Entre vãos escrita por Miss Birth


Capítulo 15
Nada bom


Notas iniciais do capítulo

Mais um pedaço do pano de fundo do segundo filme. :)
Boa leitura!
Obs.: *Capitol Hill: bairro onde se localiza a sede do Congresso dos EUA, em Washington D.C.
P.A.A.: Procurador de aquisição de armas.



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“Os Estados Unidos da América incansavelmente oferecem condições favoráveis ao desenvolvimento de sistemas de defesa eficientes, levando em conta a premissa de que qualquer avanço possa beneficiar os interesses da nação. As Indústrias Stark, cujos acordos firmados com o Departamento de defesa e outras agências governamentais garantiam o fornecimento dos mais diversos adereços necessários para o abastecimento de nossas frentes de batalha, romperam por completo sua relação com este país. Embora ainda hajam projetos e pesquisas sendo conduzidas com o apoio da mesma, a parte mais relevante foi cortada, levando-nos a contratar outro fabricante de artigos bélicos. Entretanto, o senhor Anthony Edward Stark, proprietário da referida empresa e antigo parceiro do DOD, posteriormente mostrou a este povo que sua grande capacidade inventiva não fora encerrada junto com sua produção de armamentos. Ao contrário, um dispositivo tecnológico revolucionário surgiu desta mente brilhante e trouxe à tona a seguinte questão: será usado somente para fins pessoais ou será disponibilizado para o fortalecimento das linhas defensivas tão estimadas pelos cidadãos desta pátria? Sua existência sob controle de um civil não significa uma ameaça à segurança nacional? Por essas e outras perguntas, a Comissão de Forças Armadas do Senado convida todas as agências de defesa e segurança para participar de um debate interno onde será discutido o tema abordado neste documento oficial. Até que seja autorizado, tal discussão é confidencial e não deve ser levada ao conhecimento público.”

—“Bom, esta foi a carta que recebemos de um oficial de justiça enviado de Washington. Todos os estados já foram notificados.”, informou Meade, após ler o texto na íntegra.

—“General, quem está a frente dessa comissão?”, perguntou Rhodes.

—“O senador Stern, da Pensilvânia.”

—“E quando será o encontro para a tal discussão?”

—“Não me falaram de uma data específica. Creio que ocorrerá nos próximos dias, visto que o comunicado já atingiu toda a federação.”

—“Tudo isso para falar sobre a armadura do Tony? Por conhecê-lo muito bem, acho que ele não vai simplesmente abrir mão dela. Ainda mais para fins militares.”, disse Rhodes, francamente.

—“Sei que você é um grande amigo do Stark.”, retrucou o general. “É normal que confie nele. Mas isso não deve interferir no seu julgamento. Sua lealdade para com este país é maior que qualquer coisa. Lembre-se do seu juramento, James.”

—“Claro. Eu até entendo que a aquisição do traje supriria em muito as nossas necessidades. Disso não tenho dúvidas. Apenas vejo que exigir a sua entrega para o DOD não será como tirar doce de criança.”, explicou ele.

—“Claro que não, tenente coronel. Stark não entregaria seu ovo de ouro assim, de mão beijada.”

—“Foi por isso que me chamou?”, questionou Rhodes. “Quer que eu use minha proximidade pessoal com ele para facilitar o processo?”

—“Você pode mais do que ninguém convencê-lo disso.”

—“Não tenho tanta certeza...”

—“Talvez, se parar para pensar no impulso que sua carreira vai receber com isso, verá que a tarefa se tornará mais fácil.”, afirmou Meade, apelando para um lado delicado. “Seu país ficaria orgulhoso.”

—“Por enquanto, devemos nos ater ao que os senadores realmente querem.”, sugeriu James. “Entender suas verdadeiras intenções e de que modo seria a implantação do Homem de Ferro na hierarquia de comando.”

—“Teremos essa chance durante a sessão em Washington. Desde já, prepare o terreno. Introduza o assunto com o Stark e comece imediatamente um relatório completo sobre a armadura e sua relevância no cenário mundial. Apresentaremos isso no dia da reunião. Entendido?”, perguntou ele.

—“Sim, senhor. Farei o possível.”

*****

Neurônios a todo vapor; assim estava Tony no âmbito de sua oficina. Concebendo o projeto para um traje totalmente diferente dos modelos anteriores, tentando se superar cada vez mais. Olhos atentos a tela holográfica, cujas imagens tridimensionais lhe inspiravam novas ideias e tornavam o trabalho mais aprazível.

