Entre vãos escrita por Miss Birth


Capítulo 13
Uma fonte de luz


Notas iniciais do capítulo

Caros leitores, aí vai mais um capítulo! Enjoy! :)
P.s.: Sigla no texto: CEO= Chief Executive Office, ou, Executivo chefe.



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Em passos ligeiros, chegou até o elevador vazio. Selecionou o andar e, em segundos, viu as portas se abrindo, revelando o balcão de recepção da presidência. Cumprimentando as poucas pessoas que ali estavam, adentrou na sala. Estranhamente, Pepper não estava lá.

—“Deve estar finalizando os detalhes da reunião”, pensou ele.

Sem se preocupar, lançou mão de uma garrafa de uísque, despejando o líquido levemente amarelado num dos copos cristalinos postos na bancada. Após adicionar alguns pedaços de gelo à mistura, sorveu a bebida fresca num gole generoso, o fazendo relaxar instantaneamente e dissipando a sensação térmica elevada daquele dia ensolarado em Los Angeles.

A reunião começaria em poucos minutos, então Tony aproveitou o tempo ocioso para telefonar para o amigo.

—“Tony? Acordado a essa hora?”, brincou Rhodes.

—“Bom dia pra você também, tenente coronel!”, respondeu Tony, ironizando.

—“Já vi que acordou irritadinho... O que fizeram pra você?”

—“Estou bem, cara. Tava apenas fazendo uma ceninha.”

—“Se você tá dizendo... Enfim, por que ligou?”, perguntou Rhodes, sem rodeios.

—“Dei uma volta na Colômbia esta madrugada e...”

—“Colômbia?”, interrompeu Rhodes, sorrindo. “A boate? Achei que você não era mais disso.”

Tony revirou os olhos.

—“E não sou. Tô falando do país!”

—“Como assim? Cê tá maluco, Tony? O que diabos foi fazer lá?”, questionou ele, ainda não acreditando no que estava ouvindo.

—“Calminha, rapaz! Fui atrás de bandidos. O Homem de ferro trabalha 24 horas, caso não saiba.”

—“Que tipo de bandidos?”

—“Tá na cara que é o tipo mais comum: o que comete crimes.”, respondeu Tony, destacando o óbvio. “Obadiah ainda me causa problemas, mesmo estando morto.”

—“Me explica isso.”

—“Lembra daquelas armas no farol em Bodie? Então, Jarvis rastreou os códigos de venda e chegamos a alguns nomes. Entre eles, Gary Brandt.”

—“Brandt? Me soa familiar.”

—“Era cúmplice do Stane. E continua fazendo negócios sujos usando as minhas invenções. O encontrei na Colômbia, com outros caras. Tivemos uma briguinha, mas o desgraçado fugiu.”

—“Quer que eu o encontrei, é isso?”, disse Rhodes. “Duvido que ele esteja em Bogotá a essa altura.”

—“Vai ser fácil achá-lo. Ele não viu quando implantei um micro rastreador sobre sua pele. Vou te mandar o código de rastreamento. Faça isso pra mim, porque hoje estou preso aqui na sede.”

—“Pensei que tinha mudado seu escritório para casa. Você quase não sai de lá. Daqui a pouco vira parte da mobília.”

Os dois riram.

—“Entendeu o que é pra fazer, né? Vou ter que desligar agora. Mande notícias! Tchau! “

—“Até mais, Tony.”

No exato momento em que Tony desconectou a ligação, Pepper entrou na sala com uma pilha de papéis sobre os braços.

—“Mas o quê...?”, perguntou ela, sem completar a frase.

Tony franziu o cenho.

—“O quê...?”, disse ele, gesticulando as mãos como forma de estímulo para que ela prosseguisse falando.

—“Não é nada. Você é o presidente e está na sua sala, okay!”, continuou, sorrindo de canto. “Só estou admirada com a sua presença pontual.”

—“Me sinto ofendido com essas colocações, srta. Potts. Todo mundo me olhando como se eu fosse um fantasma.”, disse ele, fingindo estar decepcionado.

—“Não há outro modo. Já que você não aparece por aqui o tanto quanto deveria.”, alfinetou ela.

