Não Diga que Me Ama escrita por Sabrina Azzar


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Essa é minha nova fanfic =)
Eu tenho postado ela em formato original no Wattpad, e decidi postar aqui também, mas como UA de Jogos Vorazes. Espero que gostem =)
Beijos e boa leitura! =)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/695996/chapter/1

Katniss

 

“Um é um número solitário

Isso meio que faz você pensar

Como começar do zero pode ser tão bom

Mas eu só me sinto bem”

Hunter Hayes – “Nothing Like Starting Over”

 

— Vá dar uma volta, conheça a vizinhança — pediu meu pai com um sorriso sincero nos lábios. Ele sabia o quanto estava sendo difícil para mim, deixar a Califórnia era como se eu as tivesse deixando para trás, como se eu as tivesse esquecido, e sei que meu pai também pensava assim, mas foi preciso, se continuássemos lá enlouqueceríamos.

— Ok, volto logo para te ajudar com as coisas — concordei lhe dando um beijo na bochecha. — Eu te amo pai.

— Eu também te amo filha — ele sorriu e eu retribuí com o mesmo gesto. Fechei a caixa que estava esvaziando e peguei meu celular em cima da mesinha perto da porta da sala, em seguida saí a fim de conhecer um pouco da vizinhança onde nós moraríamos. Não era um bairro chique, mas ainda sim bonito e agradável, as casas eram todas bem pintadas com um grande gramado na frente. Os vizinhos muito simpáticos e acolhedores.

— Boa tarde! — cumprimentou uma senhora de mais ou menos setenta anos sentada em uma cadeira de balanço na sacada de sua casa.

— Boa tarde — respondi sorrindo e continuei a fazer a minha caminhada observando tudo o que eu podia. O dia estava quente, mas ainda sim agradável.

Depois de andar por alguns quarteirões uma garotinha me chamou a atenção, com os cabelos loiros e lisos que iam até o meio das costas, pele clara e olhos azuis. Ela brincava jogando uma bolinha vermelha e um filhote de pastor alemão corria para pegá-la com a língua de fora. Parei e fiquei observando os dois brincarem alegremente, a garota não devia ter mais de nove anos e sempre sorria quando seu cão trazia a bolinha babada de volta para ela. Ela me lembrava a minha irmã.

Madge amava brincar de bolinha com zeus, seu cachorro vira-lata estranho. Eu não sabia como ela conseguia gostar daquele cachorro, ele era feio e tinha um latido irritante, mas ela o amava, e o sentimento era recíproco da parte dele, tanto é que algumas semanas depois do acidente ele acabou ficando muito doente e faleceu. Era a única coisa que eu e ele tínhamos em comum: o amor incondicional por Madge.

— Moça bonita! — uma voz doce e infantil me puxou de volta do meu passado mórbido e eu sorri ao perceber que era a garotinha que antes observava. — Você quer brincar? — limpei meu rosto, pois algumas lágrimas haviam escapado e atravessei a rua em direção á pequena.

— Oi — disse me agachando para acariciar a orelha do cachorro. — Ele é seu?

— É sim, ganhei do meu irmão. Você gosta de cães? — apenas assenti sorrindo. — Sou Prim, como você chama?

— Katniss.

— Que nome bonito — ela sorriu. — Não gosto muito do meu — deu de ombros.

— Mas seu nome é lindo — sentei-me na grama e ela me acompanhou com um sorriso divertido.

— Meu irmão também diz isso, mas eu não gosto — as mãos pequenas e delicadas de Prim acariciavam o cachorro enquanto ele abanava o rabo, parecendo gostar do gesto. — Você é nova aqui?

— Sou sim, acabei de me mudar.

— Que legal você quer ser minha amiga? É que não tenho muitas sabe... — falou triste encarando o chão. Como eu podia negar algo á ela?

— Quero sim Prim — sorri e os olhos da garotinha brilharam, da mesma forma que os olhos da minha irmã já brilharam um dia.

Ficamos brincando com seu cachorro, Jake, durante um bom tempo, ela disse que colocou esse nome nele por causa do Jacob de Crepúsculo e aquilo me fez rir. A garota era simplesmente apaixonada pela série, dizendo que já tinha lido todos os livros e assistido todos os filmes.

— Meu irmão disse que agora vai comprar os livros de Percy Jackson para mim — era algo tão doce quando ela falava do irmão, sempre com um brilho nos olhos. Ela me disse que ele dava de tudo para ela, roupas, livros e até uma bicicleta, mas ela nunca, em hipótese alguma falava dos seus pais e aquilo me deixou intrigada.

— E os seus pais, Prim?

