Make Your Choice escrita por Elvish Song, SraFantasma


Capítulo 16
O outro lado do Anjo


Notas iniciais do capítulo

Olá, meninas! Perdão pelo sumiço, mas realmente estive ocupada, e deu um sério bloqueio nessa fic. Espero que o capítulo compense o tempo que levei para escrever.



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Quando chegaram em casa, já era quase noite; após guardar o cavalo, Lúcifer acompanhou Christine para dentro do sobrado, sua mão pousada protetora e possessivamente na cintura dela. A jovem ainda não compreendia bem aquela dupla personalidade de seu marido, e estava mesmo levemente receosa... Mas ele fora tão gentil, o dia inteiro! E dissera ser a mesma pessoa que Erik... Assim, não sabia ao certo o que pensar, ou como encará-lo, então iria dar a ambos a chance de se conhecerem. Pois amava Erik, e se Lúcifer era uma parte de Erik, também conseguiria amá-lo!

— Está com fome, minha musa? – perguntou Lúcifer, quando entraram.

— Um pouco, sim. – respondeu ela, polidamente – creio que Louise deixou o jantar preparado.

— Sim. Mas não gostaria de, antes do jantar, vestir algo mais confortável?

Ela deu de ombros, anuindo: realmente, o espartilho a estava incomodando, e queria muito tirar os sapatos... Ia subir as escadas, quando ele a puxou para si com um sorriso:

— Esqueceu-se de algo – e acariciou o rosto delicado, curvando-se para beijar os lábios rubros; a moça retribuiu, um pouco tímida, seus dedos a deslizar pelo queixo firme de seu estranho noivo. Quando se separaram, ambos sorriam, e ela subiu para o quarto.

Banhou-se sem demoras, com água apenas morna, e ia se secando quando ouviu batidas à porta. Enrolou-se na toalha e disse a Lúcifer que entrasse, o que ele fez sem grande cerimônia: trazia nas mãos um vestido de seda azul-claro, sem armação nem espartilho: um corpete enfeitado por botões, saia godê e delicados bordados dourados no decote e nos punhos das mangas longas. Um vestido que Christine fitara longamente na loja, mas sequer mencionara o fato!

— Lúcifer! – exclamou ela – o que é isso?

— Percebi como o fitou, é claro.

— Mas é... – ela se encantou: era maravilhoso! – é belíssimo!

— Assim como você. – ele deu um sorriso, mas não escapou à moça o leve brilho de desejo em seu olhar. Ainda assim, pegou a peça das mãos dele, cheia de gratidão:

— Obrigada! Muito obrigada! – espontaneamente ela se aproximou, envolveu um braço no pescoço dele e o beijou com suavidade; ele correspondeu com paixão, antes de soltá-la:

— Vou deixa-la a sós para se vestir. Chame se precisar de ajuda.

Ela sorriu e anuiu, esperando que ele fechasse a porta para se desenrolar da toalha; podia ser tolice, é claro, uma vez que ele já a banhara e vestira tantas vezes, e haviam mesmo passado uma noite juntos, mas... Aquele era um lado de Erik que ela pouco conhecia. Praticamente um desconhecido! Era estranho, mesmo um pouco constrangedor, e levaria algum tempo para se acostumar a ele, por mais gentil que estivesse se mostrando.

Quando a jovem deixou o banheiro, ele a fitou com fascínio, como se nunca a houvesse visto antes; tomou-lhe a mão direita e, depositando um beijo em seus dedos, declarou:

— Belíssima! Uma bela fada, uma musa descida do Olimpo a me inebriar os sentidos e inspirar minha alma! – ele a conduziu com delicadeza até a biblioteca, e pediu – espere um pouco, meu amor, enquanto me banho e visto algo mais adequado.

Christine foi até a estante e começou a ler as lombadas: sempre adorara ler e, depois da música, era a atividade que mais a acalmava durante episódios de ansiedade ou pânico, quando as lembranças de seu cativeiro a atormentavam mais do que o normal. Passou por alguns contos de Alexandre Dumas, e sorriu ao se lembrar da garotinha ingênua que, até cerca de dois anos atrás, trancava-se em salas para ler romances “de capa e espada” e sonhar com um príncipe... Ou melhor, com um Anjo. Antes de se tornar a Prima Donna... Antes de Raoul voltar a sua vida... Antes de todo aquele pesadelo começar. Os livros a fizeram sorrir ao lembrarem-na de quem fora, mas logo isso lhe trouxe um gosto amargo – o de perceber como mudara – e ela passou adiante. Havia obras em francês, latim, alemão, persa...

