The Wicked escrita por Jules


Capítulo 4
Capítulo IV


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, leitoras e leitores.

Desculpe pelo sumiço, as coisas estão muito corridas e acabei deixando essa história on hold. Espero que não tenham abandonado ela e que gostem deste capítulo.

Caprichei bastante no tamanho dele para compensar a espera.

Mais uma vez, não consigo prometer qualquer prazo, mas vou postando conforme for reescrevendo o que eu já tenho guardado.

Muito obrigada pelos Feedbacks anteriores.

Boa leitura!



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IV

Não sei se acho batom vermelho coisa de prostituta. Pelo menos foi o que minha mãe disse em relação às biscates da faculdade dela. O que você acha, Cherry?

— Uhum.

Foi tudo o que respondi à pergunta de Georgia que eu sequer havia escutado direito. Meus olhos vagavam pelo mar de pessoas localizadas no refeitório naquela sexta-feira, buscando desesperadamente pelo rosto conhecido que não havia comparecido à aula de cidadania naquele dia.

Até o momento eu havia falhado completamente em localizar Tate e estava começando a ficar um pouco desesperada com isso. Sexta-feira havia chegado em um piscar de olhos e justo naquela data ele havia resolvido faltar. Bem no dia em que havíamos combinado que ele iria à minha casa para a festa dos meus pais. E por mais que eu estivesse preocupada que talvez algo tivesse acontecido com ele, eu não conseguia suportar a ideia de que ele simplesmente não poderia ir.

Eu tinha esperado a semana inteira por aquele maldito dia.

— Calma, o que? Você concorda que é coisa de prostituta ou que é bonito?

— Com certeza, Geo.

Respondi distraidamente, continuando meus passos pelo refeitório. Apenas percebi que minhas amigas pararam de me seguir quando apoiei a bandeja que carregava sobre a mesa.

— O que?

— Cherry, o que você tem hoje? Sério. É como se você não escutasse sequer uma palavra do que dissemos o dia inteiro.

Georgia reclamou conforme caminhava com Lela e Hannah até onde estávamos acostumadas a sentar. Eu havia criado o pequeno hábito de almoçar com as meninas todos os dias desde o meu primeiro dia de aula e, mesmo a semana não tendo acabado ainda, eu já sentia como se aquela fosse a nossa mesa.

Minhas amigas pareciam irritadas com minha desatenção, mas percebi que elas estavam preocupadas também. Georgia se sentou ao meu lado e eu apenas abri um sorriso, abanando o ar como se não fosse algo digno de “se esquentar a cabeça com”.

— Não é nada demais. Só estou pensando na festa de inauguração da empresa de hoje e em todas as tarefas que vou ter que fazer com decoração quando chegar em casa. — Menti, abrindo um sorriso de canto. A palavra “festa” pareceu ser algo muito atrativo para o meu grupo de amigas que logo me deu total atenção. — Mas está tudo certo. Só estou com a cabeça em outro lugar.

— Uh, uma festa. Que incrível.

Geo sorriu, olhando para as meninas que assentiram. Pensei em convida-las, mas não achei que seria uma grande ideia, uma vez que já havia convidado Tate. Eu sabia que a relação deles não era a melhor e naquele momento eu tinha como prioridade a companhia do garoto de cabelos claros.

 

Escolhas.

— É mais uma reunião de negócios dos meus pais, mas eu prometi que ia ajudar. Se vocês não fossem morrer de tédio lá, eu convidaria.

— Nós não podemos ir, mas obrigada, amor. — Hannah respondeu, um sorriso largo se formando em seu rosto. — Nós vamos comprar roupas para a festa na casa do Trevor semana que vem.

— Inclusive, estávamos falando disso quando você totalmente ignorou a gente. — Lela concordou, fazendo com que eu abrisse um sorriso culpado em resposta. — Mas você estava ocupada demais procurando Norman Bates. Sim, eu notei.

— Onde ele está, falando nisso?

Georgia questionou, olhando em volta com cara de desdém. Senti meu rosto corar ao descobrir que minhas amigas haviam notado que eu estava procurando por Tate, mesmo tentando diariamente não misturá-los em meu tempo livre.

 Como queria evitar que as meninas dissessem algo que ele — ou eu — não fosse gostar, acabava dedicando momentos diferentes para passar com cada um. O almoço era das garotas, assim como o período depois das aulas às terças e quinta, uma vez que tínhamos treino de cheerleaders. Nos demais dias, a partir das 15h, era de Tate e nossos trabalhos de cidadania — recentemente também de química.