A Mark V significaria uma evolução em vários atributos: primeiro, suas peças sobressalentes não mais necessitariam da complexa estrutura robótica para a montagem e desmontagem; segundo, seu peso seria consideravelmente menor e, terceiro, seria projetada para facilitar o transporte, adquirindo o formato de uma maleta convencional, onde o usuário a carregaria normalmente como parte da bagagem. Sistemas de vôo, artilharia e software também ganhariam melhorias, a fim de oferecer uma experiência renovada, repaginada.

—“Jarvis, quanto tempo para finalizar o protótipo?”, perguntou ele, apanhando de cima da bancada uma garrafa contendo o líquido esverdeado que estava lhe ajudando contra os sintomas da intoxicação.

—“Segundo meus cálculos, cerca de oito horas, senhor.”, respondeu.

—“Por que a demora?”

—“A nova configuração de montagem exige uma perícia avançada, senhor.”, explicou Jarvis. “Assim, poderei garantir o perfeito encaixe entre os componentes do traje.”

—“Eu entendo.”, disse Tony. “E a peça do peito? Alguma dica que possa diminuir o problema com o paládio?”

—“Temo que não possamos fazer nada, senhor. Afinal, o reator realiza o processo de fusão utilizando o paládio como fonte de energia. Simulações com os outros elementos da tabela periódica são dispensáveis – nenhum elemento é capaz de substituí-lo.”

—“E se fizermos algumas alterações nesses elementos? Talvez o núcleo modificado seja aceito.”, Tony propôs.

—“Não custa nada tentar.”

Direcionando sua atenção para o assunto do reator, Tony mergulhou nos mais diversos cálculos e equações. Jarvis o auxiliava com destreza, realizando as simulações e reportando os resultados.

Horas se passaram e a noite já dava suas as caras. Não custaria para que Rhodes e Pepper chegassem, o que significaria o fim de outro dia cheio de trabalho.

—“Quantos itens para análise ainda temos, filho?”

—“Faltam sete elementos para a substituição. Tempo de duração da tarefa: indeterminado.”, informou Jarvis.

—“Que demora, hein?”, resmungou Tony.

—“Estou trabalhando para otimizar o tempo de serviço, senhor. Aliás, considero prudente que o senhor realize outro exame de toxicidade sanguínea. Ao menos poderá estar a par do nível de paládio que seu organismo carrega diariamente.”, sugeriu Jarvis.

—“É uma boa ideia.”, ele concordou. “Levarei outra amostra para o laboratório, amanhã mesmo.”

*****

Do lado de fora da mansão, Pepper e Rhodes chegaram simultaneamente, encontrando-se no hall de entrada.

—“Então, Pepper. Tenho algo importante pra dizer.”, adiantou Rhodes, meio nervoso.

—“Aconteceu alguma coisa?”, perguntou ela, já preocupada. “Não é melhor entrarmos e conversarmos lá dentro?”

—“Receio que não. Envolve o Tony, então você pode imaginar que vem barra por aí.”

—“Okay. Pode falar.”

—“Hoje fui chamado no gabinete do general Meade. E confirmei minhas expectativas.”, disse James, escolhendo bem as palavras. “O congresso está mesmo de olho no traje, Pepper. Bem que o general nos avisou...”

—“O quê? Eu acho que fui bem clara em dizer que não fazemos mais negócios com o governo. Além do mais, a plataforma é particular.”, retrucou ela.

—“Eu sei, também frisei bem esses detalhes. Por ora, não serviu para muito; haverá uma sessão em Washington pra discutir o assunto. E como Procurador de aquisição de armas, terei que preparar um relatório sobre a armadura e estar na audiência.”

—“Tony não vai gostar nada disso. O DOD acha mesmo que vai conseguir ganhar?”

—“De qualquer modo, a assessoria jurídica da empresa vai ter muita briga pra enfrentar.”

—“Temos os melhores advogados do país trabalhando conosco, Rhodey. E um chefe que com certeza vai lutar com unhas e dentes pelo seu ‘bem mais precioso’.”, garantiu Pepper.

—“Isso não podemos negar.”, ele concordou.

—“Por que tanto papinho aí fora, gente?”, perguntou Tony, indo ao encontro dos amigos.

—“Tony... Oi!”, respondeu Rhodes, forçando naturalidade. “Jarvis te disse que havíamos chegado?”

