Make Your Choice escrita por Elvish Song, SraFantasma


Capítulo 22
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Notas iniciais do capítulo

Oláááááá, pessoal!!!! Depois de uma eternidade presa por trabalhos, pneumonias e problemas, finalmente consegui produzir um capítulo decente que, espero, compensará a longa ausência! Aliás, as férias se aproximam, então as outras fics também devem ser atualizadas logo!
Sem mais delongas, agradeço pela paciência e carinho, e deixo aqui o capítulo!



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                - Como ela está? – perguntou Erik, quando Christine finalmente deixou o quarto de hóspedes.

                - Nada bem, eu diria... Chorou até dormir. – a soprano estava um tanto perplexa com a situação, certamente mais do que deixara transparecer – está com medo de voltar para casa e os pais perceberem algo...

                - A situação é delicada. As pessoas não... Bem, não aceitam facilmente a diferença.

                - Você não pareceu reagir mal.

                - E fazer com elas o que sempre fizeram comigo, mesmo que por outro motivo? Não, obrigado. – ele respirou fundo – existe algum modo de ajudá-las?

                - Ainda é Erik Destler falando? – perguntou Christine, espantada – está realmente dizendo que...

                - Renée e Louise nos ajudaram quando ninguém mais teria. Não posso virar as costas quando estão com problemas... – ele varreu sua noiva com os olhos e desviou o rosto antes de completar – especialmente um que conheci bem.

                - Não está falando de rejeição por ser diferente... – Christine baixou a cabeça, culpada ao compreender que ele se referia mais especificamente à dor de um amor impossível, mas logo sentiu dedos enluvados sob seu queixo fazendo-a erguer a cabeça; seu noivo a fitava com carinho ao dizer:

                - Está no passado. Nós dois tínhamos muito o que aprender, e nem sempre é possível crescer sem alguma dor. Não se culpe pelo que já passou. – ele a abraçou – pois a cada dia você torna o agora o único lugar e tempo em que desejo estar.

                - pensei que estava zangado comigo – murmurou a moça, aninhando-se naquele abraço – que estava com raiva.

                - estou com raiva, mas não de você. Estou com raiva porque sei como ambas estão sofrendo, e não faço ideia de por onde começar a ajuda-las. – O Fantasma se afastou de sua noiva, contemplativo.

                - Podemos começar com Louise, que não pode ir para casa, agora. Peça a alguma criança da rua que avise à mãe dela sobre o atraso... Pode dizer que não estou bem, mas você não pode ficar comigo. É uma desculpa plausível.

                - E depois? Louise terá de ir para casa, em algum momento.

                - Sim, mas ela precisa dormir um pouco, e quero falar com ela mais um pouco. Com um pouco de sorte você e eu teremos alguma ideia. – ela se sentou, levemente tonta pelo estresse da situação; Erik reparou na palidez da futura esposa e se abaixou ao seu lado:

                - Você não parece bem. O que está sentindo?

                - Nem me atrevo a queixar do que for, ante a situação de Louise. – declarou a moça. O olhar de seu noivo, contudo, parecia insistir na pergunta – é só uma tontura, vai passar. – ela se levantou – deveríamos avisar logo a família de Louise.

                - Vou pedir a um dos meninos que estão brincando na rua. E você – ele a segurou pelos ombros – precisa se acalmar. Está pálida como cera, e sei que está lutando para se controlar e lidar com toda a tensão dessa tarde. – beijou a fronte de Christine – consegue ficar sozinha enquanto vou falar com uma das crianças?

                - Eu estou bem, amor. Pode ir.

                O Fantasma deixou a casa, e vendo-se sozinha na sala a moça encostou-se à parede, levemente trêmula. Emoções fortes tiravam sua estabilidade, mas agora já conseguia suportar os sintomas e impedir que a crise de pânico se manifestasse.

                - Calma – sussurrou para si mesma – respire fundo, como Renée ensinou. Louise precisa de você, e deve ter a mente clara. – tentou se afastar da parede, mas a vertigem era forte e a obrigou a se apoiar novamente.

                - Chris? – a voz de Louise veio da porta do quarto, onde a jovem estava parada com semblante preocupado – você está bem?

                - Lou! – a soprano tratou de se recompor o melhor que podia, rapidamente – eu é que pergunto! Como está se sentindo?