— Quem se importa? Acho que o colégio fica com um clima menos sinistro quando ele não está por perto.

Lela deu de ombros, comendo uma garfada de sua salada. Ergui uma sobrancelha, não muito contente pelo seu comentário. É claro que Georgia notou e revirou os olhos para a morena em minha defesa. E eu, como toda recém-adotada em um grupo e boba por finalmente ter amigas, sorri.

— Vamos não falar do Psycho Killer na frente da Cherry, ok? — A loira retrucou, apoiando as mãos sobre a mesa. Abri um sorriso agradecido que durou muito pouco, porque no segundo seguinte os três pares de olhos se voltaram em minha direção, curiosos. — E eu tenho que perguntar: o que você vê nele?

— Tate é um cara legal. — Respondi da forma mais direta possível, tentando evitar perguntas. É claro que elas ignoraram minha clara tentativa de ser breve. — Eu que não entendo a razão de vocês odiarem tanto ele.

— Nós não odiamos ele.

Hannah respondeu em tom desinteressado, como se nutrir qualquer sentimento por Tate — bom ou ruim — fosse algo completamente inútil, um desperdício de energia. Como eu já o considerava um amigo — ou algo do tipo — me senti um pouco ofendida.

— Ele é só... Estranho.

— Louco.

— Melancólico.

— Eu acho que ele tem algum nível de psicopatia.

— Ok, eu já entendi. — Revirei os olhos, sentindo certa irritação me tomar, como se aquelas ofensas fossem para mim. — Ainda assim, são xingamentos sem embasamento.

Mal terminei minhas palavras e as três meninas trocaram olhares silenciosos. Eu já estava com minha garfada na metade do caminho até a boca, mas parei ao perceber que elas estavam compartilhando alguma informação que eu não sabia. Senti meu estômago embrulhar na medida em que abaixei o garfo e pousei-o novamente sobre o prato.

— O que?

— Você ouviu falar sobre Jesse Matheis desde que chegou aqui?

Georgia perguntou em tom curioso, falando relativamente baixo, como se fosse um grande segredo a ser compartilhado. Balancei a cabeça em negação, completamente no escuro. Não tinha ideia de quem era Jesse Matheis.

— Bem, ele era um dos amigos do Johnny. Jogava para o time, era popular, etc. Jesse era um babaca e ele parecia ter alguma coisa em especial com Tate, porque não importava com quantas pessoas ele fizesse bullying: ele sempre largaria para poder pegar no pé do menino.

— Sim, todos os tipos de tortura possíveis. — Hannah concordou com Georgia, assentindo. — Tate já ficou horas presos dentro dos armários do ginásio, foi enfiado dentro da lata de lixo, empurrado diversas vezes nos corredores...

— O bullying era diário. — Georgia concordou, completando o raciocínio de Hannah. Senti meu estômago embrulhar e perdi a fome no momento em que imaginei essas coisas horríveis acontecendo com Tate. Só de pensar que não estava aqui para poder dizer algumas coisas para esse tal de Jesse... — Seja como for, teve essa vez no jogo de homecoming. Jesse havia saído na mão com Tate e ele estava enchendo-o de socos como de costume. Pela primeira vez Tate havia revidado, então Jesse estava realmente puto e acabou com a raça dele. Tipo, pra valer. Tinha sangue para todos os lados, ele estava no chão, foi um negócio bem feio de assistir.

— Eu tenho tudo filmado, mas está no meu computador. — Lela assentiu, apenas se manifestando naquele momento. A encarei em tom horrorizado. — Eu posso te mostrar se quiser.

— Não, obrigada.

Respondi rapidamente. Georgia revirou os olhos, seguindo com sua história.

— Enfim. Depois de dar a surra que ele achava que Tate merecia, Jesse finalmente cansou e se levantou. E, bem, Tate que estava no chão começou a rir. Rir. Lá estava ele, caído, engasgando no próprio sangue e gargalhando como um louco, como se tudo aquilo tivesse sido uma grande piada. É claro que esse tipo de ato de deboche irritou Jesse e ele quis voltar para reforçar a lição que estava dando, mas quando ele tentou socar Tate de novo, Tate segurou a mão dele.

— Ele girou com tanta força que ele quebrou os punhos do Jesse.