—“Eu saí da oficina pra pegar umas coisas na cozinha e vi vocês parados na porta, ué!”, explicou ele. “Não fala mais comigo, srta. Potts? Seu pagamento atrasou ou o quê?”

—“Er... Olá, sr. Stark. Está tudo bem...”, ela disse, disfarçando a cara de preocupação por causa da notícia nada boa que Rhodes acabara de lhe contar.

—“Cês estão esquisitos, hein? O que tá pegando?”, Tony perguntou, desconfiado.

—“Não é nada, Tony. Só estávamos falando sobre o trânsito na cidade. Cada dia mais louco.”, Rhodey disse. “Vamos entrar logo.”

Seguindo até a cozinha, Tony preparou sua bebida desintoxicante e, por ideia de James, um lanchinho rápido para eles. Pepper sentou-se na sacada, observando o bater das ondas contra o grande parapeito rochoso onde a mansão fora fundada. Logo em seguida, os três estavam juntos ali. Foi quando Rhodes começou a jogar conversa fora, se preparando para falar de uma só vez a respeito das pretensões do congresso com respeito às armaduras.

—“O que é isso que você está bebendo?”, perguntou ele.

—“Isto? Um suco de vegetais.”, respondeu Tony, sem dar muita importância.

—“E desde quando você bebe esse tipo de coisa?”

—“Tem uns dias... Quer um pouco?”, Tony ofereceu.

—“Não, obrigada. Prefiro o bom e velho uísque.”, replicou.

—“Eu também. Mas isso aqui me ajuda a ter uma saúde boa, disposição, concentração... Entre outras coisas. Pepper...?”

—“Sim?”, ela respondeu.

—“Por quê está tão calada? O gato comeu sua língua?”

—“Estou tentando relaxar... Se não for problema pra você.”, retrucou.

—“Nenhum. Só a sensação de que você está incomodada com alguma coisa.”, disse ele, bebericando o líquido gelado e escuro.

Rhodes e Pepper trocaram um olhar significativo, como que dizendo: ‘Essa é a hora.’

—“Então”, Rhodey iniciou. “Hoje fui chamado no escritório do general Meade. A princípio, achei que fosse para tomar um café. Não foi.”

—“Não acredito! Foi demitido, amigo?”, Tony perguntou, fingindo surpresa.

—“Óbvio que não.”, respondeu ele. “Fui convocado para uma audiência no senado. Pra falar de armamentos e coisas do tipo.”

—“Nada novo. Você é o PAA, lembra?”, Tony retrucou.

—“Tony, o que o Rhodey tá querendo dizer é o seguinte: o DOD não desistiu de incluir as suas empresas na jogada.”, explicou Pepper, temerosa com a reação dele.

—“Que teimosia, hein!”, reclamou ele. “Acho que não fui muito claro naquela coletiva de imprensa. Pepper, marque outra imediatamente. Dessa vez em Capitol Hill*. Quem sabe assim eles entendam o recado.”

—“Não precisa exagerar, Tony!”, Pepper disse.

—“Preciso, sim!”, Tony insistiu.

—“Olha, Rhodes e eu conversamos com o General outro dia. Eu disse claramente que não estávamos interessados em retomar qualquer contrato e Rhodes citou que eles não podem simplesmente pegar suas armaduras porque existem leis de proteção à propriedade particular. E todos os seus inventos são patenteados. Qual argumento o Congresso vai usar para obter os trajes?”, questionou Pepper.

—“Esse é o problema. Não sabemos por qual lado eles vão jogar.”, completou Rhodes.

—“É fácil prever as ações dessa galera da política, Rhodey.”, Tony disse. “E é por isso que eu garanto a vocês que minhas belezinhas estão mais do que seguras. Aliás, se quiserem, eu posso ter uma conversinha com esse general. Por que não me chamaram pra falar com ele também?”

Rhodes e Pepper se entreolharam de novo.

—“Foi uma coisa de última hora. Você estava ocupado e eu não quis te atrapalhar.”, Pepper explicou.

—“Eu estava? De qualquer jeito, oportunidade não vai faltar.”, respondeu ele, dando de ombros.

—“Não mesmo.”, concordou James. “A primeira será exclusiva a mim. Visitarei Washington primeiro.”

—“Faça-nos as honras, irmão.”


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Notas finais do capítulo

Sentindo saudades dos comentários. :/ Apareçam, pessoal! :)



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