Chamou-lhe a atenção uma obra escrita em persa, com encadernação finamente feita à mão e arabescos dourados na lombada; na companhia de Erik, ela havia começado a estudar o persa, mas ainda esta em nível muito rudimentar, e não conseguiu entender o que estava escrito ali. Curiosa, retirou o livro e foi até a poltrona, intrigada. Apoiou o livro nos joelhos e abriu numa página aleatória; seus olhos se arregalaram, contudo, ao pousar na imagem detalhadamente desenhada: uma mulher nua, sentada em uma mesa, as pernas passadas em redor do corpo de um homem também nu, que a segurava junto a si numa cena explícita de sexo.

Sua reação imediata foi fechar o livro bruscamente, as bochechas vermelhas e a respiração alterada; levantou-se e ia colocar a obra de volta na estante – por que, raios, Erik tinha aquilo na estante?! – mas, quando ia empurrando a obra para seu lugar, sua inveterada curiosidade a impediu: afinal, o desenho mostrara o casal numa posição que ela nunca imaginara... O que mais haveria, ali? Seguiu-se um longo momento de dúvida, antes que o pegasse e abrisse outra vez, ali mesmo, junto à estante. E mesmo que se ruborizasse mais e mais a cada página virada, e sua respiração estivesse entrecortada de vergonha, ela continuou observando os detalhados desenhos tão... Indecentes. E o que vinha a sua mente, ao observá-los, não eram os horrores que sofrera com Raoul, mas as delícias da noite anterior, com Erik!

Alguns desenhos lhe pareciam mesmo descabidos, e outro inviáveis; as pessoas fariam mesmo aquelas coisas?! Mesmo tendo crescido no ambiente libidinoso do teatro, ela nunca havia sequer imaginado as coisas ali retratadas! E entre a vergonha e a curiosidade, de repente foi tirada de sua concentração por uma voz bem ao lado de seu ouvido:

— Apreciando a leitura? – ato reflexo, ela deu um gritinho e fechou o livro abruptamente, empurrando-o atabalhoadamente para a estante antes de se virar para encarar Lúcifer. E tão vermelha estava, tão constrangida e desesperada, que o homem deu uma breve gargalhada. – Pega numa travessura, senhorita?

— Lúcifer... Erik... Eu... Eu não estava... – ela não conseguia encontrar palavras, morrendo de vergonha como estava, e o sorrisinho malicioso que havia no rosto do cavalheiro não contribuía em nada para acalmá-la – eu só... Não sabia que...

— Oras, por que tanto constrangimento, minha pequena? É apenas um livro. Imagens numa página. – disse ele, e então se aproximou, prendendo a moça entre seu corpo e a estante – a menos que esteja em seus planos, talvez, experimentar algo mais... Prático – ele a segurou com firmeza pela cintura, colando seus corpos, o que fez a jovem arfar, parte de vergonha, parte de excitação, e parte de medo ao sentir a excitação dele contra seu ventre... Lúcifer estava avançando rápido demais para as abaladas emoções dela... – Estou sempre disposto a lhe fornecer novas experiências.

— Lúcifer... Por favor... – ela quase choramingou ao sentir a mão grande explorando suas costas e descendo perigosamente. Ele viu o desconforto e receio nos olhos dela, e parou a mão onde estava, acariciando-a suavemente; curvou-se e beijou-a calidamente, antes de sussurrar:

— Jamais vou força-la a coisa alguma, pequena. Basta pedir-me que pare, e eu o farei – e para ratificar suas palavras, afastou-se dela – vê?

Ela anuiu, muda, o rosto ainda mais vermelho, se é que isso era possível; com um fiapo de voz, perguntou:

— não íamos jantar, Monsieur?!

Ele assentiu e, com uma reverência, ofereceu o braço à garota:

— Mademoiselle.

Com mãos trêmulas ela aceitou o braço que ele lhe oferecia, e desceram as escadas até a sala de jantar. Como esperado, a mesa estava posta, e as travessas, cobertas. Pequenos réchauds queimavam com álcool em seu interior, mantendo os alimentos quentes.

— Você acendeu os réchauds! – comentou a jovem, surpresa.

— É claro. Tempo o suficiente para termos uma refeição quente. – ele a conduziu e puxou a cadeira para que ela se sentasse – por favor.

