História 10 - ANJO escrita por Tsuruga Akira chan


Capítulo 20
Capítulo 20 - FINAL


Notas iniciais do capítulo

Espero que estejam gostando!

Enjoy, Minna-san!



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No mundo humano, já estava quase entardecendo. Após uma longa e sofrida caminhada por Karakura, Karin finalmente chegara em casa. O que antes lhe fazia sofrer, não fora exatamente a caminhada, mas sim o motivo desta. Desde o turno da manhã daquele dia, a morena fora capturada e arrastada por sua irmã mais nova e Matsumoto em suposta missão de comprar roupas novas para a jovem recém-desperta.

Yuzu sofrera bastante com a ausência da irmã enquanto em coma, e isso nunca fora segredo para Karin, que sempre foi tão ligada quanto ela. Contudo, em sua volta, ao ver os joelhos da irmã mais nova fraquejarem diante de si enquanto chorava incontrolavelmente agradecendo seu retorno, acabou por concordar com a sugestão de Matsumoto de sair com a irmã para começar a recuperar todo o tempo perdido e se adequar a sua nova vida após “ressurreta”. A morena, agora relutante ao saber do objetivo geral da saída - ou seja, incansáveis caminhadas e trocas de roupas -, fora arrastada por todos os cantos e galerias da cidade, além de ser obrigada à experimentar todas as centenas de peças - que em sua maioria não eram do gosto da garota - que Matsumoto e Yuzu lhe separaram e empurraram para dentro do provador. Karin, embora quase recuperada, ainda dependia um pouco do auxílio de uma muleta para se movimentar por longas distâncias e tal fator dificultara mais ainda seu conforto durante a torturante missão de comprar roupas para si.

Cansada e sem paciência alguma restante, a morena convenceu suas acompanhantes para que continuassem sua incessante busca sozinhas, alegando cansaço excessivo - mesmo que em sua maioria fosse apenas mental.

Finalmente, chegando em casa, retirou as roupas e os sapatos que faziam seu corpo pesar toneladas e submergiu em uma cheirosa e relaxante água morna que preenchia sua banheira. Após um bom tempo de intenso relaxamento no banho, Karin levantou-se, secou-se, vestiu-se com uma velha camisa masculina de um time de futebol qualquer do qual o irmão participara anos atrás na faculdade e subiu para seu quarto - no qual agora dormia sozinha desde que seu irmão saíra de casa para morar com Rukia e Yuzu tomara o quarto do mesmo para si, transformando-o também em algum tipo de ateliê - e  jogou-se na cama, sentindo seu corpo afundando imediatamente em todo o conforto que uma cama macia poderia proporcionar à um corpo exausto.

— Cama… Minha cama… - Murmurou de olhos fechados aliviada por ter sido liberada de sua penitência. Bufando, abriu seus olhos e olhou calada durante alguns segundos para a luz alaranjada que entrava pela janela aberta. - Se veio me visitar, poderia pelo menos entrar e dizer um “oi”. - Comentou. - Desça do meu telhado e entre de uma vez.

Um breve som de passos e logo um jovem grisalho, aparentando algo por volta do início dos 20 anos e vestindo roupas casuais, passou pela janela e nela mesmo se encostou. Contudo, o rapaz não olhou para a garota, apenas mantinha seu olhar fixo e meio baixo em qualquer canto do outro lado do quarto.

— Sabe, Toushirou, faltou a parte do “oi”. - Comentou a morena em deboche.

O capitão estalou a língua e fez um bico emburrado. A garota sorriu.

— Um mês, não é? - Perguntou. O rapaz franziu a testa em confusão ainda sem olhá-la. - Um mês desde que você começou a aparecer no meu telhado todos os dias sem me cumprimentar. - Detalhou. - Tive que obrigá-lo à se lembrar que sei que você está por perto. - Especificou. - Depois de velho, por acaso, virou algum tipo de “stalker”? - Perguntou sentando-se.

O capitão se sobressaltou envergonhado e ofendido, finalmente olhando para a garota.

— Deixe de falar bobagens, Karin, estava apenas verificando se estava tudo bem. - Respondeu em tom baixo.

— Essa casa já é vigiada pelo velho, o Ichi-nii e o povo da loja. - Lembrou. - É bom arrumar um argumento melhor.

— Está dizendo que estou mentindo? - Retrucou.

— Estou dizendo que mesmo que seja verdade, não é tudo. Está escondendo algo. - Rebateu. - Então, o que faz aqui?

O rapaz calou-se e olhou de soslaio para a janela admirando a paisagem além dela.

— Toushirou. - Chamou a morena de pé, apoiando-se em uma muleta.

— Me acostumei. - Admitiu relutante em tom baixo. - Me acostumei à vê-la antes e depois do trabalho.