—“Como se eu ficasse em casa somente pra fazer algazarra...”, Tony resmungou.

—“Tony, me escuta.”, disse Pepper, num tom calmo e gentil. “Você vai entrar naquela sala e mostrar pra todos que tem o controle das coisas nas suas mãos. Por favor, feche a boca desse pessoal de uma vez por todas.”

Tony a encarava em dúvida. Por que isso agora?

—“Pep, o que eu perdi?”, perguntou ele.

—“Você sabe muito bem que estou segurando as pontas por aqui desde que Obadiah morreu. Tô fazendo o que posso pra manter a ordem, mas só escuto reclamações e mais reclamações. Não é meu fardo; sou apenas sua assistente.”

Pepper não podia ler mentes, mas se pudesse, veria que Tony nunca menosprezou os seus esforços a favor da companhia. Ele só tinha um péssimo jeito de expressar seus sentimentos. E ouvindo-a desabafar sobre isso, com toda a franqueza que podia demonstrar, subitamente percebeu que não mais podia se ausentar das suas responsabilidades como CEO*.

—“Legal. As coisas voltarão ao seu devido lugar. Você sabe o que isso significa.”

Pepper balançou a cabeça positivamente, com um tímido sorriso estampado em sua face.

—“Agora”, disse ele, se atentando para o relógio em seu pulso e dando o último gole na porção de uísque. “precisamos ir. Tô louco pra acabar logo com isso.”

*****

A sala de reuniões, localizada alguns andares abaixo, já estava preparada para a pauta da manhã. Uma mesa comprida e estreita que comportava cerca de dez pessoas ficava bem ao centro, sendo rodeada por um grande segmento de amplas janelas de vidro, cuja visão para o exterior dava uma sensação de poder e modernidade – como tudo no prédio. Como proprietário da maior parte das ações, Tony ocupava o lugar principal, onde os olhos de todos o fitavam com seriedade. Ele detestava isso. Ao menos Pepper estava sentada bem ao seu lado, atenta ao falatório e anotando toda informação que julgava ser importante.

—“Para começar, minha assistente organizou os relatórios produzidos durante as últimas semanas e fez uma cópia para cada um de vocês.”, disse ele, olhando de soslaio para Potts.

—“Bem, os senhores podem reparar que a folha número dois contém um balanço financeiro das Indústrias, levando em conta a queda das ações no mês passado. E também uma projeção que denuncia o aumento do fluxo de produção e, como consequência, a recuperação quase total do valor antes dado como perdido.”, explanou ela, pacientemente.

—“Srta. Potts, poderia nos dizer como isso foi possível? Todos nós sabemos que a maior parte dos lucros eram provenientes da produção bélica.”, indagou um dos acionistas.

Os outros assentiam e a olhavam fixamente, esperando pela resposta.

—“Sim, sabemos que isso é verdade.”, respondeu ela. “Mas também sabemos que a companhia opera em áreas distintas da ciência e da tecnologia. Com o fechamento da Stark Internacional, redirecionamos os investimentos para esses setores. A resposta foi rápida e promissora. Mais informações podem ser acessadas no website da empresa com seus respectivos logins e senhas.”

—“E como podemos garantir que isso vai continuar?”, perguntou outro.

Tony resolveu falar. Talvez assim abandonassem a insegurança em relação ao plano de negócios recém adotado.

—“Claramente vocês não compreenderam o ponto chave desta reunião.”, retrucou ele. “Esqueçam aquele passado mesquinho. Daqui pra frente seremos uma fonte de luz para o mundo. E não falo da luz emitida por um explosivo ou coisa parecida. Energia limpa, segurança, liberdade! São por esses objetivos que vamos trabalhar.”

O recinto foi tomado por um silêncio constrangedor, obrigando que alguém se manifestasse.

—“Acho que já podemos analisar a proposta da Expo Stark 2010. Está na última página do arquivo em suas mãos.”, Pepper sugeriu.

Enquanto todos se voltavam para a referida página, Tony se virou para ela, sorrindo de canto. Foi se aproximando, até estar perto de seu ouvido, e sussurrou:

—“Bom trabalho, srta. Potts!”