— Eles não moram mais juntos — respondeu como se não fizesse questão. — o meu pai vem me ver de vez em quando, mas a namorada dele não gosta muito e minha mãe não fica muito aqui, ela está sempre trabalhando e diz que não tem tempo para mim.

— Então o seu irmão é quem cuida de você?

— Sim, ele disse que quando tiver vinte e um anos vai comprar uma casa e nós vamos morar lá — comentou sorridente. — Sem a mamãe — acrescentou e eu assenti tentando retribuir o sorriso, mas no fundo me deu um aperto no peito. Toda garota precisa da presença feminina de uma mãe, mas infelizmente Prim não teria. Por um lado fiquei feliz, pois sabia que mesmo que minha mãe tivesse partido, não foi por sua escolha e ela sempre me amou, já a mãe dela estava viva, podia estar com a filha e lhe dar todo o amor que só uma mãe sabe dar, mas ela resolveu não fazer isso, resolveu colocar o trabalho acima das necessidades fraternais de sua filha que tinha apenas nove anos.

— E quantos anos seu irmão tem agora? — perguntei tentando mudar o foco da conversa.

— Ele tem dezesseis — eu havia ficado realmente surpresa com o que ela tinha me respondido, pois na minha cabeça o garoto tinha uns dezenove ou vinte anos. Mas dezesseis? Ele tinha a minha idade, não passava de um adolescente e carregava todo o fardo de cuidar sozinho de uma criança. Era realmente admirável.

— Nossa, ele deve ser muito legal.

— É sim — confirmou. – É o melhor irmão do mundo.

— Eu não duvido — respondi pensativa.

Continuamos conversando sobre livros e filmes, e hora ou outra ela citava o irmão. Dizia que ele quem a levava ao shopping, que a levava á escola, lhe contava uma história todos os dias antes de dormir e sempre que tinha pesadelos ele se deitava com ela, até a pequena pegar no sono. Confesso que tive certa curiosidade em conhecer esse tal garoto, conhecer o super-herói da garotinha de nove anos, que não tinha a presença dos pais em sua vida, o garoto que trabalhava para comprar as coisas que a irmã tanto gostava e que a levava em consultas médicas como se fosse um pai.

— Ei pirralha — ouvi uma voz masculina soar atrás de mim e Prim se levantou sorrindo, em seguida saiu correndo.

— Oi Peeta — olhei para trás e vi a garota pular nos braços de um garoto, ele era alto, tinha a pele clara como a de Prim e os mesmos olhos azuis da pequena.

— Tudo bem com você? Eu senti saudades — disse abraçando e erguendo-a do chão.

— Estou bem. Ah! Eu fiz uma amiga nova, você quer conhecer? — Prim desceu do colo do garoto, e pela primeira vez ele notou a minha presença ali. Olhou-me como se me analisasse e em seguida Prim o puxou pela mão até mim. — Essa é Katniss — me levantei batendo as mãos no short para limpá-lo e fiquei de frente para o moreno.

— Muito prazer Katniss, sou Peeta, irmão da Prim — ele passou a mão pelos cabelos e coçou a nuca sorrindo ladeado. Duas covinhas se formaram em suas bochechas e alguns fios lisos de seu cabelo caíram sobre sua testa. O garoto vestia uma calça jeans e tênis, uma regata cinza e tinha uma mochila que pendia em seu ombro direito.

— Prazer — respondi um pouco tímida. — Prim falou muito de você.

— A pirralha falou bem ou mal de mim? — perguntou fazendo cócegas na pequena, que tentou escapar inutilmente de suas mãos ágeis.

— Falou bem — sorri com a cena. Ele era tão atencioso com ela.

— Eu só falei a verdade — a garota saiu correndo e acabou acordando Jake, que começou a correr atrás dela.

— E então... Você é nova aqui não é? Nunca te vi.

— Sou sim, acabei de me mudar.

—Hum... — colocou as mãos nos bolsos da frente do jeans e encarou o chão. — Você quer entrar? Tomar um suco ou, sei lá...

— Não, tudo bem, preciso voltar e ajudar meu pai com a mudança. Deixa para a próxima — ajeitei o meu cabelo em um coque falso e ele assentiu um pouco sem graça.

Decidi que já era hora de ir embora e chamei Prim para poder me despedir. A pequena veio até mim ofegante e parou com as mãos nos joelhos enquanto Jake abanava o rabo em seu encalço.

— Estou indo embora ok? Outro dia eu venho para nós brincarmos...

— Nós podemos levar você em casa? Quero ver onde você mora — olhei para o garoto que assistia tudo atentamente e então ele deu de ombros, como se dissesse “tudo bem”.

— Por mim tudo bem — falei por fim.

— Nós podemos Peeta? — ela perguntou fazendo uma carinha de cachorro sem dono e o irmão suspirou vencido.