Hannah completou, fazendo com que meus olhos se arregalaram levemente. Lela poderia ter me oferecido para assistir o vídeo, mas aquela simples história já havia implantado imagens bem vívidas na minha mente. Senti todo o meu corpo se arrepiar conforme eu imaginava Tate rindo banhado em seu próprio sangue.

Ainda assim, se me perguntar, o babaca do Jesse mereceu.

— E quando ele caiu no chão e começou a berrar de dor, Tate continuou rindo. Todo mundo parou o que estava fazendo porque foi uma cena muito bizarra.

— O barulho de ossos quebrando foi bem nojento também.

Hannah concordou, fazendo com que eu as observasse em choque. Parte de mim questionava se aquela história era real, ou se elas estavam inventando tudo aquilo para me assustar.

— E o que aconteceu com Jesse?

Tive coragem de perguntar. Georgia soltou um suspiro pesado.

— Ele saiu do colégio, é claro. Ficou tão aterrorizado e humilhado que nunca mais pisou aqui de novo. — A loira deu de ombros, mordiscando um pedaço de sua salada. — Olha, eu também acho que o babaca do Jesse mereceu, ele era um bosta. Mas eu nunca vi algo tão bizarro quanto a expressão no rosto de Tate naquela noite. Sério. Eu tive pesadelos por tipo, uma semana.

— Mas a gente te ama mesmo se você quiser sair com um psicopata.

Hannah completou, fazendo com que eu piscasse algumas vezes e as observasse em silêncio. Ainda estava absorvendo todas aquelas informações, tentando atrela-las com a imagem do Tate que eu havia conhecido até então. Ok, ele tinha seu lado mórbido, mas agressivo? Era simplesmente impossível encaixar aquelas peças.

— Que mora na Casa dos Assassinatos. Você foi longe.

— Espere, o que?

Franzi a testa em tom confuso. As meninas me observaram com impaciência, como se minha falta de informação sobre as fofocas locais fosse irritante.

— Tem um tour desde 1990 que fala sobre os maiores casos de assombração e assassinatos em LA. Adivinha qual é o ponto principal?

— Sem chances.

Respondi em tom incrédulo. Georgia assentiu, dando de ombros em seguida.

— Ok, mas chega de falar sobre o psycho killer. Sobre a festa de Trevor...

Eu desliguei de novo naquele momento. Minha cabeça tentava processar todas as coisas que minhas amigas haviam contado e tentei, da melhor forma possível, me colocar no lugar de Tate. Eu morei minha vida inteira em uma cidade pequena, então estava mais do que educada a não acreditar em fofocas, mas algo naquela história havia me assombrado bastante. Eu ainda não conhecia meus amigos tão bem assim, mas escutar que aquele mesmo garoto com quem eu passava todas as tardes havia quebrado o pulso de alguém era simplesmente surreal.

Tate? Agressivo?

Eram como palavras que não fizessem sentido sem uma negação no meio. Ele gostava de pássaros, ele falava em melancolia e em muito Rock ‘n’ Roll. Mas a pergunta que não queria calar era: quem realmente é Tate Langdon?

[...]

Eu não esperava que Tate fosse aparecer naquela noite.

Como eu havia dito às meninas, passei 90% da minha tarde completamente dedicada na tarefa de ajudar meus pais a decorar a casa e deixa-la perfeita para receber futuros investidores, clientes e parceiros. Eu sabia que o evento era uma grande coisa para o negócio deles, então não hesitei em dar o meu melhor para fazê-los felizes.

E eu adorava decorações. E festas. Foi realmente unir o útil ao agradável.

Mamãe havia selecionado um belíssimo vestido branco para eu usar e, sinceramente, eu estava parecendo um anjinho nele. Meus cabelos escuros estavam encaracolados e caíam pesados pelas minhas costas, presos apenas parcialmente por um laço que me dava uma beleza mais jovial do que eu realmente era. Mas eu não ligava. Mesmo aos dezesseis anos, eu sempre seria o bebê dos meus pais.

— Querida, você está pronta?

Tive minha atenção tirada quando mamãe adentrou o quarto. Ela estava deslumbrante, mesmo que não estivesse completamente pronta ainda. Seus cabelos ainda eram segurados por alguns bobs e ela se esforçava para se equilibrar em um dos sapatos.