                A ruiva baixou os olhos e deu de ombros, constrangida:

                - Envergonhada, constrangida... Não queria estragar o almoço, e menos ainda que as coisas fugissem ao controle como fizeram.

                - Não se sinta culpada – Christine segurou delicadamente o rosto da mais velha – não estragou nada. Quanto a controle... Não creio que possamos controlar algo como o coração. Acredite em mim, eu tentei. Qualquer ilusão de controlarmos o que sentimos é apenas isso: ilusão.

                - Mas isso não muda as consequências que cairão sobre mim, Chris... E sobre qualquer um que me ajude.

                - Que venham as consequências. Não vou desampara-la por medo de más línguas.

                - Mas o que farão a você quando souberem...

                - Louise – Christine sorriu e puxou a amiga para a sala – em primeiro lugar, não é algo que será anunciado em praça pública. Seu segredo está a salvo conosco. E segundo... O que realmente podem fazer?

                - Você não conhece minha mãe... – a ruiva tinha um olhar melancólico – se ela souber que estou apaixonada por outra mulher, há de me enviar a um convento... Ou pior – a hipótese de ser mandada para um manicômio a fez tremer, o que levou Christine a abraça-la na tentativa de confortar a outra mulher – e qualquer um que me tenha acobertado ou ajudado vai ser difamado. Ela fará o que puder para despertar o ódio dos moradores contra você e Erik! Como posso arriscá-los dessa forma?

                - Louise, nós decidimos correr esse risco, se acha que há algum, se for o preço para lhe dar apoio. Ninguém deve se sentir sozinho e desamparado, especialmente você. – a soprano abraçou sua amiga – só quero que saiba: não está sozinha. Tem uma família à qual não está ligada por laços de sangue, mas sim, de amor e amizade.

                Uma lágrima escorreu pelo rosto da mais velha, que a secou com os dedos e murmurou:

                - Acha que Deus vai me punir por isso? Por ser anormal e cometer tais pecados?

                - Acho que o amor foi a única lei que realmente nos foi deixada, e que é mais subestimada pelos homens em prol de convenções sociais mesquinhas. Você ama Renée, não ama?

                - Mais do que posso explicar. Pelos Céus, é um amor que dói tanto! Às vezes queria poder arrancar meu coração, apenas para não sentir algo tão intenso... – ela deitou a cabeça no colo da amiga – é assustador.

                - Sim. – a mais jovem fechou os olhos enquanto penteava com as mãos os cabelos da outra, num carinho fraternal – é assustador, não é? Amar tanto que seu peito parece não conseguir conter o coração. Amar de um modo que o coração dói a cada palpitar, e essa dor só aumenta por desejarmos ardentemente não sentir algo que nos parece errado, qualquer que seja o motivo.

                - Era assim que se sentia em relação a... Ele? – Louise se sentou e indicou a porta da rua com a cabeça; a moça morena anuiu com um breve sorriso:

                - Era.

                - E o que mudou?

                - Eu descobri o horror, a dor e o medo, e descobri que amar alguém que me amava era uma dádiva, não uma maldição. E por mais errado que pudesse parecer, como podia ser errado amar alguém que me amara o bastante para não desistir de mim, mesmo depois de tudo o que acontecera? Aceitei o que sinto. Aceitei Erik com suas qualidades e defeitos, e aceitando esse amor, a dor passou. – ela mordeu o lábio inferior, procurando palavras – não sei dizer o que vai acontecer, Lou, mas se tentar fugir, vai se machucar e ferir Renée. Para o bem ou para o mal, precisam conversar, entender o que há entre ambas e chegar a um acerto pacífico. Fugir não vai aliviar a dor, a culpa ou o medo. Precisa aceitar o que sente, porque isso é aceitar a si mesma, como é.

                A mulher riu baixinho e colocou uma mecha do cabelo da outra para trás da orelha, terna, antes de dizer:

                - Que mudança milagrosa! De uma moça tão aterrorizada que não falava ou interagia, a uma mulher que fala com tanta certeza de coisas tão profundas. – e fitou o chão – você desabrochou depressa.

                - Tive quem cuidasse de mim e me mostrasse o caminho. Deixe-me fazer o mesmo, agora. Deixe-me ajudar.

