The Lost boy Returns escrita por MagnusChase


Capítulo 2
O filho pródigo retorna


Notas iniciais do capítulo

George R.R Martin disse que há dois tipos de escritores, os que planejam e sabem todos os detalhes de suas histórias e os que começam e vão inventando enquanto escrevem. Eu sou o tipo que inventa, então não faço ideia de onde estou indo com isso. Só espero que dê certo.



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Eram seis da manhã quando Poseidon e Sally saíram da Mansão Olympus. Alguém havia deixado a noticia vazar para a imprensa porque a rua estava cercada de jornalistas segurando câmeras.  Quando eles foram até a garagem buscar o carro, os repórteres os avistaram.

—Sr. Olympus, alguma notícia de seu filho?

—Sra. Jackson, você planeja escrever sobre isso?

Eles ignoraram os jornalistas e entraram no carro. Ficaram em silêncio por toda a viagem, perdidos em seus pensamentos. Ao chegar à frente do hospital, havia uma multidão de pessoas paradas na entrada.

Poseidon suspirou. Abriu a porta.

Eles saíram novamente e foram se empurrando pela multidão tentando ignorar os flashes de câmeras. Entraram na ala de emergência onde Apolo e Artemis estava esperando eles.

—É verdade? – Foi à primeira coisa que Sally perguntou.

Apolo e Artemis se entreolharam.

—Sim, é verdade. – Apolo confirmou.

Sally soluçou. Poseidon parecia estar em choque.

—Ele foi até a delegacia ontem à noite e nós o trouxemos ao hospital. Mandamos uma cópia de seu DNA para o laboratório e deveremos ter uma resposta em alguns dias. - Artemis explicou.

Poseidon pareceu ter saído de seu estupor.

—Ele...ele está ferido?

Apolo hesitou.

—Me diga a verdade. – Poseidon insistiu.

—Sim. O braço direito está quebrado e a perna direita sofreu uma lesão. Ele tem várias costelas quebradas e cortes nas costas, como se tivesse sido chicoteado. Também está desnutrido.

Sally se recompôs, limpou as lágrimas de seu rosto. Agora ela parecia lívida. Era o instinto maternal tomando controle. Olhou para Artemis com fúria nos olhos.

—Você vai pegar o bastardo que fez isso, não vai?

Artemis olhou para Poseidon e depois para Sally. Apolo omitiu que Percy tinha marcas de correntes nos pulsos como se tivesse sido amarrado. A Caçadora se lembrou do lema da família Olympus: família acima de tudo.

Ela retribuiu o olhar.

—Eu vou pegar esse canalha. Eu prometo.

Sally assentiu.

—Podemos ver ele? –Poseidon perguntou ansioso.

Apolo fez uma menção para que o casal o seguisse.

Eles passaram por vários corredores cheios de doentes e feridos até chegar a um quarto privado.

Pararam na porta.

—Eu tenho que avisar, Percy passou por uns maus bocados. Vocês precisam entender isso. Não podem esperar que ele volte a ser a mesma criança que era sete anos atrás. Ele vai estar mais recluso, mais afastado. Tentem ser gentis e não forcem a barra.

Sally e Poseidon assentiram. Não sabiam o que esperar, tudo aquilo parecia tão surreal.

As cortinas e janelas estavam abertas, havia uma porta que levava ao banheiro e a cama estava encostada na parede. Alguém havia trazido uma pequena televisão para o quarto, e Percy estava sentado em cima dos lençóis assistindo desenho animado.

Sally arregalou os olhos quando o viu.

Sua camisola hospitalar estava aberta nas costas, mostrando as cicatrizes vermelhas. O garoto percebeu que ele tinha companhia porque tirou os olhos da tela e olhou para Sally e Poseidon. Sorriu e foi nesse momento que o casal percebeu que este realmente era o filho deles.

Poseidon encostou as costas na parede enquanto Sally se aproximava com cuidado. Percy havia crescido bastante, mas ainda se parecia com o pequeno garotinho que pedia por bolos azuis no seu aniversário.

Sally se sentou ao seu lado, e colocou seus braços ao redor dele com gentileza. Percy encostou sua cabeça no ombro da mãe e eles ficaram assim por vários minutos.