— Ok, mas não é justo você fazer essa carinha. Sabe que não consigo dizer não quando a faz.

— Eu sei — sorriu divertida. — Já volto, vou pegar a coleira do Jake.

— Você me espera trocar de roupa? Estou morrendo de calor — Peeta perguntou enquanto Prim corria para dentro de sua casa.

— Pode ir, eu espero aqui.

— Absolutamente, você espera lá dentro, vem — falou seguindo a irmã, mas continuei parada. Eu devia? – Ei! Você não vem?

— Claro.

— Pode ficar á vontade — ele avisou já dentro da casa. — Prometo não demorar — arrancou a regata e começou a subir os degraus que levavam ao segundo andar. Ai meu Pai! Era impressão minha ou tinha ficado quente ali? Peeta era lindo, tinha um corpo de deus grego e uma tatuagem de águia com as asas abertas nas costas. Permiti-me babar um pouquinho enquanto ele subia as escadas em câmera lenta. Porque ele estava em câmera lenta mesmo?

— Bú! — Prim gritou se jogando em cima de mim e eu dei um grito de susto.

— Ai meu Deus! — levei a mão ao coração. — Você me assustou.

— Desculpa — pediu sincera, com os olhinhos meigos e brilhantes.

— Tudo bem — sorri.

— Cadê o Peeta?

— Foi trocar de roupa.

— Ah tá, você quer suco? Fui eu quem fez — ela nem me esperou responder e já saiu correndo para o que devia ser a cozinha, alguns minutos depois ela chegou trazendo um copo com um líquido amarelo. — É de maracujá.

— É o meu favorito — sorri. — Obrigada.

— Sério? O do Peeta também — falou segundos antes de ele aparecer na sala com uma bermuda tactel na cor vinho e outra regata cinza, chinelos pretos e cabelos molhados, um pouco bagunçados com algumas gotas de água caindo em seu rosto.

 

Ai meu Deus! Aquilo era sério mesmo? Eu tinha a leve impressão de que o Senhor estava testando meu autocontrole...

— O que tem eu? — perguntou beijando o rosto da pequena.

— Que o suco preferido da Katniss também é maracujá, igual o seu — ele me olhou como se quisesse uma confirmação, apenas dei de ombros enquanto bebericava o meu suco.

— Hm — sussurrou surpreso.

— Vamos gente? O Jake quer sair! — Prim gritou interrompendo algo que ele ia dizer.

— Claro, vamos... — respondeu olhando para mim.

— E então... — Peeta cortou o silêncio. — Onde é que você mora mesmo?

— Ali em cima — respondi apontando para minha casa.

— Ah tá — coçou a nuca parecendo nervoso. — Você... Você já conheceu a cidade?

— Não, eu cheguei hoje pela manhã com meu pai, ainda não tive tempo.

— Você... — limpou a garganta. – Tem algo para fazer á noite? — o encarei confusa. — Posso te mostrar a cidade... Se quiser, é claro — ele estava me convidando para sair?

— Han... Claro, seria ótimo — Peeta deu um sorriso lindo e sincero enquanto me encarava com seus olhos azuis como mar.

— A que horas você pode?

— Ás oito?

— Ok então, ás oito...

— Eu posso ir? — Prim perguntou olhando para o irmão.

— Não pequena, é muito tarde para você... — disse acariciando os cabelos da pequena que fez um bico de insatisfação.

— Não fica assim, Prim, podemos sair juntas outro dia. Fazer compras no shopping, o que acha?

— Você promete? — os olhinhos da pequena brilharam e eu entendi bem o motivo. Ela nunca havia feito um programa de garotas.

— Prometo — sorri e ela também.

— Bom, chegamos — Peeta falou parando em frente a minha casa.

— É.

— Tchau Katniss — Prim falou e depois me deu um abraço apertado.

— Tchau querida. Amanhã a gente se vê — ela assentiu e me soltou, dando espaço para que Peeta chegasse mais perto.

— Até mais tarde? — perguntou olhando em meus olhos com aquele seu sorriso ladeado.

— Sim, até mais tarde — sorri tímida e sem que eu esperasse, ele veio para perto e depositou um beijo carinhoso em minha bochecha.

E foi a partir daquele beijo que meu coração começou a bater mais rápido toda vez que eu via o Peeta.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então... Esse capítulo é meio sem sal, porque é só o prólogo, mais para contar como eles se conheceram =)
O que acharam? Estão gostando? Fiquem atentos, o próximo capítulo sai daqui a 15 dias =)
Beijos :* :*

Ahhh! Quem quiser ficar atento sobre as novidades, entrem no meu grupo do facebook, sempre tem spoilers quentinhos por lá =D
https://www.facebook.com/groups/104053936648027/