                Após longos minutos de silêncio, a garota de cabelos vermelhos finalmente perguntou:

                - Acha que Renée ainda irá querer falar comigo? Mesmo depois das coisas horríveis que eu disse ontem?

                - Você é jovem, estava assustada e confusa. É claro que Renée irá conversar com você. E se aquela médica sem parafusos sequer pensar em não vir lhe falar, eu irei atormentá-la até que se renda e aceite. – a mais velha riu sinceramente, imaginando como a amiga de fato seria capaz de fazer algo do gênero. E não era possível deixar de sentir profunda admiração pela cantora: era óbvio que seus temores ainda a acompanhavam, fosse na forma dos pesadelos que ainda a assombravam, fosse através das crises de ansiedade e pânico contra as quais precisava lutar. E ainda assim ela se obrigava a lutar e seguir em frente, determinada a se recuperar e libertar da escuridão da própria mente, buscando a liberdade de fazer as próprias escolhas.

                - Eu já disse o quanto a admiro, Christine?

                - Não sou mais digna de admiração do que você, ou Renée. Todos temos nossas dores, nossos medos e desafios. Você teve os seus, e os suportou com coragem e força inquebrantáveis. Eu também a admiro, Louise. E talvez o que lhe falte seja uma voz amiga a lhe dizer o quão forte, talentosa e admirável você é. Sempre foi. Talvez, se eu lhe disser como a vejo, o quanto a admiro, então você encontre essa força que sempre demonstrou, e consiga mudar a própria vida.

                Louise deu um sorriso emotivo, e ia dizer algo quando Erik entrou na sala. Tinha os olhos vermelhos e parecia estar com raiva, magoado e triste, tudo ao mesmo tempo. As duas jovens se levantaram, surpresas, e Christine exclamou:

                - Anjo! Meu amor, o que houve?!

                 - Nada demais. – mas estava claro que ele mentia. Christine se levantou e foi abraça-lo, sentindo-o trêmulo em seus braços.

                - Erik, o que aconteceu?

                - Aconteceu que crianças são pequenos demônios disfarçados como seres humanos! – ele olhou com raiva pela janela – pedi a um dos pequenos que fosse avisar a mãe de Louise, e ele foi. Os mais velhos, porém... Doze ou treze anos. Começaram a falar coisas que não deviam.

                - O que eles disseram?

                - Não importa.

                - Se magoou você, então importa. Por Deus, meu Anjo, você está tremendo!

                - Falaram sobre a máscara, começaram a rir dizendo que haviam feito uma aposta sobre o que eu escondia. Riram, dizendo que souberam de boatos sobre meu rosto ser o de uma gárgula... – ele meneou a cabeça – não continuaram rindo depois que arranquei o primeiro do chão e o mandei se calar, mas... – os olhos vermelhos estavam marejados de lágrimas que o orgulho não deixava derramar – só me trouxe lembranças difíceis. Não é importante.

                - Realmente não é. – concordou a moça, com um breve sorriso, acariciando o rosto de seu amado – aliás, as palavras de ninguém deveriam ser importantes, para você. Só existe uma opinião que deveria ser relevante: a de sua mulher. E tudo o que eu vejo é o homem que eu amo, o meu Anjo da Música, esteja ele com ou sem máscara.

                - Diz isso por pena?

                - Digo porque amo você! Porque seu rosto não é monstruoso, mas sim a face daquele a quem amo! – ela o beijou – você é meu Anjo, meu amado... Meu marido. Eu te amo, e isso é tudo o que importa. Sempre amei, e sempre amarei exatamente do modo como você é!

                Erik beijou a fronte de sua noiva e, sem dizer nada, subiu as escadas. Preocupada com ele, voltou-se para Louise e falou:

                - Eu já volto.

                - Não se apresse. Ele não parece nada bem... Grite, se precisar de algo. – a mais velha queria mesmo ir com a amiga atrás de seu patrão, consolá-lo e curar as feridas dele com carinho e amizade.

                - Obrigada – a mais moça correu escada acima atrás de seu futuro esposo e seguiu-o em direção ao quarto.

                *

                - Erik? – ela entrou no quarto e viu seu noivo junto às amplas janelas, o braço apoiado na parede, o olhar perdido em algum lugar distante. A moça se aproximou alguns passos, receosa de dizer algo que fizesse seu Anjo se sentir pior – quer conversar?

