Entre vãos escrita por Miss Birth


Capítulo 2
A revelação


Notas iniciais do capítulo

Os eventos retratados na história se dão após o filme Homem de Ferro (2008). É minha primeira história, então estou aberta a críticas, sugestões... Boa leitura!



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E mais uma vez ela se dirigiu à sala de coletivas de imprensa, para ver Tony Stark tentar explicar o que havia acontecido com o reator arc e sobre quem era o misterioso guarda-costas presente nas Indústrias Stark na noite anterior. Por algum motivo, estava nervosa. Pepper Potts, a famosa secretária do gênio bilionário que subia ao palco naquele mesmo instante, como tantas vezes antes. Talvez a causa do nervosismo fosse o pressentimento de que Tony aprontaria alguma coisa ali. Rhodes também estava apreensivo, andando de um lado pro outro. Ao mesmo tempo, Pepper sentia uma grande calmaria: Tony estava mudado; se desfez do mundo das armas, já não convidava “amigas” para ir à mansão e passou a se preocupar com as pessoas e com a própria vida, com o legado que queria deixar. Phil Coulson havia arranjado a desculpa perfeita. Bastava Tony seguir o script e tudo ficaria bem.

—“A verdade é que... Eu sou o homem de ferro!”, exclamou Tony, sem titubear.

—“Ah, Stark! Devia ter seguido o álibi que fizemos...”, disse o Agente Coulson, pegando com urgência o celular em seu bolso. “Preciso fazer uma ligação! Com licença.”

—“Tem toda!”, disse Pepper, tentando não subir no palco para enforcar o chefe com a própria gravata. “Ah, meu Deus! Eu preciso de um copo d’água.”

—“O que ele está fazendo?”, pensou Rhodes, que estava parado no palco, ao lado de Tony, com cara de paisagem e sem acreditar na costumeira teimosia do amigo.

Ele rapidamente desceu dali e foi ao encontro de Pepper.

—“O que o Tony tem na cabeça, Rhodes?”, perguntou ela.

—“Deixa esse maluco se virar com isso! É melhor sairmos daqui, ou uma tragédia ainda maior pode acontecer.”

—“Concordo. Vou tentar engolir essa palhaçada com um pouco de uísque.”,

—“Eu acompanho você, Pepper.”, respondeu Rhodes, que simplesmente virou de costas e seguiu Pepper, em direção à sala de Tony.

É claro que a grande revelação de Tony causou um verdadeiro tumulto naquele lugar e então mil perguntas começaram a surgir. Satisfeito, Tony apenas sorriu e olhou para trás daquela multidão de repórteres e câmeras, procurando Pepper e Rhodes. Ao perceber que não mais estavam ali, deduziu que estavam em sua sala. Saiu caminhando em meio a todos e deu de cara com o agente Coulson.

—“O que pensa que está fazendo, sr. Stark? Deveria ter lido as desculpas que inventamos. Tem ideia do que pode acontecer a partir de agora? ”, disse Coulson, tentando ser firme, porém curioso.

—“Eu só disse a verdade, ué!”, respondeu. “Não tenho o porquê guardar segredinhos. Não sou espião como você e seu amiguinhos da Superintendência Humana de... Como é mesmo?”

—“Intervenção, Espionagem, Logística e Dissuasão. Nos chame de S. H. I. E. L. D.”, completou Coulson, revirando os olhos.

—“Nome comprido, hein.”, disse Tony, tentando conter o riso.

—“Não tem graça, sr. Stark. Há muitas coisas envolvidas numa revelação como essa.”, disse Coulson.

—“Sabe o que tem graça? Um copinho de uísque, isso sim! Ah, tô indo na minha sala pegar um. Se quiser, é só me acompanhar; você sabe o caminho! Mas tem que ser rápido ou Rhodes acaba com tudo! Danado ele!”, disse Tony, sorrindo e deixando Coulson parado no meio do corredor principal.

—“Talvez em outra ocasião. Passar bem, sr. Stark.”, respondeu Coulson, se despedindo.

—“Pede uma canetinha de lembrança das Indústrias Stark na saída, tá? Tô com uma sede danada, então não posso te dar pessoalmente. Minha namor... Secretária está me esperando.” disse Tony, rindo como uma criança que ganha doces.

Tony subiu as escadas, passando em frente ao refeitório superior da sede de Los Angeles, onde não havia ninguém. Havia dado folga a todos, pois era dia de comemoração.

—“A América ganhou um novo herói, então nada mais justo do que beber um pouco, só pra relaxar...”, pensou.

Continuou andando até chegar em frente à sua sala. Portas fechadas, mas ouvia-se perfeitamente as vozes de Pepper e Rhodes. Parou para ouvir o que diziam.

