Irmãos!? escrita por Amorinha 1991


Capítulo 8
O dia anterior à ida ao Atelier


Notas iniciais do capítulo

Neste capítulo, os itálicos não são flash backs, são pensamentos dos narradores.
Obrigada por acompanharem a história e boa leitura



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Acordei-me primeiro e fiquei observando-a dormir. Depois de alguns minutos, ela piscou algumas vezes abrindo lentamente os olhos.

‘Bom dia!’ Sorri-lhe.

‘Hmm, bom dia. Eu... queria me desculpar por ontem. Sabe... crise de ciúme, filho ocultado...’

‘Shhh’ Calei-a colocando o dedo indicador sobre seus lábios. ‘Está tudo bem, além disso eu também tenho que me desculpar, afinal de contas também lhe escondi a Laís.’ Ela então beijou-me docemente.

‘Eu te entendo’ Ela disse antes de me depositar mais um beijo em meus lábios.

‘Preocupa-me muito a nossa situação. Como será agora? Se antes já era difícil para Laís aceitar a nova mãe, um irmão vai dificultar bastante as coisas. Talvez seja impossível ela aceitá-lo.’ Falei suspirando.

‘Eu nunca vou ser a mãe dela, assim como você nunca vai ser o pai de Luís e naturalmente eles nunca serão irmãos de verdade. É tolice tentarmos isso. A única coisa que podemos é dar-nos bem. Eu tentarei ser uma boa amiga para Laís e tudo que peço é que faças o mesmo para Luís.’

‘Eu sei que você está certa, mas mesmo assim. Quero dizer... e se eles não se derem bem? E se revoltarem-se contra nós?’

Droga! Eu não sei nada sobre esse garoto. Se ele levar minha filha pro mau caminho, se for uma má companhia, feri-la ou mesmo magoá-la, Mary terá que escolher entre mim e esse garoto.

Não quero ter que fazer isso, mas farei se necessário. Em primeiro lugar, tem que estar o bem da minha filha. Selene nunca me perdoaria se algo acontecesse a nossa filha.

***

Acordei-me e tomei meu café da manhã na... cama? Como cheguei aqui? Ah! Não importa. Estava escovando meus cabelos quando bateram na porta do meu quarto.

‘Laís! Tem um garoto lá na porta dizendo que quer falar com você.’

‘Mande-o entrar e esperar na sala, pai.’

Não sei se ele me ouviu, então arrumei-me rapidamente. Desci as escadas, não havia ninguém na sala. Papai as vezes parece maluco, devia ter convidado o garoto a entrar. Abro a porta.

É ele, é o Leonard. O que estará fazendo aqui?

‘Leonard?’

‘Laís.’ Aquilo foi um brilho nos olhos dele?

‘Sou eu! Então...’ Eu não conseguia parar de mexer com as minhas mãos, hábito de nervosismo claramente causado por aquele lindo e forte garoto loiro de olhos azuis. ‘O que veio fazer aqui?’

‘Fiquei sabendo que tem “novos inquilinos”.’

‘Pois, é. Meu pai nem ligou para o que eu pensava. Não me questionou, nem nada. Quer que eu aceite essa mulher goela abaixo. Antes mesmo dela chegar meu pai já me deixou claro que se tiver que escolher entre mim e ela, é com ela que ele vai ficar. Não significo nada para ele. Minha mãe me dizia que quando ela não pudesse mais estar comigo ele iria me salvar de tudo e de todos como salvou a ela, que ele seria meu protetor e sempre me amaria. Mas acho que ela estava enganada. Meu pai não se importa comigo, ele não me ama.’ Droga! Eu não devia estar jogando nada disso nas costas do Leo, ele não tem nada a ver com essa história. Eu me odeio, me odeio muito por estar sendo tão fraca na frente dele.

‘Laís, não diga uma tolice dessas.’ Ele me abraçou. ‘Teu pai te ama muito. Tenho certeza de que ele só disse essas coisas por estar de cabeça quente. Ele não te trocaria por nada nem ninguém no mundo todo. E... Eu também não.’ E eu pensava Ele vai mesmo me beijar? E aí eu acordei para a realidade com aquela droga de telefone dele tocando. Maldito telefone, é nessas horas que eu queria que não existisse tecnologia, o que aconteceu com a boa e velha carta? Se bem que sou tão azarada, que possivelmente se não existisse a tecnologia seria o carteiro a nos interromper.