A jovem arregalou levemente os olhos em surpresa e depois riu baixo. Hitsugaya ruborizou um pouco e rangeu os dentes constrangido.

— Era só isso? Admito que me acostumei com isso também. - Confessou causando certa surpresa no rapaz. - Mas, me acostumei à vê-lo e escutá-lo e não apenas sentir sua presença em meu telhado. Poderia, ao menos, entrar às vezes e conversar comigo.

— Eu não… - Começou e, repentinamente, abaixou seu tom de voz novamente e mirou qualquer ponto diferente da morena. - Eu prefiro assim. É só.

— Sei… - Disse dando dois passos à frente. Hitsugaya se retesou um pouco como se tentasse atravessar a parede para ganhar distância. Karin levantou uma sobrancelha e franziu o cenho. - Sabe, Toushirou, passei um dia infernal na cidade hoje. - Deu um outro passo. - Não acreditaria o quanto Yuzu e Rangiku-san andariam só para conseguir um pedaço de tecido mais em conta. - Mais dois passos e o rapaz novamente tornou-se inquieto. - Estou cansada e não estou conseguindo me apoiar direito. - A muleta foi ao chão e Karin estendeu seus braços para segurar-se nas roupas do rapaz enquanto seus joelhos falhavam em lhe sustentar de forma adequada. A morena logo reparou em uma visível indecisão no olhar do grisalho que tentava lhe ajudar e ao mesmo tempo hesitava em tocá-la. Sem pensar duas vezes, empurrou seu corpo para frente para cair no peitoral do grisalho e segurar-se em seus ombros.

Hitsugaya retesou-se e pareceu preocupado. Karin levantou seu olhar e encarou-o séria.

— Não precisa ter medo de chegar perto e me tocar, não vai acontecer de novo. - Declarou ao rapaz referindo-se à quando lhe roubara a reiatsu.

O capitão abriu a boca em uma exclamação muda e novamente fechou, pondo-se arrependido.

— Não tenho como não me preocupar, foi minha culpa. - Disse pesaroso e preocupado. Em seus olhos era fácil reconhecer a perturbação em sua alma.

Karin bufou.

— É idiota, por acaso? Desde quando minhas decisões são regidas por você? Não se ache demais, garoto. Além disso, já conversamos sobre isso… Pare com esse remorso sem sentido e com essa preocupação exagerada. - Exigiu.

— Não é exagerada. Tenho que me preocupar, pois se perder o controle e começar novamente, ficar perto de alguém como eu (um capitão) irá prejudicá-la e colocá-la em risco novamente. - Argumentou certo de suas razões.

— Você pensa demais, Toushirou! O que eu tenho que fazer para você entender?... - Questionou a morena logo lhe ocorrendo algo. Karin olhou de forma curiosa para o grisalho e sorriu. - Culpa sua. - Declarou antes de se aproveitar da pouca distância para tomar os lábios do grisalho em um beijo calmo.

Hitsugaya sentiu o calor e a maciez dos lábios da garota dominar sua boca. Um aroma doce invadiu suas narinas e uma respiração quente bateu contra a pele de seu rosto. O capitão sentiu seu coração de acelerar ao sentir o corpo da garota se aproximar mais e grudar-se ao seu, eliminando toda e qualquer que ainda pudesse existir. Seu braço enlaçou a cintura feminina a morena separou-se para respirar novamente, apenas desgrudando os rostos. Um olhar brilhante e intenso e um sorriso travesso estampou seu rosto, encarando o rapaz.

— E aí, pareceu que roubei algo do seu poder? - Questionou zombeteira.

Hitsugaya olhou curioso para a morena e sorriu de canto, puxando-a mais para si e sussurrando algo em seu ouvido.

— Deveria ter me deixado como estava.Tome mais cuidado com as consequências de seus atos, Karin. - Alertou surpreendendo-a. O nome da jovem saiu um pouco mais rouco e arrastado, fazendo a morena se arrepiar.

A Kurosaki sorriu determinada e encarou-o como quem aceitava algum tipo desafio

— Que seriam...? - Questionou debochada referindo-se as tais “consequências”.

O capitão levantou um pouco uma sobrancelha ao entender que a garota lhe desafiava de alguma forma. Seu sorriso de canto alargou-se em um satisfeito com a resposta recebida. Karin sempre fora corajosa, sincera e determinada; e estas características nela sempre foram um tipo de atrativo para o grisalho.

— Estas. - Sussurrou novamente ao pé de seu ouvido, a fazendo arrepiar com o tom baixo e rouco e a respiração quente batendo em sua orelha.