—“Ainda não acredito nisso, Rhodes.”, disse Pepper, histericamente. “Isso deve ser estresse pós-traumático!”

—“Quando se trata do Tony, Pepper, não podemos duvidar de loucuras como essa. O que ele pretende com tudo isso?”, respondeu Rhodes.

—“Sei lá! Talvez aumentar os lucros e amenizar os 53,5% de queda das ações da empresa. Vai fazer bonequinhos do Homem de Ferro pra vender nas lojas de brinquedos do país!”, disse ela, colocando gelo nos dois copos e em seguida, abrindo a garrafa de uísque.

—“Até que não é má ideia, Pep!”, disse Tony, entrando na sala rapidamente. “Pensando bem, seria uma ótima ideia. Eu poderia equipar esses bonequinhos com funções de voo com controle remoto e ações anti bullying! Prepara um copinho pra mim também, srta. Potts. Tô morrendo de sede.”

—“Vem cá, Tony! O que está passando na sua cabeça, hein? Acho que você não lembra que passou três meses num maldito cativeiro no Afeganistão por causa de suas invenções, suas armas tão engenhosas... Aí você cria o Homem de ferro, a coisa mais incrível que o mundo acabou de conhecer, e diz pra todos que você é o cara que usa a máscara dourada? Se quer se matar, tem cianureto no laboratório aqui do lado. Quer que o titio prepare uma dose pra você?”, disse Rhodes, já impaciente com toda a história daquele dia.

—“Você acha mesmo que o Homem de ferro é a coisa mais incrível do mundo?”, respondeu Tony, empolgado, sentando no grande sofá da sala.

—“Ah, Tony! Por favor! Vai ficar brincando com isso até quando?”, disse Pepper, entregando o copo a Rhodes e depois a Tony, enquanto também sentava no sofá.

—“Brincando? Só se você vier comigo, ruivinha!”, respondeu ele, lançando um olhar malicioso para ela.

—“Não, obrigada. Minha infância foi legal, então não necessito de brincadeiras aqui, no mundo dos adultos. Mas você, pelo visto, ainda insiste em viver na Disneylândia!”, retrucou Pepper, desviando o olhar em direção a Rhodes.

—“Prefiro usar uma camisa do Mickey a ficar bicudo como esse rapaz aí. Que cara amarrada é essa, Rod?”, disse Tony, tentando provocar Rhodes, seu amigo de longa data, que o conhecia como ninguém e sabia que dali pra frente teria muita bagunça pra arrumar por sua causa.

—“Não tô com a cara amarrada, ok? Só estou pensando.”, disse Rhodes.

—“Sei... Pensando em quê? Pode me dizer! A Pepper sabe guardar segredo!”, disse Tony, provocando mais uma vez.

—“É verdade, Tony. Alguém aqui precisa guardar segredos... Se dependermos de você nesse quesito, estamos fritos!”, resmungou Pepper.

—“Acho que vocês estão com a bebida errada!”, disse Tony. “Precisam se acalmar. Vou pedir pro Happy trazer um suquinho de maracujá ou um chá de camomila, talvez. O que preferirem, meus amigos!”

Pepper e Rhodes se olharam impacientes, como se não estivessem acostumados com o jeito sarcástico de Tony. Enquanto isso, Tony levantou-se e tirou o paletó, indo em direção a sua mesa, onde se sentou e, de repente, mudou sua feição. Parecia centrado, preocupado. Decidiria dizer algo sério em sua defesa? Por que dizer ao mundo que ele é o Homem de ferro? Seus amigos mais próximos estavam ali, em sua frente, esperando por uma explicação plausível. Então, começou a falar calmamente.

—“Nas minhas últimas férias, numa caverna afegã, eu tive inúmeras sensações...”, disse ele. “A pior delas, poderia ter sido o desespero por apontarem tantas armas para a minha cabeça. Mas não foi.”

Pepper olhou para Rhodes e, em seguida, os dois olharam para o homem que estava falando. Parecia que finalmente ele havia voltado ao mundo real ou pela primeira vez vivia na realidade.

—“Eu vi meu nome naquelas armas. ”, continuou. “Por um breve momento pensei naqueles que também o viram antes da morte. ”

—“Tony, você não precisa...”, disse Rhodes, tentando consolá-lo, mas foi interrompido.

—“Não preciso o quê? Me isentar da responsabilidade? Eu acordei pra vida, pro mundo! Posso oferecer mais às pessoas! E certamente isso não inclui mais armas terríveis, mais sofrimento. Quero ajudá-las de verdade. Quero proteger aqueles que pus em perigo. ”, exclamou.