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Atena entrou dentro na igreja e parou na porta, olhando para o teto. Todo decorado com anjos e discípulos, ela nunca parava de se surpreender com a beleza daquele lugar. Sendo a única igreja em Rockwell, ela tinha bancos de verniz e estátuas feitas de ouro. Era extremamente bem construída.

Não é coincidência que a empresa de arquitetura de Atena foi quem a construiu.

Atena continuou andando até o primeiro banco da igreja, então se ajoelhou no chão e olhou para a estátua do santo. Ela hesitou. Olhou ao redor, mas era a única na igreja já que era terça feira e todos estavam trabalhando. Voltou sua atenção a estátua e pigarreou.

—Já fazem sete anos desde a minha última confissão.

O santo não respondeu.

—E agora preciso confessar mais uma coisa, já que minha última confissão voltou para me assombrar. Preciso dizer o seguinte...

E começou a falar. Quando terminou se sentiu muito melhor.

Saiu do edifício, pegou seu carro e foi para a Mansão Olympus. A mansão foi desenhada por um antepassado de Atenas, e era um dos prédios mais antigos da cidade inteira. O jardim era imenso com esculturas de arbustos e chafarizes de água.  O prédio em si tinha quatro andares e parecia mais um castelo do que um prédio.

Ao entrar na casa, Atenas constatou que os outros deveriam ter ouvido a noticia também. As crianças corriam de um lado para o outro carregando pilhas de roupas sujas e transportando pratos sujos para a cozinha. Quíron inspecionava a limpeza com um ar crítico, mandando Thalia repor a toalha de mesa.

A garota bufou mas obedeceu.

—Estão reorganizando tudo?

Quiron sorriu quando viu Atena.

—Claro, precisamos ter certeza de que tudo irá estar perfeito para a volta de Percy!

Atena sorriu.

—Eu não acho que Percy vai se importar muito com esse tipo de coisa.

—Foi o que eu disse! – Rachel falou, exasperada. A artista estava munida com uma garrafa de lustra-móveis e um pano. – E ainda mais, Percy sempre foi mais bagunceiro do que nós.

—Ainda assim...-Quíron falou, lhe dando um olhar de advertência. Rachel deu um sorriso amarelo e voltou à sala de jantar. –Jantar especial hoje à noite, Atena. Vista suas melhores roupas!

Atena concordou com a cabeça, e subiu as escadas. A correria era ainda maior no segundo andar onde os quartos dos adolescentes ficavam. Ela passou batido pelo quarto antigo de Percy e deu ré, voltando à porta.

O lugar estava brilhando como novo. E a cama de criança havia sido substituída por uma cama de casal. Atena não havia idéia como eles haviam comprado uma cama nova tão rápido, mas ficou surpresa. Desde que Percy havia sumido, o quarto ficou vazio.

Sally não queria jogar as coisas fora, então tudo estava do jeito que foi deixado. O baú de brinquedos, as estantes com livros infantis e o tapete de brincar estavam intactos. Mas todo o pó e as teias de aranhas haviam sido removidos, você podia até ver do outro lado da janela agora.

Ela sentiu um mal estar no estômago ao ver aquela cena.

—Mãe! Isso não é incrível? –Annabeth apareceu ao seu lado.

—Sim, é sim.

—Cabeça de Alga está de volta! Isso é demais, a gente pode ir nadar, eu posso mostrar a escola para ele, e podemos ir ao parque...

Atena parou de ouvir sua filha. Ela conseguia ver os lábios de Annabeth se movendo, mas não sabia o que ela estava dizendo. Não entendia o que estava acontecendo com ela mesma. Atena adorava Sally e estava mais do que feliz com a informação de que Percy estava de volta. Então porque se sentia tão cansada?

—...mãe? Mãe? – Annabeth a chamou, frustrada.

—Uh? Desculpa, eu... –Atena disse, meio perdida.

Annabeth a olhou de forma estranha.

—Tudo bem. Eu vou ajudar Jason a limpar a piscina, vejo você depois.

Ela saiu, deixando Atena sozinha. A arquiteta foi direto ao seu quarto e caiu na cama, exausta.

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Quatro horas depois, quando o carro de Sally estava voltando para a Mansão Olympus, repórteres cercaram o veículo e começaram a tirar fotos. Poseidon abriu a porta com cuidado, e empurrou os jornalistas foram do caminho para deixar Percy sair.

Eles andaram até o portão, quando Quiron passou por eles apressado e se dirigiu a multidão.