— Sim. — Girei em meu eixo para que ela pudesse ter uma visão completa do look. Mamãe sorriu em aprovação. — O que acha?

— Você ficaria linda em um saco de batatas.

— E você é uma mãe completamente coruja.

Retruquei ao lhe dar a língua, fazendo com que ela caísse em gargalhada. Mamãe revirou os olhos, acenando para que eu tirasse minha atenção do espelho e olhasse para ela.

— Os convidados vão chegar a qualquer momento, será que você pode-?

— É claro, mãe. — Sorri em tom animado. — Vá terminar de se trocar e arrancar suspiros de todos aqueles acionistas ricos.

— Você é a melhor coisa nesse mundo.

Ela respondeu em tom agradecido, correndo de volta ao quarto principal. Soltei uma risada gostosa, ajudando a tirar algumas caixas que ainda não tinham sido desfeitas do caminho, evitando que ela caísse no processo.

— Filha, você está deslumbrante.

— E o senhor está extremamente bonito.

Respondi em tom excessivamente cordial, banhado em uma tonelada de sarcasmo, quando encontrei meu pai no corredor. Ele sorriu em tom divertido.

— Apresentável?

— Muito. — Assenti com a felicidade clara em meu rosto, conforme ajustava cuidadosamente sua gravata. Observei conforme ele respirava fundo e soltava o ar em um suspiro claramente nervoso. — Vai dar tudo certo.

Falei em meu tom mais sincero. Os olhos do mais velho caíram sobre mim e imediatamente sua expressão preocupada foi substituída por um sorriso. Ele se inclinou levemente para depositar um beijo em minha testa.

— Eu sou o pai. Eu deveria dizer isso.

— É ok a filha acalmar os pais de vez em quando. — Retruquei em tom divertido, erguendo uma sobrancelha. Fomos surpreendidos pelo som da campainha antes que eu pudesse dizer outra coisa. — Vá colocar seu relógio, você esqueceu. Eu atendo a porta.

— Obrigado, filha.

Ele agradeceu em tom nervoso, conforme eu descia as escadas. Meus pais eram casados desde o colegial e eram o modelo que eu tinha para meu relacionamento futuro. Papai sempre sonhou em ser um grande empresário, e mamãe sempre o apoiou em todos os aspectos para que ele perseguisse o seu sonho. E agora lá estávamos nós: morando em uma belíssima casa na parte nobre de LA, comemorando a abertura da mais nova empresa da família.

E nada disso teria acontecido se eles não tivessem estado sempre um do lado do outro, mesmo em períodos financeiros complicados, inseguranças e apostas arriscadas. Eu não estaria ali se eles não tivessem se esforçado tanto em seguir os seus sonhos, mas também me fornecer uma criação e uma infância impecável. E eles eram as pessoas mais importantes para mim no mundo inteiro.

Se aquilo não era amor, eu não tinha ideia do que era.

Minha expressão caiu no momento em que abri a porta. Tive que piscar algumas vezes para processar a imagem de Tate — realmente usando um terno — segurando um pequeno buquê de flores, simples, mas belíssimas em todos os aspectos. Um sorriso extremamente largo se formou em meu rosto e tive que olhar para os lados para me certificar de que aquilo não era uma miragem.

— Oi, Cherry como a fruta.

— Olá, Tate Langdon. — Respondi no mesmo tom levemente debochado, sentindo meu peito esquentar ao ser presenteada com aquele sorriso. Dei espaço para que ele pudesse entrar. — Bem-vindo à minha humilde casa.

— Obrigado. — Ele agradeceu em tom levemente desconfortável conforme adentrava. Observei enquanto ele dava uma bela olhada em volta, se ambientando. — Eu... Huh... Trouxe isso. Pra casa nova.

— Não precisava! Muito obrigada.

Agradeci conforme tomava as flores de suas mãos e procurava por um vaso para coloca-las. Posicionei-as no centro da mesa da sala, dando um toque muito mais vivo e colorido ao ambiente.

— Eu cheguei cedo demais?

— Não, você é o único convidado. Foi tudo parte do meu plano para te colocar em um terno.

Sorri quando uma careta se formou no rosto do rapaz. Claramente ele não era o maior fã de roupas engomadas e sempre iria preferir estar em seus suéteres listrados ou camisetas de banda, jeans e All Stars. E, sinceramente, ele ficava igualmente atraente em qualquer uma das opções.

