude reparar que a sua perna sangrava muito.

—CASTLE, oh meu Deus! Você está bem? Acorda por favor, olha para mim... -ele desperta com um grunhido de dor.

—Está tudo bem, acho que foi só de raspão... -Podia perceber que ele estava sentindo muita dor.

—Precisamos encontrar algo para estancar o sangramento.

Olhei a minha volta e não encontrei nada além de alguns pedaços de plásticos que além de contaminados não serviriam para tapar a ferida. Chamei os meninos através do rádio, mas devido ao número gigante de becos e entradas provavelmente eles levariam alguns minutos para nos encontrar.

—Ok, vamos ter que improvisar. -Falei enquanto tirava o colete a prova de balas e o casaco.

—O que você está fazendo? -Ele me observava sem entender.

—Meu casaco é de couro, não vai estancar o sangramento. Vou usar minha blusa.

Desabotoei minha blusa, amarrei-la bem apertado em volta do ferimento e vesti o meu casaco novamente. Tudo sobre o olhar atento de Castle que sentia tanta dor no momento que não fez comentário algum.

Logo após Ryan e Esposito apareceram junto com os outros homens da equipe.

Por Castle:

Acordei no hospital me sentindo um pouco zonzo, o que provavelmente deve ser efeito dos anestésicos. Kate estava sentada em uma poltrona próxima da minha cama e parecia tentar ligar para alguém.

—Hey! -Falo para chamar sua atenção.

—Olha só quem acordou, como você está se sentindo? -Ela sorria para mim de uma forma que já fazia com que me sentisse muito melhor.

—Bem... agora que já fui baleado em serviço posso ganhar um distintivo? -Ela ri enquanto caminha para mais próximo da cama e se inclina na minha direção com uma pilha de papéis.

—Eu acho que não, mas você pode me ajudar a preencher toda essa papelada sobre o que aconteceu... -ela arqueia a sobrancelha.

—Eu acho que não... -Sorrio para ela -Você ainda não foi para casa, deveria ir.

—Quem te disse que eu não fui? -me lança um olhar desafiador.

—Porque o zíper do seu casaco está um pouco aberto, e quando você se inclinou eu pude ver que você ainda está sem blusa... -lanço um olhar em direção e percebo seu rosto ruborizar.

—Parece que você já está se sentindo bem melhor mesmo! -Ela dá um leve tapinha no meu braço e depois se afasta da cama.

—Se eu soubesse que só precisa disso para fazer você tirar a roupa...

—Shut up Castle! -Ela fala sorrindo. Mas repentinamente sua expressão fica séria. -Me perdoa Castle... Era meu dever não deixar ele te machucar. Isso faz de mim não apenas uma má policial, mas também uma má parceira...

—Você está se culpando por eu ter sido idiota o suficiente para ter ficado na mira da arma de um assassino? E ainda te fazer preencher toda essa papelada? -Aponto para os papéis em sua mão e arranco um sorriso de leve. -E além do mais já te falei sobre a parte de eu ter te visto sem blusa?

—Muito heroico, porém pouco eficaz -Lanie já entra no quarto falando. -A bala não atingiu nenhuma veia importante. Teria parado de sangrar logo, você bateu a cabeça na queda, porém nada sério. Apenas me avise se você sentir tontura ou algo do tipo, ok? Em algumas horas você pode ir para casa...

—Então eu perdi uma blusa por nada?

—Hey! Mas eu aprecio o gesto de qualquer forma, e não vou me esquecer disso tão cedo. -Ela revirou os olhos e Lanie riu.

Elas passaram mais um bom tempo me fazendo companhia. 

Conversei com a Alexis que aproveitava uma viajem pela Europa com a minha mãe, mas preferi não lhe contar nada sobre o ocorrido para não preocupa-la. A ferida foi superficial e estaria cicatrizada logo. Apenas algumas horas depois Kate estava de volta.

—Pronto para ir pra casa?

—Mas Detetive Beckett, achei que nunca ia perguntar...

Durante o trajeto do hospital até a minha casa nós conversamos e rimos de toda a situação, não consegui deixar de achar a preocupação dela comigo muito doce.

Por Kate:

Por algum motivo eu ainda me sentia estranhamente culpada, de alguma forma eu deveria tê-lo protegido. Ele está sempre comigo, é sempre tão presente que as vezes eu quase esqueço que ele não é um policial e que não foi treinado para isso. Fiz questão de subir até o seu apartamento e deixar os seus remédios todos arrumados, porque eu sei que sem a Alexis por perto ele é uma verdadeira bagunça.

Preferi trocar o curativo do machucado que ele tinha na cabeça antes de ir para a casa. Estava parada em frente a ele.

—No blusa, ainda!—ele ergue o pescoço, como se tentasse olhar melhor o que tinha dentro do meu casaco (e provavelmente realmente tentava).

—Ainda não fui para casa. -Falei puxando o zíper para cima.

—Eu não estava reclamando, jamais -Era perceptível o tom de maldade em sua voz.

—Tem certeza que está mesmo bem? -não conseguia conter a preocupação que ainda sentia.

—Você deveria descansar, eu estou bem, eu juro.

Ele se levantou e eu permaneci imóvel na sua frente, o que fez com que ficássemos a pouquíssimos centímetros de distância. Uma tensão tomou conta do ambiente e eu fui invadida por uma espécie de sentimento que misturava desejo e ansiedade. Pude perceber ele arqueando as costas e trazendo o seu rosto para mais junto do meu.