A Redenção do Tordo escrita por IsabelaThorntonDarcyMellark


Capítulo 41
Universo particular


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal!
Devido às manifestações positivas, sempre que o momento pedir, teremos capítulos com conteúdo adulto.
E esse é um deles...



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Por Peeta

O sorriso cativante e os olhos brilhantes de Katniss me hipnotizam e, apesar de o meu corpo continuar sobre o dela, que está deitada sobre o solo, eu estou absolutamente rendido, como lhe confessei há poucos segundos.

Katniss habilmente inverte as nossas posições e sinto caírem em meu rosto algumas mechas de seu cabelo, que se soltaram da trança durante a corrida desde o alto do monte que esconde o campo de dentes-de-leão até aqui, à beira do lago.

Ela apoia a cabeça em meu peito e fito o céu repleto de nuvens, lembrando-me de como costumava observá-las com o meu pai.

— O que houve? – Katniss pergunta. — Você ficou tão quieto.

— O céu do jeito que está me traz muitas recordações da minha infância – explico. — Quando eu ainda era bem pequeno, meu pai às vezes me pedia pra eu escolher uma nuvem no céu, dizendo que tentaria preparar um pão no formato dela. Eu apontava para o alto e ele me fazia fechar os olhos para memorizar bem a forma da nuvem. Horas depois, vinha ele com um tabuleiro nas mãos, cheio de pães doces, feitos com uma cobertura bem branquinha. Meu pai me mostrava os detalhes do pão, dizia como havia moldado a massa… E ele sempre me convencia de que estava idêntico à nuvem que eu havia indicado.

Katniss ergue a cabeça e me observa com atenção, passando os dedos por minha testa.

— Você deveria ser um menininho adorável.

— Ainda sou. Você não acha?

— Acho sim! E essa conversa sobre pães me fez lembrar de que… Estou… Faminta… Mellark! – Ela me diz entre beijos.

— Humm. Eu também estou com fome e com sede… de você! – Seguro a sua cintura, provocativo.

Minhas mãos entram sob sua jaqueta e logo estão por dentro de sua camiseta, viajando por suas costas.

— Isso é bom, mas estou me referindo à fome de comida mesmo – retruca ela, sorrindo de lado. — No momento.

Katniss toca meu nariz com o dela e se senta no chão. Eu acompanho seu movimento, ficando de frente pra ela.

— Trouxe mantimentos para fazermos alguns lanches. Resolvi deixar as refeições por conta da minha caçadora preferida – afirmo, retirando suas botas e meias para massagear levemente seus pés.

Katniss faz uma expressão de alívio e me ajuda também, desamarrando os dois nós de cada cadarço do meu par de calçados.

— Você pode estender uma toalha no chão aqui fora para colocar o lanche sobre ela? Enquanto isso, vou tentar tornar a casa habitável – propõe Katniss e demonstro a minha concordância com a sua ideia ao beijá-la rapidamente, antes de me erguer para ajudá-la a se levantar também.

Katniss entra na casa e, pela primeira vez desde que chegamos, repara no interior do lugar.

— Já está tudo arrumado! – Ela se admira.

A casa está limpa, com um tapete novo diante da lareira e uma boa quantidade de alimentos não perecíveis dispostos em prateleiras, improvisadas com caixas de madeira empilhadas. Alguns ganchos nas paredes sustentam utensílios de cozinha e, num espaço mais destacado, um pequeno espelho decorativo. Em um dos cantos, ao lado da lenha armazenada anos atrás por Katniss e seu pai, há um cabideiro de chão com dois roupões atoalhados pendurados. Finalmente, apoiadas na lareira, estão as varas de pesca e a vassoura com a qual Katniss brincava quando era criança – ou o que sobrou dela.

— A única tarefa que deixei pra você foi a de colher flores para colocar nos vasos que estão no beiral das janelas – aviso, observando seu ar surpreso.

— Você esteve aqui sozinho, Peeta? – Katniss não esconde sua admiração.

— Consegui despistá-la na semana passada e no dia anterior ao casamento… Até que eu me saio bem na floresta com um facão. Só tenho que evitar os campos de força – ironizo e ela sorri, sacudindo um pouco a cabeça, talvez se lembrando dos momentos angustiantes vividos na arena-relógio, depois que eu, de fato, atingi um campo de força com um golpe de faca.

— Como já está tudo organizado aqui dentro, vou ajudá-lo a preparar o lanche. – Katniss se prontifica. — Depois, você vem comigo colher as flores. Podemos também reunir algumas raízes para acompanhar o jantar!