—O prefeito Zeus irá fazer uma coletiva de imprensa amanhã à noite para responder a todas as suas perguntas. Até lá, esperamos que dessem a família Olympus a privacidade e respeito que tanto merecem. Obrigado.

Isso só gerou mais perguntas e Quiron se retirou antes que a multidão ficasse raivosa. Ninguém reparou em um homem rechonchudo que estava sentado do outro lado da rua. Esse homem entrou em seu carro e dirigiu até uma cabine telefônica perto de um supermercado.

Entrou na cabine e ligou para sua chefa.

—O que você quer Dionísio? –A voz entediada veio do outro lado da linha.

—Só acho que ia gostar de saber que o garoto chegou. Talvez devesse chamar seus burros de carga para terminar o trabalho.

Silêncio na ligação.                

—Eles podem ser burros, mas fazem o que prometem. Vá para casa, Dionísio. Eu te vejo no jantar hoje à noite.                  

—Sem problemas, chefa.

Ele desligou o telefone e foi para casa.

Naquele jantar, todos estavam felizes. O filho pródigo estava de volta em casa, Poseidon e Sally o mimavam: colocando comida em seu prato, e enchendo sua bebida sem ele precisar pedir.

—Percy, você não vai acreditar. Frank e Hazel estão namorando. - Piper riu.

Percy riu também.

—Legal, fico feliz por vocês dois. –O garoto falou fazendo o casal corar.

Vestido com roupas apropriadas e de banho tomado, Percy parecia muito mais saudável. Ainda tinha dificuldades para mover o braço e a perna, mas as olheiras tinham sumido. Ele riu e fez piadas durante o jantar, mas quando mencionaram seu desaparecimento, ficou quieto.

O que aconteceu com você, cara?, Leo havia perguntado.           

—Quer dizer, eu não... -Leo tentou se desculpar por ter trazido o assunto a tona.  Piper o acotovelou nas costelas por debaixo da mesa.

—Olhe, eu sei que todos têm perguntas, mas eu não estou pronto para falar sobre isso ainda, okay?  Só preciso de um tempo.

Eles assentiram.

—Claro, nós entendemos. – Annabeth falou, apertando a mão de Percy com carinho.

Ele sorriu.

Perto da sobremesa, Zeus foi atender a campainha e retornou com dois policiais uniformizados.

—Qual é o problema? – Sally perguntou, preocupada.

—Houve uma invasão de domicílio dentro dos laboratórios Olympus. – O primeiro policial disse.

Várias pessoas ao redor da mesa ficaram surpresas.

—O que roubaram?- Apolo, dono dos laboratórios, perguntou.

O outro policial deu de ombros.

—Só alguns exames de DNA e sangue.

Hera e Dionísio se entreolharam, o que não passou despercebido por Jason. Ele olhou para os dois confuso, mas não falou nada.

—Eu deveria ir. Obrigado pelo jantar. –Artemis suspirou e seguiu os policiais para fora da casa.

Mais tarde naquela noite, Nico estava dormindo quando acordou com um grito. Levantou-se desorientado e sonolento. Tropeçou em cima de seus sapatos e proclamou um xingamento. Ao chegar ao corredor viu que alguém havia acendido as luzes e havia uma dúzia de cabeças se esticando pelas portas, tentando ver o que estava acontecendo.

—Percy? Percy?!- Poseidon gritou e passou correndo pelo corredor. Ele foi até o quarto de seu filho, acendeu as luzes e Nico só conseguiu ver as costas do Tio Poseidon a partir daí.

Os gritos pararam. Era um pesadelo, provavelmente. Percy estava sonhando.

Nico ouviu Poseidon consolando seu filho, dizendo que ele estava seguro e não havia nada com que se preocupar. Nico estava mais do que furioso com o idiota que tirou Percy da segurança de seu lar e o torturou em algum buraco.

—Voltem para cama, pessoal. Alarme falso. –Quíron falou, andando pelo corredor e empurrando todos de volta para seus quartos.

Eles foram para seus quartos e dormiram, exceto Nico.

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—Posso comer mais cereal?- Percy perguntou, ao se sentar no sofá.

Eram nove da manhã e Artemis precisava pegar o depoimento do garoto, já que ela era a detetive encarregada desse caso. Ele não teve tempo nem de comer o café da manhã antes de sentar na sala e ser interrogado.