Ele suspirou. ‘É a Becky.’ Disse ele após ver o visor de seu celular.

Eu fiquei parada no mesmo lugar vendo-o se distanciar falando com a namorada. Suspirei. Eu tenho que aceitar que nunca teremos nada. Ele está com Becky, o que diabos eu estava pensando? É claro que ele não ia me beijar, eu devia estar imaginando. É, foi isso, eu imaginei.

Senti uma mão no meu ombro e dei um pulo.

‘Puta que pariu! Quer me matar do coração, garoto?’

***

‘Ouvi passos de alguém descendo as escadas correndo, me arrumei rapidamente e desci as escadas.’ Sim eu sou curioso,  não me julguem.

Quando cheguei no final das escadas vi que a porta estava aberta. Laís estava falando com um garoto esquisito.

‘Então...’ Ela não parava de mexer as mãos, aquilo não era bom. Ela estava nitidamente nervosa perto dele. Porque isso me incomoda?

‘O que veio fazer aqui?’

Espero que ele não tenha vindo chama-la para um encontro. O que eu estou pensando? Ela que se encontre com ele se quiser, não é da minha conta. Ela pode se encontrar com quem quiser. Não me importa! Mas por que não consigo sair do meu esconderijo?

‘Fiquei sabendo que tem “novos inquilinos”.  Garoto mais intrometido, não acham? O que ele é? Um perseguidor? Só o que me faltava minha... irmãzinha, isso! Irmãzinha! Minha irmãzinha envolvida com um psicopata obsessivo.

Ela contou pra ele como se sentia a respeito da minha mãe com o pai dela. Agora entendi o porquê dela não ter me explicado ontem o que ela tinha, ela não queria reclamar da minha mãe pra mim. Não é como se eu pudesse julgá-la, os temores dela e os meus eram os mesmos. Ambos temíamos sermos trocados por alguém que mal conhecíamos.

Não fui com a cara do cretino, mas ele tem razão. Não acho que o pai dela a trocaria, ela é filha única e pais sempre babam pelas filhas. E que papo foi aquele de “E eu também não”?

Ele está aproximando o rosto nojento dele do rosto da minha irmã. Espera... Para tudo...  Ele vai beijá-la? Ele que sonhe! O telefone dele tocou. Salvo pelo gongo, idiota. Soltei um suspiro.

‘É a Becky’ Ele disse e saiu caminhando de perto da minha irmã.

Droga ela parece hipnotizada por ele. Não sei porque me incomoda, mas me incomoda e muito. Ela nem notou minha aproximação, dando um pulo quando toquei em seu ombro. Mas não pude evitar de sorrir com essa reação.

‘Puta que pariu! Quer me matar do coração, garoto?’

‘Nossa! Está tão apaixonadinha por ele que não nota nada nem ninguém ao teu redor além dele? Ouve sininhos também?’ De onde saiu essa droga de ironia? Eu sou um estúpido.

‘ Não seja babaca, eu estava pensando em outras coisas, apenas isso.’ Ela me respondeu, nada convincente devo acrescentar.

‘Laís a Becky está precisando de mim na casa dela, vou lá está bem?’ Ele beijou a bochecha dela.

‘Es-está tudo bem? Ela perguntou corada.

CO-RA-DA! Foi só um beijo no rosto, qual o problema dessa garota?

‘Claro! Sei bem como ELA E VOCÊ, juntos são. Não se preocupe! Avise a ela para no próximo probleminha que ela tiver pedir ajuda pra outra pessoa.’

Primeiro cheguei a aplaudí-la mentalmente achando que ela estava detonando ele, mas depois me pareceu vislumbrar ciúmes nos olhos dela e isso acabou por me desagradar.

‘Está com ciúmes?’ Vou acabar quebrando a cara desse imbecil. ‘Sabe... eu posso ligar pra ela e dizer que no momento você precisa mais de mim do que ela. Se você quiser, é claro.’ Ele disse dando uma piscadinha pra ela.