Pepper corou. Tony a olhou curioso e, simultaneamente, se divertia com aquilo. Até que ela retomou a palavra; a maneira mais discreta de fugir do olhar marcante que ele lançava sobre ela sem se importar com as pessoas os observando na sala.

Os instantes seguintes foram cheios de perguntas, cujas respostas surgiam da boca de Pepper numa rapidez admirável. Por estar bem ciente de tudo o que a companhia realizara nas semanas anteriores e dos esforços que os colaboradores estavam fazendo para a realização da feira, podia demonstrar segurança em tudo o que dizia, sem exageros. Tony nunca teve tanta certeza do valor que aquela mulher possuía e por esse motivo, no fim da manhã, a elogiou com toda a sua sinceridade e resolveu chamá-la para um almoço fora dos portões do prédio.

Apesar do horário de pico, Hogan conduzia o veículo com calma e, em poucos minutos, Pepper e Tony chegaram até um sofisticado restaurante em Beverly Hills. Como sempre, olhares curiosos os seguiram – todos querendo uma brecha para espalhar boatos. Entretanto, ambos queriam desfrutar de privacidade e por isso escolheram uma mesa no lugar mais discreto do estabelecimento. Um bom vinho, música suave e uma deliciosa refeição acompanharam as conversas descontraídas que tiveram. Tão descontraídas que quase não atentaram para o horário, o que fez com que Happy pisasse fundo e levasse Pepper de volta ao escritório e Tony para a mansão, onde faria seu treino físico acompanhado do motorista e amigo.

—“Dormindo no tatame, Happy?”, perguntou Tony, adentrando ao cômodo onde acomodava os mais diversos itens para a prática de lutas e exercícios físicos.

—“Qual é? Você demorou como uma mulherzinha lá em cima!”, escarniou Happy. “Tava escolhendo qual roupinha usar, é?”

—“Muito engraçado... Estava me aquecendo. Agora estou pronto pra acabar com você!”

—“É o que veremos.”

Tudo não passava de provocações vagas. O treino era intenso, mas focado principalmente nos movimentos dos membros superiores e repetições de golpes específicos. Raramente os dois partiam para um combate de corpo a corpo – as poucas vezes sempre resultaram em hematomas e muitas risadas.

A tarde avançava cada vez mais e ambos nem se atentaram a isso. Quando notaram, já estava escurecendo.

—“Cara, de onde veio esse pique todo, hein?”, Happy indagou, tendo dificuldades para falar devido a respiração acelerada.

—“Não sei...”, respondeu Tony, ofegante, retirando suas luvas e fazendo uma careta de dor por causa do uso frenético dos braços. “Acho que Pepper pôs alguma coisa no meu almoço.”

—“Pois é... O almoço. Desde quando vocês almoçam daquele jeito?”

—“Daquele jeito?”, perguntou ele, levantando a sobrancelha em sinal de dúvida.

—“É... Você puxando a cadeira pra ela, pedindo sobremesa surpresa e música romântica no ambiente...”

—“Eu fiz isso?”, Tony questionou.

Happy sorriu e deu um gole rápido em seu energético.

—“Sim, senhor. Como seu amigo, diria que está apaixonado...”, provocou ele.

—“Tony Stark? Apaixonado? Só fui gentil, Happy. Pepper está sendo uma ajuda importantíssima na companhia. Acho que ela merece essa gentileza.”, desconversou Tony. Era verdade, sim, estava apaixonado. Mas não admitiria isso com tanta facilidade.

—“Okay. Finjo que acredito.”

Sem mais, Hogan pegou sua bolsa de treino e saiu da mansão. Naquele dia não levaria Pepper para casa, pois ela havia decidido voltar dirigindo. Tony se desfez de suas roupas molhadas de suor e partiu para uma ducha demorada. Depois, enrolou uma toalha em seu corpo e, em instantes, já estava devidamente vestido. Foi até a cozinha e preparou uma quantia generosa de seu suco clorofilado, bebendo-o com certa repulsa – o sabor não lhe era do mais agradável. Sua vontade era passar um tempo na oficina para fazer a manutenção de sua armadura e visualizar outras coisas, mas estava exausto e precisava dormir. Jarvis ativou o mecanismo de escurecimento das janelas, deixando seu quarto bastante aconchegante. Jogando-se sobre sua king size, adormeceu rapidamente. Para ele, o dia havia chegado ao fim.