                - Não creio que tenha algo a dizer, Christine. Essas coisas acontecem, e eu já deveria estar acostumado. – ele suspirou – não se preocupe.

                - como não me preocupar? Por Deus, Erik, eu te amo! Como não me preocuparia com o que sente? – ela acariciou o rosto de seu futuro marido – por favor, não se feche. Deixe-me ajudar.

                - Eu estou bem, meu amor. – ele segurou seus pulsos e a afastou gentilmente – como disse, não é importante. Alguém como eu está acostumado e... Apenas preciso ficar um pouco a sós.

                Ela compreendia como Erik se sentia: algumas dores simplesmente não podiam ser expressas em palavras, e a vontade de se isolar parecia o único caminho atraente. Mas a solidão não espantava a dor, apenas alimentava os fiapos do orgulho de quem ocultava os próprios sentimentos a fim de parecer forte.

                - Pare com isso. – pediu a moça.

                - O que?

                - Pare de tentar ser tão forte, o tempo todo! Você é humano! Deixe-me estar ao seu lado, deixe-me amá-lo e apoiá-lo! – ela se aproximou do Fantasma, que tinha uma expressão indecifrável – não finja ser uma rocha, porque eu sei que não é!

                - De que modo eu agir como um fraco pode ajudar? Já me mostrei assim diante de seus olhos... não me fez sentir melhor.

                - Você é tão... IDIOTA! – Christine sentia raiva, compaixão, amor... Muitos sentimentos de uma só vez, que a fizeram agir de modo até então impensável: empurrou Erik para trás com força o bastante para fazê-lo cair sentado no assento sob o peitoril. Ante a expressão atônita dele, puxou as saias para cima, a fim de libertar as pernas, e sentou-se a cavaleiro sobre as pernas do Fantasma, segurando seu rosto – Eu. Amo. Você. E se aqueles idiotas medíocres da rua o ferem, faremos com que sintam a mais pura inveja de você. Sairemos juntos, e mostrarei para todos verem o quanto te amo! – ela o beijou de modo quase furioso, e sentiu as mãos dele apertarem sua cintura rudemente, puxando-a contra o corpo másculo, pressionando seus quadris sobre o membro viril.

                O beijo que começou furioso cedeu lugar a uma paixão mesclada a raiva que guiava seus atos. Christine punha em seus atos sua raiva contra os que feriam seu amado, e contra o próprio Fantasma, por deixar-se atingir por aqueles tolos. Erik punha em seus atos a raiva de si mesmo, do mundo, e até mesmo as antigas mágoas contra sua futura esposa, ao mesmo tempo em que se deixava arrebatar pela sensação única de se sentir amado. Era algo novo. Novo, maravilhoso, inebriante... Christine era seu vício, o oceano no qual queria se afogar!

                Guiado pela emoção, ele estava disposto a possuí-la ali mesmo, furiosamente... E foi só quando ela gemeu de dor com a força de seu aperto que percebeu o que fazia. Ela não recuara, não o afastara, mas estava bem claro que ele a machucava – o braço esguio tinha marcas vermelhas onde o apertara, imerso em paixão – e o tremor da moça denunciava o medo que ela não se permitia manifestar. E ver como ela estava disposta a ignorar as próprias emoções para confortá-lo provocou um misto de emoções: enternecimento e gratidão por tal prova de amor, e enorme vergonha de si mesmo por permitir que as próprias emoções o fizessem chegar ao ponto de machuca-la! Que tipo de homem ele era, se nem mesmo refreava os próprios desejos carnais?!

                - Não posso. – ele tirou a moça gentilmente de seu colo, vendo o olhar confuso em seu rosto – está fazendo isso por mim, mas vejo o medo em seus olhos e o modo como está trêmula. – ele tocou as marcas vermelhas – perdoe-me, eu a machuquei...

                - É apenas o corpo. – ela o abraçou, trazendo a cabeça dele contra seu peito – Erik, eu amo você. Estou disposta a fazer o que precisar para que entenda isso.

                - Não vou abusar de você como... – ele se refreou antes de mencionar o antigo Visconde de Chagnny – um animal no cio.

                - você jamais faria isso. – ela acariciou o rosto dele – você parou, mesmo que eu me oferecesse. É um homem muito melhor do que pensa.

                - Ofereceu-se a mim, mesmo sabendo que eu poderia machuca-la, apenas para me provar que sou um bom homem?