Após sussurrar, o rapaz lhe puxou para o mais próximo de si que podia e capturou-lhe os lábios em um beijo mais profundo e sensual que o primeiro, sentindo a garota encolher-se e o corpo fraquejar. Podia sentir o calor do corpo feminino atravessar o fino tecido da camisa esportiva e alcançar sua pele, além do cheiro doce natural realçado pelo banho recém-tomado. Subiu uma de suas mãos, entrelaçando seus dedos por entre os longos fios negros na nuca de Karin, ouvindo-a soltar um gemido abafado por entre os lábios tomados. Soltando-os finalmente, afastou seu rosto apenas o suficiente para que sua companheira respirasse e ele pudesse encarar sua feição. Hitsugaya sentiu um sentimento misto entre orgulho e soberba surgir em seu âmago ao ver a garota meio descabelada, de lábios vermelhos e meio inchados entreabertos em busca de ar, além do olhar brilhante encarando intensamente o seu e as bochechas levemente ruborizadas, todos causados por seu beijo.

Karin viu o sorriso se alargar e um brilho misterioso surgir nos olhos claros do grisalho, causando-lhe um tipo de hesitação ou ansiedade. O grisalho pareceu entender seu estado confuso e aproveitou-se disso levantando-a em seu colo e caminhando pelo quarto em direção à cama.

A morena assustou-se ao perder seu chão repentinamente e mais ainda ao ser colocada deitada em cima da cama com Hitsugaya lhe observando de cima tão de perto.

— O que foi isso? - Perguntou a morena em tom sereno, embora este não fosse seu real estado.

O capitão soltou um breve riso abafado.

— Tenho que ir por agora, tem certas visitas inconvenientes vindo para cá. Não quero encontrar com elas. - Karin não entendeu muito bem a resposta, mas logo percebeu do que se tratava, sentindo a presença de sua irmã e de Matsumoto se aproximando.

— Pretende voltar? - Quis confirmar.

— Como todo dia. - Respondeu. - Isto é, se você quiser. - Completou.

Karin sorriu.

— Estarei esperando. - Declarou e puxou-o para si novamente, roubando-lhe os lábios e o surpreendendo. Separando-se, sorriu travessa ainda deitada. - Não demore.

O rapaz ruborizou um pouco ao ouvir a declaração da garota deitada em baixo de si e ver seu sorriso sapeca.

Hitsugaya se levantou e empertigou-se novamente, virando-se de costas e limpando a garganta antes de se despedir.

— Voltou amanhã, Karin. - Declarou dando alguns passos para a janela. - Ittekimasu.

— Certo, estarei esperando, Toushirou. - Respondeu sentando-se na cama. - itterasshai. - Despediu-se sorridente.

O grisalho sorriu de leve e sumiu janela à fora. Instante após, Yuzu e Matsumoto adentram o quarto lotadas com sacolas de compras.

— Nee-chan, compramos muitas coisas depois que você foi embora! Você precisa ver! - Exclamou a mais nova animada.

— Hai, hai… - Respondeu já conformada vendo a irmã ir para o outro quarto momentaneamente.

A ruiva, no entanto, ficou encarando a morena por alguns instantes como se analisasse algo. Deixando as sacolas de compras no chão, deu alguns passos até Karin e cheirou o ar, olhou para a janela e olhou novamente para a garota, encarando-a com uma feição confusa.

— O taichou esteve aqui? - Perguntou.

— Ele vêm todos os dias, Rangiku-san. Sabe disso. - Respondeu a morena como se nada tivesse acontecido.

— Bem… Isso é verdade… - Concordou, mas observou atentamente a muleta no chão próxima à janela e voltou a olhar para a garota. Aproximou-se o máximo que pôde de Karin e respirou profundamente. Um sorriso malicioso estampou o rosto da tenente. - Claro, todos os dias. - Comentou maliciosa.

Karin se afastou um pouco tentando fugir do olhar constrangedor que a mulher lhe lançava. Yuzu logo voltou.

— Disse alguma coisa, Rangiku-nee? - Questionou a loira confusa.

— Nada não, linda. - Sorriu. - Vamos tomar um banho juntas? - Ofereceu animada e empurrando a garota para fora do quarto. Antes de sair, olhou de soslaio para a morena constrangida e sorriu.

Ao fechar da porta, Karin se jogou cansada na cama e novamente lembrando de respirar.


— Ok, isso foi assustador. - Comentou para si mesma e soltou um longo suspiro. No fim, sorriu satisfeita. - Bem, acho que é fácil para ela descobrir. - Riu. - Veremos a cara “dele” amanhã. - Karin esperava ansiosamente pelo início do próximo dia, quando o grisalho novamente retornaria, assim como todos os outros dias de sua vida. Hitsugaya sempre voltava para ela.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
Nos vemos em breve no capítulo extra!

Sayounara, Minna-san! o/



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