— O que será que teremos para preparar? – indago.

— Que tal peixe? – pergunta ela e eu aquiesço, indo pegar duas varas de pesca e um cesto para reservar o que for capturado.

Em seguida, caminhamos até a beira do lago. Ajudo Katniss a posicionar as varas numa rocha que fica bem próxima à parte mais funda das águas.

Ao retornar para a frente da casa, disponho sobre a toalha que Katniss estendeu no chão uma bandeja com pães e biscoitos e as garrafas térmicas que trouxe em nossa bagagem hoje.

Ela se senta entre minhas pernas e comemos, inicialmente em silêncio. Eu beberico um chá de hortelã e Katniss toma chocolate quente, partindo os pães em pedaços e os mergulhando em sua caneca antes de comê-los.

— Do que se tratava aquela lista de tarefas para o Haymitch? – pergunta ela.

— Os equipamentos da padaria devem chegar por esses dias e dois dos meus futuros fornecedores estarão amanhã no Distrito 12. Haymitch vai recebê-los.

— Você não gostaria de estar lá? Quer voltar amanhã?

— Não se preocupe. Não é preciso. – Eu a tranquilizo. — A padaria estará em boas mãos. Haymitch é um ótimo negociador.

— Eu sei. Acho que nós não estaríamos aqui, se não fosse por esse talento dele – reconhece Katniss.

Verifico o que restou do nosso lanche sobre a toalha e constato que Katniss devia mesmo estar com muita fome, pois não há mais pães nos pratos e a garrafa térmica com o chocolate quente está com menos da metade do seu conteúdo.

Quando ela se serve pela última vez e percebe que não sobrou quase nada na garrafa, vira-se ligeiramente para me oferecer um pouco da sua bebida.

— Quer provar? – Ela estende a caneca para mim.

— Só provar? Você bebeu praticamente tudo e só quer me dar uma provinha?

— Você preferiu o chá… sem açúcar, como sempre! – Katniss se justifica.

— Eu preparei o chocolate bem cremoso e doce, do jeito que você gosta. Era mesmo tudo pra você. – Beijo seus lábios, que ainda retém o sabor gostoso da bebida. — Pronto. Já provei.

Katniss continua com a caneca erguida para mim. Então, tomo um gole e a beijo novamente, mas desta vez sou eu que estou com a boca lambuzada do creme.

— E você? Quer um pouquinho do meu chá sem açúcar? – questiono.

— Seria uma troca injusta. – Katniss esvazia sua caneca de uma golada só.

— Pelo visto, você já matou sua fome – constato. — Agora é a minha vez.

Katniss aproxima mais suas costas do meu peito e termino de desmanchar a trança já quase completamente desfeita, afastando os cabelos dela para o lado. No entanto, antes que meus lábios toquem a pele do seu pescoço, como eu pretendia, ela se inclina para a frente e se ergue num sobressalto.

— Olha, Peeta! Um peixe fisgou a isca! E deve ser dos grandes… Vamos até lá antes que ele leve embora a vara de pescar.

— Esse peixe intrometido merece mesmo virar nosso jantar – reclamo em voz baixa, frustrado pela interrupção.

Katniss corre na frente e, por pouco, não recupera a vara de pesca. Ela retira o peixe da água e o exibe para mim, segurando-o pela linha no ar. Eu a ajudo a liberar o anzol para colocá-lo no cesto.

— O jantar está garantido. Agora, vamos às flores – decreta ela.

Andamos ao redor do perímetro do lago por um tempo até que Katniss aponta para uns arbustos a alguns metros de nós.

Olhando de longe, lembram um pouco a vegetação que desenhei no livro de plantas da família dela. Mesmo a essa distância, eu me arrisco a afirmar que são flores de katniss.

Nós nos aproximamos mais e é notável que, nesse ponto, a beira do lago está repleta das plantas altas, de folhas com pontas afiladas, que florescem com três pétalas brancas. Ela colhe algumas e me entrega, antes de se agachar perto da água.

Eu me abaixo ao lado dela e observo seus dedos escavarem a lama macia. Logo depois, ela puxa um punhado de bulbos azulados.

— Raízes de katniss. – Ela me mostra o que colheu. — Não parecem muita coisa, mas, cozidas ou assadas, elas são tão boas quanto batatas.