                - Fiz para você compreender que eu te amo e confio em você. E que você merece essa confiança. O que os outros dizem, que se dane! Os mesmo que fazem troça de sua máscara são aqueles que me apontarão na rua como a mulher que serviu de vagabunda para Raoul de Chagny, se a notícia vazar. – ela nunca usara tais termos, mas de algum modo a raiva a libertara das amarras da polidez – são pessoas mesquinhas, cruéis, que aliviam as próprias frustrações com o sofrimento dos outros. – a moça beijou seu noivo – entendo que suas memórias o ferem muito, e isso não posso consertar. Mas posso tornar o seu presente algo feliz, e fazer sua vida valer à pena. Sempre haverá idiotas que tentarão difamá-lo e ameaça-lo, porque têm medo, inveja ou qualquer outro sentimento nobre, e isso também não pode ser mudado... Só posso lhe dar meu amor, e jurar que sempre estarei com você.

                Erik a fitava com admiração, amor e algo que beirava a veneração quando se ajoelhou diante dela e deitou a cabeça em seus joelhos, pedindo sem palavras o conforto de que tanto precisava. Ela o viu ali, frágil, vulnerável, e compreendeu que aquele gesto mostrava uma confiança cega, que o Anjo jamais tivera com outra pessoa. Carinhosamente a mulher deslizou os dedos pelos cabelos do Anjo, cantarolando baixinho uma canção que ouvira há muito tempo:

            - No mountain is too high for you to climb (nenhuma montanha é alta demais para você escalar)
All you have to do is have some climbing faith (tudo o que precisa fazer é ter um pouco de fé na subida)
No river is too wide for you to make it across (nenhum rio é largo demais para atravessar)
All you have to do is believe it when you pray (tudo oque precisa fazer é crer quando orar)

And then you will see the morning will come (e então você verá, a manhã virá)
And everyday will be bright as the sun (e cada dia será brilhante como o Sol)
All of your fears cast them on me (todos os seus medos, entregue-os a mim)
I just want you to see (eu apenas quero que veja)

I'll be your cloud up in the sky (serei sua nuvem, alta nos céus)
I'll be your shoulder when you cry (serei seu ombro quando chorar)
I'll hear your voices when you call me (Ouvirei sua voz quando me chamar)
I am your angel (eu sou seu anjo)


And when all hope is gone, I'm here (E quando toda esperança se for, estou aqui)
No matter how far you are, I'm near (não importa quão longe esteja, estou perto)
It makes no difference who you are (não importa quem você é)
I am your angel (eu sou seu anjo)

I saw your teardrops, and I heard you cry (eu vi suas lágrimas, e o ouvi chorar)
All you need is time (tudo de que precisa é tempo)
Seek me and you shall find you (Procure-me e encontrará a si mesmo)
You have everything and you're still lonely (você tem tudo, e ainda assim está só)
It don't have to be this way (Mas não tem de ser assim)


Let me show you a better day (deixe-me mostrar-lhe um caminho melhor)

And then you will see (e então você verá)
The morning will come (a manhã virá)
And all of your days will be bright as the sun (e todos os seus dias serão brilhantes como o Sol)

So all of your fears (então todos os seus medos)
Just cast them on me (apenas entregue-os a mim)
How can I make you see (como posso fazê-lo ver...)

I'll be your cloud up in the sky (serei sua nuvem, alta no céu)
I'll be your shoulder when you cry (serei um ombro para você chorar)
I'll hear your voices when you call me (ouvirei sua voz quando me chamar)
I am your angel (eu sou seu anjo)

            Erik a fitou com o rosto cheio de lágrimas, profundamente comovido; ela, sua amada, a mulher que passara por tanto horrores e para com a qual ele cometera terríveis erros, estava ali, abraçando-o, cantando para si, afirmando que o amava e que o protegeria. Protegê-lo, ela?! Ele é quem deveria protege-la e, ainda assim, sentia-se tão aconchegado, tão seguro e amado naqueles braços delgados! Abraçou-a com força e, com voz trêmula de emoção, sussurrou:

            - Eu te amo, Christine. Sempre amei, e sempre vou amar.