Tentando agir como se o ocorrido da biblioteca não houvesse acontecido, a soprano se sentou, e ele de frente para a garota. Serviram-se e jantaram quase em total silêncio: ela se sentia um tanto intimidada por aquele lado de Erik, que parecia muito mais... Intenso. Sem falar que Erik jamais teria agido como Lúcifer agira, na biblioteca... Isso a assustava e, ao mesmo tempo intrigava, despertando um misto de desejo e temor dentro de si. Ele, por outro lado, via esse receio e constrangimento no olhar dela, e imaginava como fazê-la não o temer. Pois embora ele fosse a personalidade mais sombria e impulsiva, amava-a com todo o coração, e muito doía ver aquele medo no olhar dela. Medo que já não havia com Erik...

Erik! Era isso! Ele mostrara a Christine que não havia nada a temer, de sua parte... Então, devia fazer o mesmo. Mas como? Como convencê-la, se já fizera tudo o que sabia?

“Dê tempo a ela, seu perfeito idiota.”— disse a voz em sua mente – “Foram seis meses até que ela não tivesse mais medo de mim”.

“Mas somos a mesma pessoa! Por que ela me teme, e a você, não?”

“Quer uma lista?”

Lúcifer deu um leve esboço de sorriso, pensativo. Ao fim do jantar, ele e Christine retiraram os pratos e travessas sujas da mesa e os levaram para a cozinha; a moça teria preferido lavar os utensílios, mas ele lhe disse que deixasse aquilo, pois estava frio. Percebeu, porém, que se tratava de uma desculpa da moça para permanecer longe de si... Ou melhor, de sua cama. Tentando soar o mais gentil possível, segurou-lhe a mão e falou:

— Vamos, meu Anjo. Vamos dormir.

Ela aceitou, e dirigiram-se para as escadas; de repente e sem que ela esperasse, o homem a ergueu nos braços, fazendo-a emitir um gritinho de susto. Ele riu e beijou sua fronte:

— Nunca a deixarei cair, meu amor. – carregou-a escada acima, rumo ao quarto, e deitou-a ali – vou lhe dar privacidade para se vestir.

Assim dizendo, ele saiu do quarto e fechou a porta; a moça se trocou, colocando uma camisola azul, de cetim. Já vestida, deitou-se na cama, de modo que, quando seu noivo bateu à porta, apenas respondeu-lhe que entrasse. Ao fazê-lo, ele a encontrou com as cobertas puxadas até os ombros, tímida; pensou em se deitar vestido, mas o desconforto de usar camisa e calça era grande demais... Assim, primeiro apagou a vela, antes de se despir e deitar ao lado da moça.

— Christine, está tudo bem com você? – perguntou, sentindo a moça ficar tensa com sua aproximação.

— Está, sim. – suspirou ela, nem um pouco convincente.

— Você está tão tensa... – sussurrou ele, apertando suavemente um ombro dela com os dedos, massageando-o – deveria relaxar. – ele se aproximou mais e a aninhou contra seu corpo, descendo a mão pelo braço dela, deslizando para a frente do corpo pequeno, que estava trêmulo – com medo? – ele subiu a mão até um seio da moça, acariciando-o, provocando o mamilo através do tecido fino da camisola, - quer que eu pare? - e depositava beijos quentes na curva do pescoço dela, que gemeu:

— não... Mas... Por favor, seja gentil comigo...

— E eu deixei de ser, em algum momento? – perguntou o homem, sorrindo triunfante contra a nuca da menina, passando a outra mão por sob o corpo pequeno para tocá-la mais completamente. – não tenha medo de mim. Sou eu, o seu Anjo. Sejam minhas asas brancas ou negras, serei sempre aquele que a ama acima de tudo. – suas mãos a tocavam com mais intensidade, arrancando um suspiro da jovem, e ele começou a puxar a camisola de cetim para cima. No começo ela ficou tensa e quase lhe pediu que parasse. Quase. Mas os beijos e as carícias dele por seu corpo a desarmavam; a respiração dele contra sua pele, as mãos tocando seus seios, cintura, pernas... Deixavam-na emudecida, capaz apenas de sentir... E quando ele a despiu, a vontade de resistir se desfez por completo, ao sentir o corpo dele colar-se ao seu, a pele quente contra a sua, aquecendo-a na fornalha que parecia arder dentro de Lúcifer. Quando um dos beijos tornou-se uma leve mordida, ela deixou escapar um gemido alto, não de dor, mas de prazer:

— Anjo...