—Claro, querido.- Sally disse e retornou com um novo pote de cereal de chocolate.

Os presentes naquela sala eram a detetive Artemis, Percy e seus pais. Thalia e Nico lutaram com garras e dentes para participar da reunião, mas nem eles conseguiram convencer Poseidon a deixá-los se juntarem a eles.

—Percy, você se lembra de como o seu seqüestrador se parecia?

O garoto respondeu entre colheradas de cereal.

—Sim, ele era gordo e baixo. Tinha cabelo preto, cortado estilo militar. Tinha buracos no seu rosto, e dentes de fumante. –Falou, seguro de si.

Artemis anotou tudo isso.

—E você se lembra de onde fugiu? –Ela perguntou.

—De uma floresta. Havia um porão com uma escada, e eu saí no meio da selva. Andei alguns quilômetros pela estrada até chegar à cidade.

Artemis anotou em seu caderno: escotilha? Abrigo militar?

A floresta de Rockwell era extensa e cheia de lobos selvagens, era um sorte de que ele tenha escapado com vida. O que levava A Caçadora a sua próxima pergunta.

—Porque você não tentou escapar antes? Quer dizer, você ficou lá por sete anos, certo?

—Eu tentei escapar na primeira oportunidade que encontrei.

—Quando?

—Ontem. –Ele explicou. – Ele sempre trazia comida para mim, descia as escadas, dava doze passos e vinha me trazer algo para comer ou beber. Ontem, deixou a porta no teto aberta então eu arrisquei. Eu podia ver fogo de onde estava preso.

—Fogo? –Artemis perguntou confusa.

Percy assentiu.

Artemis hesitou, escreveu algo em seu caderno.

—Vocês não vão machucá-lo, vão? –Percy perguntou, preocupado. 

Poseidon e Sally se entreolharam.

Artemis olhou para Percy, incerta.  Ela ainda se lembrava do que seu chefe tinha lhe dito no primeiro dia de trabalho: há dois tipos de caso. Os que fazem a sua carreira, e os que destroem sua carreira. Ela tinha a impressão de que o caso Olympus seria o segundo, só não conseguia explicar o porquê.

—Acho que isso é suficiente, obrigada. –Ela falou, e se levantou. Poseidon foi abrir a porta para ela.

Quando ela saiu, Percy foi para o jardim. Ele sempre adorava o jardim, porque a piscina ficava no lado esquerdo dos fundos e o garoto adorava nadar. Mas a paz daquele santuário estava sendo destruída pelos gritos de Zeus e Hera.

—Você vai usá-lo para promover sua nova eleição, não vai?!

—Hera, querida, seja razoável! –Zeus gritou frustrado.

A Rainha – como as crianças cruelmente a chamavam – deu um tapa no rosto de seu marido com tanta força que ficou vermelho.

Zeus a fuzilou com seus olhos, até se dar conta de que Percy estava lá.

—Percy. –Disse surpreso.

Hera se virou, ficou em silêncio por alguns segundos então passou por Percy e saiu pisando fundo. Zeus riu nervoso.

—Ela só estava...

Percy assentiu desinteressado e retornou para dentro da casa.

Ao meio dia, houve uma reunião na frente da prefeitura. Todos os jornais da região estavam presentes, junto com toda a família Olympus. Os flashes das câmeras brilharam quando Zeus terminou seu discurso.

—... É por isso, que estou feliz de anunciar que irei concorrer novamente para prefeito este ano. Por meu sobrinho, Percy... E por todos os garotos perdidos que possam estar aí fora!- Ele disse, com aquela voz de trovão que todos respeitavam.

A multidão começou a aplaudir e a assobiar. Percy olhou para Hera, que parecia frustrada com algo. Talvez porque seu tio estava usando ele como uma ferramenta política. Percy ficou na frente daquela multidão, ouvindo os aplausos e a enxurrada de perguntas, considerando suas opções.

Tinha retornado para casa, são e salvo. Mas Atlas ainda estava aí fora em algum lugar. Não podia pedir ajuda para a família Olympus porque eles não eram confiáveis. A melhor coisa a se fazer era apagar seus traços e fingir que nada nunca aconteceu.

Hera e Dionísio já tinham feito isso ao roubar seu exame de DNA. Agora só faltava o pedaço de madeira de Frank, o computador de Leo e ele poderia ter sua vida normal de volta.

Percy sorriu e acenou para o público.


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