            - Eu também te amo, Erik Destler. Exatamente como você é, não importa o que os outros digam. E estarei ao seu lado, na vida e na morte. – Christine o abraçou e enterrou o rosto em seu peito – cometi muitos erros, e cometerei outros, ainda... Mas nunca mais o de deixa-lo, de desampara-lo. Eu te amo, e estou aqui, ao seu lado, para sempre!

            - É tudo o que eu poderia querer, e certamente mais do que mereço. – ele a beijou profundamente. – Obrigado por ser meu anjo.

            - Obrigada por ser o meu. – sussurrou ela, acariciando o rosto de seu amado – escute, preciso cuidar de Louise, mas não pense que terminamos aqui. – ela beijou a curva do pescoço de Erik – ainda preciso convencê-lo realmente sobre a veracidade de minhas palavras. – o sorriso malicioso dela o surpreendeu e fez rir baixinho:

            - Renée é uma péssima influência para você. – o Fantasma secou as lágrimas, seus olhos lentamente passando de vermelhos para violeta, e depois azuis – e só Deus sabe o quão feliz fico por isso.

            - Pode ficar ainda mais, depois. – ela lhe piscou um olho, levemente maliciosa. Não sentia medo de Erik. Pelo contrário, desejava desfrutar toda a paixão de seus braços, que afastavam para longe os terrores incutidos nela por Raoul. Mas não era momento para pensar nisso, pois lá embaixo Louise ainda precisava dela. E havia algo de extremamente revigorante em ser útil, como se saber que podia fazer algo a motivasse e passasse uma borracha por sobre suas marcas. Aliás, a metáfora não poderia ser melhor: as marcas estavam lá, e provavelmente estariam para sempre, como o papel arranhado por um lápis. Mas ela podia escolher não ler os relevos, e escrever algo novo por sobre as velhas feridas.

            - Louise? – ela chamou do final da escadaria, ao que a amiga respondeu:

            - Estou aqui, Christine. – a mais velha ainda parecia preocupada e desanimada, mas já não tinha as olheiras e abatimento de antes, o que aliviou a cantora – obrigada por ficar ao meu lado.

            - Como você ficou ao meu, por meses. – A Srta. Daae se sentou junto de Louise – agora... Como pretende lidar com tudo isso?

            - Acho que me desculpar com Renée é o mínimo que posso fazer, especialmente quando fui eu quem... Tomou a iniciativa.

            - Desculpas sempre são bem-vindas. – concordou a mais jovem – mas e depois disso?

            - Eu realmente não tenho ideia.

            - Você gosta dela.

            - Algo meio irrelevante, enquanto não nos falarmos outra vez, não é? Especialmente depois do que disse a ela. – a ruiva suspirou – primeiro vou me desculpar, assim que puder. Depois... Eu não sei.

            - Depois você pensará com a mente calma o que realmente deseja, e terá meu apoio incondicional em qualquer que seja sua escolha. – a morena abraçou sua amiga, que sorriu levemente, sentindo-se pela primeira vez apoiada e confortada em seu “vergonhoso” segredo. Afastaram-se brevemente, e a jovem Chanson declarou:

            - Preciso voltar para casa. Deveria ser apenas um almoço de Natal, e minha mãe me estrangularia se eu não participasse do jantar com a família.

            - E nem posso condená-la por isso. – riu-se Christine – qual mãe não quer os filhos por perto, afinal?

            - A minha, se um dia souber o que sou. – o rosto de Lou se tornou triste.

            - Não pense assim, querida. Ela apenas quer o melhor para você. Como mãe, provavelmente tem medo do julgamento da sociedade, da fé... E a ideia de que você possa sofrer por isso a apavora.

            - Queria ter tanta certeza de que é por me amar, e não por ter vergonha de mim.

            - Tente pensar o melhor das pessoas. Às vezes podemos nos enganar, mas ao menos seu coração estará em paz. – Ela acompanhou a outra até a porta e beijou-lhe as mãos – tem certeza de que ficará bem?

            - Sim, graças a vocês. – ela olhou para as escadas – e ele?

            - Dele eu posso cuidar. Apenas... Mantenha a calma, está bem? E lembre-se de que não está sozinha.

            Trocaram um último sorriso antes de Louise sair pela porta; Christine se sentia mais leve, como se ajudar a outra mulher a houvesse ajudado a curar algumas de suas próprias feridas, e fitou a escadaria: precisava cuidar das dores de mais alguém, ainda.


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Notas finais do capítulo

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