— Sim, meu amor – ronronou ele ao ouvido da jovem, virando-a para si. Entrelaçando os dedos aos dela, prendeu as mãos delicadas contra o colchão e beijou ardentemente os lábios macios.

Seus beijos desceram pelo pescoço e colo, explorando o corpo da jovem que, sem nada enxergar na escuridão do quarto, só podia imaginar o que ele faria a seguir; e ele não se reprimiu: beijava-a, mordia-a com delicadeza, desbravava cada curva e detalhe daquele corpo tão desejado; suas mãos seguravam as dela com força, mas quando apenas os lábios não foram o bastante para ele – queria, ou melhor, precisava toma-la completamente, possuí-la, sentir cada centímetro dela em suas mãos, em sua boca, roçando em sua pele... – passou a associar beijos e apertões – medindo cuidadosamente a própria força para não lhe causar qualquer dor. Em resposta, as unhas dela deslizaram por suas costas, fazendo-o chiar como um gato, o corpo inteiro se arrepiando, o desejo se avolumando como uma onda poderosa!

— Christine... – pediu ele, mal conseguindo conter a própria voz – diga que me quer.

— Sim, Anjo – ela respondeu, em meio a arquejos e gemidos – Ah, eu o quero... Eu o desejo tanto...

Satisfeito em arrancar dela tais palavras, ele não conseguiu mais esperar: deitou-se sobre ela, apoiado nos braços para não machuca-la com seu peso, e a possuiu num movimento só. Não conseguiu ser delicado como queria, e o gemido dela, somado ao modo como se encolheu e enterrou os dedos em suas costas, o assustou: será que a tinha machucado? Por alguns segundos ficou imóvel, esperando ela relaxar outra vez, para então perguntar:

— Machuquei você, meu doce anjo?

— Um pouco – suspirou ela, sentindo o prazer retornar enquanto ele beijava seu colo, seus lábios, acariciava seus seios, começando a se mover bem devagar sobre ela – ah, não pare, por favor.

Num primeiro momento ela sentira dor, sim... Apesar de tudo, ficara tensa ao senti-lo sobre si, e seu amante fora intenso ao unir seus corpos; agora, contudo, sentia-o completamente dentro de si, e a sensação era maravilhosa, aquele calor, aquela união íntima... Cega pela escuridão, sem ver os olhos vermelhos, apenas sentindo, não lhe importava que nome seu amado usava, ou se aquele lado era mais impulsivo e selvagem... Ainda era seu Anjo e, completamente entregue ao ritmo forte que ele conduzia, envolta pelo perfume almiscarado do qual tanto gostava, suas respirações sincronizadas, seus corações batendo rápidos e descompassados... Ela pertencia a ele. E ele pertencia a ela.

Mais tarde, saciados e satisfeitos, ele a tinha aninhada em seus braços e acariciava os cabelos castanhos, enrolando os dedos neles. Com um sorriso levemente arrogante, perguntou à jovem:

— Ainda tem medo de mim? – e beijou a curva de seu pescoço, fazendo-a arquear o corpo.

— Não. – ela se voltou para ficar de frente para ele, e deitou a cabeça no peito forte – você é meu Anjo, não importa o nome que assuma. E eu o amo, qualquer que seja o nome ou aspecto que escolha para si.

Lúcifer estava radiante: tinha em seus braços a linda e doce Christine, tão entregue e cheia de confiança nele. Confiava o bastante para que, ante as carícias em seus cabelos e o calor do corpo masculino contra o seu, o sono pesasse em suas pálpebras e ela adormecesse profundamente.

Por longos minutos ele apenas desfrutou do prazer da situação: o peso da cabeça dela em seu peito, o corpo pequeno enroscado no seu, uma das pernas passada sobre as suas... O perfume de alfazema parecia se espalhar por todo o quarto e, por um instante, ele podia jurar que em seus braços estava um verdadeiro anjo. Pois nunca antes sentira-se tão calmo, tão completo e, acima de tudo, tão amado. Christine vira o seu melhor e o seu pior lado, e o amava exatamente como era! Como poderia, algum dia, agradecer pela graça de ter aquela jovem como sua companheira?

*

— Bom dia, preguiçosa! Hora de acordar! O patrão já levantou há algum tempo! – Christine foi arrancada de seu sono pela voz animada de Louise. Com um gemido preguiçoso, enrolou-se ainda mais no cobertor e escondeu o rosto sob o travesseiro, mas a amiga segurou-lhe o pé descoberto e começou a fazer-lhe cócegas. Com um grito de protesto, a mais moça puxou o pé e se sentou, segurando o cobertor junto ao corpo:

— Cócegas são trapaça! – protestou, enquanto a outra ria.