— Humm. Quero experimentar. – Pego a mão com a qual ela segura a raiz e mordisco um de seus dedos. — Ops! Abocanhei a katniss errada…

— Não mesmo. Acertou em cheio. – Ela me oferece outro dedo para eu dar outra dentada carinhosa.

Katniss me presenteia com um daqueles sorrisos estonteantes, que me deixam com cara de bobo.

Ela torna a colocar as raízes na água para limpá-las melhor e, quando ergue os olhos, passa a contemplar a paisagem com um ar pensativo e um tanto melancólico. Em seguida, mexe no fundo da pequena poça com um graveto.

— O que foi? – interrogo num tom baixo, depois de observá-la por um tempo.

Katniss continua a produzir movimentos na água, agora com a ponta dos dedos, sem me encarar de volta.

— Tudo aqui lembra o meu pai. O fundo lamacento do lago. O cheiro de flores e folhagem…

— E você, principalmente – completo.

— Eu? Só se for fisicamente. Meu pai era tão expansivo e vibrante. Ele gostava de viver todos os momentos com o máximo de intensidade – declara com saudade. — Acho que, por isso, é como se ele estivesse em toda a parte, preenchendo cada espaço… Isso soa muito estranho?

— Não, nem um pouco. Você é muito ligada ao seu pai e sempre esteve aqui na companhia dele. Essa é só a segunda vez que venho pra cá com você.

— Nesse lugar, o peso da ausência dele tem uma dimensão muito maior. Esse era o nosso universo particular – murmura ela.

— Fiz mal em eleger o lago para passarmos esses dias?

— Não. Foi a escolha perfeita! – Katniss responde sem hesitar e se levanta.

Fico também de pé.

— Mesmo antes de você falar qualquer coisa, eu me sentia como um intruso aqui – confesso e ela volta seu rosto atento para mim. — Mas não num sentido ruim, pois isso só me faz ter vontade de construir novas memórias aqui com você. Não precisa ser hoje ou amanhã ou mesmo essa semana. Prefiro esperar que você esteja pronta para me deixar entrar de vez nesse universo particular.

Enxugo cada lágrima que começa a descer por seu rosto e, entendendo o que eu quis dizer, Katniss não estranha o fato de eu não fazer menção de acompanhá-la num mergulho no lago, depois que ela retira a jaqueta e a calça, deixando-as na areia, e vai a caminho da água.

Ela desliza para dentro do lago e passa a boiar de costas, encarando o céu azul. A água certamente silencia os barulhos da floresta à nossa volta e imagino que seja uma ótima maneira de Katniss se conectar com o pai.

Vou até a casa, levando o peixe, as raízes e as flores.

Deposito as flores nos jarros e deixo tudo preparado para assarmos o peixe e as raízes na brasa, quando a fome bater novamente.

Antes de voltar para a beira do lago, pego os roupões para nós dois, na esperança de que Katniss finalmente me chame para um mergulho com ela, depois desse momento de reflexão. Reúno também o material necessário para fazer o esboço de uma futura tela.

Ao sair, vejo que Katniss está nadando a uma boa distância, quase alcançando a margem oposta. Sento-me aos pés da árvore mais próxima do lago e dou início ao rascunho do meu desenho.

Eu adoro desenhá-la. É tão tranquilo e fácil, ainda mais agora que eu conheço cada pedaço do seu corpo.

Depois de terminar o delineamento inicial da figura dela em preto e branco, misturo algumas cores, tentando reproduzir também na tela o pôr do sol perfeito que nos circunda, em que o céu alaranjado encontra o verde-escuro da floresta, mesclando nossas cores preferidas, como no fim de tarde do nosso casamento.

Estou concentrado na tarefa, quando me assusto ao sentir uma jorrada de água me atingir, fazendo a tinta escorrer pelo quadro.

— Ah, não! Foi difícil encontrar o tom certo de laranja! – Ergo os olhos em busca da responsável pela bagunça e vejo Katniss sorrindo com a sua travessura. — Isso não vai ficar assi… – Nem termino de falar e outro jato me atinge.

— Ou você vai fazer o quê? – Ela se prepara para pegar mais água.

— Ou eu vou… – Mais uma vez, não consigo completar a ameaça antes de Katniss jogar água em mim novamente. — É assim? Você está encrencada de verdade.

Fico em pé depressa e ela faz um gesto com a mão, como que pedindo para eu não me mover.

Demoro a decidir se vou atendê-la e ainda dou dois passos em sua direção.

— Espera! – implora ela.

Para minha surpresa, Katniss tira as peças que ainda está vestindo e as joga para mim.