*****

Rhodes não sabia quantas vezes havia checado seu computador pessoal em busca de resultados. Durante um dia inteiro, o algoritmo de rastreamento procurou a localização de Brandt; inexplicavelmente, a lista de possíveis lugares era estranhamente aleatória, mudando num curto período de tempo e a cada passo mais próximo de ser definida, o que complicava a exatidão da pesquisa. Algumas xícaras de café e telefonemas o distraíram até que um bipe repetitivo lhe alcançou a audição. Torcendo para que fosse algo sólido, o tenente coronel rapidamente se sentou sobre uma grande e confortável poltrona que havia em seu escritório domiciliar e leu:

CÓDIGO DE RASTREAMENTO IDENTIFICADO:

Localização: 31°47′25″N 106°25′24″O

Origem: Cidade de El Paso, Texas, Estados Unidos da América.

Sem demora, Rhodey enviou um chamado urgente para Tony. Já era tarde da noite; ele dormia feito um bebê. Jarvis, sempre de prontidão, o despertou.

—“Diga que você tem um bom motivo para ter me acordado, Jarvis...”, resmungou Tony, se desvencilhando preguiçosamente de seus lençóis.

—“Sinto por ter interrompido seu sono, senhor. Mas o tenente coronel James Rhodes lhe enviou as coordenadas com a localização de Gary Brandt.”, explicou Jarvis.

—“Minha nossa...!”, exclamou ele, esfregando os olhos. “Já tinha esquecido que pedi esse favor a ele.”

Podia parecer controverso que Tony tenha pedido que Rhodes fizesse isso quando Jarvis era perfeitamente capaz de realizar a tarefa. Porém, o rastreador utilizado por Tony era um protótipo – o que implicava numa série de barreiras: uma delas era que a partir do momento em que qualquer servidor vinculado ao seu sistema pessoal ou empresarial decodificasse a sequência numérica de pesquisa remota, automaticamente o micro rastreador denunciaria sua própria existência e isso, como consequência, acabaria com a finalidade do item. Usando outro sistema, poderia achar Brandt sem comprometer a missão.

—“Onde ele pensa estar escondido, Jarvis?”

—“Em El Paso, Texas.”

—“Sujeito rápido, hein?”, disse Tony. “Ao menos está de volta aos Estados Unidos. A próxima missão vai ser no meu quintal e espero que seja a última envolvendo esse cretino. Chame Rhodes, filho.”

—“Contatando o tenente coronel James Rhodes.”

—“Tony? Acordado?”, perguntou Rhodey.

—“Acho que não. Devo estar dormindo enquanto falo com você.”, respondeu ele, sem perder a chance de fazer piada.

—“E está muito bem, por sinal.”

—“Deixa de drama e me diga: há quanto tempo o local que você encontrou está na mira do rastreamento?”

—“Não verdade, passou por vários lugares e há poucos minutos parou nessa cidade específica. Devia estar sofrendo alguma interferência.”, supôs ele.

—“Entendi. Quer me acompanhar na próxima missão? Preciso de reforços e só confio em você agora.”

—“Acompanhar como?”

—“Vou te emprestar um traje e vamos juntos até o Texas.”

—“Isso é sério?”

—“Claro. Vai ser divertido. Você vai gostar da sensação de voar fora de um caça.”

—“É pra já!”, respondeu Rhodes, animado. “Quando partimos?”

—“Pela manhã. Às sete. Certo?”

—“Está bem. Te encontro mais tarde. Volte a dormir, bela adormecida.”

—“Boa noite, cara.”

Faltavam poucas horas para o amanhecer. Tony dormiu novamente, sem se importar se Brandt mudaria de paradeiro até que eles chegassem a El Paso. De uma forma ou de outra, ao nascer do sol, o Homem de ferro completaria sua missão e, desta vez, sem dar espaço para fugas.

 


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Notas finais do capítulo

Ação, ação e ação no próximo cap!
Comentem e digam o que vocês estão achando do desenrolar dos fatos. E me deem sugestões também...!



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