—“E como saber sobre a existência do Homem de ferro vai ajudar alguém, Tony?”, perguntou Pepper.

—“Agir por impulso nunca foi uma boa ideia quando se trata da vida dos outros, Tony. Por acaso você pensou antes de dizer aos quatro ventos que é o tal Homem de Ferro? Aliás, é um nome ridículo.”, disse Rhodes, olhando bem nos olhos do amigo.

—“Tal Homem de ferro? Tem razão. O nome é ridículo. A armadura é feita de uma liga de titânio e ouro. Mas como eu disse a Pep, isso ajuda a manter o marketing.”, respondeu ele, bebericando mais um pouco de uísque.

—“Não importa de que é feita a armadura.”, disse Rhodes. “Vamos raciocinar um pouquinho. Você construiu isso e usou para deter aqueles que estavam usando suas armas indevidamente...”

—“E consegui!”, interrompeu Tony. “Foi como tirar chupeta de um neném!”

—“Certo. Foi fácil, como você mesmo está dizendo. Acha que quando o governo souber do potencial das suas armaduras, vai simplesmente o assistir de braços cruzados enquanto banca um super heroi, um justiceiro?”, questionou Rhodes.

—“É verdade, Tony. Vão adorar ter o Homem de ferro no sistema de defesa. Por acaso vai vendê-lo ao governo? Vai se tornar um militar? Não é seu estilo, não é? Se bem que, a esta altura, nem sei se o reconheço ainda, então não duvido de nada!”, disse Pepper, olhando sarcasticamente para o chefe.                       

Tony olhou para os dois e riu vigorosamente. É claro que ele havia pensado nisso. Por mais que parecesse óbvio, ainda assim fez o que fez e ao contrário do que Pepper e Rhodes estavam supondo, ele não pretendia fazer parte da hierarquia de comando existente. Não podiam pagar pelo seu preço, mas podiam agradecê-lo por se voluntariar a manter os cidadãos americanos e por extensão, do mundo inteiro, a salvo.

—“Pepper, pode pedir pro Happy preparar o carro?”, disse ele. “Saímos em cinco minutos.”

—“Claro. Vamos para a mansão, certo?”, respondeu Pepper.

—“A não ser que você queira jantar comigo em outro lugar, srta. Potts. Conheço um bom lugar... Romântico, tranquilo...”, provocou ele.

Rhodes apenas os observava.

—“Sr. Stark, isso não é profissional.”, disse ela, tentando manter a seriedade. “Se me permite, vou chamar o Happy. Com licença.”

Pepper saiu da sala, deixando os dois a sós.

—“Tá olhando o quê?”, perguntou Tony.

—“Vocês.”, respondeu Rhodes. “Até quando vão ficar nessa enrolação?”

—“Isso não é profissional, Cel. Rhodes!”, disse ele, imitando a voz de Pepper.

Rhodes não conseguiu segurar o riso.

—“Olha aí, alguém tem belos dentes. Bem melhor que aquele biquinho raivoso.”, disse Tony, enquanto vestia o paletó novamente. “Aliás, você não tá pensando em falar alguma coisa pro pessoal do governo, não é?”

—“Claro que não. Mas sabe que uma hora não vai dar pra fugir disso. E o que você vai fazer?”, perguntou Rhodes.

—“O que precisa ser feito.”, respondeu Tony.

—“Que seria...?”

—“Espere e verá. Não posso revelar todos os truques, senão o show perde a graça!”, disse ele. “Falando em show, vem com a gente hoje. Mandei preparar um jantar especial pra esta noite. É meu convidado de honra.”

—“Jantar especial, cara? Vai pedir a Pepper em casamento? Nesse caso, aconselho que fiquem sozinhos.”, provocou Rhodes.

—“Bom, a Pepper...”, disse Tony, sendo interrompido quando a srta. Potts entrou na sala rapidamente.

—“Falando de mim, chefe?”, perguntou ela.

Rhodes abaixou o rosto e sorriu discretamente.

—“Só estávamos comentando que você estava demorando.”, respondeu ele, tentando disfarçar.

—“Ah, tudo bem. Mas você disse cinco minutos e olha só, está atrasado. O carro está pronto. Vamos?”, disse ela, pegando uma pasta com relatórios e formulários da empresa que precisavam ser preenchidos.    

—“Vamos!”, disse Tony, indo em direção a porta.

—“Vai trabalhar esta noite, Pepper?”, perguntou Rhodes, apontando para a pasta em sua mão. “Não vai se arrumar para o jantar?”

—“Claro, mas antes preciso terminar isso aqui.”, respondeu ela. “Vai jantar na mansão também?”