— Único jeito de tirar você da cama! Monsieur Destler teve pena de acordá-la, mas eu não tenho! Ande, coloque uma roupa e vá lá para baixo! Vocês têm visitas!

— Madame Giry? Meg? – pergunto a cantora, empolgando-se.

— E a doutora Renée, também. – a moça ruiva abriu as cortinas, deixando entrar a luz no quarto – quer ajuda para se vestir?

— Não, obrigada – agradeceu Christine, torcendo para Louise não perceber que estava totalmente nua por sob o cobertor. Ao mover-se para a borda da cama, porém, deu um gemido ao sentir o corpo dolorido, e o comentário da amiga não tardou:

— A noite parece ter sido produtiva.

— Louise, vá arranjar algo para fazer, em vez de me constranger! – a cantora estava quase arroxeada, de tanta vergonha!

— HÁ! Eu sabia! – provocou a mais velha – Deixe de ser boba, Christine! Estão esperando por você lá em baixo! – e assim dizendo, deixou o quarto para a mais moça poder se vestir.

Rindo baixinho das provocações de Louise, a srta. Daae se levantou espreguiçando e foi até o guarda-roupas; optou pelo vestido que Lúcifer lhe dera no dia anterior, vestiu-se rapidamente, ajeitou os cabelos emaranhados pela intensa noite com seu Anjo e, pronta, desceu as escadas. No instante em que pôs os pés no primeiro degrau, viu Meg subindo as escadas correndo, e logo a amiga a envolvia nos braços com força:

— Christine! Senti saudades! – e afastando-se um pouco, mirou-a de alto a baixo – mas você está linda!

— Obrigada, Meg – a jovem morena segurou as mãos da outra e desceram juntas a escadaria, aos pés da qual Madame Giry e a doutora Renée. As mulheres a receberam com abraços e beijos no rosto, felizes por revê-la, tanto quanto a garota em rever aquelas que eram parte de sua família! – Não as esperava aqui, hoje!

— Sim, mas não aguentávamos mais de saudades! – explicou Madame Giry, e segurou a filha adotiva pelos ombros – ah, você está cada dia melhor!

— Tenho por mim duas pessoas maravilhosas, mãe – ela olhou para seu Fantasma e Louise, que acabara de entrar na sala, e eles retribuíram o sorriso.

Sentaram-se todos nos sofás – inclusive Louise, que foi interceptada por Madame D’Albignon e se sentou ao lado desta – trocando conversas amenas. Christine estava confusa: seu Anjo parecia estar em algum ponto entre Erik e Lúcifer... Usava os trajes de Lúcifer, mas não agia do mesmo modo... Bem, se estava tentando confundi-la, certamente obtivera resultados! Em dado momento, porém, a doutora se virou para sua paciente e, subitamente séria, pediu:

— Christine, vamos conversar no jardim, por favor.

Surpresa, mas sabendo que a doutora era cheia de mistérios e agia de modo estranho, ela aceitou. Foram ambas para o jardim enquanto o Anjo, as Giry e Louise continuavam seu diálogo, que agora girava em torno da intenção do Fantasma de se casar o mais breve possível com sua amada.

No jardim, a mulher loura fechou a porta e conduziu a mais moça até um dos bancos, onde se sentaram juntas. Observou-a por algum tempo – para desconforto da soprano, que sentia como se algo estivesse errado – e perguntou enfim:

— Fico feliz que tenha conseguido superar o medo de ser tocada por ele. É um grande avanço... – a garota preferiu não perguntar como a médica sabia, pois certamente não fora seu noivo quem contara - Mas está na hora de dar outro passo para sua libertação.

— Como assim, doutora? – perguntou a jovem, confusa.

— Bem, até aqui eu ajudei a cuidar de seu corpo e a superar o terror. Você não está mais doente ou ferida, e consegue lidar com as pessoas que lhe são próximas. Controlou os acessos de pânico e ansiedade com muito sucesso, e, finalmente, teve mesmo coragem de se entregar ao homem que ama. Mas ainda se isola numa crisálida, longe do mundo e com medo de interagir com os demais. E é isto o que precisamos tratar, doravante. Pronta para dar o primeiro passo, senhorita Daae?


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam?



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