É incrível poder vivenciar essa transformação da menina tímida e envergonhada numa mulher muito mais segura de si e de sua aparência.

— Tão linda! – exclamo.

As gotículas que escorrem por seu corpo molhado a tornam ainda mais sedutora.

Repito o seu gesto, deixando um amontoado de roupas na areia e sou imediatamente impelido a ir até ela. Em poucos segundos, eu a alcanço.

Passo os dedos por suas costas, enroscando-os em seus cabelos molhados, jogados para trás.

Quando os lábios deliciosamente doces dela tocam os meus, minha única reação é retribuir o beijo.

Esqueço qualquer vingança boba por ela ter estragado o meu quadro. A única pessoa que está encrencada de verdade aqui sou eu.

Katniss me segura pelas duas mãos e me guia para um ponto mais profundo do lago, andando para trás. Enquanto acompanho seus passos lentos através das águas frescas, meus olhos passeiam por sua pele agora completamente desnuda, refletindo o luar que começa a se descortinar no limiar entre o dia e a noite.

Quando ela finalmente para de frente para mim, levando minhas mãos à sua cintura, meus dedos se movem automaticamente por sua barriga até alcançar seu busto.

Eu a abraço ainda mais forte e Katniss fica na ponta dos pés para que eu possa tocar seus seios com meus lábios, que seguem seu caminho para cima, sugando demoradamente seu pescoço e seu queixo.

Ela fecha os olhos e expele o ar de dentro dos pulmões lentamente. Sinto com prazer seu fôlego quente em meu rosto.

Katniss aproxima sua boca até a pele sensível atrás da minha orelha e desliza sua língua numa rota descendente, deixando-me arrepiado. Quando ela descansa seus lábios em meu ombro, consigo sussurrar:

— Acho que eu tive permissão de invadir seu universo particular, afinal de contas…

— Seja bem-vindo, meu amor. – Agora são suas palavras que acariciam meus ouvidos.

Circundo sua nuca com ambas as mãos e afasto-me apenas o suficiente para ver sua face. Seus orbes cinzas ardem com a mesma ansiedade que irrompe em meu peito.

Tomo sua boca e deixo cair uma das mãos, arrastando meu polegar na linha de sua coluna. Ela abraça meus ombros e eu a levanto, aproximando-a mais de mim, até que nossos torsos estejam totalmente colados e suas pernas abraçadas ao meu tronco.

Por causa da água, ela não parece pesar nada. Sustento seu quadril e, num encaixe perfeito, encontro-me imerso nela.

Minha voz rouca chama o seu nome e ela me responde com seus suspiros extasiados. Durante a dinâmica dos meus impulsos dentro dela, seus joelhos me pressionam e seus tornozelos se fincam em minhas costas, em contraste com a suavidade de seu toque em meu rosto.

Katniss inclina o pescoço para trás e acaricio seu colo com minha boca.

Os ruídos vindos de sua garganta ficam mais agudos e, no auge da excitação, afundo os dedos na carne de suas coxas, apertadas em mim.

Nossos corpos mergulham profundamente nas maravilhosas sensações provocadas em cada pedaço de pele que roçamos, no menor movimento de nossos lábios.

Eu e ela submergimos em nossa entrega e voltamos à tona ainda mais unidos, à espera da eclosão, que vem como uma onda e se propaga com uma força devastadora.

Estremeço ao extravasar meu desejo e Katniss se contorce em meus braços.

Uno nossas testas, convertendo nossas respirações numa só. Apenas se escutam os sons da floresta e a nossa agitada busca por inspirar o ar puro à nossa volta.

Permanecemos amalgamados um no outro e Katniss me beija mais uma vez, mantendo-me preso a ela. Não ouso me afastar.

A lua está parcialmente escondida por algumas nuvens. Uma rajada de vento eriça a nossa pele e, instantes depois, uma garoa começa a gotejar sobre nós, retirando-nos do torpor em que havíamos entrado juntos.

— Katniss… Obrigado por me deixar ser parte daqui – balbucio ainda ofegante entre seus lábios.

— Você já é parte de mim, Peeta. Não haveria como deixá-lo de fora do meu universo particular.

 

 


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Notas finais do capítulo

Olá de novo!

Demorei um pouquinho, mas voltei.

Os dias continuam corridos. Então, o ritmo de postagens ainda será lento...

Não deixem de comentar e dar sugestões, pois esse carinho é um grande motivador!

Beijos!

Isabela