O sorriso em meu rosto se alargou quando me recordei de algo que havia separado para mostrar para ele. Nisso sim eu tinha certeza que Tate ia pirar.

— O que foi?

Ele ergueu uma sobrancelha em tom curioso. Dei de ombros.

— Tem algo que quero te mostrar, mas vamos ter que esperar os convidados chegar primeiro.

— E o que seria isso?

Ele perguntou em tom curioso, conforme se encostava contra a bancada. Meu sorriso aumentou ainda mais com sua curiosidade. Ofereci uma taça com um pouco de suco de uva, uma vez que não poderíamos beber.

— Se eu contar, terei que te matar.

— Você faria isso por mim?

— Engraçadinho.

Revirei os olhos, vendo-o sorrir por sua própria piada idiota. Tive que deixar Tate de lado nos minutos seguintes porque, um após um, os convidados começaram a chegar. Não demorou para que as luzes fossem ajustadas, os garçons começassem a servir os aperitivos e logo meus pais estivessem no andar de baixo para recepcionar todos os recém-chegados. O trabalho de atende-los na porta era majoritariamente meu, mas nossas interações eram simples e breves.

Depois de uma eternidade, finalmente consegui me aproximar do garoto que devorava alguns dos aperitivos. Soltei uma gargalhada quando percebi, só então, que ele usava All Stars com o terno.

— Eu adorei o look.

— O fato de você ter percebido só agora me magoa. — Ele respondeu em tom bem-humorado. — Está de folga?

— Temporariamente. Mas o que importa é que sou toda sua nesse momento. Vem comigo.

Anunciei, pegando a mão do garoto e o puxando-o escadas acima. Nós já havíamos começado a subir quando ouvi uma voz conhecida chamar por nossa atenção. Observei a cor sumir do rosto de Tate quando meus pais se aproximaram, ambos sorridentes e curiosos para conhecer meu único convidado daquela noite.

— Cherry, querida! Você não nos apresentou o seu amigo.

— Mãe, pai, esse é Tate. Tate, conheça minha mãe e meu pai.

— É um prazer, senhor e senhora Griffin.

Ele sorriu em tom educado. Cheguei a estranhar um pouco o gesto, mas me mantive em silêncio.

— Igualmente, Tate.

Mamãe sorriu animadamente. Assim como ela, papai parecia bem receptivo com meu primeiro amigo.

— Sinta-se à vontade e bem-vindo! É um prazer conhecer um dos amigos de Cherry.

— Ela fala tanto de você..!

— Ok! — Exclamei antes que eles pudessem soltar qualquer comentário que não deveriam. Meus pais trocaram olhares divertidos como se tivessem planejado aquilo. Ora, seus...! — Amo vocês, vou mostrar minha coleção de CDs para ele e já voltamos.

— Não demorem.

Papai acrescentou conforme eu revirava os olhos e disparava escadas acima com Tate. O rapaz soltou uma risada divertida, seus olhos me observando cuidadosamente como se eu fosse alguma espécie de quebra-cabeças que ele estava tentando decifrar. Seja qual fosse a conclusão que ele quisesse tirar, não dei tempo para isso.

Empurrei a porta do meu quarto, abrindo os braços em um gesto exagerado de apresentação.

— Tate, bem-vindo ao cômodo mais legal da casa.

— Existem requisitos básicos para esse ser eleito o cômodo mais legal da casa.

— Mande seus requisitos então, senhor.

Acompanhei conforme o garoto adentrava o local. Abri um sorriso divertido, um tanto entretida com a imagem dele analisando o espaço.

— Três álbuns do Nirvana, no mínimo. Dois pôsteres, um do Metallica e um do Guns e... Um urso de pelúcia rosa.

Ele ergueu uma sobrancelha conforme pegava Sr. Boots sobre o meu colchão. Senti meu rosto corar e disparei rapidamente até ele, tomando o bicho das suas mãos. Quis arrancar aquela expressão divertida do rosto de Tate, mas logo fui contagiada por seu sorriso.

Idiota.

— Você não tem cara de quem dorme com um ursinho de pelúcia.

— Bem, e você não me conhece.

Retruquei. O loiro assentiu, dando de ombros e me observando com o sorriso de canto costumeiro. Senti meu coração disparar com aquela mera imagem e tive certeza de que estava completamente fodida.

— Nós temos uma noite inteira para isso.


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Notas finais do capítulo

Tks



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