—“Vou sim. Só vou passar em casa pra trocar de roupa e depois encontro vocês lá. ”

—“Tudo bem. Até mais tarde, então.”, disse Pepper.

—“Até mais. E Pepper”, disse ele, segurando-a calmamente pelo pulso, “não o deixe fazer mais nenhuma besteira. Pelo menos até a hora do jantar.”

Pepper riu.

—“É o que tento fazer a muito tempo. Sinto que em algum momento vou conseguir.”

Então os dois saíram da sala. Pepper em direção a escada principal e Rhodes em direção ao toalete.

—“Agora quem está atrasada é você, Pep.”, disse Tony, encarando-a.

—“Precisava pegar esta pasta, chefe.”, respondeu ela, mais uma vez desviando o olhar e fingindo não entender as investidas de Tony.

—“Vai trabalhar na noite do nosso jantar?”, perguntou ele.

—“Nosso jantar??”

—“Ah, esqueci que o Rhodes vai estar lá. Se quiser, posso dispensá-lo.”, disse Tony.

Pepper olhou seriamente para ele, mostrando que não achou graça no que ele estava dizendo.

—“De qualquer modo, ainda faltam algumas horas para o jantar. Vou terminar esses documentos e depois me arrumo na mansão mesmo. Deixei algumas roupas por lá, então...”

—“Roupas suas, na minha casa?”, perguntou Tony, fingindo estar surpreso. “Já pode trazer o resto das suas coisas. Não se preocupe onde vai dormir, tenho uma cama enorme.”

—“Fique com ela pra você, sr. Stark. E antes que possa dizer mais alguma coisa, Happy está esperando.”, respondeu ela, abrindo a porta do carro e mantendo uma feição séria.

—“Ok.”, disse Tony, contendo o riso. Adorava o jeito marrento dela. Por isso não perdia tempo em provocá-la.

Os dois entraram no carro e seguiram em direção a mansão. Um silêncio mortal tomava conta, então Tony decidiu falar.

—“Olha, Pepper, eu estava pensando numa resposta à sua altura.”, disse.

—“Resposta?”, perguntou ela.

—“No camarim, antes da coletiva, você disse que eu lhe deixei sozinha enquanto pegava uma bebida...”

—“Não se preocupe com isso.”, disse Pepper, tentando fugir do assunto.

—“Claro que me preocupo. Não é certo deixar uma bela dama sozinha por aí.”, respondeu ele.

Pepper sentiu o rosto corar. Olhou para a janela ao seu lado para não mostrar que estava constrangida com o elogio de Tony, mas logo virou para ele de novo. Se deparou com dois olhos incrivelmente castanhos que a fitavam intensamente.

—“Certo. Supondo que isso realmente foi importante pra você, qual a sua desculpa?”, questionou ela, esperando para ouvir o que ele tinha a dizer.

—“Lembra da Cristine Everhart, da Vanity Fair?”, perguntou.

—“Como esquecer, chefe. Foi a última que tive o imenso “prazer” de receber na mansão.”, respondeu ela, sem conseguir esconder o ciúme.

—“Como sabe que foi a última?”, provocou ele. “Você tem uma lista de quantas já foram me visitar na minha humilde residência?”

—“Claro que não tenho nenhuma lista ridícula dessas.”, respondeu Pepper.

—“Que pena! Adoraria relembrar velhas aventuras...!”, disse ele, mostrando um sorriso malicioso.

—“Pensei que os dias de farra estavam contados, chefe.”, disse ela.

—“Sim, estão. Estou esperando por algo melhor. Sinto que está bem perto.”, respondeu Tony.

Percebendo que falava dela, Pepper sentiu o rosto corar mais uma vez. Dessa vez não pode disfarçar. Mas aproveitando que haviam chegado a mansão, conseguiu escapar do olhar curioso de Tony.

—“Sim, está pertíssimo. Chegamos a mansão.”

Pepper rapidamente desceu do carro, pegando a pasta que havia trazido do escritório e entrando na mansão. Tony a seguia com os olhos, quando ouviu Happy chamando-o.

—“Tony, chegamos.”

Ele continuou olhando, focando na linda assistente que entrava em sua casa.

—“Tony...”, disse Happy.

Tony se assustou com a voz de Happy e saiu do transe que estava.

—“O que aconteceu, Happy?”, perguntou ele.

—“Chegamos!”, respondeu. “O que você estava olhando, chefe?”

Mais uma vez olhou para a porta de casa.

—“Ela está bem perto, Happy.”, dando uns tapinhas no ombro do motorista e sorrindo.

Finalmente percebeu que sua espera por algo melhor sempre esteve ao seu lado. Para ser mais preciso, havia entrado na glamorosa mansão e se chamava Pepper Potts.

 


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