‘Não fique se achando a última bolachinha do pacote, ou fique, pouco me importa. A última bolachinha é sempre a mais quebrada mesmo. Mas eu não estava informando que VOCÊ não a ajudaria, mas que eu não a ajudaria mais.’ Toma essa babaca. Irmãzinha estou orgulhoso.

‘Do que você está falando?’

‘Apenas dê o recado, Leonard. Ela vai entender.’ E depois disso ela virou as costas e entrou em casa com tanta elegância que poderia ser comparada a uma Lady. Não sei o que deu nela, mas apoio essa mudança.

‘Vai embora! A Becky está esperando.’ Falei enxotando o ordinário.

‘E você é?’

‘Sou o irmão dela.’ Sorri vitorioso.

‘Irmão? Ela nunca me falou de um irmão.’ Porque você só não vai logo embora.

‘Bom, mas agora estou falando. Dê o fora seu perseguidor barato.’ Ouvi ele murmurar alguma coisa e entrei na casa.

 Não foi difícil encontrar Laís.

‘Então... Quem é Becky e como você a ajudou?’ Ela estava na biblioteca chorando em cima do livro da mãe dela. ‘E deixe-me tirar isso daí, você vai estraga-lo chorando em cima dele.’ Removi o livro e o coloquei de volta na estante.

‘Becky é minha amiga há anos. E atual namorada do Leonard. E quanto a minha ajuda... Bem... Eu dei um jeito de livrá-la de um perseguidor. Ela traiu Leonard com ele e jurou que fugiriam juntos. Eu disse a ela que não podia continuar com isso. Que se não o amava deveria deixa-lo. Ela só o chama quando seus outros paqueras não podem comparecer. Eu falei pra parar com isso ou eu não a ajudaria mais com seus eventuais perseguidores.'

‘Como sabe que ela não mudou e escolheu-o?’

‘Quer tira a prova?  Está bem!’ Ela pegou o celular, ligou para um número e pôs no viva voz.

‘Gabe?’

‘Laís como vai? Decidiu o dia que vamos ao cinema?’ Rosnei perante essa pergunta impertinente.

‘É... O que foi isso? Está no viva voz?’

‘Sim, desculpe-me. É importante.’

‘Está bem, do que se trata?’

‘Becky! Eu sei que você é um dos “fixos” dela. Ela te ligou hoje?’

‘Claro que me ligou, eu sou  O cara, já te disse isso. Mas prometi mudar por você e estou cumprindo, até a dispensei. Então... Saímos amanhã?’

‘Ah! É claro, porque não? Mas você sabe que...’ Ela deve ter fraco por idiotas, o cara a interrompeu.

‘Não se preocupe! Sei que você é diferente e não teremos sexo no primeiro encontro.’

‘Você é um babaca!’ Ela riu. ‘Nos vemos amanhã então.’

‘Um dia vou ouvir você me dizer que sou o TEU babaca.’

‘Tchau Gabe!’ Ela revirou os olhos e desligou.

‘Porra! O que você é? Quem é você? Afrodite? Todos os homens a querem? O tal do Leonard quase te beijou hoje e esse metido do Gabe te seca tanto que até pelo telefone ele te deixa desnutrida.’

‘Que drama todo é esse? Não entendi. E Afrodite? Sério?’ Ela me encarou. ‘Vai arranjar algo pra fazer. De preferência longe de mim.’

Perfeito Luís! Assustou a garota.

‘Espera!’ Gritei

‘O que foi?’

‘Me-Me desculpa’

‘Desculpe-me.' Ela disse.

‘Pelo quê?’ Ela riu da minha pergunta.

‘É a correção, seu idiota. Darei uma volta e não pretendo almoçar em casa.’

‘Tá fugindo da minha mãe!’

‘O quê? É claro que não!’

‘Não foi uma pergunta, foi uma constatação.’

‘Dedução estúpida!’

‘Então é de mim que está fugindo?’ Ela não me respondeu apenas me agraciou com um aceno de despedida e saiu pela porta.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem até o fim, e até a próxima. ^^,



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